Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
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essa idéia <strong>de</strong> fogo, on<strong>de</strong> releva<br />
a mão da fantasia imagem <strong>de</strong> anjo<br />
que nos seduz e arrasta,<br />
tive-a no meu torrão. O mesmo astro<br />
que no berço me viu, viu meus amores.<br />
O ameno Mon-Serrate, a fresca Barra,<br />
o místico Bonfim não asilaram<br />
meus primeiros segredos <strong>de</strong> ternura;<br />
essa história <strong>de</strong> enleios toda guardam<br />
amigas margens do meu pátrio Rio,<br />
que até no curso rápido <strong>de</strong>senha<br />
a rapi<strong>de</strong>z das ditas,<br />
do gozo, do prazer que tive nela.<br />
O nascimento, a infância,<br />
os primeiros amores,<br />
não, não te <strong>de</strong>vo a ti, terra querida;<br />
mas a dívida imensa<br />
<strong>de</strong>ste amor <strong>de</strong>svelado que me <strong>de</strong>ste,<br />
sem temor <strong>de</strong> baixeza, me consente<br />
chamar-te -minha pátria.<br />
Quando, pela <strong>de</strong>sgraça arremessado<br />
no solo teu, sem nome, pobre enfermo,<br />
quase a esmolar um pão, busquei teus filhos,<br />
ilesos do <strong>de</strong>sprezo que aos felizes<br />
a <strong>de</strong>sgraça sugere,<br />
irmãos, não só amigos,<br />
pais, não só protetores me abraçaram;<br />
as portas da ciência,<br />
que a chave da indigência me fechara,<br />
III<br />
<strong>Poesias</strong> completas<br />
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