Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

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Depois de tantas perdas só restou-me na soledade, em que deixou-me a dor, para consolo roxa saudade. Esta flor, tão estéril nos prazeres, quando em retiro quase sempre do seio magoado brota um suspiro. Achava estes suspiros e saudades encantadores, embora fossem flores da tristeza, sempre eram flores. Demais, quem tem das ditas deste mundo chegado ao termo, quem traz de ingratidões e desenganos o peito enfermo; quem tem com a flor que às almas venturosas do prazer fala? Que ao ver-lhe o coração trajando luto traja de gala? A tristeza que tendes, minhas flores, é vosso encanto. E como éreis formosas orvalhadas pelo meu pranto! Mas secastes também?! Faltou-vos água? Demais tivestes. Suspiros e saudades Poesias completas 88
Fogo? Desde nascidas sempre em chamas de amor vivestes. Secastes? Com razão, que destas flores certo não é verdadeiro alimento, água nem fogo faltando a fé. Vivem com fogo e água, se dos prados nascem no chão; mas não se flores d'alma dentro d'alma nascendo vão. Quando morta a f'licidade, a fé expira também! saudades de que se nutrem? Os suspiros que alvo têm? Morta a fé, vai-se a esperança, como pois viver pudera saudade que não tem crença, saudade que desespera? Onde as graças do passado, se altivo gênio sanhudo o cepticismo nos brada, foi mentira, engano tudo? Em nada creio do mundo: ludíbrio da desventura a felicidade me acena, só de um ponto -a sepultura. Morreram minhas saudades, e meus suspiros calados dentro d'alma pouco a pouco vão morrendo sufocados. Poesias completas 89
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Poesias líricas Se é vate quem ac
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estas rugas, que trago sobre as fac
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incar com as flores, revendo os lav
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da tarde na hora; amava-o d'aurora
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no mel de um beijo traidor!... Do G
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minh'alma um raio morno de prazer s
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Sobre leito de chumbo se reclina,-
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da santa poesia, o sábio ressuscit
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enquanto o lume santo d'inspiraçã
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Sim, ó Virgem, do pranto de teus o
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Tudo é dor, tudo agonia, e queixum
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Envenenados farpões nos manda em s
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Se houver um ente, que sorvido tenh
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Enganai-vos, ditosos! Vossas falas,
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misérias enfeitadas. São flores s
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se o povo, esquecido de loucos enga
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tanta fertilidade ao pátrio solo,
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Vêm curar-lhe do mundo as feridas
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geme o meu coração? Se inda desej
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E não brada vingança um tal delit
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Gemidos que ouvirás na minha campa
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Chicanista imoral, doutor em nada,
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olhando para ti, vendo que és home
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Por não haver um templo onde pudes
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os vôos enfreei do entusiasmo, pre
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ganhada dos trabalhos pelo trilho,
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Amarga como o fel sempre a verdade
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Inda busco uma flor para enfeitar-t
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Ei-las no campo de glória, que com
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que das ondas vai na flor, mortalha
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Ai quando, bem adorado, minha alma
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Glosas Quem Feliz-asno se chama de-
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Quando em calma cogitava, calmo, es
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já seu raio fulgurante deu ao mund
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corrente do ribeiro, das flores o g
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O meu bem em certa feira em que com
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Epigramas Cabeça, triste é dizê-
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e filho de boa gente e dos passados
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de rubra cor, quando tu ris-te sorr
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Eu era ente da terra, eras um queru
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no que mais poderei crer? Onde a ve
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O amor da mulher é a nuvem quando
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sem este canto!... Talvez que as ch
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Perdeu a flor de meus dias todo o p
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Ao ver-me continuamente de pranto o
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Entre as frutas que há no mundo n
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