Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
entre as ledas comitivas, impelido pelos vivas rode o carro triunfal. Saia à noite, que não há de cobri-lo da noite o véu; brandões hão de iluminá-lo, de luzes hão de banhá-lo os candelabros do céu! Nele do dia dos livres veja o formoso arrebol, essa cabocla engraçada que tem a face tostada dos beijos que deu-lhe o sol! E quando voltar dirão com toda a gente os louvores, o mar por canhões bradando, os ares vivas troando, a terra brotando flores! Seja então tudo prazer, tudo sonoras canções, tudo banquete de bravos, tudo remorsos de escravos que inda desejam grilhões! Eia, Baianos, raiar vai na terra do Cruzeiro esse dia tão jucundo, que, apesar de ser segundo, há de sempre ser primeiro. Não deixeis despercebido o rei dos dias passar, Poesias completas 102
mostrai que não sois escravos, mostrai que o dia dos bravos inda sabeis festejar. Fragmento dos Túmulos Um dia para os mortos, se é que o dia nos túmulos penetra. entre tantos de riso um só de pranto seja sagrado às lousas fechadas pela morte, e onde seu selo, segunda morte grava o esquecimento. Terra de mortos, deixa que pisem os pés dos vivos, deixa; no teu reino pedaços d'alma dos que vivem dormem. entre os círios funéreos arde também amor, geme a saudade. mãe extremosa, os restos seus recebes quando do mundo inteiro abandonados vêm no teu leito procurar descanso. O pai idolatrado a ti confia o órfão; entrega-te seu filho a mãe querida; os irmãos, os amigos Ao dia dos finados I II Poesias completas 103
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entre as ledas comitivas,<br />
impelido pelos vivas<br />
ro<strong>de</strong> o carro triunfal.<br />
Saia à noite, que não há <strong>de</strong><br />
cobri-lo da noite o véu;<br />
brandões hão <strong>de</strong> iluminá-lo,<br />
<strong>de</strong> luzes hão <strong>de</strong> banhá-lo<br />
os can<strong>de</strong>labros do céu!<br />
Nele do dia dos livres<br />
veja o formoso arrebol,<br />
essa cabocla engraçada<br />
que tem a face tostada<br />
dos beijos que <strong>de</strong>u-lhe o sol!<br />
E quando voltar dirão<br />
com toda a gente os louvores,<br />
o mar por canhões bradando,<br />
os ares vivas troando,<br />
a terra brotando flores!<br />
Seja então tudo prazer,<br />
tudo sonoras canções,<br />
tudo banquete <strong>de</strong> bravos,<br />
tudo remorsos <strong>de</strong> escravos<br />
que inda <strong>de</strong>sejam grilhões!<br />
Eia, Baianos, raiar<br />
vai na terra do Cruzeiro<br />
esse dia tão jucundo,<br />
que, apesar <strong>de</strong> ser segundo,<br />
há <strong>de</strong> sempre ser primeiro.<br />
Não <strong>de</strong>ixeis <strong>de</strong>spercebido<br />
o rei dos dias passar,<br />
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