Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

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18.04.2013 Views

Ah! que não fosse a hora de perdê-la, a hora em que parti!... O sul formoso é belo, benfazejo, é lar ditoso: Mas eu tenho no Norte a minha estrela! Eia, Baianos, raiar vai na terra do Cruzeiro esse dia tão jucundo, que, apesar de ser segundo, há de sempre ser primeiro! Não deixes despercebido o rei dos dias passar, mostrai que não sois escravos, mostrai que o dia dos bravos inda sabeis festejar! Se o misérrimo que sofre da escravidão os rigores, às vezes repete a história dos seus passados de glória nas senzalas dos senhores; nós livres, a quem escravos inda não pôde fazer o furor do despotismo, nossos feitos de heroísmo não devemos esquecer. Não devemos esquecer esse dia, a cuja luz Bando Poesias completas 100

os deus dos Americanos escreveu -morte aos tiranos- nos braços da Santa-Cruz. Esse dia que provou com solene majestade ao vil tirano atrevido, quanto pode um povo unido, quando grita -liberdade- com as frontes coroadas de louros vamos cantar hinos aos fortes soldados, que valentes, denodados, nos souberam libertar. Todos os ódios se esqueçam, demo-nos todos as mãos, e empenhemos nosso orgulho em festejar dous de julho, em um banquete d'irmãos! Nem receeis que algum braço, que para nos esmagar ocultamente trabalha, da nossa mesa a toalha venha com sangue manchar. Não, que tem a liberdade seus amores neste dia, e, temendo as iras dela, se atormenta, se arrepela, mas não fala a tirania. Comece pois o festim, e nas galas sem rival Poesias completas 101

os <strong>de</strong>us dos Americanos<br />

escreveu -morte aos tiranos-<br />

nos braços da Santa-Cruz.<br />

Esse dia que provou<br />

com solene majesta<strong>de</strong><br />

ao vil tirano atrevido,<br />

quanto po<strong>de</strong> um povo unido,<br />

quando grita -liberda<strong>de</strong>-<br />

com as frontes coroadas<br />

<strong>de</strong> louros vamos cantar<br />

hinos aos fortes soldados,<br />

que valentes, <strong>de</strong>nodados,<br />

nos souberam libertar.<br />

Todos os ódios se esqueçam,<br />

<strong>de</strong>mo-nos todos as mãos,<br />

e empenhemos nosso orgulho<br />

em festejar dous <strong>de</strong> julho,<br />

em um banquete d'irmãos!<br />

Nem receeis que algum braço,<br />

que para nos esmagar<br />

ocultamente trabalha,<br />

da nossa mesa a toalha<br />

venha com sangue manchar.<br />

Não, que tem a liberda<strong>de</strong><br />

seus amores neste dia,<br />

e, temendo as iras <strong>de</strong>la,<br />

se atormenta, se arrepela,<br />

mas não fala a tirania.<br />

Comece pois o festim,<br />

e nas galas sem rival<br />

<strong>Poesias</strong> completas<br />

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