Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

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18.04.2013 Views

ganhada dos trabalhos pelo trilho, quando do amor paterno iluminado o pai sempre conhece o bem do filho. Amortalha, portanto, o seu futuro, cair no precipício certo vai o filho que o amor paterno esquece, desprezando um conselho de seu pai. Filhos, beijai a destra deste velho, é a bênção de Deus nela encarnada: Ele vos deu segura mocidade, dai-lhe também velhice afortunada. Lágrimas, lágrimas tristes, não deixeis os olhos meus, que por vós eternamente, aos prazeres disse adeus. Para ter indisputáveis direitos ao nosso amor, arranquei-vos da minh'alma, sois filhos, de minha dor. Minha vida, agreste planta de desertos areais, ao sol das paixões vivendo, expira se a não regais. Para ter indisputáveis direitos ao nosso amor, arranquei-vos da minh'alma, As lágrimas Poesias completas 154

sois filhos, de minha dor. E perdi-a! e nem mais uma esperança, sequer, me alenta nesta dor terrível, que hei de, não mudo só, porém me rindo devorar em segredo até a morte! Suportar um tormento que ao menos em gemidos vai-se em parte exalando; a febre, a sede do amor e da saudade mitigar-se com lágrimas, é bem que só conhece, quando o céu lhe recusa, o desgraçado! E não hei de chorar, chorar não quero, não quero, porque as bagas do meu pranto enfeitam a coroa que ele cinge, feliz, nos braços dela! Excede à força humana este martírio; Mas, louvores ao céu, minha alma sinto Resignada e pronta. Benéfica razão serve de alâmpada Das minhas ilusões à sepultura! Ciúme e razão I II Poesias completas 155

sois filhos, <strong>de</strong> minha dor.<br />

E perdi-a! e nem mais uma esperança,<br />

sequer, me alenta nesta dor terrível,<br />

que hei <strong>de</strong>, não mudo só, porém me rindo<br />

<strong>de</strong>vorar em segredo até a morte!<br />

Suportar um tormento<br />

que ao menos em gemidos<br />

vai-se em parte exalando; a febre, a se<strong>de</strong><br />

do amor e da sauda<strong>de</strong> mitigar-se<br />

com lágrimas, é bem que só conhece,<br />

quando o céu lhe recusa, o <strong>de</strong>sgraçado!<br />

E não hei <strong>de</strong> chorar, chorar não quero,<br />

não quero, porque as bagas do meu pranto<br />

enfeitam a coroa<br />

que ele cinge, feliz, nos braços <strong>de</strong>la!<br />

Exce<strong>de</strong> à força humana este martírio;<br />

Mas, louvores ao céu, minha alma sinto<br />

Resignada e pronta.<br />

Benéfica razão serve <strong>de</strong> alâmpada<br />

Das minhas ilusões à sepultura!<br />

Ciúme e razão<br />

I<br />

II<br />

<strong>Poesias</strong> completas<br />

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