Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

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18.04.2013 Views

o anjo do destino!... Ó povos! colocai-o num funéreo eterno monumento; que a vossa gratidão declare aos séculos o seu merecimento. Esta inscrição gravai em letras d'ouro no régio mausoléu; «seu corpo tem altares cá na terra, sua alma lá no céu!...» Flores murchas Oferecido ao meu amigo e colega Dr. Sinfrônio O (límpio) Álvares Coelho Ai! flores de minh'alma! quem matou-vos que nem o aroma vos deixou tão grato, com que se embalsamava toda inteira a minha esp'rança? Flores, flores minhas, que a inocência plantou na terra nova do meu coração virgem, quem ceifado vos tem assim dos ramos tão frondosos do meu futuro?!... Árvore bem verde, bem viçosa e fecunda, era-vos ele mantenedor de vida deleitosa, que parecia eterna!... mas... caístes! E nem revivereis, nem outras flores como vós colherei, que o tronco enfermo, talvez por falta vossa, está mirrado! I Poesias completas 136

ROSAS, rosas Rosas, rosas, que a aurora me atirava aos punhados do céu, quando eu menino, vendo-a seguir do mar, do céu, dos montes, mandava-lhe minh'alma num sorriso inocente como ela; que mau gênio roubou-vos a meus olhos!... Rosas, rosas, que nos brincos da tarde me trazia do jardim paternal a irmã correndo para me dar em troca de um abraço... Ai! sempre, rosas, sempre me ganháveis por um abraço-mil, por cada pétala abrasados de amor -milhões de beijos! Murchastes de calor?!... foi tanto o fogo, que vos matou tão cedo?... Amor não mata; gira um vulcão de vida em cada chama que acende o facho seu: de um deus amante a palavra de amor deu vida ao mundo... Se dei-vos tanto amor, por que morrestes?... Quem vos murchou tão cedo?... Rosas, rosas que nos brincos da tarde me trazia do jardim paternal a irmã correndo para me dar em troca de um abraço!... Só um bem nesta vida me resta: de remorsos minh'alma está sã! II III Poesias completas 137

o anjo do <strong>de</strong>stino!...<br />

Ó povos! colocai-o num funéreo<br />

eterno monumento;<br />

que a vossa gratidão <strong>de</strong>clare aos séculos<br />

o seu merecimento.<br />

Esta inscrição gravai em letras d'ouro<br />

no régio mausoléu;<br />

«seu corpo tem altares cá na terra,<br />

sua alma lá no céu!...»<br />

Flores murchas<br />

Oferecido ao meu amigo e colega Dr. Sinfrônio O (límpio) Álvares Coelho<br />

Ai! flores <strong>de</strong> minh'alma! quem matou-vos<br />

que nem o aroma vos <strong>de</strong>ixou tão grato,<br />

com que se embalsamava toda inteira<br />

a minha esp'rança? Flores, flores minhas,<br />

que a inocência plantou na terra nova<br />

do meu coração virgem, quem ceifado<br />

vos tem assim dos ramos tão frondosos<br />

do meu futuro?!... Árvore bem ver<strong>de</strong>,<br />

bem viçosa e fecunda, era-vos ele<br />

mantenedor <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>leitosa,<br />

que parecia eterna!... mas... caístes!<br />

E nem revivereis, nem outras flores<br />

como vós colherei, que o tronco enfermo,<br />

talvez por falta vossa, está mirrado!<br />

I<br />

<strong>Poesias</strong> completas<br />

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