Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

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18.04.2013 Views

Ei-las no campo de glória, que com puro sangue lavam, e cada luta que travam é uma nova vitória!... Da humanidade e da história seguidas pelo farol, juram ambas pelo sol dos livres, em que se abrasam, que Sebastopol arrasam, ou tomam Sebastopol. Hão de tomá-la!... arrastada do autocrata a bandeira, há de ser a pregoeira desta verdade sagrada: «Que nações que pela espada pretendem usurpações, que, vis escravos, grilhões às suas irmãs destinam, ou como Tróia terminam, Ou deixam de ser nações .» Um pensamento de morte, uma lembrança de amor, uma esperança perdida, eis o que faz minha dor!... Tive no mundo da mente formosos dias serenos, como os do céu sempre amemos O que faz minha dor Poesias completas 160

em doce paz inocente. Dos desgostos a torrente em um rápido transporte, por má vontade da sorte, me fizeram num momento do meu feliz pensamento «um pensamento de morte!» A minha alma escureceu-se do pensamento nublada, e a mente desnorteada em negro caos converteu-se! Um mar de pranto -estendeu-se naquele mundo de horror; e no medonho fragor da tormenta desabrida vaga nas ondas, perdida, «uma lembrança de amor!» Cresce a celeste batalha, e na vasta escuridade sem cessar, da tempestade o raio o manto retalha a flutuante mortalha, vaga sempre! Convertida aquela idéia de vida num sudário desta sorte, retrata, emblema da morte «uma esperança perdida.» Em pé firme e solitária, minh'alma fora insensível à tempestade terrível, contínua, crescente e vária!... Mas a veste mortuária, Poesias completas 161

Ei-las no campo <strong>de</strong> glória,<br />

que com puro sangue lavam,<br />

e cada luta que travam<br />

é uma nova vitória!...<br />

Da humanida<strong>de</strong> e da história<br />

seguidas pelo farol,<br />

juram ambas pelo sol<br />

dos livres, em que se abrasam,<br />

que Sebastopol arrasam,<br />

ou tomam Sebastopol.<br />

Hão <strong>de</strong> tomá-la!... arrastada<br />

do autocrata a ban<strong>de</strong>ira,<br />

há <strong>de</strong> ser a pregoeira<br />

<strong>de</strong>sta verda<strong>de</strong> sagrada:<br />

«Que nações que pela espada<br />

preten<strong>de</strong>m usurpações,<br />

que, vis escravos, grilhões<br />

às suas irmãs <strong>de</strong>stinam,<br />

ou como Tróia terminam,<br />

Ou <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser nações .»<br />

Um pensamento <strong>de</strong> morte,<br />

uma lembrança <strong>de</strong> amor,<br />

uma esperança perdida,<br />

eis o que faz minha dor!...<br />

Tive no mundo da mente<br />

formosos dias serenos,<br />

como os do céu sempre amemos<br />

O que faz minha dor<br />

<strong>Poesias</strong> completas<br />

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