Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

cervantesvirtual.com
from cervantesvirtual.com More from this publisher
18.04.2013 Views

Inda busco uma flor para enfeitar-te! não, não hei de acusar-te, mesmo quando na explosão de meus gelos mais pungentes me for a mágoa de te haver perdido. És a imagem querida do meu êxtase; intacta ficarás. Por entre a nuvem que o infortúnio lançou-me sobre os olhos, a mesma me será no pensamento, benfazeja visão de um sonho eterno! Quando morta a f'licidade, a fé expira também! saudades de que se nutrem? Os suspiros, que alvo têm? Morta a fé, vai-se a esperança; como pois, viver pudera saudade que não tem crença, saudade que desespera? Onde as graças do passado, se altivo gênio sanhudo o cepticismo nos brada, foi mentira, engano tudo? Em nada creio do mundo: ludíbrio da desventura, a felicidade me acena só de um ponto -a sepultura. Morreram minhas saudades, Angústia Poesias completas 158

e nem suspiros calados dentro d'alma pouco a pouco vão morrendo sufocados. As Potências do Ocidente com as Águias e os Leões, ou tomam Sebastopol, ou deixam de ser nações. Paula Brito Já de suportar cansado tanta injúria moscovita, um povo acolá se agita da guerra soltando o brado! Dos canhões de Rei mitrado retumba o eco imponente, que em defesa da inocente fraca, mas briosa terra, acorda, e convida à guerra as potências do Ocidente. Eram rivais... mas que importa! Um povo herói tudo esquece, se outro povo, que padece, a defendê-lo o exorta. Não, cair não há de a Porta, não há de rojar grilhões, não há de que seus brasões vão defender com pujança a Inglaterra e a França com as Águias e os Leões. Improvisos as potências do ocidente Poesias completas 159

Inda busco uma flor para enfeitar-te!<br />

não, não hei <strong>de</strong> acusar-te, mesmo quando<br />

na explosão <strong>de</strong> meus gelos mais pungentes<br />

me for a mágoa <strong>de</strong> te haver perdido.<br />

És a imagem querida do meu êxtase;<br />

intacta ficarás. Por entre a nuvem<br />

que o infortúnio lançou-me sobre os olhos,<br />

a mesma me será no pensamento,<br />

benfazeja visão <strong>de</strong> um sonho eterno!<br />

Quando morta a f'licida<strong>de</strong>,<br />

a fé expira também!<br />

sauda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> que se nutrem?<br />

Os suspiros, que alvo têm?<br />

Morta a fé, vai-se a esperança;<br />

como pois, viver pu<strong>de</strong>ra<br />

sauda<strong>de</strong> que não tem crença,<br />

sauda<strong>de</strong> que <strong>de</strong>sespera?<br />

On<strong>de</strong> as graças do passado,<br />

se altivo gênio sanhudo<br />

o cepticismo nos brada,<br />

foi mentira, engano tudo?<br />

Em nada creio do mundo:<br />

ludíbrio da <strong>de</strong>sventura,<br />

a felicida<strong>de</strong> me acena<br />

só <strong>de</strong> um ponto -a sepultura.<br />

Morreram minhas sauda<strong>de</strong>s,<br />

Angústia<br />

<strong>Poesias</strong> completas<br />

158

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!