You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Maracanã</strong>, 19 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1969<br />
200<br />
Aladim, o gênio<br />
Reprodução: Jornal do Brasil<br />
Qualquer pessoa consegue se lembrar o que estava fazendo na noite <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1969.<br />
Simplesmente porque nesta data, após milhares <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> sonhos, o homem, enfim, chegou à lua.<br />
Muitos cariocas se recordam <strong>de</strong> terem ido ao Museu <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna naquele domingo para ver<br />
as imagens históricas do pouso da Apolo-11 em solo lunar.<br />
Mas, o que os cariocas estavam fazendo um dia antes, em 19 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1969? Pouca gente<br />
consegue se lembrar.<br />
Talvez só os 14 mil torcedores que foram ao <strong>Maracanã</strong> naquele sábado e testemunharam uma<br />
partida tão histórica quanto à chegada à lua conseguem puxar pela memória uma belíssima atuação<br />
do <strong>Bangu</strong>, <strong>de</strong> Aladim, diante do Flamengo, do técnico Tim.<br />
O jogo era válido pela Taça Guanabara – que na época era um torneio à parte do Campeonato<br />
Carioca. O Flamengo vinha em 4º lugar na competição; o <strong>Bangu</strong> era o 7º e penúltimo colocado.<br />
Então, era simples <strong>de</strong>duzir: o rubro-negro entraria em campo como favorito.
Favoritismo confirmado aos 27 minutos <strong>de</strong> jogo. Os zagueiros banguenses ficaram parados num<br />
cruzamento <strong>de</strong> Murilo. Doval cabeceou, a bola foi para Dionísio que chutou no canto esquerdo do<br />
goleiro Devito. Flamengo 1 a 0. Tudo normal no <strong>Maracanã</strong>.<br />
Mas o <strong>Bangu</strong> correu atrás do empate. O jovem Dé driblou os zagueiros Onça e Manicera e<br />
chutou rasteiro, fraco. O goleiro Sidnei largou e o reserva Maurício aproveitou: 1 a 1, aos 36<br />
minutos.<br />
No 2º tempo, parecia que o Flamengo estava “no mundo da lua”. Aos 17 minutos, Onça recuou<br />
mal uma bola para Sidnei, Dé chegou antes e ia marcar o gol, mas ao driblar o goleiro rubro-negro,<br />
foi <strong>de</strong>rrubado. Pênalti claro que o juiz José Mário Vinhas marcou, mas não teve coragem para<br />
expulsar o goleiro. Aladim cobrou forte no canto direito. Era a virada do <strong>Bangu</strong>.<br />
Não <strong>de</strong>u nem para comemorar. Aos 22 minutos, o Flamengo se aproveitou <strong>de</strong> uma falha do<br />
goleiro Devito, que espalmou uma bola fácil nos pés <strong>de</strong> A<strong>de</strong>mir e empatou o jogo: 2 a 2.<br />
A partir daí, só <strong>de</strong>u “Mengo” no ataque, enquanto o <strong>Bangu</strong> se <strong>de</strong>fendia e fazia “cera” para o<br />
tempo passar logo. A <strong>de</strong>rrota parecia questão <strong>de</strong> minutos, mas o placar não se modificava. Enfim, os<br />
alvirrubros – que naquele dia jogaram todo <strong>de</strong> branco – conseguiram um escanteio a seu favor, aos<br />
43 minutos.<br />
Lance do lado direito do campo, o ponta-esquerda Aladim foi para a cobrança. Po<strong>de</strong>ria colocar a<br />
bola na cabeça <strong>de</strong> algum atacante, mas viu o goleiro Sidnei mal colocado e arriscou o chute direto.<br />
Era gol do <strong>Bangu</strong>! Gol olímpico do <strong>Bangu</strong>! O terceiro gol <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> vitória sobre o Flamengo<br />
no <strong>Maracanã</strong>.<br />
Aladim, que ao longo da carreira teria marcado 12 gols olímpicos – segundo seus próprios<br />
cálculos -, saiu comemorando, os <strong>de</strong>mais jogadores do <strong>Bangu</strong> correndo atrás.<br />
Os 14 mil flamenguistas não acreditavam no que viam. Assim como muitas pessoas não<br />
acreditariam na veracida<strong>de</strong> das imagens que mostraram a <strong>de</strong>scida do homem na lua. Mas aconteceu,<br />
embora não se saiba até hoje o que era mais improvável ocorrer: a conquista da lua ou o gol<br />
olímpico do <strong>Bangu</strong> no finalzinho da partida.<br />
Sábado, 19 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1969<br />
3 x 2<br />
Competição: Taça Guanabara<br />
Local: <strong>Maracanã</strong> (RJ)<br />
Juiz: José Mário Vinhas<br />
Público: 14.012<br />
<strong>Bangu</strong>: Devito, Cabrita, Serjão, Luís Alberto e<br />
Beto; Marcos e Zeca; Américo, Dé, Mário<br />
(Maurício) e Aladim. T: Daniel Pinto.<br />
Flamengo: Sidnei, Murilo, Onça, Manicera e<br />
Paulo Henrique; Liminha e Rodrigues Neto;<br />
A<strong>de</strong>mir, Doval, Dionísio e Arílson (Tinho). T:<br />
Tim.<br />
Gols: No <strong>1º</strong> tempo: Dionísio (27) e Maurício (36).<br />
No 2º tempo: Aladim (pên.) (17), A<strong>de</strong>mir (22) e<br />
Aladim (43).<br />
Taça Guanabara 1969<br />
Classificação Pts J V E D GP GC SG<br />
1 Fluminense 9 5 4 1 ‐ 8 1 7<br />
2 América 8 5 4 ‐ 1 6 4 2<br />
3 Vasco 6 5 2 2 1 4 1 3<br />
4 Botafogo 6 5 2 2 1 6 6 0<br />
5 Flamengo 4 5 1 2 2 7 8 ‐1<br />
6 Bonsucesso 4 5 1 2 2 2 3 ‐1<br />
7 <strong>Bangu</strong> 3 5 1 1 3 5 8 ‐3<br />
8 Campo Gran<strong>de</strong> 0 5 ‐ ‐ 5 3 10 ‐7