Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
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Vêm curar-lhe do mundo as feridas<br />
puras águas da crença cristã.<br />
Sim, eu sei que, apesar <strong>de</strong> cerrados,<br />
os teus braços, ó cruz, não têm fim;<br />
se teus braços abrangem o mundo,<br />
infinitos esten<strong>de</strong>-os p'ra mim.<br />
Que eles são infinitos quem nega?<br />
Quem não sabe que em todo lugar<br />
on<strong>de</strong> um filho estiver do Calvário<br />
em teus braços se po<strong>de</strong> arrimar?<br />
Quantas flores colhi neste mundo,<br />
as perdi das paixões no escarcéu:<br />
Em jardim me converte o sepulcro,<br />
a colher dá-me as flores do céu!<br />
Creio em Deus, minha irmã; e tanto creio<br />
que, vendo lá no céu tua alma pura,<br />
em vez <strong>de</strong> maldições, mil bênções voto<br />
à hora em que <strong>de</strong>sceste à sepultura!<br />
Creio em Deus, minha irmã; tanto que espero,<br />
inda no céu contigo, como outrora,<br />
frescas rosas colher <strong>de</strong>sabrochadas<br />
à luz dos raios da divina aurora.<br />
Creio em Deus, minha mãe; em tua bênção<br />
reconheço um tesouro divinal,<br />
que do trono infinito a mão do Eterno<br />
segue o traço da bênção maternal.<br />
IV<br />
<strong>Poesias</strong> completas<br />
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