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Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

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ROSAS, rosas<br />

Rosas, rosas, que a aurora me atirava<br />

aos punhados do céu, quando eu menino,<br />

vendo-a seguir do mar, do céu, dos montes,<br />

mandava-lhe minh'alma num sorriso<br />

inocente como ela; que mau gênio<br />

roubou-vos a meus olhos!... Rosas, rosas,<br />

que nos brincos da tar<strong>de</strong> me trazia<br />

do jardim paternal a irmã correndo<br />

para me dar em troca <strong>de</strong> um abraço...<br />

Ai! sempre, rosas, sempre me ganháveis<br />

por um abraço-mil, por cada pétala<br />

abrasados <strong>de</strong> amor -milhões <strong>de</strong> beijos!<br />

Murchastes <strong>de</strong> calor?!... foi tanto o fogo,<br />

que vos matou tão cedo?... Amor não mata;<br />

gira um vulcão <strong>de</strong> vida em cada chama<br />

que acen<strong>de</strong> o facho seu: <strong>de</strong> um <strong>de</strong>us amante<br />

a palavra <strong>de</strong> amor <strong>de</strong>u vida ao mundo...<br />

Se <strong>de</strong>i-vos tanto amor, por que morrestes?...<br />

Quem vos murchou tão cedo?... Rosas, rosas<br />

que nos brincos da tar<strong>de</strong> me trazia<br />

do jardim paternal a irmã correndo<br />

para me dar em troca <strong>de</strong> um abraço!...<br />

Só um bem nesta vida me resta:<br />

<strong>de</strong> remorsos minh'alma está sã!<br />

II<br />

III<br />

<strong>Poesias</strong> completas<br />

137

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