Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
Instante acerbo, que ao tirano causa desusado terror, porque vai baquear, cair do trono, aos pés de seu Senhor!... Por ver que no sepulcro se evaporam seus queridos emblemas, seus mantos, seus palácios e seus tronos, seus cetros, seus diademas; porque vê, como um astro ensangüentado em céu enegrecido, sua alma aflita divagar da morte no lar desconhecido!... Instante acerbo, em que p'ra consolo nem mesmo os olhos seus podem por um momento só fixar-se sobre os olhos de Deus!... E com razão bastante contemplá-los não pode o infeliz: Seus crimes são horrendos, Deus é justo, e Deus é seu Juiz!!!... O anátema do céu parece ao triste do sacerdote a bênção, e o rosto volta, procurando aflito fugir da maldição! Isabel vê tranqüila da existência o último raiar; nesse instante solene nada pode sua alma perturbar! A lembrança de trono, que perdia, Poesias completas 134
não a pode afligir; pois lá da sepultura um novo trono de glória vê surgir. Não é uma rainha que prostrada do sólio cair vai; é a filha feliz que alegre voa aos braços de seu pai. Nem sequer uma idéia criminosa lhe mancha o pensamento, que, fixado no céu, tranqüilo espera o último momento. As costumadas preces de seus lábios ao céu iam parar, e do céu lhe traziam santas graças que a vinham consolar. Lágrimas verte; mas quanta virtude expressa pranto tal?!... exprime de seus filhos e do povo saudade maternal. Das asas de sua alma só pena ao mundo estava presa; que dos filhos no peito segurava a mão da natureza! Despegou-se afinal, voou da terra ao céu leda e serena, para o céu nos levou prazer consigo, deixou do mundo a pena. Só restos insensíveis nos ficaram daquele ser benigno; só este bem nos deixou na terra Poesias completas 135
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não a po<strong>de</strong> afligir;<br />
pois lá da sepultura um novo trono<br />
<strong>de</strong> glória vê surgir.<br />
Não é uma rainha que prostrada<br />
do sólio cair vai;<br />
é a filha feliz que alegre voa<br />
aos braços <strong>de</strong> seu pai.<br />
Nem sequer uma idéia criminosa<br />
lhe mancha o pensamento,<br />
que, fixado no céu, tranqüilo espera<br />
o último momento.<br />
As costumadas preces <strong>de</strong> seus lábios<br />
ao céu iam parar,<br />
e do céu lhe traziam santas graças<br />
que a vinham consolar.<br />
Lágrimas verte; mas quanta virtu<strong>de</strong><br />
expressa pranto tal?!...<br />
exprime <strong>de</strong> seus filhos e do povo<br />
sauda<strong>de</strong> maternal.<br />
Das asas <strong>de</strong> sua alma só pena<br />
ao mundo estava presa;<br />
que dos filhos no peito segurava<br />
a mão da natureza!<br />
Despegou-se afinal, voou da terra<br />
ao céu leda e serena,<br />
para o céu nos levou prazer consigo,<br />
<strong>de</strong>ixou do mundo a pena.<br />
Só restos insensíveis nos ficaram<br />
daquele ser benigno;<br />
só este bem nos <strong>de</strong>ixou na terra<br />
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