Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
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Fogo? Des<strong>de</strong> nascidas sempre em chamas<br />
<strong>de</strong> amor vivestes.<br />
Secastes? Com razão, que <strong>de</strong>stas flores<br />
certo não é<br />
verda<strong>de</strong>iro alimento, água nem fogo<br />
faltando a fé.<br />
Vivem com fogo e água, se dos prados<br />
nascem no chão;<br />
mas não se flores d'alma <strong>de</strong>ntro d'alma<br />
nascendo vão.<br />
Quando morta a f'licida<strong>de</strong>,<br />
a fé expira também!<br />
sauda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> que se nutrem?<br />
Os suspiros que alvo têm?<br />
Morta a fé, vai-se a esperança,<br />
como pois viver pu<strong>de</strong>ra<br />
sauda<strong>de</strong> que não tem crença,<br />
sauda<strong>de</strong> que <strong>de</strong>sespera?<br />
On<strong>de</strong> as graças do passado,<br />
se altivo gênio sanhudo<br />
o cepticismo nos brada,<br />
foi mentira, engano tudo?<br />
Em nada creio do mundo:<br />
ludíbrio da <strong>de</strong>sventura<br />
a felicida<strong>de</strong> me acena,<br />
só <strong>de</strong> um ponto -a sepultura.<br />
Morreram minhas sauda<strong>de</strong>s,<br />
e meus suspiros calados<br />
<strong>de</strong>ntro d'alma pouco a pouco<br />
vão morrendo sufocados.<br />
<strong>Poesias</strong> completas<br />
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