Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
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que embebido no meu rosto<br />
acho gosto na prisão.<br />
É igual a ti mesmo, a ti somente<br />
(Do poema O ganhador )<br />
Quando ousado o poeta a voz levanta,<br />
em punho tendo o látego da sátira,<br />
p'ra castigar hipócritas malvados,<br />
é a voz da verda<strong>de</strong> a voz que soa!<br />
Desmascarar falsários intrigantes,<br />
o vício espezinhar, punir tartufos,<br />
velhacos suplantar, caluniadores,<br />
são atos que <strong>de</strong> austera probida<strong>de</strong><br />
louvor sincero e atenção merecem.<br />
Armados pois, <strong>de</strong> um retorcido relho,<br />
a um negro covil -talvez o inferno-<br />
por um forte cabresto bem seguro,<br />
eu vou buscar um torpe Jornaleiro,<br />
que entre sujos papéis escrevinhados<br />
(que só p'ra guardanapo têm valia)<br />
sentado em tamborete junto à banca,<br />
tendo nas garras <strong>de</strong> algum corvo a pena,<br />
baldões, insultos contra a honra atira!<br />
Trazer pretendo o ganhador escriba<br />
qual jumento manhoso à praça pública<br />
e expô-lo às apuradas dos moleques,<br />
por quem apedrejado ser <strong>de</strong>via...<br />
Quem não conhecerá o <strong>Miguel</strong>ista,<br />
escória dos san<strong>de</strong>us <strong>de</strong> quem eu falo?!...<br />
O jornaleiro<br />
<strong>Poesias</strong> completas<br />
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