Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
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Chicanista imoral, doutor em nada,<br />
insosso prosador -alto pedante-<br />
que estudar foi na estranja -patacoadas<br />
para dizer-se aqui homem <strong>de</strong> letras?<br />
Quem não conhecerá o sábio lente,<br />
que num certo colégio <strong>de</strong>sta Corte<br />
ciência geográfica ensinava?<br />
Quem não conhecerá -o que na escola,<br />
on<strong>de</strong> quer se instruir jovem guerreiro,<br />
explicando o direito ensina o torto?!...<br />
O homem que insultava adversários,<br />
alcunhando-os heróis das «vacas gordas»,<br />
e que agora se<strong>de</strong>nto -a grossa teta<br />
bem agarrado, chupitar procura?!<br />
Homens raros assim todos conhecem!...<br />
Eu não preciso retratá-lo ao vivo,<br />
<strong>de</strong>screver-lhe o carão, on<strong>de</strong> grudados<br />
-nos olhos- tem pedaços <strong>de</strong> vidraça,<br />
o corpo infame, o bojo monstruoso,<br />
qual um balão <strong>de</strong> fedorentos gases;<br />
e mostrar o letreiro que na fronte<br />
-em letras garrafais -diz «Ganhador»!<br />
Todos bem sabem <strong>de</strong> que peça falo:<br />
O trabalho me tira a gran<strong>de</strong> fama<br />
que por falso, impu<strong>de</strong>nte tem ganhado.<br />
Sim, ó grão-Redator (a ti me volvo)<br />
ao público amador -quero mostrar-te,<br />
p'ra que faça a justiça que mereces...<br />
És qual tarpéia rocha inabalável<br />
em teu princípio firme-o da calúnia-<br />
és herói dos heróis, quando se trata<br />
<strong>de</strong> vis aduladores intrigantes!<br />
<strong>Poesias</strong> completas<br />
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