Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
É uma visão divina, que a vida nos ilumina, e nos segue até morrer; mas também o porto amigo onde nos braços consigo a amizade nos levou, e d'alma, toda chagada, as feridas consternada uma por uma curou; onde destras apertamos em que pasmados achamos o calor só natural a chama que o céu ateia, quando veia, sobre veia sente sangue paternal; essa terra benfazeja, inda que pátria não seja, igual atrativo tem; e o estranho protegido pode, sendo agradecido, chamá-la pátria também. lisonja, adulação, alcunhe embora, o vulgo o puro amor que te consagro, o culto que te rendo; recebeste o meu pranto no teu seio, da fortuna enjeitado perfilhaste-me, pátria, teu filho sou, e assim te adoro. Do retiro claustral cisne sagrado o vôo desprendeu! À morte de Junqueira Freire Poesias completas 72
Enchendo os ares pátrios de harmonias cantou, depois morreu! Mistério! -Ave criada entre os altares, acaso a turba impura do mundo com seu bafo envenenado abriu-te a sepultura?! Punindo-te o desprezo de seus lares o Anjo de Sião por ordem do Senhor tão presto deu-te a morte, em punição?! Preso o espírito, acaso, nas cadeias do voto eterno e forte teve, na luta acerba espedaçando-as, por liberdade a morte?! Mistério! -Respeitemos nesta campa decretos divinais! Sobre as cinzas do morto ao vivo toca o pranto e nada mais! Rei que fora! -Era um servo que devia a vida ao Senhor seu! Seu Senhor o chamou, a voz ouviu-lhe e pronto obedeceu! Duvidais do que digo? -Erguei a campa... Esse corpo o que é?! E negareis ainda que era um servo?! Aí tendes a libré! Viveu como poeta, de poeta deixou o canto e a fama. inda no crânio morto tem -bem vedes- do louro verde a rama! Poesias completas 73
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Enchendo os ares pátrios <strong>de</strong> harmonias<br />
cantou, <strong>de</strong>pois morreu!<br />
Mistério! -Ave criada entre os altares,<br />
acaso a turba impura<br />
do mundo com seu bafo envenenado<br />
abriu-te a sepultura?!<br />
Punindo-te o <strong>de</strong>sprezo <strong>de</strong> seus lares<br />
o Anjo <strong>de</strong> Sião<br />
por or<strong>de</strong>m do Senhor tão presto <strong>de</strong>u-te<br />
a morte, em punição?!<br />
Preso o espírito, acaso, nas ca<strong>de</strong>ias<br />
do voto eterno e forte<br />
teve, na luta acerba espedaçando-as,<br />
por liberda<strong>de</strong> a morte?!<br />
Mistério! -Respeitemos nesta campa<br />
<strong>de</strong>cretos divinais!<br />
Sobre as cinzas do morto ao vivo toca<br />
o pranto e nada mais!<br />
Rei que fora! -Era um servo que <strong>de</strong>via<br />
a vida ao Senhor seu!<br />
Seu Senhor o chamou, a voz ouviu-lhe<br />
e pronto obe<strong>de</strong>ceu!<br />
Duvidais do que digo? -Erguei a campa...<br />
Esse corpo o que é?!<br />
E negareis ainda que era um servo?!<br />
Aí ten<strong>de</strong>s a libré!<br />
Viveu como poeta, <strong>de</strong> poeta<br />
<strong>de</strong>ixou o canto e a fama.<br />
inda no crânio morto tem -bem ve<strong>de</strong>s-<br />
do louro ver<strong>de</strong> a rama!<br />
<strong>Poesias</strong> completas<br />
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