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Julho/Setembro de 2007 - Ano 4 - Nº 8 - Ministério Público do ...

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Dançam, rebolam, dão gargalhadas e<br />

contam histórias ao som <strong>de</strong> Chico<br />

Buarque e Cássia Eller. Chegam <strong>de</strong> todas<br />

as cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral. Encontramse,<br />

to<strong>do</strong>s os sába<strong>do</strong>s, numa sala <strong>do</strong><br />

Núcleo <strong>de</strong> Prática Jurídica da Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Brasília (UnB), em Ceilândia. Sentadas<br />

em círculo, falam das vidas, <strong>do</strong>s filhos,<br />

mari<strong>do</strong>s, trabalhos e das dificulda<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />

dia-a-dia. Contam histórias <strong>de</strong> luta e <strong>de</strong><br />

coragem, histórias <strong>de</strong> mulheres que não<br />

querem ser vencidas pelo me<strong>do</strong>.<br />

Este ano, o III Curso <strong>de</strong> Promotoras<br />

Legais Populares formará cerca <strong>de</strong> 50<br />

mulheres. O projeto é promovi<strong>do</strong> pelo<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral e<br />

Territórios (MPDFT), Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Brasília (UnB) e as ONGs Centro Dandara<br />

<strong>de</strong> Promotoras Legais Populares e Ações<br />

em Gênero, Cidadania e Desenvolvi-<br />

18<br />

Promotoras legais populares<br />

Daniella Carvalho<br />

MMuullhheerreess d<strong>de</strong>ecciiddiiddaass qquueerreemm ttrraannssffoorrmmaarr aa<br />

rreeaalliiddaad<strong>de</strong>e ee eennssiinnaarr oouuttrraass ssoobbrree aa iimmppoorrttâânncciiaa d<strong>de</strong>e<br />

lluuttaarr ppeellooss sseeuuss ddiirreeiittooss<br />

mento (Agen<strong>de</strong>). Em 2005, o projeto<br />

formou 60 Promotoras Legais Populares.<br />

No ano passa<strong>do</strong>, foram 40. As aulas são<br />

ministradas em forma <strong>de</strong> oficina e os<br />

temas são trata<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> contexto<br />

social das alunas.<br />

O curso <strong>de</strong> Promotoras Legais<br />

Populares surgiu em Porto Alegre, em<br />

1993, promovi<strong>do</strong> pela ONG Themis<br />

Assessoria Jurídica e Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Gênero.<br />

O projeto era <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> há cerca <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>z anos em países da América Latina<br />

como Peru, Argentina e Chile. Segun<strong>do</strong><br />

a Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Núcleo <strong>de</strong> Gênero<br />

Pró-Mulher, Promotora <strong>de</strong> Justiça Laís<br />

Cerqueira, o principal objetivo <strong>do</strong> curso<br />

é oferecer às mulheres noções <strong>de</strong> Direitos<br />

Humanos e Cidadania para que possam<br />

ser multiplica<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s conhecimentos.<br />

As alunas apren<strong>de</strong>m noções <strong>de</strong><br />

MPDFT em revista<br />

Direito Constitucional, Penal, Estatuto<br />

da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente, Lei Maria<br />

da Penha, saú<strong>de</strong> reprodutiva e até Direito<br />

Ambiental, disciplina que foi incluída<br />

no currículo <strong>do</strong> curso em Brasília <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />

à questão fundiária.<br />

A maioria das mulheres da terceira<br />

turma <strong>de</strong> Promotoras Legais Populares<br />

tem entre 30 e 49 anos, é solteira e possui<br />

um bom nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>.<br />

Segun<strong>do</strong> Lizandra Arantes, uma das<br />

coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ras da ONG Dandara, o<br />

grupo tem um perfil diferente <strong>do</strong>s<br />

outros. Uma boa parte tem ensino médio<br />

completo e curso superior. Embora<br />

as aulas sejam realizadas na Ceilândia,<br />

muitas alunas são <strong>de</strong> Taguatinga, Recanto<br />

das Emas, Brazlândia e até <strong>do</strong><br />

Plano Piloto.<br />

O respeito à diversida<strong>de</strong>, às diferenças<br />

<strong>de</strong> opiniões e a solidarieda<strong>de</strong> são<br />

alguns <strong>do</strong>s princípios que norteiam o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> projeto. Já na primeira<br />

aula, as alunas realizam uma oficina<br />

para eleger os itens que contribuirão<br />

para o aprendiza<strong>do</strong> e para uma<br />

convivência harmoniosa entre mulheres<br />

<strong>de</strong> diferentes classes, crenças e orientações<br />

sexuais.<br />

Rompen<strong>do</strong> Barreiras<br />

A paraibana Francisca Lineusa da<br />

Silva, 44 anos, chegou a Brasília há 23<br />

anos. Hoje, ela é presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong><br />

Sindicato <strong>do</strong>s Gráficos <strong>do</strong> Distrito<br />

Fe<strong>de</strong>ral. A trajetória não foi fácil. Casada<br />

há 22 anos e mãe <strong>de</strong> três filhos, foi<br />

aban<strong>do</strong>nada pela família <strong>de</strong>pois <strong>do</strong><br />

nascimento <strong>do</strong> primeiro bebê, fruto <strong>de</strong><br />

um estupro. Para sobreviver, Francisca<br />

trabalhava como <strong>do</strong>méstica. Inicialmente<br />

apenas recebia a comida em troca <strong>do</strong><br />

trabalho. O sonho <strong>de</strong> fazer Medicina<br />

ficou para trás, mas ela não <strong>de</strong>sistiu <strong>de</strong><br />

ter uma vida melhor.<br />

Há sete anos, começou a trabalhar<br />

como copeira numa gráfica. Francisca

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