Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

cervantesvirtual.com
from cervantesvirtual.com More from this publisher
18.04.2013 Views

O fogo santo que dá vida à vida, chama-se amor; botão de rosa, que o pudor defende, quando dous corpos este fogo acende, desabrocha em flor. Chorando sangue a virgindade foge, e mais não vem: botão de rosa, no botão fechada, depois que a rosa foi desabrochada, vida não tem. Prossegue o fogo, e faz que a flor aberta murchando vá; mas quase sempre generoso amor em recompensa da perdida flor Um fruto dá. Desses frutos o mundo se povoa em sua imensidade; formam eles o grupo da família, os reinos, as nações, a maravilha chamada humanidade! Feliz aquele que feliz recolhe o seu fruto de amor! Que seguindo da lei divina o trilho, como filho de Deus vê no seu filho um filho do Senhor! Os dous batizados 10 Poesias completas 10 Oferecida ao casal Torres, amigos do poeta, por ocasião do batismo de um dos seus filhos. 90

Feliz o que cumprindo um dever santo às santas aras vem, fazendo o mesmo que seus pais fizeram, a Deus, como seus pais outrora o deram, seu filho dar também! Felizes vós portanto neste dia, em que da culpa o véu rasgando aos olhos de dous novos crentes, fizestes de dous anjos inocentes dous anjos para o céu! Folgai, ó anjos, que o espaço é vosso, a cintilar! Vede... a estrela da graça se levanta!... Ganhastes asas nessa pia santa... Podeis voar! Voar, meu Deus? Defende-os das torpezas do mundo réu; pela bondade que teu seio encerra, dá que estes anjos sem roçar na terra cheguem ao céu! Ao meu amigo Leopoldo Luís da Cunha Quando eu morrer, minha morte não lamentes, caro amigo, que o sepulcro é um jazigo onde eu devo descansar; a minha triste existência O desalento Poesias completas 91

O fogo santo que dá vida à vida,<br />

chama-se amor;<br />

botão <strong>de</strong> rosa, que o pudor <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>,<br />

quando dous corpos este fogo acen<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>sabrocha em flor.<br />

Chorando sangue a virginda<strong>de</strong> foge,<br />

e mais não vem:<br />

botão <strong>de</strong> rosa, no botão fechada,<br />

<strong>de</strong>pois que a rosa foi <strong>de</strong>sabrochada,<br />

vida não tem.<br />

Prossegue o fogo, e faz que a flor aberta<br />

murchando vá;<br />

mas quase sempre generoso amor<br />

em recompensa da perdida flor<br />

Um fruto dá.<br />

Desses frutos o mundo se povoa<br />

em sua imensida<strong>de</strong>;<br />

formam eles o grupo da família,<br />

os reinos, as nações, a maravilha<br />

chamada humanida<strong>de</strong>!<br />

Feliz aquele que feliz recolhe<br />

o seu fruto <strong>de</strong> amor!<br />

Que seguindo da lei divina o trilho,<br />

como filho <strong>de</strong> Deus vê no seu filho<br />

um filho do Senhor!<br />

Os dous batizados 10<br />

<strong>Poesias</strong> completas<br />

10 Oferecida ao casal Torres, amigos do poeta, por ocasião do batismo <strong>de</strong> um dos seus filhos.<br />

90

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!