Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
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Um quê bem certo<br />
para tanto dizer razão me dava.<br />
todo o sublime para o Céu <strong>de</strong>riva:<br />
Era muito pequeno um crânio humano<br />
para tal pensamento. De seus vôos<br />
ao forte embate, as molas da matéria<br />
estalam cedo, quando o gênio é gran<strong>de</strong>.<br />
A fatal profecia está completa!<br />
o prisma, que três faces tão brilhantes<br />
ao sol do novo mundo apresentava,<br />
<strong>de</strong>spedaçado está, ou refletindo<br />
cores da eternida<strong>de</strong> à luz das campas!<br />
Morreu!... porém na hora <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira<br />
inda resplan<strong>de</strong>ceu! O homem justo,<br />
entre as vascas do eterno passamento,<br />
em ânsias e fadigas se atribula,<br />
mas no momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar a terra,<br />
para voar a Deus, forças recobra,<br />
e como astro da fé no céu da morte,<br />
qual em vida luziu, luzindo acaba.<br />
E como a luz, que triste bruxuleia<br />
prestes a se apagar, mas no lampejo<br />
da convulsão final aviva o lume,<br />
e com dobrado resplendor expira.<br />
É como o sol no ocaso enlanguecido,<br />
VIII<br />
IX<br />
<strong>Poesias</strong> completas<br />
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