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Petrônio - Cosac Naify

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fica assim, deixa comigo: vocês vão ficar sabendo que aqui não é<br />

a casa-da-mãe-joana, mas a pousada de Marco Manício.<br />

4 Grita Eumolpo:<br />

– E ainda vem nos ameaçar?<br />

E, ao mesmo tempo, com a mão espalmada, dá uma sonora<br />

bofetada no rosto do homem. 5 Esse, zonzo por haver bebido<br />

com os outros hóspedes, lança à cabeça de Eumolpo uma moringa<br />

de barro e abre a testa daquele velho gritalhão. Então ele se<br />

arrancou apressado do quarto. 6 Tendo perdido a paciência com a<br />

briga, Eumolpo passa a mão num candelabro de madeira e segue<br />

o fugitivo, vingando então seu supercílio com um sem-número<br />

de golpes. 7 Acorrem então os escravos do hospedeiro e um<br />

bando de bêbados. Eu, porém, aproveito a ocasião para me vingar<br />

e deixo Eumolpo para fora. Tendo assim devolvido todas as desfeitas<br />

àquele velho brigão, ponho-me a desfrutar não só de meu<br />

quarto, como também da noite, desta vez sem um rival, é claro.<br />

8 Enquanto isso, fora do quarto, os cozinheiros e inquilinos<br />

o espancam. Alguém tenta acertar-lhe os olhos com um espeto<br />

cheio de miúdos ainda chiando; outro sujeito, com um forcado<br />

roubado a uma despensa de carnes, põe-se em posição de<br />

combate. Uma velha remelenta é a mais obstinada: vestida com<br />

um manto imundo, montada sobre tamancos de madeira desiguais,<br />

arrasta pela corrente um cachorro enorme e o açula contra<br />

Eumolpo. 9 Mas ele, com o seu candelabro, se livrava de todo<br />

o perigo. [96.] 1 Quanto a nós, víamos tudo pela fresta da porta,<br />

que pouco antes se ampliara com a quebra do trinco do postigo.<br />

O que me interessava era a surra que ele estava levando. 2 Mas,<br />

na opinião de Gitão – sempre aquela sua compaixão! –, era preciso<br />

reabrir a porta e socorrer Eumolpo; afinal, ele corria perigo.<br />

3 Na minha raiva, não contive a mão e pespeguei-lhe um belo<br />

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