Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

cervantesvirtual.com
from cervantesvirtual.com More from this publisher
18.04.2013 Views

se nutre e reproduz; se para a luz nascemos, depois da luz criados, eis-nos aqui prostrados! A luz, Senhor! A luz! Visão Silêncio! As trevas desbotam seu carregado negror; vai pouco a pouco surgindo matutino resplendor. Por entre nuvens de púrpura assoma visão celeste, real aspecto mostrando no ar, na forma e na veste. Cinge um manto, um cetro empunha, que um dragão tem por emblema; vinte estrelas-sóis flamejam no circ'lo do seu diadema. Na destra suspende um mundo: Mais vigoroso que Atlante, firme os pés, apóia o cetro sobre o dorso de um gigante. A claridade que o cerca é seu olhar que a produz; não vê somente, dá vista; não tem só, difunde a luz. 3º canto Poesias completas 110

Dessa luz iluminados, com pasmo e prazer profundo, no vulto reconhecemos nosso pai -Pedro Segundo. Alegria e agradecimento Do corpo os olhos mortos, senhor, temos em vida; porém na desabrida mágoa do mal atroz, celeste medicina a nossa dor acalma; propícia aos olhos d'alma a luz nos vem de vós. A luz da inteligência, crescente pelo estudo, na claridade, em tudo que a outra vale mais. A luz externa a tudo concede a providência; a luz da inteligência só toca aos racionais; e esta vos devemos. O cego desvalido por vós hoje instruído calcula, escreve e lê, se em trevas tropeçando só tem no mundo escolhos, 4º canto Poesias completas 111

se nutre e reproduz;<br />

se para a luz nascemos,<br />

<strong>de</strong>pois da luz criados,<br />

eis-nos aqui prostrados!<br />

A luz, Senhor! A luz!<br />

Visão<br />

Silêncio! As trevas <strong>de</strong>sbotam<br />

seu carregado negror;<br />

vai pouco a pouco surgindo<br />

matutino resplendor.<br />

Por entre nuvens <strong>de</strong> púrpura<br />

assoma visão celeste,<br />

real aspecto mostrando<br />

no ar, na forma e na veste.<br />

Cinge um manto, um cetro empunha,<br />

que um dragão tem por emblema;<br />

vinte estrelas-sóis flamejam<br />

no circ'lo do seu dia<strong>de</strong>ma.<br />

Na <strong>de</strong>stra suspen<strong>de</strong> um mundo:<br />

Mais vigoroso que Atlante,<br />

firme os pés, apóia o cetro<br />

sobre o dorso <strong>de</strong> um gigante.<br />

A clarida<strong>de</strong> que o cerca<br />

é seu olhar que a produz;<br />

não vê somente, dá vista;<br />

não tem só, difun<strong>de</strong> a luz.<br />

3º canto<br />

<strong>Poesias</strong> completas<br />

110

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!