Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

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18.04.2013 Views

o dom da liberdade, que junto à divindade matais a escravidão, ao trovador propícios de ação tão excelente em culto reverente... Guardai esta canção. Eu sei que haveis guardá-la, que em tão santa amizade não vem a variedade deitar veneno atroz. Sou vosso desde a infância: Da vida até o fim sereis tanto por mim como serei por vós! Ora de rosas, ora de ciprestes, as horas da existência coroadas voam nas asas do volúvel tempo lentas algumas, outras apressadas. Mas na marcha que levam sinais deixam de uma vida constante ou transitória: umas do esquecimento engole o pego outras medram no campo da memória. Aí frondosas árvores florentes os mausoléus que a dor tem levantado Ao Sr. João Antônio da Trindade 8 8 Oferecida a seu padrinho João Antônio da Trindade por ocasião do seu octogésimo segundo aniversário. Poesias completas 84

são os frutos que colhe uma alma atenta quando vaga nos mundos do passado. Daí vem que o espírito, voando do passado na vasta imensidade, ergue às vezes um hino de alegria, às vezes chora um pranto de saudade! Bem-vinda sejas, hora sacrossanta das raras festivais -bem-vinda sejas! Oh! nunca a nuvem negra do desgosto ofusque a luz divina que dardejas! Anos oitenta e dous há, que do mundo viu feliz a primeira claridade um ente, em quem prudência, brio e honra se juntaram, formando uma -TRINDADE! Despido de brasões, nobre na essência, de elevado sentir, modesto e puro, fazendo do trabalho o seu destino, arrancou de si mesmo o seu futuro! Disse -sou homem!- trabalhou, e fez-se... se achou tropeços, fez em mil pedaços: E sentindo-se, enfim, robustecido, piedoso ao aflito estende os braços. Se as coroas não têm desses pequenos que a fama como grandes apregoa, as virtudes que brilham-te na fronte decerto que lhe dão melhor coroa! É grinalda do céu, de viço eterno, onde refulgem, qual celeste orvalho, os prantos do indigente agradecido, as gotas do suor de seu trabalho! Poesias completas 85

são os frutos que colhe uma alma atenta<br />

quando vaga nos mundos do passado.<br />

Daí vem que o espírito, voando<br />

do passado na vasta imensida<strong>de</strong>,<br />

ergue às vezes um hino <strong>de</strong> alegria,<br />

às vezes chora um pranto <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>!<br />

Bem-vinda sejas, hora sacrossanta<br />

das raras festivais -bem-vinda sejas!<br />

Oh! nunca a nuvem negra do <strong>de</strong>sgosto<br />

ofusque a luz divina que dar<strong>de</strong>jas!<br />

Anos oitenta e dous há, que do mundo<br />

viu feliz a primeira clarida<strong>de</strong><br />

um ente, em quem prudência, brio e honra<br />

se juntaram, formando uma -TRINDADE!<br />

Despido <strong>de</strong> brasões, nobre na essência,<br />

<strong>de</strong> elevado sentir, mo<strong>de</strong>sto e puro,<br />

fazendo do trabalho o seu <strong>de</strong>stino,<br />

arrancou <strong>de</strong> si mesmo o seu futuro!<br />

Disse -sou homem!- trabalhou, e fez-se...<br />

se achou tropeços, fez em mil pedaços:<br />

E sentindo-se, enfim, robustecido,<br />

piedoso ao aflito esten<strong>de</strong> os braços.<br />

Se as coroas não têm <strong>de</strong>sses pequenos<br />

que a fama como gran<strong>de</strong>s apregoa,<br />

as virtu<strong>de</strong>s que brilham-te na fronte<br />

<strong>de</strong>certo que lhe dão melhor coroa!<br />

É grinalda do céu, <strong>de</strong> viço eterno,<br />

on<strong>de</strong> refulgem, qual celeste orvalho,<br />

os prantos do indigente agra<strong>de</strong>cido,<br />

as gotas do suor <strong>de</strong> seu trabalho!<br />

<strong>Poesias</strong> completas<br />

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