Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>de</strong>ixa-me em trevas, é <strong>de</strong>stino meu!<br />
Deus te dirige neste mundo os raios,<br />
tu não governas o clarão que é teu.<br />
Não quero o riso <strong>de</strong>sbotado e morno<br />
<strong>de</strong> complacente, caridoso amor;<br />
<strong>de</strong> amor a planta quem a prova incauto<br />
morre do fruto, se não goza a flor.<br />
Deus <strong>de</strong> teus braços me recusa a dita,<br />
mudo a sentença sofrerei -sou réu;<br />
banhei meus lábios nos paúis do crime,<br />
beijar não posso Querubins do céu!<br />
Mas não mereço do escárnio o riso<br />
mas não sou digno <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezos tais;<br />
se me não po<strong>de</strong>s <strong>de</strong>struir a pena,<br />
muda o tormento, que não posso mais!...<br />
Ao batismo e liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma menina<br />
Inda uma vez tanjamos<br />
a lira, e mais um hino<br />
consinta-me o <strong>de</strong>stino<br />
erguer nos cantos meus;<br />
que vá, <strong>de</strong> sons profanos<br />
<strong>de</strong>spido e <strong>de</strong>squitado<br />
em vôo arrebatado,<br />
voando aos pés <strong>de</strong> Deus.<br />
Da liberda<strong>de</strong> a estrela<br />
no berço da inocência<br />
<strong>de</strong>rrama a providência<br />
As duas re<strong>de</strong>nções<br />
<strong>Poesias</strong> completas<br />
81