Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
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on<strong>de</strong> outra terminou;<br />
berço <strong>de</strong> um tempo, mas também sepulcro<br />
<strong>de</strong> um tempo que passou!<br />
Porém por que razão sempre festivo<br />
se mostra o rosto seu?-<br />
Porque o ano que nasce esquecer <strong>de</strong>ixa<br />
o ano que morreu:<br />
Porque enquanto na estrada da existência<br />
a humanida<strong>de</strong> avança,<br />
<strong>de</strong>ixa sempre olvidar os <strong>de</strong>senganos<br />
co'os olhos na esperança.<br />
Mas o tempo, que corre <strong>de</strong>sta sorte<br />
p'ra todos os humanos,<br />
oh! Pedreira feliz! -mudou <strong>de</strong> aspecto<br />
no curso <strong>de</strong> teus anos.<br />
O tempo, que se passa inertemente,<br />
tem vida transitória;<br />
mas o tempo contado por virtu<strong>de</strong>s<br />
tem sempre eterna glória.<br />
Não serão pois cobertos os teus anos<br />
do olvido pelo véu:<br />
quando morram na mente dos ingratos,<br />
com Deus serão no céu.<br />
Não tens áureos brasões por hábil <strong>de</strong>stra<br />
com arte burilados;<br />
não cinges toga ilustre, nem tens nome<br />
no rol dos purpurados;<br />
porém, sem as virtu<strong>de</strong>s qu'em tu'alma<br />
existem engastadas,<br />
são títulos, brasões, fama, riquezas,<br />
<strong>Poesias</strong> completas<br />
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