Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
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Ai! seca flor, <strong>de</strong> bom grado,<br />
se tanto pedisse o fado,<br />
quisera sacrificar<br />
liberda<strong>de</strong> e pensamento,<br />
sangue, vida, movimento,<br />
luz, olfato, sons e ar.<br />
Só para ver-te florente,<br />
como quando o fogo ar<strong>de</strong>nte,<br />
<strong>de</strong> uns olhos que raios são,<br />
em breve, mas doce prazo,<br />
te orvalhou naquele vaso<br />
que já foi meu coração.<br />
Jamais! quando a razão e o sentimento<br />
disputam-se o domínio da vonta<strong>de</strong>,<br />
se uma nobre altivez nos alimenta<br />
não se per<strong>de</strong> <strong>de</strong> todo a liberda<strong>de</strong>.<br />
A luta é forte: o coração sucumbe<br />
quase nas ânsias do lutar terrível;<br />
a paixão o <strong>de</strong>vora quase inteiro,<br />
<strong>de</strong>vorá-lo <strong>de</strong> todo é impossível!<br />
Jamais! a chama crepitante lastra,<br />
em curso impetuoso se propaga,<br />
lancem-lhe embora prantos sobre prantos,<br />
é inútil, que o fogo não se apaga.<br />
Mas chega um ponto em que lhe acena o ímpeto<br />
em que não queima já, mas martiriza,<br />
Dous impossíveis<br />
<strong>Poesias</strong> completas<br />
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