Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
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que <strong>de</strong>smaiado arqueja agonizante<br />
do mar nas ondas apagando os raios,<br />
mas que altivo e zeloso <strong>de</strong> seus foros,<br />
p'ra morrer como sol, antes que morra<br />
com duplicada luz alaga o mundo.<br />
Assis assim morreu. Na ânsia extrema<br />
da mortal agonia, toda inteira<br />
su'alma concentrada num só ponto<br />
para da carne disparar seu vôo,<br />
luz celeste expandiu; ao clarão <strong>de</strong>la<br />
o mundo apareceu-lhe como um doudo<br />
enfeitado, brincando co'as alfaias;<br />
sorriu-se, <strong>de</strong>sprezou-o, e seu <strong>de</strong>sprezo<br />
todo se traduziu nessa sentença,<br />
com que sábio fechou, morrendo sábio,<br />
o livro d'ouro da existência sua.<br />
O amor paternal, da esposa o pranto<br />
também dos olhos pranto lhe arrancaram...<br />
mas nunca tocar pô<strong>de</strong> o <strong>de</strong>sespero,<br />
<strong>de</strong> leve nem sequer, naquele peito<br />
ungido em fé cristã. Da Providência<br />
viu as mãos postas sobre as frontes <strong>de</strong> ambos-<br />
e creu e resignou-se.<br />
Esses fantasmas<br />
tristes, negros, medonhos, vaporosos,<br />
X<br />
XI<br />
<strong>Poesias</strong> completas<br />
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