Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
enquanto o lume santo d'inspiração celeste mentes iluminar predestinadas. Aos sons miraculosos d'harpa do Gênio ressurgindo ovantes o saber, a virtude, meigos encantos de gentil beleza, hão de zombar de ti -quebrar-te o sólio, calcar-te aos pés a fronte. Como o gemer de vaga, que se quebra no sopé do rochedo; como ribombo de trovão, que rola pelos longes do espaço, ou eco de clarim perdido em ermos, do Gênio a voz ecoa no infinito, e, por ela acordada, o semblante solene ergue para saudá-lo a Eternidade, lá soa o bronze, solfejando a nota da alpercata da morte sobre as campas. O sol está no ocaso!!! O Gênio ansioso espera o sinal de seu vôo ao Ser Supremo. vede-lhe o pensamento: -é uma lira, donde os dedos da Fé extraem destros melífluos sons divinos- são os salmos do gênio agonizante: e a última das notas é sua alma, que se perde no céu! -De lá, ó morte, VII Poesias completas 20
sorrindo a teu poder te desafia pelo raio divino armada a destra, dos céus abroquelado; enquanto cá na terra, sarcasmo a teu poder, seu nome troa, como um brado de glória, enchendo o mundo Meu nome aqui deixara solitário escrito nessa cor; com que desde nascido as faixas d'alma tingiu-me o dissabor; meu nome aqui deixara solitário em traço negro incerto, qual friso do buril da desventura em claro plano aberto; a não temer que alguém, que não soubesse o que este nome diz, ao vê-lo neste livro me insultasse chamando-me feliz. Saiba, pois, quem o ler, que de uma Virgem no livro afortunado seu nome escuro, como seu destino, escreve um desgraçado! Sobre ele verta a Virgem uma lágrima do seu pranto celeste, que talvez se desbotem os negrumes do luto que o reveste. No álbum duma senhora Poesias completas 21
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sorrindo a teu po<strong>de</strong>r te <strong>de</strong>safia<br />
pelo raio divino armada a <strong>de</strong>stra,<br />
dos céus abroquelado;<br />
enquanto cá na terra,<br />
sarcasmo a teu po<strong>de</strong>r, seu nome troa,<br />
como um brado <strong>de</strong> glória, enchendo o mundo<br />
Meu nome aqui <strong>de</strong>ixara solitário<br />
escrito nessa cor;<br />
com que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> nascido as faixas d'alma<br />
tingiu-me o dissabor;<br />
meu nome aqui <strong>de</strong>ixara solitário<br />
em traço negro incerto,<br />
qual friso do buril da <strong>de</strong>sventura<br />
em claro plano aberto;<br />
a não temer que alguém, que não soubesse<br />
o que este nome diz,<br />
ao vê-lo neste livro me insultasse<br />
chamando-me feliz.<br />
Saiba, pois, quem o ler, que <strong>de</strong> uma Virgem<br />
no livro afortunado<br />
seu nome escuro, como seu <strong>de</strong>stino,<br />
escreve um <strong>de</strong>sgraçado!<br />
Sobre ele verta a Virgem uma lágrima<br />
do seu pranto celeste,<br />
que talvez se <strong>de</strong>sbotem os negrumes<br />
do luto que o reveste.<br />
No álbum duma senhora<br />
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