Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
Envenenados farpões nos manda em suspiros ternos; cinge aos olhos mago véu, e pelos jardins do céu nos encaminha ao inferno. Fugi, humanos!... fugi de seu veneno traidor! sem culto, desamparados, sumam-se, ao tempo votados, altares, templos de Amor... O que fazes, ó minh'alma! coração, por que te agitas? Coração, por que palpitas? Por que palpitas em vão? Se aquele que tanto adoras te despreza, como ingrato, coração, sê mais sensato, busca outro coração! Corre o ribeiro suave pela terra brandamente, se o plano condescendente dele se deixa regar; mas, se encontra algum tropeço que o leve curso lhe prive, busca logo outro declive, Vai correr noutro lugar. Segue o exemplo das águas, A minha resolução Poesias completas 26
coração, por que te agitas? Coração, por que palpitas? Por que palpitas em vão? Se aquele que tanto adoras te despreza, como ingrato, coração, sê mais sensato, busca outro coração! Nasce a planta, a planta cresce, vai contente vegetando, só por onde vai achando terra própria a seu viver; mas, se acaso a terra estéril às raízes lhe é veneno, ela vai noutro terreno as raízes esconder. Segue o exemplo da planta, coração, por que te agitas? Coração, por que palpitas? Por que palpitas em vão? Se aquele que tanto adoras te despreza, como ingrato, coração, sê mais sensato, busca outro coração! Saiba a ingrata que punir também sei tamanho agravo: se me trata como escravo, mostrarei que sou senhor; como as águas, como a planta, fugirei dessa homicida; quero dar a um'alma fida minha vida e meu amor. Poesias completas 27
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coração, por que te agitas?<br />
Coração, por que palpitas?<br />
Por que palpitas em vão?<br />
Se aquele que tanto adoras<br />
te <strong>de</strong>spreza, como ingrato,<br />
coração, sê mais sensato,<br />
busca outro coração!<br />
Nasce a planta, a planta cresce,<br />
vai contente vegetando,<br />
só por on<strong>de</strong> vai achando<br />
terra própria a seu viver;<br />
mas, se acaso a terra estéril<br />
às raízes lhe é veneno,<br />
ela vai noutro terreno<br />
as raízes escon<strong>de</strong>r.<br />
Segue o exemplo da planta,<br />
coração, por que te agitas?<br />
Coração, por que palpitas?<br />
Por que palpitas em vão?<br />
Se aquele que tanto adoras<br />
te <strong>de</strong>spreza, como ingrato,<br />
coração, sê mais sensato,<br />
busca outro coração!<br />
Saiba a ingrata que punir<br />
também sei tamanho agravo:<br />
se me trata como escravo,<br />
mostrarei que sou senhor;<br />
como as águas, como a planta,<br />
fugirei <strong>de</strong>ssa homicida;<br />
quero dar a um'alma fida<br />
minha vida e meu amor.<br />
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