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Universidade aberta à terceira idade (UnATI/UFPE) - Centro de ...

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Fundação Oswaldo Cruz Instituto Aggeu<br />

Magalhães<br />

Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva - NESC<br />

Kátia Magdala Lima Barreto<br />

<strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong><br />

(<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>): um perfil<br />

sócio-epi<strong>de</strong>miológico dos participantes<br />

Orientador:<br />

Professor Doutor Eduardo Maia Freese <strong>de</strong> Carvalho<br />

Recife – PE<br />

1999


KÁTIA MAGDALA LIMA BARRETO<br />

<strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong> (<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>):<br />

um perfil sócio-epi<strong>de</strong>miológico dos participantes<br />

Recife – PE<br />

1999<br />

Dissertação apresentada como requisito<br />

parcial para obtenção do grau <strong>de</strong> Mestre<br />

em Saú<strong>de</strong> Pública, pelo Departamento <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> Coletiva – NESC, do Instituto <strong>de</strong><br />

Pesquisa Aggeu Magalhães – CPqAM da<br />

Fundação Oswaldo Cruz –<br />

FIOCRUZ/MS, sob orientação do<br />

Professor Doutor Eduardo Maia Freese<br />

<strong>de</strong> Carvalho.


<strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong> (<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>):<br />

um perfil sócio-epi<strong>de</strong>miológico dos participantes<br />

KÁTIA MAGDALA LIMA BARRETO<br />

Banca Examinadora:<br />

Professor Doutor Eduardo Maia Freese <strong>de</strong> Carvalho<br />

Orientador<br />

Professor Doutor Mário Antônio Sayeg<br />

1 º Examinador<br />

Professora Doutora Márcia Soares <strong>de</strong> Melo Kirzner<br />

Recife – PE<br />

1999<br />

2 º Examinador


“Há culturas que privilegiam os jovens em <strong>de</strong>trimento dos idosos,<br />

há outras que fazem o contrário e finalmente,<br />

há culturas que não sabem tratar bem nem dos jovens<br />

nem dos idosos.<br />

Esse parece ser o caso do Brasil, que mudou seu perfil etário sem<br />

se dar conta disso e manteve uma cultura on<strong>de</strong> não existe espaço<br />

para os jovens e on<strong>de</strong> se marginaliza <strong>de</strong> forma cruel os idosos”.<br />

1999 – ANO INTERNACIONAL DO IDOSO<br />

Herbert <strong>de</strong> Souza (Betinho)<br />

“UMA SOCIEDADE PARA TODAS AS IDADES”<br />

(OMS,1999)


Dedico esta construção:<br />

• A minha família – meu porto seguro: meus pais, meus irmãos, meus cunhados e<br />

minhas sobrinhas (Beatriz, Gabriela e Manoela). Espero está contribuindo para que elas<br />

tenham uma velhice tão bela quanto hoje é sua infância.<br />

• Aos idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>, cujo espírito <strong>de</strong> colaboração tornou possível a<br />

concretização <strong>de</strong>sta idéia.<br />

• A todos que fazem a <strong>UFPE</strong>, crendo que enquanto instituição pública continue<br />

cumprindo seu papel social e perceba a dimensão e o significado <strong>de</strong> uma proposta<br />

como a das <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>s Abertas <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong>.


AGRADECIMENTO<br />

“Vós pouco dais quando dais <strong>de</strong> vossas posses.<br />

É quando dais <strong>de</strong> vós próprios que realmente dais.<br />

É belo dar quando solicitado; é mais belo, porém, dar sem ser solicitado, por haver<br />

apenas compreendido;<br />

Dais para continuar a viver, pois reter é perecer.<br />

E vós que recebeis – e vós todos recebeis – não assumais nenhum encargo <strong>de</strong> gratidão a<br />

fim <strong>de</strong> não por<strong>de</strong>s um jugo sobre vós e vossos benfeitores.<br />

Antes, erguei-vos, junto com eles, sobre asas feitas <strong>de</strong> suas dádivas;<br />

Pois se ficar<strong>de</strong>s <strong>de</strong>masiadamente preocupados com vossas dádivas, estareis duvidando <strong>de</strong><br />

sua generos<strong>ida<strong>de</strong></strong>.<br />

Dar e receber é uma necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> e um êxtase.<br />

O dia já se foi.<br />

O que aqui nos foi dado, nós o conservaremos.<br />

Mais um curto instante, mais um <strong>de</strong>scanso rápido e minha nostalgia começará a recolher<br />

argila e espuma para um novo corpo.<br />

Foi somente ontem que nos encontramos num sonho.<br />

Cantastes para mim na minha solidão, e eu, com vossas aspirações construí uma torre no<br />

céu.<br />

Se nos encontrarmos outra vez no crepúsculo da memória, conversaremos <strong>de</strong> novo e<br />

cantareis para mim uma canção mais profunda.<br />

E se nossas mãos se encontrarem noutro sonho, construiremos mais uma torre no céu”.<br />

(Gibran)<br />

A todos vocês que sabem que construíram essa torre comigo MUITO OBRIGADA!


SUMÁRIO<br />

RELAÇÃO DE ABREVIATURAS E SIGLAS UTILIZADAS, 9<br />

RELAÇÃO DE TABELAS, GRÁFICOS E ANEXOS, 10<br />

RESUMO, 14<br />

ABSTRACT, 15<br />

APRESENTAÇÃO, 16<br />

1. INTRODUÇÃO, 18<br />

1.1 - Des<strong>de</strong> que o homem é homem, 18<br />

1.2 - Para não dizer que não falei da velhice, 26<br />

1.3 - Eu envelheço, tu envelheces, nós envelhecemos...A população envelhece, 29<br />

1.4 - <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>s Abertas <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong> - Um pouco <strong>de</strong> História: a<br />

experiência <strong>de</strong> Pernambuco, 38<br />

2. OBJETIVOS, 45<br />

2.1 - Geral, 45<br />

2.2 - Específicos, 45<br />

3. MATERIAL E MÉTODOS, 47<br />

3.1 - Tipo <strong>de</strong> estudo, 47<br />

3.2 - População do Estudo, 47<br />

3.3 - Definição do Instrumento <strong>de</strong> Coleta <strong>de</strong> Dados, 48<br />

3.4 - O Procedimento para a Coleta <strong>de</strong> Dados, 51<br />

3.5 - Alguns conceitos importantes, 52


4. RESULTADOS, 55<br />

5. DISCUSSÃO, 78<br />

6. CONCLUSÕES, 109<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, 112<br />

ANEXO, 121<br />

ANEXO 1<br />

Lei nº 8.842/94 – Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, 122<br />

ANEXO 2<br />

Decreto Lei nº 1948/96 – Regulamenta a Lei nº 8842/94,, 129<br />

ANEXO 3<br />

Seções I, III, IV, V e VIII do Questionário Brazil Old Age Schedule - BOAS, 137


RELAÇÃO DE ABREVIATURAS E SIGLAS UTILIZADAS<br />

AIVD - Ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong> Instrumental <strong>de</strong> Vida Diária<br />

AVD - Ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Vida Diária<br />

OMS - Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

OPS - Organização Panamericana <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

<strong>UFPE</strong> - <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco<br />

<strong>UnATI</strong>/UERJ - <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong> da <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Estadual do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro<br />

<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> - <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong> da <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Pernambuco<br />

UNESP - <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Estadual <strong>de</strong> São Paulo<br />

UNITI - <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta da Terceira Ida<strong>de</strong> do Maranhão<br />

UTI - <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> da Terceira Ida<strong>de</strong>


GRÁFICOS:<br />

RELAÇÃO DE GRÁFICOS, TABELAS E ANEXOS<br />

GRÁFICO 1: População Idosa (60 anos e mais) <strong>de</strong> Pernambuco, segundo Faixa Etária e<br />

Sexo. Recife, 1999.<br />

GRÁFICO 2: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao Sexo. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 3: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Faixa Etária. Recife,<br />

1998.<br />

GRÁFICO 4: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao Sexo e <strong>à</strong> Faixa<br />

Etária. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 5: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> C<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong><br />

Procedência. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 6: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao Bairro <strong>de</strong><br />

Procedência. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 7: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao Nível <strong>de</strong><br />

Escolar<strong>ida<strong>de</strong></strong>. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 8: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao Sexo e ao Nível <strong>de</strong><br />

Escolar<strong>ida<strong>de</strong></strong>. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 9: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao Estado Conjugal.<br />

Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 10: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao Sexo e ao Estado<br />

Conjugal. Recife, 1998.


GRÁFICO 11: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao Número <strong>de</strong> Filhos,<br />

Filhas e Número Total <strong>de</strong> Filhos. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 12: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao Arranjo<br />

Domiciliar. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 13: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Satisfação com a<br />

Vida em Geral. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 14: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao Sexo e <strong>à</strong><br />

Satisfação com a Vida em Geral. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 15: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Utilização dos<br />

Serviços Médicos. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 16: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Satisfação na<br />

Utilização <strong>de</strong> Serviços Médicos. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 17: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Utilização <strong>de</strong><br />

Serviços Dentários. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 18: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Utilização <strong>de</strong><br />

Medicamentos. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 19: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação a Pessoas que<br />

Po<strong>de</strong>riam Cuidá-los em Caso <strong>de</strong> Doença e/ou Incapac<strong>ida<strong>de</strong></strong>. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 20: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Convivência com<br />

as Pessoas com quem Resi<strong>de</strong>m, com Amigos e Vizinhos. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 21: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong>s Visitas Recebidas<br />

na Última Semana. Recife, 1998.


GRÁFICO 22: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao Tipo <strong>de</strong> Trabalho<br />

que Realizaram por Mais Tempo em Suas Vidas. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 23: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao Tempo <strong>de</strong><br />

Trabalho Durante a Vida. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 24: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Ida<strong>de</strong> em que<br />

Começaram a Trabalhar. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 25: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Ida<strong>de</strong> em que<br />

Pararam <strong>de</strong> Trabalhar. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 26: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Situação <strong>de</strong><br />

Residência. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 27: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Percepção sobre<br />

sua Situação Econômica Atual em Comparação a Quando Tinham 50 Anos. Recife, 1998.<br />

GRÁFICO 28: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao Principal<br />

Problema do Seu Dia-a-Dia. Recife, 1998.<br />

TABELAS:<br />

TABELA 1: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao Grau <strong>de</strong> Parentesco<br />

entre o Idoso e as Pessoas com as quais Resi<strong>de</strong>. Recife, 1998.<br />

TABELA 2: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Freqüência <strong>de</strong> Uso <strong>de</strong><br />

Alguns Serviços Médicos nos Últimos Três Meses. Recife, 1998.<br />

TABELA 3: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Utilização <strong>de</strong><br />

Ajudas/Apoios. Recife, 1998.


TABELA 4: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao Grau <strong>de</strong> Autonomia<br />

e In<strong>de</strong>pendência no Desempenho das Ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s da Vida Diária (AVD). Recife, 1998.<br />

TABELA 5: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong>s Ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s<br />

Realizadas no Tempo Livre. Recife, 1998.<br />

TABELA 6: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Assistência Oferecida<br />

pela Família ao Idoso. Recife, 1998.<br />

TABELA 7: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Assistência que o<br />

Idoso Oferece <strong>à</strong> Família. Recife, 1998.<br />

TABELA 8: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> que Possuem Renda, Tomando<br />

como Parâmetro o Salário Mínimo. Recife, 1998.<br />

TABELA 9: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Renda das 291<br />

Famílias que a Possuem, Tomando como Parâmetro o Salário Mínimo. Recife, 1998.<br />

TABELA 10: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação a Algumas Condições<br />

do Domicílio. Recife, 1998.<br />

TABELA 11: Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong>s Suas Principais<br />

Necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s/Carências. Recife, 1998.<br />

ANEXOS:<br />

ANEXO 1: Seções I, III, IV, V e VIII do Questionário BOAS.<br />

ANEXO 2 – Lei nº 8.842/94 – Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso<br />

ANEXO 3 – Decreto Lei nº 1948/96 – Regulamenta a Lei nº 8842/94


RESUMO<br />

Conhecer o perfil sócio-epi<strong>de</strong>miológico dos idosos que freqüentam um programa<br />

especial, <strong>de</strong>senvolvido em uma univers<strong>ida<strong>de</strong></strong> pública fe<strong>de</strong>ral no Estado <strong>de</strong> Pernambuco - a<br />

<strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong> (<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>), experiência pioneira no Estado, é o<br />

principal objetivo <strong>de</strong>ste estudo, uma vez que o envelhecimento populacional acelerado pelo<br />

qual o Brasil vem passando, e, em particular a região Nor<strong>de</strong>ste, exige ações a curto prazo,<br />

como uma a<strong>de</strong>quada produção <strong>de</strong> conhecimento na área do envelhecimento que <strong>de</strong>ve<br />

subsidiar o planejamento <strong>de</strong>ssas ações. Realizamos um censo para 358 idosos participantes<br />

do Programa no ano <strong>de</strong> 1998. Para traçar o perfil <strong>de</strong>sejado, realizamos um estudo<br />

epi<strong>de</strong>miológico <strong>de</strong>scritivo <strong>de</strong> corte transversal, utilizando um instrumento<br />

multidimensional, o Brazil Old Age Schedule-BOAS e buscamos respaldo teórico em<br />

estudos tanto da área do envelhecimento quanto da saú<strong>de</strong> coletiva. I<strong>de</strong>ntificamos a<br />

existência <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> idosos, em geral, com importantes níveis <strong>de</strong> autonomia,<br />

in<strong>de</strong>pendência funcional e participação, a maioria é capaz <strong>de</strong> realizar só e sem ajuda as<br />

ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s da vida diária – AVD - (cuidados pessoais, alimentação e vestuário, entre<br />

outras) e as ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s instrumentais <strong>de</strong> vida diária – AIVD - (sair para as compras,<br />

administrar medicação, viagens entre, outras). Trata-se <strong>de</strong> um grupo em que predomina o<br />

gênero feminino, na faixa etária entre 60 e 69 anos, casadas e/ou viúvas, com renda <strong>de</strong><br />

aposentadoria e/ou pensão e com bom nível <strong>de</strong> escolar<strong>ida<strong>de</strong></strong>. Tiveram em média quatro<br />

filhos e a maioria refere estar satisfeita com a vida <strong>de</strong> uma maneira geral. Utilizam serviços<br />

médicos e <strong>de</strong>ntários privados (plano/seguro saú<strong>de</strong>), crêem que a filha é a principal pessoa<br />

que po<strong>de</strong> dispensar-lhes cuidados em caso <strong>de</strong> doença ou incapac<strong>ida<strong>de</strong></strong>. Ocupam<br />

a<strong>de</strong>quadamente seu tempo livre e a maioria mantém um a<strong>de</strong>quado nível <strong>de</strong> integração<br />

social. Não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m financeiramente <strong>de</strong> suas famílias, pelo contrário, são em várias<br />

situações, suas provedoras oferecendo assistência <strong>de</strong> moradia e financeira, porém<br />

consi<strong>de</strong>ram importante <strong>de</strong>sfrutar da atenção e da companhia <strong>de</strong> seus familiares.


ABSTRACT<br />

The principal aim of this research was to investigate the socio-epi<strong>de</strong>miological<br />

profile of senior citizens taking part in a special programme carried out at a Fe<strong>de</strong>ral Public<br />

University in the State of Pernambuco. The <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong><br />

(<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>) or Senior Citizens’ Open University is a pioneering initiative in the state.<br />

The accelerated <strong>de</strong>mographic aging process which Brazil, especially the Northeast region,<br />

has been un<strong>de</strong>rgoing requires short term action supported by a<strong>de</strong>quate production of<br />

knowledge concerning this phenomenon. A census of 358 senior citizens who participated<br />

in the 1998 Programme was un<strong>de</strong>rtaken. In or<strong>de</strong>r to obtain the <strong>de</strong>sired profile, a <strong>de</strong>scriptive<br />

cross-sectional epi<strong>de</strong>miological study was carried out using a multidimensional tool, the<br />

Brazil Old Age Schedule (BOAS) and theoretical grounding was sought in the fields of<br />

both aging and public health studies. We i<strong>de</strong>ntified the existence of a group of senior<br />

citizens displaying high overall levels of autonomy, functional in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nce and<br />

participation, the majority being able to carry out daily activities (AVD) alone and without<br />

assistance (personal care, meals and dressing, among others). They were also capable of<br />

carrying out instrumental daily activities (AIVD) such as shopping, medication, travel and<br />

so forth. The group is predominantly female, from 60 to 69 years of age, married and/or<br />

widowed, receiving a retirement income or pension and with a good level of schooling. On<br />

average they have had four children and the majority state that they are generally satisfied<br />

with life. They use private medical and <strong>de</strong>ntal services (health insurance) and believe that<br />

a daughter is the person most able to take care of them in the event of illness or disability.<br />

They make a<strong>de</strong>quate use of their free time and most maintain a reasonable level of social<br />

integration. They are not financially <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt on their families, in fact in several cases<br />

they are still provi<strong>de</strong>rs, offering housing and financial support, consi<strong>de</strong>ring it important<br />

however to enjoy the attention and company of their families.


APRESENTAÇÃO<br />

Meu primeiro contato pessoal com o envelhecimento foi através da convivência<br />

com meus avós, tive o privilégio <strong>de</strong> conhecer todos, os maternos e os paternos e ainda um<br />

bisavô, todos autônomos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e lúcidos. Esta primeira referência positiva <strong>de</strong><br />

afeto, me parece o fundamento <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>mais relações com idosos que pu<strong>de</strong><br />

estabelecer até esse momento <strong>de</strong> minha vida.<br />

Profissionalmente, iniciei o contato com idosos na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental, ainda na<br />

graduação <strong>de</strong> Terapia Ocupacional on<strong>de</strong>, por questão <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, eu sempre<br />

terminava acompanhando as pessoas idosas que sofriam <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão e os resultados eram<br />

na maioria das vezes positivos. Percebendo esse “feeling” <strong>de</strong>cidi investir na formação na<br />

área do envelhecimento e, creio, comecei bem, participando do I Curso Internacional <strong>de</strong><br />

Aperfeiçoamento em Epi<strong>de</strong>miologia do Envelhecimento, realizado em 1989 na Escola<br />

Paulista <strong>de</strong> Medicina. Sendo o curso <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>miologia do envelhecimento, <strong>de</strong>u-se uma<br />

associação perfeita, pois <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a graduação já me i<strong>de</strong>ntificava com a saú<strong>de</strong> coletiva.<br />

A seqüência <strong>de</strong> experiências profissionais passam pela minha participação na<br />

equipe <strong>de</strong> implantação da Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Atenção Integral <strong>à</strong> Saú<strong>de</strong> do Idoso da Secretaria<br />

Estadual <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pernambuco, pela Especialização em Saú<strong>de</strong> do Idoso também pela<br />

FIOCRUZ e culmina com a entrada como docente no Departamento <strong>de</strong> Terapia<br />

Ocupacional da <strong>UFPE</strong> na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental e saú<strong>de</strong> do idoso em 1994, on<strong>de</strong> realizo,<br />

com outros colegas, mais um sonho, a criação em 1996 da <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta <strong>à</strong> Terceira<br />

Ida<strong>de</strong> da <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco (<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>).<br />

São muitas as carências <strong>de</strong> conhecimento sobre a população idosa do Estado e<br />

muitos os meus interesses <strong>de</strong> investigação, porém o fato <strong>de</strong> estar gerenciando a<br />

<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> me fez optar por este estudo, para conhecer quem são e como vivem os<br />

idosos do Programa, <strong>de</strong> modo que seu produto venha não apenas a subsidiar o<br />

planejamento <strong>de</strong> ações, mas também venha a consubstanciar a crença <strong>de</strong> que este grupo,<br />

constitui-se em uma excelente oportun<strong>ida<strong>de</strong></strong> para campo <strong>de</strong> investigação.


Em linhas gerais, o trabalho discute a preocupação e a curios<strong>ida<strong>de</strong></strong> do homem ao<br />

longo da história com o processo <strong>de</strong> envelhecimento, apresenta algumas reflexões acerca<br />

da imprecisão dos conceitos sobre velhice e envelhecimento, mostra, <strong>à</strong> luz dos estudiosos<br />

do tema, o processo <strong>de</strong> envelhecimento populacional no Brasil e no mundo, guardando<br />

suas peculiar<strong>ida<strong>de</strong></strong>s, bem como seu impacto para as instituições sociais e econômicas.<br />

Apresenta um estudo realizado com os idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>, on<strong>de</strong> foram<br />

abordadas as condições: pessoais e familiares, sociais e econômicas, <strong>de</strong> autonomia e<br />

in<strong>de</strong>pendência funcional para o <strong>de</strong>sempenho das ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s da vida diária (AVD), <strong>de</strong><br />

ocupação do tempo livre e <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> serviços médicos e <strong>de</strong>ntários. Por fim, são<br />

apresentadas as conclusões.


1. INTRODUÇÃO<br />

1.1 - Des<strong>de</strong> que o homem é homem ...<br />

18<br />

“Há homens que, como alguns vinhos, envelhecem sem azedar-se.”<br />

(Cícero)<br />

Nunca antes na história da human<strong>ida<strong>de</strong></strong>, o homem experimentou viver tantos anos.<br />

Para MENEZES (1994), é justificável que haja uma perplex<strong>ida<strong>de</strong></strong> diante <strong>de</strong>ssa nova<br />

real<strong>ida<strong>de</strong></strong>.<br />

A preocupação do homem com as questões da velhice vem <strong>de</strong> tempos remotos. Na<br />

antigü<strong>ida<strong>de</strong></strong> os egípcios já <strong>de</strong>monstravam interesse pelo rejuvenescimento relatado na<br />

tradução <strong>de</strong> um papiro datado <strong>de</strong> 1600-1700 a.C. que provavelmente se reportava a 2500-<br />

3000 a.C. on<strong>de</strong> havia um livro intitulado: Como Transformar um Velho em um Homem <strong>de</strong><br />

Vinte Anos através <strong>de</strong> uma complicada fórmula utilizando-se um ungüento especial,<br />

segundo o papiro funcionou muitas vezes (HAYFLIC, 1996; LEME, 1996 e GOMES,<br />

1998).<br />

Segundo HAYFLIC (1996), os povos do passado observavam que na natureza<br />

alguns animais como as cobras, os lagartos e caranguejos, trocavam a pele ou a concha e<br />

acreditavam ser esse, um processo <strong>de</strong> rejuvenescimento. Ainda segundo o autor o termo<br />

grego (gérõn) e o latino (senectus) que são usados para <strong>de</strong>signar a velhice, referem-se <strong>à</strong><br />

troca da pele <strong>de</strong> um animal.<br />

O homem tenta lutar contra a passagem do tempo e consequentemente contra a<br />

finitu<strong>de</strong>, assim, através da beleza e da juventu<strong>de</strong> eterna, busca a etern<strong>ida<strong>de</strong></strong>, a imortal<strong>ida<strong>de</strong></strong>.<br />

Neste sentido HAYFLIC (1996), refere que muitas atitu<strong>de</strong>s em relação ao envelhecimento<br />

e <strong>à</strong> morte baseiam-se em crenças <strong>de</strong> que em algum tempo, o homem foi imortal e que por<br />

alguma <strong>de</strong>sobediência cometida, os <strong>de</strong>uses o puniram com a morte e cita o clássico<br />

exemplo <strong>de</strong> Adão e Eva. Em relação a crença sobre existência <strong>de</strong> “tempos” e “lugares”<br />

on<strong>de</strong> se vive ou se viveu uma experiência <strong>de</strong> extrema longev<strong>ida<strong>de</strong></strong> e quase imortal<strong>ida<strong>de</strong></strong>, o<br />

autor cita outros exemplos: “O Jardim do É<strong>de</strong>n”, que “talvez seja o mais conhecido na<br />

cultura oci<strong>de</strong>ntal como um paraíso no qual a imortal<strong>ida<strong>de</strong></strong> era uma real<strong>ida<strong>de</strong></strong>” (p. 181), a


lenda grega do Hiperbóreo (além do vento norte), uma terra distante on<strong>de</strong> todos tinham<br />

vidas bastante longas. Acredita-se que, ainda hoje, em algumas partes do Equador, Ucrânia<br />

e Paquistão seja possível encontrar pessoas muito longevas e, por fim, a “fonte da<br />

juventu<strong>de</strong>” capaz <strong>de</strong> manter e <strong>de</strong>volver beleza e juventu<strong>de</strong> <strong>à</strong>queles que se banharem em<br />

suas águas.<br />

Para GOMES (1994), ainda hoje o homem persiste em sua busca pelo “elixir da<br />

eterna juventu<strong>de</strong>”: “todos querem viver muito, porém, jovens” (p. 1). PAPALÉO NETTO<br />

et al. (1996) complementam essa reflexão fazendo alusão <strong>à</strong>s “fórmulas ‘miraculosas’ que<br />

oferecem a juventu<strong>de</strong> eterna ou o retardo do envelhecimento” (p.5) e chamam atenção <strong>de</strong><br />

que não existe ainda eficácias cientificamente comprovadas sobre o assunto.<br />

GUIMARÃES (1989) reforça essa questão, referindo-se aos que se valem <strong>de</strong>ssas<br />

promessas miraculosas como “mercadores <strong>de</strong> ilusões” (p. 1).<br />

Segundo GOMES (1998), há uma dificulda<strong>de</strong> em se encontrar bibliografia sobre o<br />

tema do envelhecimento em tempos mais remotos. Relata que entre os povos primitivos a<br />

expectativa <strong>de</strong> vida ao nascer era em média 18 anos e posteriormente entre os gregos e os<br />

romanos chegou a 25 anos <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>. O autor refere, ainda, que os cuidados dispensados aos<br />

idosos <strong>de</strong>pendiam dos princípios morais, sociais e/ou religiosos que regiam cada<br />

socieda<strong>de</strong>. Assim o idoso po<strong>de</strong>ria ser visto como ônus ou honra.<br />

Vários autores trazem reflexões sobre o tema da velhice <strong>à</strong> luz dos egípcios,<br />

chineses, hindus, judaicos, gregos e romanos, que apresentamos a seguir. Nestes relatos<br />

encontramos referências aos aspectos sociais e biológicos em relação <strong>à</strong> velhice, observadas<br />

nessas socieda<strong>de</strong>s.<br />

BEAUVOIR (1990), <strong>de</strong>staca na cultura oriental o povo chinês, referindo-se <strong>à</strong><br />

condição <strong>de</strong> privilégio dispensada por estes aos idosos. Segundo a autora, por ser uma<br />

cultura muito estática, on<strong>de</strong> pelas condições geográficas e econômicas tinha necess<strong>ida<strong>de</strong></strong><br />

maior <strong>de</strong> sobreviver e não <strong>de</strong> evoluir, conservava fortemente seus valores e sua hierarquia,<br />

as responsabil<strong>ida<strong>de</strong></strong>s assim como o po<strong>de</strong>r, aumentavam com o passar dos anos. Assim<br />

também funcionava a organização familiar, on<strong>de</strong> todos <strong>de</strong>viam obediência ao homem mais<br />

velho, mesmo a mulher que era submissa ao homem, quando mais velha gozava <strong>de</strong><br />

prestígio e respeito diante da família e dos homens mais jovens. Refere ainda a autora que,<br />

19


a família como base, foi uma estrutura regulamentada por Confúcio, filósofo e reformador<br />

chinês, que tinha como justificativa para o po<strong>de</strong>r exercido pelos mais velhos a relação<br />

direta entre a <strong>ida<strong>de</strong></strong> avançada e a sabedoria. O respeito pelos idosos não se limitava ao seio<br />

da família, estendia-se a todos os idosos. Na cultura praticada na China, exigia-se mais<br />

experiência do que força. A autora <strong>de</strong>staca também o filósofo chinês Lao-Tsé, fundador do<br />

taoísmo. Para os taoístas a velhice aparece como uma virtu<strong>de</strong> em si mesma. No neotaoísmo<br />

o objetivo maior do homem era a vida longa: “A velhice era, portanto, a vida sob sua<br />

forma suprema” (p. 114). Apesar <strong>de</strong> existirem relatos relativos <strong>à</strong> revolta dos jovens e<br />

mulheres contra a opressão por eles vividos, não se observa, segundo a autora, na literatura<br />

chinesa, a velhice retratada como flagelo.<br />

No mundo oci<strong>de</strong>ntal, o que se observa é diferente. A primeira referência <strong>de</strong> que se<br />

tem notícias quanto <strong>à</strong> preocupação com o envelhecimento, que data <strong>de</strong> aproximadamente<br />

2500 a.C., feita por Phtah Hotep, filósofo e poeta egípcio e, segundo a autora, são<br />

referências negativas, falam do <strong>de</strong>clínio físico e mental dos idosos. Neste sentido, afirma o<br />

poeta: “A velhice é o pior dos infortúnios que po<strong>de</strong> afligir um homem” (BEAUVOIR,<br />

1990, p. 114).<br />

Para GOMES (1998), entre os egípcios, como já foi referido, havia uma<br />

preocupação com o rejuvenescimento e não uma preocupação social nem <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em<br />

relação aos velhos, muito embora tenham tido uma medicina avançada. Há sim uma<br />

preocupação em não envelhecer, em manter-se belo, bem cuidado, uma extrema<br />

preocupação com a aparência física observada nos séculos XIII e XII a.C. (dinastia dos<br />

Ramsés). Em relação aos hindus o autor refere que estes, não <strong>de</strong>monstravam preocupação<br />

social com os velhos, possuíam uma medicina bastante adiantada, <strong>de</strong>stacando-se o médico<br />

Charaka, que dividiu a arte <strong>de</strong> curar em oito partes, uma <strong>de</strong>las referia-se ao<br />

rejuvenescimento e <strong>à</strong> restauração da viril<strong>ida<strong>de</strong></strong>.<br />

O povo judaico tinha muito respeito pelos mais velhos, sendo uma socieda<strong>de</strong><br />

patriarcal que cultuava os idosos, inclusive, atribuindo a estes <strong>ida<strong>de</strong></strong>s avançadíssimas como<br />

é o caso <strong>de</strong> José que segundo as escrituras viveu 110 anos; Moisés, 120; Aaron, 123; Jacó,<br />

140; Abrão, 175; Isaac, 180; Enoque, 365; Noé, 950 e Matusalém, 969 anos.<br />

Provavelmente, essas <strong>ida<strong>de</strong></strong>s são metáforas que se referem <strong>à</strong> longev<strong>ida<strong>de</strong></strong> ou ao calendário<br />

lunar utilizado naquele tempo. A Bíblia traz inúmeras passagens que reforçam o respeito<br />

20


daquele povo pelos seus velhos que, exerciam, inclusive, uma ação política. Observa-se<br />

entre os ju<strong>de</strong>us uma inserção social. Sob a influência religiosa, a doença era vista como<br />

castigo, porém quanto ao aspecto da saú<strong>de</strong>, recomendava-se medidas <strong>de</strong> higiene e a<br />

medicina hebráica tinha como característica, a prevenção. Encontram-se também<br />

recomendações <strong>de</strong> banhos <strong>de</strong> vapor seguidos <strong>de</strong> duchas frias e massagens com óleos para<br />

se manter uma vida longa e saudável (HAYFLIC, 1996; LEME, 1996 e GOMES, 1998 ).<br />

BEAUVOIR (1990), refere que para os gregos honra e velhice estavam ligadas.<br />

Homero associava velhice <strong>à</strong> sabedoria. A autora cita dois exemplos opostos <strong>de</strong> concepções<br />

sobre a velhice, Platão e Aristóteles; no primeiro, encontra-se valorização da velhice<br />

relatada em toda sua obra. Platão propõe, inclusive, a gerontocracia. Para ele, não importa<br />

o corpo mas sim a alma e, portanto, o <strong>de</strong>clínio do corpo na velhice não mudava em nada a<br />

vida do homem, a alma podia até tornar-se mais livre <strong>de</strong>ste. Seu pensamento é também<br />

relatado nos seus diálogos com Sócrates e <strong>de</strong>ste com Céfalos; no segundo, a alma e o corpo<br />

estão unidos e o que afeta um, afeta o outro, para se ter uma velhice feliz o corpo <strong>de</strong>ve<br />

estar intacto. Para Aristóteles, após os 50 anos o homem é consi<strong>de</strong>rado velho e<br />

enfraquecido e portanto, <strong>de</strong>ve ser afastado do po<strong>de</strong>r.<br />

Segundo GOMES (1998), ainda entre os gregos, em relação <strong>à</strong> saú<strong>de</strong> dos idosos,<br />

encontram-se referências nas escolas <strong>de</strong> medicina <strong>de</strong> Hipócrates e Aristóteles. O autor<br />

refere que Hipócrates consi<strong>de</strong>rava que após os 50 anos se era velho, e que as doenças<br />

resultavam do <strong>de</strong>sequilíbrio dos humores. Muitas <strong>de</strong> suas observações e ensinamentos<br />

quanto <strong>à</strong> saú<strong>de</strong> do idoso permanecem atuais, por exemplo as manifestações clínicas<br />

atípicas, a hipotermia, a cronic<strong>ida<strong>de</strong></strong> das doenças e a alteração nas funções intestinais.<br />

Recomendava cuidados <strong>de</strong> higiene corporal, ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong> física e mental e mo<strong>de</strong>ração<br />

dietética. LEME (1996) acrescenta que “o método hipocrático <strong>de</strong> exame incluía uma<br />

observação cuidadosa da aparência do paciente, seu estado emocional, condição<br />

funcional, condição <strong>de</strong> vida e ambiente, incluindo clima e costumes locais” (p. 17), o que<br />

não difere muito da orientação geriátrica atual.<br />

BEAUVOIR (1990) refere que entre os romanos a condição do velho está ligada <strong>à</strong><br />

estabil<strong>ida<strong>de</strong></strong> social. O lugar dos velhos estava relacionado ao seu po<strong>de</strong>r político e<br />

econômico e nesse sentido o Senado se sustentava. Esse po<strong>de</strong>r se observava também na<br />

família, o paterfamilias, on<strong>de</strong> o po<strong>de</strong>r era vitalício e total sobre as coisas e as pessoas.<br />

21


Refere ainda a autora que com a <strong>de</strong>cadência da oligarquia, caem também o prestígio dos<br />

velhos, do Senado e do paterfamilias. É nesse contexto que segundo a autora Cícero,<br />

senador romano, aos 63 anos <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong> escreveu De Senectu<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo a reforçar a<br />

abalada autor<strong>ida<strong>de</strong></strong> do Senado. LEME (1996), refere-se a obra <strong>de</strong> Cícero sob outra ótica.<br />

Relata o autor que Cícero teceu consi<strong>de</strong>rações importantes sobre alguns problemas da<br />

velhice como: “memória, perda da capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> funcional, alterações dos órgãos dos<br />

sentidos, perda da capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> trabalho, etc” (p. 17), e exemplifica as recomendações<br />

dadas sobre a importância dos exercícios mentais para a manutenção da memória. O autor<br />

<strong>de</strong>staca também Galeno, que consi<strong>de</strong>rava os quatro humores, a noção <strong>de</strong> pneuma, o calor<br />

intrínseco e a crença em um só <strong>de</strong>us e em sua obra, a “Gerontomica”, aborda a necess<strong>ida<strong>de</strong></strong><br />

do idoso manter-se aquecido e ume<strong>de</strong>cido, manter dieta equilibrada, tomar vinho e manter-<br />

se ativo.<br />

LEME (1996), em relação <strong>à</strong> questão do envelhecimento na <strong>ida<strong>de</strong></strong> média, refere que<br />

o interesse acadêmico da época centrou-se, quase que exclusivamente, em medidas<br />

higiênicas para a manutenção <strong>de</strong> boa saú<strong>de</strong> até a <strong>ida<strong>de</strong></strong> avançada. O autor refere ainda que<br />

no início do século X, existia em Veneza uma legislação que tributava em 10% as heranças<br />

para, com esse fundo, prestar assistência específica <strong>à</strong>s pessoas incapazes e idosas. Destaca,<br />

da Escola Médica <strong>de</strong> Montpellier a Arnold <strong>de</strong> Villanova, médico e químico que acreditava<br />

ter encontrado o elixir da longa vida. Em seu livro: Da Conservação da Juventu<strong>de</strong> e da<br />

Proteção da Velhice, escrito em 1290, incorporava os conceitos galênicos dos humores<br />

secos e frios em relação ao envelhecimento. Quanto ao papel social dos velhos na Ida<strong>de</strong><br />

Média, BEAUVOIR (1990) refere que era inexpressivo, pois as instituições eram instáveis<br />

para garantir a proprieda<strong>de</strong> que precisava ser <strong>de</strong>fendida com a força - o po<strong>de</strong>r era dos<br />

jovens - a experiência dos mais velhos valia pouco. Acrescenta a autora que já nos fins da<br />

alta Ida<strong>de</strong> Média, com toda a <strong>de</strong>struição que se <strong>de</strong>u o trabalho <strong>de</strong> reconstrução nas c<strong>ida<strong>de</strong></strong>s<br />

e no campo era muito ru<strong>de</strong> e os idosos não tinham condições <strong>de</strong> fazê-lo, posteriormente os<br />

feudos também necessitavam <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa através da luta e portanto, num mundo tão adverso,<br />

a longev<strong>ida<strong>de</strong></strong> permanece rara e a contribuição dos idosos quase nula. Por fim, a autora<br />

refere que, aqui também se encontra o <strong>de</strong>sejo da juventu<strong>de</strong> eterna, <strong>de</strong>scrito em lagos<br />

mágicos capazes <strong>de</strong> rejuvenescerem as pessoas, como por exemplo a ilha <strong>de</strong> Avalon, lá não<br />

se morre e não se envelhece.<br />

22


Segundo LEME (1996), após o período medieval surge o Renascimento e como<br />

ocorreu em outras áreas, cresce também o interesse pelo estudo do envelhecimento. Na<br />

segunda meta<strong>de</strong> do século XV, em 1498, uma obra também consi<strong>de</strong>rada muito importante<br />

foi escrita pelo médico anatomista Gabriele Zerbi e chamava-se “Gerontocomia”; trata-se,<br />

segundo o autor, do primeiro livro impresso <strong>de</strong>dicado <strong>à</strong> geriatria.<br />

BEAUVOIR (1990), refere que no fim do século XIX e início do século XX, já no<br />

capitalismo no mundo oci<strong>de</strong>ntal, multiplicam-se as pesquisas em vários países no campo<br />

do envelhecimento. Segundo a autora, a partir <strong>de</strong> 1930 <strong>de</strong>senvolveram-se as pesquisa em<br />

Biologia, Psicologia e Sociologia e que nos dias <strong>de</strong> hoje continuam a se <strong>de</strong>senvolver cada<br />

vez mais, ampliando as áreas <strong>de</strong> conhecimento envolvidas. Neste sentido, GUIMARÃES<br />

(1996), alerta que apesar <strong>de</strong> muitos equívocos terem sido cometidos na antigü<strong>ida<strong>de</strong></strong> em<br />

relação ao estudo do envelhecimento, acabaram pois, constituindo-se em contribuições<br />

importantes. A cada dia evoluem as abordagens em relação <strong>à</strong> saú<strong>de</strong> dos idosos como por<br />

exemplo, no estudo das manifestações clínicas, do diagnóstico on<strong>de</strong> se utilizam inúmeros<br />

protocolos e escalas <strong>de</strong> avaliação, levando a maiores chances <strong>de</strong> boas intervenções para a<br />

solução dos problemas apresentados. O autor refere ainda os trabalhos <strong>de</strong> Marjorie Warren<br />

em 1947 e J. H. Sheldon em1948 como fundamentais para o <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa<br />

clínica em geriatria. O primeiro, segundo ele, “estabeleceu critérios <strong>de</strong> avaliação dos<br />

pacientes encaminhados para instituições <strong>de</strong> longa permanência, lançando <strong>de</strong>sta forma, as<br />

bases da Medicina Geriátrica” (p. 72); o segundo, “lançou as bases da medicina social da<br />

velhice e reportou <strong>de</strong> maneira sistemática os maiores problemas dos velhos resi<strong>de</strong>ntes na<br />

comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>” (p. 72).<br />

DEBERT (1996) discute o fato que do ponto <strong>de</strong> vista social a maioria dos relatos<br />

referem-se a uma velhice abandonada, solitária e empobrecida, relegada ao segundo plano<br />

nas socieda<strong>de</strong>s industrializadas. Tais relatos, baseiam-se para suas afirmativas na lógica<br />

capitalista da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo. Para a autora, no Brasil, o discurso gerontológico que<br />

construiu uma imagem vitimizada do velho brasileiro, baseou-se em 4 aspectos: a explosão<br />

<strong>de</strong>mográfica da população idosa, que <strong>de</strong>manda políticas específicas; a crítica ao<br />

capitalismo, cujas consequências se exacerbariam na velhice; a crítica <strong>à</strong> cultura brasileira<br />

que valoriza o novo e não tem memória e, por último, o Estado. A transformação da<br />

família extensa em família nuclear e a criação do welfare state, on<strong>de</strong>, com o <strong>de</strong>clínio do<br />

23


mecanismo familiar associado a um Estado sem condições <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r <strong>à</strong>s suas <strong>de</strong>mandas,<br />

a população idosa vê-se diante <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong>sfavorável.<br />

Para PAPALÉO NETTO et al. (1996), nas socieda<strong>de</strong>s industrializadas com a<br />

valorização da produtiv<strong>ida<strong>de</strong></strong> todos os que não apresentam força física e rapi<strong>de</strong>z em seu<br />

ritmo sem dúvida estariam alijados do sistema. Na Revolução Industrial essas exigências<br />

são condições fundamentais, a força <strong>de</strong> produção está para os mais jovens. BEAUVOIR<br />

(1990) acrescenta que “o material humano só interessa enquanto produz” (p. 13) e citando<br />

Leach, antropólogo <strong>de</strong> Cambridge: “Num mundo em mutação, em que as máquinas têm<br />

vida muito curta, não é necessário que os homens sirvam durante um tempo<br />

<strong>de</strong>masiadamente longo. Tudo que ultrapassa 55 anos <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>scartado como refugo”<br />

(p. 13).<br />

Para BIRMAN (1995), é esperado que neste contexto <strong>de</strong> transformação social, a<br />

velhice seja marginalizada, pois refere o autor “estava em pauta era a possibil<strong>ida<strong>de</strong></strong> sócio-<br />

política <strong>de</strong> produção, reprodução e acumulação <strong>de</strong> riqueza, centrada no paradigma<br />

biológico da reprodução e <strong>de</strong> melhoria eugênica da espécie humana” (p. 33), ou seja, o<br />

homem tem o seu valor conforme sua capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> produzir e reproduzir riquezas e o<br />

velho já não tendo mais potencial para essa produção e reprodução per<strong>de</strong> seu valor social e<br />

simbólico.<br />

Reforçando esta reflexão, PAPALÉO NETTO et al. (1996) questionam o lugar do<br />

idoso na socieda<strong>de</strong> atual refletindo o quanto o próprio idoso po<strong>de</strong> contribuir para modificar<br />

a situação presente, cita como exemplo a resistência dos mais velhos em adaptar-se <strong>à</strong>s<br />

mudanças e com a veloc<strong>ida<strong>de</strong></strong> tecnológica <strong>de</strong> hoje essa adaptação é quase questão <strong>de</strong><br />

sobrevivência e <strong>de</strong> minimização dos conflitos intergeracionais. Cita ainda que existe uma<br />

rejeição do idoso com relação ao seu próprio envelhecimento. Para o autor, o idoso <strong>de</strong>ve<br />

ser sujeito ativo em todo esse processo.<br />

DEBERT (1996) contribui <strong>de</strong> modo bastante esclarecedor discutindo sobre a<br />

atual<strong>ida<strong>de</strong></strong> do tema envelhecimento através <strong>de</strong> estudos sobre as representações do papel do<br />

idoso na socieda<strong>de</strong> contemporânea. Dentre as suas muitas reflexões, <strong>de</strong>stacamos as que se<br />

referem ao “envelhecimento bem-sucedido”, ou seja, afirma que atualmente há uma<br />

tendência <strong>de</strong> inverter a imagem negativa da velhice e tratar essa época da vida como um<br />

24


momento <strong>de</strong> possibil<strong>ida<strong>de</strong></strong>s, chamando o idoso <strong>à</strong> participação, uma vez que, segundo a<br />

autora, em relação aos idosos “as experiências vividas e os saberes acumulados<br />

proporcionam a chance <strong>de</strong> engendrar novos projetos e estabelecerem relações positivas<br />

com o mundo dos mais jovens e dos mais velhos” (p. 35).<br />

Para BEAUVOIR (1990), ainda existe em relação ao envelhecimento uma<br />

“conspiração do silêncio”, a velhice vista na esfera do privado e afirma: “Para a<br />

socieda<strong>de</strong>, a velhice aparece como uma espécie <strong>de</strong> segredo vergonhoso, do qual é<br />

in<strong>de</strong>cente falar” (p.8). BIRMAN (1995) acrescenta que tratar a velhice <strong>de</strong> forma piedosa e<br />

filantrópica é uma “maneira falaciosa e até mesmo hipócrita para silenciar os valores<br />

negativos em que a mo<strong>de</strong>rn<strong>ida<strong>de</strong></strong> inscreveu a velhice” (p. 35). Portanto refere DEBERT<br />

(1996), com o envelhecimento passando a ser visto como uma experiência mais<br />

gratificante, tem-se observado no Brasil uma série <strong>de</strong> experiências que valorizam essa<br />

vivência coletiva, como por exemplo os grupos <strong>de</strong> convivência <strong>de</strong> idosos e os programas<br />

<strong>de</strong> univers<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>aberta</strong>s para a <strong>terceira</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>, que na década <strong>de</strong> noventa proliferaram por<br />

todo o país, essa é uma forma <strong>de</strong> tornar pública a questão do envelhecimento.<br />

Ao mesmo tempo em que <strong>de</strong>senvolvemos uma competência para lidar com o<br />

envelhecimento saudável, nos <strong>de</strong>paramos com dificulda<strong>de</strong>s para lidarmos com os<br />

problemas da velhice mais avançada. Temos então que estar atentos para não ocorrer a<br />

“reprivatização da velhice”. As experiências exitosas não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado a<br />

preocupação com a velhice acompanhada <strong>de</strong> enferm<strong>ida<strong>de</strong></strong>s e/ou <strong>de</strong>samparada. Três<br />

condições contribuem para essa nova forma <strong>de</strong> representar a velhice: primeiro, as<br />

mudanças no sistema produtivo, com o aumento das camadas assalariadas e com os novos<br />

padrões <strong>de</strong> aposentadoria que não mais significa estar velho, pois cada vez mais pessoas<br />

estão se aposentando ainda muito jovens; segundo, os aposentados não po<strong>de</strong>m mais ser<br />

consi<strong>de</strong>rados os menos privilegiados da socieda<strong>de</strong> nem em países <strong>de</strong>senvolvidos e nem no<br />

Brasil, on<strong>de</strong> as pesquisas mostram a necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> se refazer esse discurso; a <strong>terceira</strong><br />

condição é a expansão do capital, <strong>de</strong>pois dos anos 70 com a reelaboração das concepções<br />

sobre o corpo, ou seja, a cultura do consumismo, o corpo é veículo do prazer e a<br />

responsabil<strong>ida<strong>de</strong></strong> com o bem-estar é individual (DEBERT, 1996).<br />

Para KALACHE (1987), o confronto com o envelhecimento exige <strong>de</strong> todos, um<br />

esforço conjunto para fazer frente <strong>à</strong>s suas <strong>de</strong>mandas. Antes, a experiência do<br />

25


envelhecimento era privilégio <strong>de</strong> poucos, as pessoas morriam em <strong>ida<strong>de</strong></strong>s tenras; hoje, trata-<br />

se <strong>de</strong> uma real<strong>ida<strong>de</strong></strong> universal.<br />

A origem dos termos Gerontologia e Geriatria, especial<strong>ida<strong>de</strong></strong>s assim constituídas<br />

recentemente, resultam da história <strong>de</strong>ste último século aqui relatada. O termo Gerontologia<br />

foi criado por volta <strong>de</strong> 1903 a partir dos estudos <strong>de</strong> Élie Metchnikoff sobre biologia do<br />

envelhecimento, para referir-se <strong>à</strong> especial<strong>ida<strong>de</strong></strong> que estuda cientificamente o processo <strong>de</strong><br />

envelhecimento. Também no início <strong>de</strong>ste século surge o termo Geriatria, criado por Ignaz<br />

L. Nasche, para referir-se <strong>à</strong> especial<strong>ida<strong>de</strong></strong> que trata das doenças dos velhos (BEAUVOIR,<br />

1990; HAYFLIC, 1996 e LEME, 1996).<br />

O homem já consegue viver mais. Precisamos <strong>de</strong>scobrir maneiras <strong>de</strong> como viver<br />

melhor por mais tempo. Nesse sentido PAPALÉO NETTO et al. (1996) afirmam que não é<br />

justo apenas prolongar a vida dos mais velhos, sem lhes oferecer condições para que esses<br />

anos a mais sejam vividos com dign<strong>ida<strong>de</strong></strong>. HAYFLIC (1997) acrescenta que hoje há um<br />

consenso <strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve haver empenho para prolongar a vida o máximo possível <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

se possa manter também sua qual<strong>ida<strong>de</strong></strong>. Portanto a preocupação principal não é apenas a<br />

ampliação do tempo <strong>de</strong> vida. Segundo LA SALUD...(1989), a Socieda<strong>de</strong> Gerontológica<br />

dos Estados Unidos tem como lema: “Acrescentar vida aos anos, e não apenas anos <strong>à</strong><br />

vida”, esse é um lema da Gerontologia. Em 1982 a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS)<br />

também o adotou, sob a legenda “Agregue vida aos anos”.<br />

1.2 – Para não dizer que não falei da velhice.<br />

“Não existe uma <strong>de</strong>finição perfeita para o envelhecimento mas, como ocorre<br />

com o amor e a beleza, gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> nós o reconhece quando o sente ou vê”<br />

26<br />

(Hayflick)<br />

“Fala-se <strong>de</strong> velhice como se esta palavra representasse uma real<strong>ida<strong>de</strong></strong> bem<br />

<strong>de</strong>finida. Na verda<strong>de</strong>, quando se trata <strong>de</strong> nossa espécie, não é fácil circunscrevê-la”<br />

(BEAUVOIR, 1990, p. 15)


“O que é ser idoso não é uma questão tão simples <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida, não obstante a<br />

sua aparente obvieda<strong>de</strong> para a consciência individual <strong>de</strong> qualquer um <strong>de</strong> nós” (BIRMAN,<br />

1995, p. 29).<br />

“Obviamente, não se trata <strong>de</strong> negar o processo biológico do envelhecimento<br />

progressivo <strong>de</strong> cada ser, mas <strong>de</strong> chamar atenção para o fato <strong>de</strong> que este processo, sem<br />

dúvida universal, po<strong>de</strong> ser vivido <strong>de</strong> muitas e diferentes maneiras (...) Simplesmente<br />

substituir, por exemplo, a categoria velhice por <strong>terceira</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong> não acrescenta qualquer<br />

precisão ao conceito” (GUEDES, 1994, p. 7 e 9).<br />

As afirmativas acima retratam a dificulda<strong>de</strong> em se precisar “um” conceito <strong>de</strong><br />

velhice, talvez não se tenha que fazê-lo, porém para quem lida com o envelhecimento as<br />

perguntas são inevitáveis: o que é velhice? Quando se fica velho? Respon<strong>de</strong>r uma significa<br />

automaticamente respon<strong>de</strong>r a outra. Os recortes encontrados nos autores contemporâneos<br />

apontam para abordagens biológica, psicológica, social, econômica, antropológica,<br />

cronológica, ecológica, histórica... Todos concordam em um ponto: nenhuma <strong>de</strong>ssas<br />

dimensões isoladamente dá conta da questão da velhice, tamanha sua complex<strong>ida<strong>de</strong></strong>.<br />

Em BEAUVOIR (1990), encontramos referência <strong>à</strong> velhice como um fenômeno<br />

biológico, com repercussões psicológicas e uma dimensão existencial. Também <strong>de</strong> forma<br />

semelhante é entendida a velhice por BIRMAN (1995), para o autor a lógica evolucionista<br />

é que <strong>de</strong>terminou a etarieda<strong>de</strong> da vida humana numa compreensão puramente biológica, a<br />

mesma lógica que fez surgir a psicologia do <strong>de</strong>senvolvimento com sua psicometria que<br />

mensura o comportamento humano <strong>de</strong> acordo com as faixas <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong> e, por fim, o autor<br />

refere o registro filosófico, estabelecendo relação com a história e, portanto, com o tempo e<br />

a temporal<strong>ida<strong>de</strong></strong>, correspon<strong>de</strong>ndo ao que Beauvoir chamou <strong>de</strong> dimensão existencial.<br />

Não é possível estabelecer uma única <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> velhice ou <strong>de</strong> velho que<br />

responda a todas as peculiar<strong>ida<strong>de</strong></strong>s exigidas pelo tema. Existem, portanto, recortes<br />

biológico, social, econômico e cronológico (EL ENVELECIMIENTO..., 1999), este último<br />

tem sido aceito praticamente <strong>de</strong> forma unânime para fins <strong>de</strong> pesquisa e legislação, porém<br />

guardadas suas limitações como indicador <strong>de</strong> velhice, uma vez que já referimos que<br />

segundo os autores e os documentos aqui mencionados as várias dimensões sobre o tema<br />

se complementam.<br />

27


NERI (1991), concorda que o envelhecimento é um processo que envolve os<br />

aspectos biológicos, psicológicos, sociológicos e culturais e que, portanto, <strong>de</strong>ve ser<br />

entendido em suas várias dimensões. A partir <strong>de</strong> seus estudos a autora refere que a<br />

etarieda<strong>de</strong> por nós conhecida é uma construção social e situa seus conceitos no tempo: “o<br />

conceito <strong>de</strong> infância (séculos XVIII e XIX), adolescência (fins do século XIX), juventu<strong>de</strong><br />

(20 ou 25 anos atrás), meia-<strong>ida<strong>de</strong></strong> (anos 60) e “velhice avançada” (década <strong>de</strong> 70)” (p.<br />

18). Portanto, como refere BIRMAN (1995) o conceito <strong>de</strong> velhice é recente na história<br />

mo<strong>de</strong>rna oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Acreditamos que em diversos autores, será possível encontrar discussões em<br />

relação a estas e outras dimensões atribuídas <strong>à</strong> velhice e ao envelhecimento; nossa<br />

contribuição é, portanto, apontar que a partir <strong>de</strong>stes e <strong>de</strong> outros autores é possível perceber<br />

que não se po<strong>de</strong> mais continuar tratando o tema em questão sob o mito da velhice<br />

“medicalizada”.<br />

Existem referências <strong>de</strong> que a maioria dos idosos apresenta boas condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

e vive na comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>, ao contrário do que pensa o senso comum. Segundo KALACHE<br />

(1987) na Inglaterra, cerca <strong>de</strong> 95% dos idosos vivem na comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>; RAMOS (1996)<br />

reforça que, na maioria das socieda<strong>de</strong>s, em torno <strong>de</strong> 90% dos idosos vivem na comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>,<br />

indicadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da Espanha (1995) apontam que 74,4% dos idosos são totalmente<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para o <strong>de</strong>sempenho das AVDs;<br />

BERQUÓ (1996), chama atenção para a importância <strong>de</strong> termos em mente que:<br />

sendo o envelhecimento uma construção sócio-histórica, os perfis que hoje conhecemos em<br />

relação aos idosos e/ou <strong>à</strong>s populações idosas, referem-se <strong>à</strong> coortes nascidas nas décadas <strong>de</strong><br />

10, 20 e 30. No futuro teremos, possivelmente, outros “<strong>de</strong>senhos” <strong>de</strong> velho e <strong>de</strong> velhice.<br />

Como refere BEAUVOIR (1996), “mudar é a lei da vida” (p. 17).<br />

28


1.3 - Eu envelheço, tu envelheces, nós envelhecemos ... A População Envelhece<br />

29<br />

“Tempo, tempo, tempo, tempo ...”<br />

(Caetano Veloso)<br />

O aumento acelerado da população idosa e seu impacto para os diversos setores da<br />

socieda<strong>de</strong> têm sido discutidos nos meios políticos e acadêmicos com o objetivo <strong>de</strong><br />

encontrar soluções viáveis para o enfrentamento <strong>de</strong>ssa real<strong>ida<strong>de</strong></strong> que se impõe a um país<br />

como o Brasil, que apesar <strong>de</strong> encontrar-se em franco processo <strong>de</strong> envelhecimento <strong>de</strong> sua<br />

população, ainda conta com necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s sócio-sanitárias básicas a serem solucionadas.<br />

Essa polarização exige um planejamento para equacionar a <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong> recursos e ações<br />

públicas.<br />

Segundo RAMOS (1993), o envelhecimento populacional está bem <strong>de</strong>finido nos<br />

países <strong>de</strong> primeiro mundo, uma vez que se relaciona diretamente ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

social e ocorreu em um período <strong>de</strong> aproximadamente 200 anos. Também nos países do<br />

Terceiro Mundo já se observa um envelhecimento <strong>de</strong> suas populações, inclusive <strong>de</strong> forma<br />

bastante acelerada. O autor acrescenta que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1960 mais da meta<strong>de</strong> da população idosa<br />

do mundo vive em países menos <strong>de</strong>senvolvidos e a perspectiva para o ano 2000 é que esse<br />

número atinja os 70%. Em relação a essa questão, KALACHE (1987) refere que só a partir<br />

<strong>de</strong> 1960 é que se verifica ganho significativo da expectativa <strong>de</strong> vida ao nascer para as<br />

populações <strong>de</strong>sses países. Segundo o autor, este ganho <strong>de</strong>verá não só manter-se, mas<br />

também acentuar-se até o final <strong>de</strong>ste século; os idosos serão o grupo etário que mais<br />

crescerá na maioria dos países menos <strong>de</strong>senvolvidos. Oito entre os 11 países com as<br />

maiores populações <strong>de</strong> idosos, por volta do ano 2025 são classificados como países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Segundo KALACHE (1987), “para que uma população envelheça é necessário<br />

primeiro que nasçam muitas crianças, segundo que as mesmas sobrevivam até <strong>ida<strong>de</strong></strong>s<br />

avançadas e que, simultaneamente, o número <strong>de</strong> nascimentos diminua. Com isso a entrada<br />

<strong>de</strong> jovens na população <strong>de</strong>cresce, e a proporção daqueles que sobreviveram até <strong>ida<strong>de</strong></strong>s<br />

mais avançadas passa a crescer” (p. 204). RAMOS (1993) <strong>de</strong>staca que, para ocorrer o<br />

envelhecimento populacional são consi<strong>de</strong>rados dois fatores essenciais, a taxa <strong>de</strong><br />

mortal<strong>ida<strong>de</strong></strong> e a taxa <strong>de</strong> fecund<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> uma população. A queda do coeficiente <strong>de</strong>ssas


taxas é que levará ao aumento da expectativa <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> uma população, sendo portanto<br />

entendido o envelhecimento populacional como “o aumento da proporção <strong>de</strong> pessoas com<br />

<strong>ida<strong>de</strong></strong> avançada em uma população, <strong>à</strong>s custas da diminuição da proporção <strong>de</strong> jovens nesta<br />

mesma população” (p. 4). Acrescenta que a queda da mortal<strong>ida<strong>de</strong></strong> antece<strong>de</strong> a queda da<br />

fecund<strong>ida<strong>de</strong></strong>, a esse fenômeno <strong>de</strong>nomina-se <strong>de</strong> “transição <strong>de</strong>mográfica”.<br />

Para KALACHE (1987), o processo <strong>de</strong> transição <strong>de</strong>mográfica, <strong>de</strong>finido acima,<br />

po<strong>de</strong> ser observado em praticamente todas as regiões do mundo, sendo portanto um<br />

fenômeno universal. Porém envelhecer em condições sócio-sanitárias, econômicas e<br />

políticas favoráveis, características <strong>de</strong> países <strong>de</strong>senvolvidos, é diferente <strong>de</strong> envelhecer em<br />

regiões on<strong>de</strong> esses condicionantes básicos <strong>de</strong> bem estar ainda não estão consolidados. São<br />

países que segundo o autor, por não terem ainda completado um ciclo econômico e<br />

político, permanecem com carências diversas.<br />

Faz-se necessário, portanto, enten<strong>de</strong>r a diferença entre o processo <strong>de</strong><br />

envelhecimento populacional ocorrido nos países industrializados daquele que se observa<br />

nos países em <strong>de</strong>senvolvimento. Nesse sentido FOUCALT (1976) apud BIRMAN (1995)<br />

contribui referindo que o investimento no bem estar da população entrou na agenda<br />

política do primeiro mundo a partir das transformações sociais ocorridas na passagem do<br />

século XVIII para o XIX, on<strong>de</strong> os governos passaram a enten<strong>de</strong>r que suas riquezas não<br />

estavam apenas nos recursos naturais, mas também em sua população e que quanto mais o<br />

Estado investisse em melhoria das condições biológicas da população e sócio-sanitárias<br />

dos seus territórios, melhores as chances <strong>de</strong> produção e reprodução <strong>de</strong> riquezas. Assim,<br />

houve um gran<strong>de</strong> investimento nas condições <strong>de</strong> vida da população em geral e<br />

consequentemente com o crescimento econômico, político e social <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>sse<br />

investimento observa-se melhoria das condições sócio-sanitárias das populações<br />

contribuindo diretamente para o aumento na expectativa <strong>de</strong> vida. Observou-se nesse<br />

período, segundo o autor, uma “medicalização” do Oci<strong>de</strong>nte, mediante a qual a medicina<br />

passou a ocupar uma posição estratégica no campo social. Este processo não se observou<br />

nos países em <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

RAMOS (1987) refere que o envelhecimento das populações dos países<br />

<strong>de</strong>senvolvidos <strong>de</strong>u-se ao longo <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento social, político e<br />

econômico, como referido acima, que permitiu, em tese, que estes dispusessem <strong>de</strong><br />

30


planejamento <strong>de</strong> políticas públicas que viessem a aten<strong>de</strong>r <strong>à</strong>s <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> uma população<br />

que envelhece, significando que, quando se <strong>de</strong>ram as gran<strong>de</strong>s conquistas médico-<br />

tecnológicas como por exemplo a <strong>de</strong>scoberta dos antibióticos, das vacinas, do raio X, entre<br />

outras, - que, sem dúvida, contribuíram para diminuir as mortes antes inevitáveis - já havia<br />

uma estrutura sócio-sanitária favorável, como: processo or<strong>de</strong>nado <strong>de</strong> urbanização, elevação<br />

das condições sanitárias e nutricionais, condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> habitação e trabalho, e<br />

portanto, os fatores tecnológicos não foram <strong>de</strong>terminantes no processo <strong>de</strong> aumento da<br />

expectativa <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>sses países. Em 1960, a expectativa <strong>de</strong> vida para os países<br />

<strong>de</strong>senvolvidos estava em torno dos 69,8 anos <strong>de</strong>vendo passar para 77,2 em 2020, ten<strong>de</strong>ndo<br />

a estabilizar.<br />

Em relação aos países menos <strong>de</strong>senvolvidos, segundo KALACHE (1987) “espera-<br />

se que no Terceiro Mundo, até o ano 2020, haja um ganho <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 23 anos na<br />

expectativa <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>sses países, chegando a 68,9 anos” (p. 202). O autor <strong>de</strong>nomina o<br />

aumento na expectativa <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong>vido <strong>à</strong> redução da mortal<strong>ida<strong>de</strong></strong> verificada hoje na<br />

maioria dos países sub<strong>de</strong>senvolvidos, como sendo “um fenômeno artificial”, já que está<br />

ocorrendo em função da disponibil<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> meios inexistentes até um passado muito<br />

próximo, referindo-se <strong>à</strong>s conquistas médico-tecnológicas. Portanto, é possível concluir, a<br />

partir do autor que o aumento da expectativa <strong>de</strong> vida nos países <strong>de</strong>senvolvidos está<br />

diretamente relacionado <strong>à</strong>s melhorias das condições <strong>de</strong> vida; enquanto que nos países<br />

menos <strong>de</strong>senvolvidos esse aumento está diretamente relacionado <strong>à</strong>s conquistas médico-<br />

tecnológicas, pois passa a ser observado na segunda meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste século, ou seja, após a<br />

<strong>de</strong>scoberta e difusão <strong>de</strong>ssas conquistas.<br />

À medida em que o homem vai ganhando mais anos <strong>de</strong> vida, cada dia mais<br />

aproxima-se do limite biológico da espécie humana. Para HAYFLIC (1996) esse limite é<br />

115 anos, para KALACHE (1987) o limite é 85 anos, não entrando no mérito <strong>de</strong>ssa<br />

discussão, o consenso é que há um limite biológico para a espécie humana e, por isso, em<br />

um <strong>de</strong>terminado momento a taxa <strong>de</strong> crescimento da expectativa <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> uma população<br />

ten<strong>de</strong> a estabilizar-se, e, portanto, poucos ultrapassam esse limite. Há um consenso também<br />

<strong>de</strong> que o limite biológico <strong>de</strong> vida para a espécie humana não parece ter se alterado ao longo<br />

dos tempos, o que se observa, na verda<strong>de</strong>, são mais pessoas chegando próximo a esse<br />

limite (KALACHE, 1987; RAMOS, 1987 & HAYFLIC, 1997). Neste sentido, KALACHE<br />

(1987) refere que não há evidência <strong>de</strong> que o limite biológico <strong>de</strong> vida para os homens seja<br />

31


diferente para as diferentes regiões do mundo e, portanto, hoje como em qualquer outro<br />

momento da história, tornar-se um centenário continua sendo um fato excepcional.<br />

O envelhecimento aqui relatado refere-se <strong>à</strong> esfera do coletivo, porém apresenta<br />

algumas particular<strong>ida<strong>de</strong></strong>s como o comportamento <strong>de</strong>mográfico do envelhecimento em<br />

relação ao sexo. KALACHE (1987) refere que, em especial nos países <strong>de</strong>senvolvidos, a<br />

expectativa <strong>de</strong> vida da mulher é maior que a dos homens, representando uma diferença <strong>de</strong><br />

7,5 anos em 1980. Embora nos países menos <strong>de</strong>senvolvidos observe-se uma diferença<br />

menor, <strong>de</strong> 2,2 anos para o conjunto <strong>de</strong>sses países em 1980, ela está presente. Destaca que<br />

em alguns países, <strong>de</strong>vido <strong>à</strong>s condições socioculturais e econômicas <strong>de</strong> profunda<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>-se observar inclusive uma inversão <strong>de</strong>sses padrões. KINSELLA (1994)<br />

refere que esta diferença entre a expectativa <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> homens e mulheres é maior na<br />

América Latina e Caribe que em outras regiões menos <strong>de</strong>senvolvidas, chegando em torno<br />

<strong>de</strong> 7 anos a vantagem feminina.<br />

Em relação ao envelhecimento populacional nas regiões em <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

KINSELLA (1994) afirma que o Caribe é a região em <strong>de</strong>senvolvimento mais velha do<br />

mundo, sua população idosa hoje representa 9%. Segundo o autor, na América Central e na<br />

América do Sul observa-se uma estrutura etária mais jovem, on<strong>de</strong> 6,9% da população têm<br />

60 anos e mais.<br />

A seguir, veremos o cenário do envelhecimento populacional no Brasil. Para<br />

RAMOS (1987), o processo <strong>de</strong> envelhecimento populacional experimentado no país<br />

assemelha-se em intens<strong>ida<strong>de</strong></strong> ao vivido pelos países <strong>de</strong>senvolvidos. Estando mais <strong>de</strong>finido<br />

em algumas regiões que em outras. Devido <strong>à</strong>s diferenças regionais observa-se melhor essa<br />

<strong>de</strong>finição em estados do Sul e Su<strong>de</strong>ste que nos do Norte e Nor<strong>de</strong>ste. Enquanto nos países<br />

<strong>de</strong>senvolvidos o processo ten<strong>de</strong> a estabilizar-se, aqui <strong>de</strong>verá acelerar-se cada vez mais.<br />

Portanto, o país que ainda está por resolver os problemas da infância, <strong>de</strong>fronta-se com os<br />

impactos sociais e, em particular, <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> relativos ao processo <strong>de</strong> envelhecimento <strong>de</strong> sua<br />

população. O autor refere que no Brasil, a exemplo do que ocorreu em outros países menos<br />

<strong>de</strong>senvolvidos, a queda significativa das taxas <strong>de</strong> fertil<strong>ida<strong>de</strong></strong> são observadas ao fim da<br />

década <strong>de</strong> 60, estendo-se até os primeiros anos da década <strong>de</strong> 80. O autor <strong>de</strong>staca que no<br />

final da década <strong>de</strong> 70 observa-se, nas populações urbanas, em geral, uma tendência <strong>à</strong><br />

estabilização das suas taxas <strong>de</strong> fertil<strong>ida<strong>de</strong></strong>. Até 1960, todos os grupos etários cresciam <strong>de</strong><br />

32


forma semelhante <strong>à</strong> população total, porém da década <strong>de</strong> 60 para cá, o grupo etário <strong>de</strong> 60<br />

anos e mais apresenta taxas <strong>de</strong> crescimento mais altas e sempre mais elevadas que as da<br />

população total e da população jovem. O autor chama atenção para o fato <strong>de</strong> que “até o<br />

ano 2000 o grupo etário <strong>de</strong> 0 a 14 anos <strong>de</strong>verá crescer apenas 14% contra 107% <strong>de</strong><br />

crescimento do grupo <strong>de</strong> 60 anos e mais, e a população como um todo crescerá 56%.<br />

Iniciaremos o próximo século com a população idosa crescendo quase oito vezes mais que<br />

os jovens e quase duas vezes mais que a população total” (p. 215). Para BERQUÓ (1996)<br />

o crescimento da população idosa no Brasil torna-se mais relevante por já superar o da<br />

população total.<br />

VERAS (1992) também discute a importância <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar as diferenças<br />

regionais e as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais no Brasil no momento da análise dos dados que,<br />

isolados, não refletem a real<strong>ida<strong>de</strong></strong>. O autor traz o exemplo dos estados do Rio <strong>de</strong> Janeiro e<br />

da Paraíba, ambos apresentaram no Censo Demográfico <strong>de</strong> 1991, 9% <strong>de</strong> suas populações<br />

com 60 anos e mais, no entanto, o índice do estado nor<strong>de</strong>stino <strong>de</strong>veu-se principalmente ao<br />

processo <strong>de</strong> migração da população jovem em busca <strong>de</strong> melhores condições <strong>de</strong> vida<br />

somada <strong>à</strong> esterilização da mulher, em especial a <strong>de</strong> baixa renda. BERQUÓ (1992)<br />

acrescenta que essa alta proporção <strong>de</strong> idosos observada em alguns estados nor<strong>de</strong>stinos não<br />

significa que as pessoas tenham maior expectativa <strong>de</strong> vida, pelo contrário, é a mais baixa<br />

do país. A autora (1996) <strong>de</strong>monstra a partir da análise dos dados do último censo que 52%<br />

da população idosa do Brasil está no Su<strong>de</strong>ste, 24% no Nor<strong>de</strong>ste, 15% no Sul, 5% no<br />

<strong>Centro</strong>-Oeste e 4% no Norte.<br />

O crescimento da população idosa no Brasil é o mais acelerado do mundo<br />

comparando-se apenas ao México e a Nigéria. Passamos em termos proporcionais <strong>de</strong> 7,3%<br />

em 1971, ou seja, 11 milhões <strong>de</strong> idosos, para 15% em 2025, ou seja, 32 milhões <strong>de</strong> idosos,<br />

colocando o Brasil, neste período, como a sexta população <strong>de</strong> idosos do mundo, em<br />

número absoluto (SILVESTRE et al., 1996).<br />

É importante enten<strong>de</strong>r que as mudanças <strong>de</strong>mográficas não acontecem <strong>de</strong> forma<br />

isolada em uma socieda<strong>de</strong>. KALACHE (1987) cita como exemplo <strong>de</strong>ssas mudanças<br />

simultâneas, o rápido processo <strong>de</strong> urbanização pelo qual passou o Brasil, que na década <strong>de</strong><br />

50, tinha dois terços <strong>de</strong> sua população <strong>de</strong> cinqüenta milhões <strong>de</strong> habitantes, vivendo em<br />

zonas rurais; já na década <strong>de</strong> oitenta era possível observar segundo o autor, que quase três<br />

33


quartos dos seus 130 milhões <strong>de</strong> habitantes viviam em áreas urbanas. Para CARVALHO<br />

(1991) observa-se uma inversão <strong>de</strong> concentração populacional entre as áreas rural e urbana<br />

no Brasil e estima-se para o ano 2000, que apenas 20,2% da população do país esteja<br />

vivendo em áreas consi<strong>de</strong>radas rurais. Ainda no contexto da urbanização, RAMOS (1987)<br />

refere que este, entre outros fatores, influenciou o comportamento dos padrões<br />

reprodutivos no Brasil. A nova forma <strong>de</strong> arranjo domiciliar urbano, acaba exigindo uma<br />

limitação do número dos membros da família, além da incorporação da mulher ao mercado<br />

<strong>de</strong> trabalho aliada <strong>à</strong> sua a<strong>de</strong>são aos programas <strong>de</strong> controle familiar, que, segundo o autor<br />

<strong>de</strong>monstra não apenas uma necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>, mas também um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> limitação do tamanho<br />

da família. Com isso, a atenção prestada pela família aos seus membros acaba sendo<br />

substituída pela intervenção cada vez maior do estado e <strong>de</strong> outras alternativas<br />

institucionais, que em geral são ina<strong>de</strong>quadas e mais onerosas.<br />

Segundo RAMOS (1993) a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> estabeleceu em 1984<br />

que se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar uma população envelhecida quando a proporção <strong>de</strong> pessoas com 60<br />

anos e mais representa 7% da população total, com tendência a crescer. Pernambuco não<br />

foge <strong>à</strong> regra, <strong>de</strong> acordo com (IBGE, 1992), dados relativos ao último Censo Demográfico<br />

<strong>de</strong> 1991, <strong>de</strong>monstram que hoje a população <strong>de</strong> 60 anos e mais no Estado representa 8,30%<br />

em relação <strong>à</strong> população total. Sendo 3,72% <strong>de</strong> homens e 4,58% <strong>de</strong> mulheres, seguindo<br />

também uma tendência mundial on<strong>de</strong> a proporção <strong>de</strong> mulheres idosas é superior a dos<br />

homens idosos. É possível observar no Gráfico 1, que a proporção <strong>de</strong> mulheres idosas<br />

aumenta <strong>à</strong> medida em que avança a <strong>ida<strong>de</strong></strong>, colocando para Pernambuco, situações em<br />

relação ao envelhecimento da mulher, que também <strong>de</strong>verão ser enfrentadas em regiões<br />

mais <strong>de</strong>senvolvidas do país. Segundo BERQUÓ (1996) “a feminização do envelhecimento<br />

traz consequências para as políticas sociais, em especial, as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>” (p. 22).<br />

34


Gráfico 1 - População Idosa (60 e mais) <strong>de</strong> Pernambuco, segundo<br />

Faixa Etária e Sexo. Recife, 1999<br />

Fonte: Fundação IBGE, Censo Demográfico, 1991.<br />

O envelhecimento populacional se impõe como uma nova real<strong>ida<strong>de</strong></strong> e com<br />

implicações para as instituições sociais; aqui, <strong>de</strong>stacamos o impacto observado no setor<br />

saú<strong>de</strong>. Para KALACHE (1987), no que se refere ao setor saú<strong>de</strong>, o crescimento da<br />

população idosa implica em uma maior freqüência <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> doenças crônicas exigindo<br />

mais recursos financeiros e <strong>de</strong> outras or<strong>de</strong>ns como por exemplo, tecnologia e profissionais<br />

especializados. Para países sub<strong>de</strong>senvolvidos, torna-se um <strong>de</strong>safio equacionar recursos<br />

para aten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> um lado, questões sócio-sanitárias básicas; <strong>de</strong> outro, uma <strong>de</strong>manda<br />

crescente <strong>de</strong> uma população que envelhece sofrendo <strong>de</strong> doenças não transmissíveis.<br />

RAMOS (1987), acrescenta, <strong>à</strong> medida em que uma população envelhece, há uma tendência<br />

a modificações no seu padrão <strong>de</strong> morbi-mortal<strong>ida<strong>de</strong></strong>, tornando-se mais difícil a prevenção<br />

<strong>de</strong> doenças e mais complexa a intervenção. Por serem os episódios <strong>de</strong> doença apresentados<br />

por uma população envelhecida, em sua maioria crônicos, há uma transferência do<br />

processo <strong>de</strong> morte no ambiente doméstico para o hospitalar, o que onera em muito o<br />

sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

70,00%<br />

60,00%<br />

50,00%<br />

40,00%<br />

30,00%<br />

20,00%<br />

10,00%<br />

0,00%<br />

60-64a<br />

Masc. Fem.<br />

65-69a<br />

70-74a<br />

75-79a<br />

CARVALHO et al. (1998), consi<strong>de</strong>rando a “artificial<strong>ida<strong>de</strong></strong>” do processo <strong>de</strong><br />

envelhecimento das populações dos países menos <strong>de</strong>senvolvidos, aqui incluído o Brasil, no<br />

que se refere <strong>à</strong>s conquistas médico-tecnológicas em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> uma melhoria das<br />

condições <strong>de</strong> vida em geral <strong>de</strong>ssas populações, e analisando seu impacto para o setor saú<strong>de</strong><br />

nesses países afirmam que o perfil epi<strong>de</strong>miológico brasileiro está pautado pela iniqu<strong>ida<strong>de</strong></strong>,<br />

<strong>de</strong>corrente das profundas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais observadas em nosso país, configurando<br />

um perfil complexo e heterogêneo, que apresenta ao mesmo tempo, enferm<strong>ida<strong>de</strong></strong>s crônicas<br />

e <strong>de</strong>generativas, altos índices <strong>de</strong> enferm<strong>ida<strong>de</strong></strong>s infecciosas e parasitárias e ainda<br />

80-84a<br />

85-89a<br />

90-94a<br />

95-99a<br />

100a e +<br />

35


enferm<strong>ida<strong>de</strong></strong>s emergentes ou reemergentes. A esse processo <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong> um perfil<br />

epi<strong>de</strong>miológico “arcaico” para um perfil epi<strong>de</strong>miológico “mo<strong>de</strong>rno”, <strong>de</strong>nomina-se, no<br />

campo da saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> “transição epi<strong>de</strong>miológica”. Porém, o autor chama atenção para o fato<br />

<strong>de</strong> que o processo ocorrido no Brasil <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> um processo histórico diferente do<br />

ocorrido nos chamados países <strong>de</strong>senvolvidos. As análises <strong>de</strong>vem estar sempre pautadas por<br />

uma compreensão <strong>de</strong> contexto, e assim, enten<strong>de</strong> que não se observa no Brasil uma situação<br />

<strong>de</strong>finida <strong>de</strong> transição, mas um novo padrão epi<strong>de</strong>miológico que difere do observado no<br />

contexto internacional.<br />

Ainda em relação ao setor saú<strong>de</strong> no Brasil, SILVESTRE et al. (1996), referem, a<br />

partir da análise dos dados <strong>de</strong> internação hospitalar do SUS no ano <strong>de</strong> 1995 em relação <strong>à</strong>s<br />

autorizações hospitalares, <strong>à</strong> taxa <strong>de</strong> hospitalização, ao tempo médio <strong>de</strong> permanência, ao<br />

índice <strong>de</strong> hospitalização e ao custo total <strong>de</strong> recursos consumidos, que a população <strong>de</strong> 60<br />

anos e mais foi a que mais onerou cada um <strong>de</strong>sses itens em relação <strong>à</strong> população mais<br />

jovem. Exigindo, segundo o autor, um redimensionamento para esse segmento etário no<br />

Sistema <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Brasileiro; refere, ainda, que apesar <strong>de</strong>sse novo <strong>de</strong>senho <strong>de</strong>mográfico e<br />

epi<strong>de</strong>miológico observado no Brasil, o sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> permanece priorizando o<br />

segmento materno-infantil.<br />

Segundo KALACHE (1987) o número crescente <strong>de</strong> idosos em uma população é<br />

diretamente proporcional <strong>à</strong> <strong>de</strong>manda por recursos para aten<strong>de</strong>r <strong>à</strong>s suas necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s. E o<br />

maior <strong>de</strong>safio para qualquer país, e em especial para o Brasil, é equacionar a alocação<br />

<strong>de</strong>sses recursos e utilizá-los da maneira mais a<strong>de</strong>quada possível. Para o autor, apesar <strong>de</strong> se<br />

observar uma maior prevalência <strong>de</strong> doenças crônicas em uma população envelhecida, o<br />

conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> para os idosos está ligado <strong>à</strong> sua capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> funcional e<br />

não apenas <strong>à</strong> presença ou não <strong>de</strong> uma patologia crônica, mesmo quando essa vem<br />

acompanhada <strong>de</strong> incapac<strong>ida<strong>de</strong></strong> associada. O importante é que os idosos possam manter-se<br />

autônomos e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Neste sentido refere ainda que: “Envelhecer mantendo todas<br />

as funções não significa problema quer para o indivíduo ou para a comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>; quando<br />

as funções começam <strong>de</strong>teriorar é que os problemas começam a surgir. O conceito está<br />

intimamente ligado <strong>à</strong> manutenção da autonomia” (p. 208). Para fins <strong>de</strong> planejamento, essa<br />

abordagem é extremamente útil, pois nos países sub<strong>de</strong>senvolvidos, <strong>de</strong>vido <strong>à</strong> gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social, o critério cronológico torna-se insuficiente, uma vez que muitas vezes,<br />

o envelhecimento funcional antece<strong>de</strong> o envelhecimento cronológico.<br />

36


Po<strong>de</strong>mos fazer um paralelo entre o conceito <strong>de</strong> capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> funcional como<br />

indicador <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para pessoas idosas, com o conceito <strong>de</strong> “<strong>de</strong>sgaste” abordado por<br />

LAURELL (1989). Embora seja uma abordagem que a autora faz diretamente relacionada<br />

<strong>à</strong>s condições <strong>de</strong> trabalho e seus impactos na vida e na saú<strong>de</strong> dos trabalhadores, por<br />

consi<strong>de</strong>rar: “as condições ambientais”; o trabalho como ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong> humana, consciente e<br />

com objetivos claramente <strong>de</strong>finidos; vários tipos <strong>de</strong> “cargas <strong>de</strong> trabalho” como físicas,<br />

químicas, biológicas, mecânicas, fisiológicas e psíquicas; que tudo isso se materializa no<br />

corpo do trabalhador (da pessoa); que a monotonia, a repetitiv<strong>ida<strong>de</strong></strong> e a <strong>de</strong>squalificação são<br />

danosos ao pensamento e a criativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>, é que po<strong>de</strong>mos estabelecer a relação com as<br />

situações <strong>de</strong> vida adversas (“cargas”), observadas principalmente em países como o Brasil,<br />

que têm repercussões diretas sobre a vida e a saú<strong>de</strong> das pessoas e que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tipo,<br />

po<strong>de</strong>m causar danos ao pensamento e <strong>à</strong> criativ<strong>ida<strong>de</strong></strong> (autonomia), comprometendo assim<br />

sua capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> funcional. A autora <strong>de</strong>fine “<strong>de</strong>sgaste” como sendo “ ‘a perda da<br />

capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> efetiva e/ou potencial biológica e psíquica’, que po<strong>de</strong> ou não expressar-se no<br />

que a medicina reconhece como patologia” (p. 115).<br />

Segundo RAMOS (1987), com o aumento proporcional da população idosa em um<br />

país, observa-se uma alteração nos gastos para manter essa parcela da população<br />

economicamente improdutiva. Há o aumento da relação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência social entre a<br />

parcela economicamente ativa e a não-produtiva, havendo sobrecarga da população<br />

economicamente ativa. VERAS (1994) enfatiza que o aumento <strong>de</strong> idosos em uma<br />

população ocasiona um alto índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência-idoso. SILVESTRE et al. (1996),<br />

acrescentam que nos países on<strong>de</strong> existem programas <strong>de</strong>stinados <strong>à</strong> população idosa, os<br />

gastos são 3 vezes maiores do que com a população <strong>de</strong> 0 a 14 anos.<br />

Diante do cenário do envelhecimento populacional no Brasil, on<strong>de</strong> <strong>de</strong> um lado<br />

ainda temos um gran<strong>de</strong> quantitativo <strong>de</strong> população jovem e <strong>de</strong> outro um rápido e intenso<br />

envelhecimento populacional em condições sócio-sanitárias <strong>de</strong>sfavoráveis, RAMOS<br />

(1993), propõe que esta nova real<strong>ida<strong>de</strong></strong> brasileira <strong>de</strong>va ser consi<strong>de</strong>rada uma questão <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> Pública.<br />

37


1.4 – <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>s Abertas <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong>: um pouco <strong>de</strong> História. A experiência<br />

<strong>de</strong> Pernambuco.<br />

38<br />

“Viver e não ter a vergonha <strong>de</strong> ser feliz,<br />

cantar a beleza <strong>de</strong> ser um eterno aprendiz”.<br />

(Gonzaguinha)<br />

O cenário <strong>de</strong> envelhecimento populacional que se impõe ao Brasil, exige soluções<br />

viáveis do ponto <strong>de</strong> vista social, político e econômico. Apesar <strong>de</strong>ssa nova real<strong>ida<strong>de</strong></strong>, ainda<br />

é insuficiente a preocupação por parte das instituições formadoras com o oferecimento <strong>de</strong><br />

serviços especializados <strong>à</strong> população idosa, com a qualificação <strong>de</strong> profissionais capacitados<br />

a lidar com esse segmento populacional, bem como <strong>de</strong> produzir e difundir conhecimentos<br />

em Gerontologia. Segundo VERAS (1996), propor ações para a <strong>terceira</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong> no Brasil,<br />

torna-se tarefa difícil, já que os recursos para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas públicas são<br />

sempre escassos. O autor acrescenta a esse fato, a pouca importância dada ao<br />

envelhecimento no país.<br />

A Lei nº 8842, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1994 (BRASIL, 1994) (Anexo 1), que dispõe<br />

sobre a Política Nacional Idoso regulamentada pelo Decreto Lei nº 1948, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong><br />

1996 (BRASIL, 1996) (Anexo 2), recomenda, no que compete ao Ministério da Educação,<br />

o incentivo <strong>à</strong> criação <strong>de</strong> <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>s Abertas <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong> nas Instituições <strong>de</strong> Ensino<br />

Superior (inciso III do art. 10). Porém, esta é uma experiência que já se <strong>de</strong>senvolve no<br />

Brasil, mesmo antes da recomendação acima referida, como veremos a seguir.<br />

PEIXOTO (1997), afirma que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 60, surgiram na Europa<br />

experiências no interior das univers<strong>ida<strong>de</strong></strong>s com o objetivo <strong>de</strong> ocupar o tempo livre dos<br />

idosos, eram conhecidas como <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> do Tempo Livre, consi<strong>de</strong>radas como a<br />

primeira geração <strong>de</strong>ssas iniciativas; a segunda geração surge em 1973, em Toulouse na<br />

França, Les Universitès du Troisième Age (<strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>s da Terceira Ida<strong>de</strong> - UTI),<br />

voltadas para o ensino e a pesquisa. A <strong>terceira</strong> geração surge na década <strong>de</strong> 80, também na<br />

França, como um programa educacional mais amplo, baseado em três eixos: participação,<br />

autonomia e integração.


As <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>s da Terceira Ida<strong>de</strong> foram concebidas por seu fundador Pierre<br />

Vellas, como sendo “fundamentalmente instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública visando elevar os<br />

níveis <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> física, mental e social das pessoas <strong>de</strong> Terceira Ida<strong>de</strong>, bem como colocar <strong>à</strong><br />

sua disposição programas <strong>de</strong> ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s particulares adaptados” (p. 46). Estas<br />

experiências contribuíram para a formação <strong>de</strong> <strong>Centro</strong>s <strong>de</strong> Pesquisa em Gerontologia<br />

(PEIXOTO, 1997)<br />

No Brasil, uma experiência pioneira nesse sentido se <strong>de</strong>u em 1977 no SESC/SP<br />

com a criação da Escola Aberta para a Terceira Ida<strong>de</strong>; em 1990, a PUC/Campinas criou<br />

sua <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> para a Terceira Ida<strong>de</strong>; em 1993, a <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Estadual do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro criou a <strong>UnATI</strong>/UERJ. Na década <strong>de</strong> 90, estas experiências se multiplicaram por<br />

vários estados brasileiros (PEIXOTO, 1997). Para VERAS:<br />

Essas experiências <strong>de</strong> microunivers<strong>ida<strong>de</strong></strong>s temáticas funcionam<br />

como <strong>Centro</strong>s <strong>de</strong> Convivência, minimizam a solidão, agrupam os<br />

idosos em diversos tipos <strong>de</strong> ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s com a supervisão <strong>de</strong><br />

profissionais qualificados. Dentre as instituições públicas, a<br />

<strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> é, no momento, a mais equipada para respon<strong>de</strong>r <strong>à</strong>s<br />

necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s da população idosa. As <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>s para a Terceira<br />

Ida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m se constituir num ponto <strong>de</strong> partida. Além <strong>de</strong> oferecer<br />

ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s para os idosos no âmbito do ensino, cultura e lazer e<br />

entre outros oferece também uma coorte para a pesquisa que<br />

possibilita a produção do conhecimento e a formação profissional<br />

(VERAS, 1995, p. 388).<br />

O autor acrescenta que esses centros acabam se constituindo em espaços<br />

privilegiados para as ações <strong>de</strong> prevenção com idosos, que diferem em muito dos mo<strong>de</strong>los<br />

<strong>de</strong> prevenção preconizados para os grupos mais jovens. No caso <strong>de</strong> pessoas idosas, as<br />

ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> prevenção buscam postergar o aparecimento das doenças e a instalação <strong>de</strong><br />

incapac<strong>ida<strong>de</strong></strong>s associadas, tendo como seu principal objetivo melhorar a saú<strong>de</strong> e a<br />

qual<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> vida dos idosos.<br />

A exemplo <strong>de</strong> outras experiências aqui relatadas e em consonância com as<br />

recomendações da Política Nacional do Idoso, foi criado em setembro <strong>de</strong> 1996, o Programa<br />

<strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong> da <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco<br />

(<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>). Trata-se <strong>de</strong> uma microunivers<strong>ida<strong>de</strong></strong> temática que aborda as questões do<br />

envelhecimento através <strong>de</strong> ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> ensino, pesquisa e extensão. Tem como objetivo<br />

39


principal promover a integração univers<strong>ida<strong>de</strong></strong>-idoso-comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>, envolve vários<br />

segmentos da comun<strong>ida<strong>de</strong></strong> universitária e da comun<strong>ida<strong>de</strong></strong> em geral (BARRETO, 1997).<br />

Em relação <strong>à</strong>s ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> formação profissional, <strong>de</strong>senvolve-se o ensino sobre<br />

envelhecimento, através da disciplina Gerontologia, ministrada pelo Departamento <strong>de</strong><br />

Terapia Ocupacional, com carga horária <strong>de</strong> 30 horas, <strong>de</strong> caráter eletivo e que portanto po<strong>de</strong><br />

ser cumprida por alunos e profissionais <strong>de</strong> todas as áreas do conhecimento que se<br />

interessem pelo tema (BARRETO, 1997); <strong>de</strong> Grupos <strong>de</strong> Estudo Sobre Envelhecimento e<br />

estágio curricular. Quanto <strong>à</strong>s ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> extensão, estas não se restringem aos cursos<br />

livres oferecidos semestralmente aos idosos, estimula-se a participação nas mais variadas<br />

ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s culturais e <strong>de</strong> lazer promovidas no Campus Universitário e também extra<br />

Campus. No que se refere <strong>à</strong> produção do conhecimento, foram <strong>de</strong>senvolvidos vários<br />

levantamentos sobre perfil social e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dos idosos do Programa, que vêm sendo<br />

apresentados em diversos eventos nacionais e internacionais; dois trabalhos <strong>de</strong> conclusão<br />

<strong>de</strong> curso <strong>de</strong> alunos <strong>de</strong> outras IES; Projetos <strong>de</strong> Extensão dos Departamentos <strong>de</strong> Terapia<br />

Ocupacional, Nutrição, Música e Odontologia e, até <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1999, <strong>de</strong>verão ser<br />

concluídas duas dissertações <strong>de</strong> Mestrado sobre a <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>. *<br />

A forma <strong>de</strong> ingresso ao Programa é bastante simplificada e vale salientar que os<br />

cursos são públicos e gratuitos e não há exigência <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> escolar<strong>ida<strong>de</strong></strong>. Cada idoso só<br />

po<strong>de</strong> inscrever-se em um curso, uma vez que a <strong>de</strong>manda tem sido maior que a oferta,<br />

porém uma vez freqüentando <strong>à</strong>s aulas, caso haja alguma vaga disponível, essas são<br />

novamente oferecidas <strong>de</strong> modo que aqueles que <strong>de</strong>sejem possam freqüentar mais <strong>de</strong> um<br />

curso. Ao ingressarem no Programa , os idosos recebem uma carteira <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />

aluno <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>, que lhes permite utilizar os diversos serviços oferecidos na<br />

<strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>, como por exemplo, o uso das bibliotecas. *<br />

Conta hoje com 14 docentes dos diversos <strong>Centro</strong>s e Departamentos da <strong>UFPE</strong>, com<br />

19 profissionais voluntários não vinculados <strong>à</strong> <strong>UFPE</strong>, 15 acadêmicos que atuam como<br />

“monitores” no Programa e em torno <strong>de</strong> 530 idosos. O fato do Programa permitir que os<br />

idosos freqüentem o Campus Universitário, coloca-os em contato com os alunos jovens e<br />

* Informações obtidas junto <strong>à</strong> Coor<strong>de</strong>nação do Programa <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em 1999.<br />

40


essa convivência é importante pois <strong>de</strong>ve-se ter cuidado para que essas iniciativas não sejam<br />

segregadoras, mas sim proporcionadoras <strong>de</strong> convivência com seus pares e com outras<br />

gerações.*<br />

Atualmente, estão sendo oferecidas 32 turmas, distribuídas em 27 cursos, a saber:<br />

relaxamento neuromuscular, natação, dinâmica dos corpos, hatha yoga, yoga para <strong>terceira</strong><br />

<strong>ida<strong>de</strong></strong>, iniciação ao sistema <strong>de</strong> biodanza, educação em saú<strong>de</strong>, bioenergética, primeiros<br />

socorros no local do aci<strong>de</strong>nte, nutrição e envelhecimento, plantas medicinais conhecer para<br />

melhor utilizar, segurança no lar, reciclagem <strong>de</strong> papel e enca<strong>de</strong>rnação artesanal, oficina <strong>de</strong><br />

artes, embalagem artesanal, papel vegetal, oficina <strong>de</strong> bijuteria, arte e criativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>, para<br />

gostar <strong>de</strong> ler, redação: aspectos diversos, oficina literária, introdução ao estudo da língua<br />

italiana, inglês, grupos interativos, técnicas <strong>de</strong> leitura, educação participativa e informática<br />

básica. *<br />

Ao longo <strong>de</strong> quase três anos <strong>de</strong> trabalho, contou-se com o apoio da Reitoria da<br />

<strong>UFPE</strong> e <strong>de</strong> outros segmentos da comun<strong>ida<strong>de</strong></strong> universitária, a comun<strong>ida<strong>de</strong></strong> em geral tem<br />

incentivado a continuar e diversificar as ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s, a <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> tem presença garantida<br />

nos Fóruns locais e nacionais relacionados ao <strong>de</strong>senvolvimento das políticas públicas para<br />

o idoso e em particular, da Política Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Idoso. A imprensa tem divulgado<br />

constantemente o Programa, sempre <strong>de</strong> modo bastante positivo, funcionando como um<br />

importante veículo <strong>de</strong> visibil<strong>ida<strong>de</strong></strong> para a questão do envelhecimento em nosso Estado. A<br />

evasão observada é praticamente inexistente. Há um estímulo <strong>à</strong> participação mais efetiva<br />

dos idosos, o que culminou na criação, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1998, da Associação dos Alunos<br />

da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>. *<br />

Consi<strong>de</strong>rando o atual cenário <strong>de</strong> envelhecimento populacional no Brasil; as<br />

dificulda<strong>de</strong>s na captação e alocação <strong>de</strong> recursos públicos para aten<strong>de</strong>r <strong>à</strong>s <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> uma<br />

população com necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s tão polarizadas; a carência <strong>de</strong> estudos sobre a população idosa<br />

no país e em particular na região Nor<strong>de</strong>ste e, enten<strong>de</strong>ndo a <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> enquanto espaço<br />

potencial para respon<strong>de</strong>r a essas <strong>de</strong>mandas, é que julgamos <strong>de</strong> muita valia uma<br />

investigação com um grupo <strong>de</strong> idosos que freqüentam o Programa <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta <strong>à</strong><br />

Terceira Ida<strong>de</strong> em Pernambuco. Este Programa, por ser o único no Estado, permiti-nos<br />

* Informações obtidas junto <strong>à</strong> Coor<strong>de</strong>nação do Programa <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>.<br />

41


então, comparações com outros estudos realizados em outras Instituições <strong>de</strong> Ensino<br />

Superior no Brasil e no exterior. O Programa <strong>de</strong> Pernambuco tem como característica uma<br />

população formada por idosos a partir <strong>de</strong> 60 anos, o que difere <strong>de</strong> algumas experiências<br />

análogas, que admitem pessoas com menos <strong>de</strong> 60 anos, por fim, enfatizamos que o estudo<br />

aqui apresentado sobre perfil multidimensional <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> idosos que freqüentam<br />

programas especiais <strong>de</strong>stinados a idosos no Estado é inédito.<br />

Temos consciência <strong>de</strong> que o universo <strong>de</strong> idosos aqui estudado, não possui<br />

representação estatística da população idosa <strong>de</strong> Pernambuco, por várias razões: primeiro,<br />

pelo quantitativo, pois comparado <strong>à</strong> população total <strong>de</strong> idosos do Estado, o número <strong>de</strong><br />

idosos do Programa é pequeno; segundo, por atrair basicamente idosos autônomos e<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, ou seja, com condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir freqüentar uma experiência <strong>de</strong>sse tipo e<br />

po<strong>de</strong>r fazê-lo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente; terceiro, por estar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>, impõe<br />

uma seleção a priori em relação ao nível sócio-econômico e escolar. Porém, não<br />

preten<strong>de</strong>mos aqui fazer generalizações, até porque, generalizações <strong>de</strong> estudos com<br />

populações idosas, principalmente em um país como o Brasil, se constitui em um erro<br />

metodológico, há que se consi<strong>de</strong>rar sua divers<strong>ida<strong>de</strong></strong> (VERAS, 1994). Preten<strong>de</strong>mos, pois,<br />

contribuir com informações acerca <strong>de</strong> uma parcela particular <strong>de</strong> idosos que esperamos<br />

possa somar-se a outras informações a fim <strong>de</strong> que possamos ir construindo o <strong>de</strong>senho do<br />

idoso pernambucano. Segundo VERAS (1994) no Brasil, a exemplo <strong>de</strong> outros países<br />

menos <strong>de</strong>senvolvidos, possuímos poucas informações sobre a população idosa.<br />

Particularizando a investigação para os objetivos preconizados pelo Programa,<br />

percebemos que esta torna-se então, fundamental. Para BERGER (1995), “em uma<br />

proposta <strong>de</strong> trabalho educativo para o envelhecimento, na empresa, não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezar<br />

ou ignorar as transformações <strong>de</strong>mográficas, tecnológicas e pessoais. Conhecer as<br />

características <strong>de</strong> uma população a ser trabalhada, é obrigatorieda<strong>de</strong> no sentido <strong>de</strong> se<br />

elaborar uma abordagem a<strong>de</strong>quada” (p. 56). Nesse sentido VERAS (1994), ressalta ainda<br />

que, “esse conhecimento é essencial para o planejamento <strong>de</strong> estratégias visando<br />

atendimento e intervenção, eficazes” (p. 51).<br />

Imbuídos <strong>de</strong>sse propósito, é que preten<strong>de</strong>mos conhecer do ponto <strong>de</strong> vista sócio-<br />

epi<strong>de</strong>miológico, os idosos que freqüentam o Programa <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta <strong>à</strong> Terceira<br />

Ida<strong>de</strong> (<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>). Acreditando que, conhecendo o perfil <strong>de</strong>sse grupo será possível<br />

42


uma aproximação da caracterização da população idosa que freqüenta programas especiais<br />

a ela <strong>de</strong>stinados em Pernambuco, po<strong>de</strong>ndo também nortear futuras experiências. Cremos<br />

ainda, que este conhecimento subsidiará ações futuras para o Programa, embora este estudo<br />

não investigue especificamente interesses, os resultados po<strong>de</strong>rão apontar possibil<strong>ida<strong>de</strong></strong>s<br />

para a formulação <strong>de</strong> propostas. Para nós, esses propósitos, <strong>de</strong>finem a relevância <strong>de</strong>sse<br />

estudo.<br />

43


2. OBJETIVOS<br />

Geral:<br />

Traçar um perfil sócio-epi<strong>de</strong>miológico dos idosos que freqüentam o Programa<br />

<strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong> (<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>).<br />

Específicos:<br />

1. Com o objetivo <strong>de</strong> traçar um perfil sócio-epi<strong>de</strong>miológico dos idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>,<br />

preten<strong>de</strong>mos:<br />

1.1 - Conhecer sua situação pessoal e familiar;<br />

1.2 - Conhecer aspectos <strong>de</strong> sua condição econômica e social;<br />

1.3 - Conhecer aspectos relativos <strong>à</strong> autonomia e in<strong>de</strong>pendência funcional para o<br />

<strong>de</strong>sempenho das Ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> Vida Diária (AVDs), bem como o modo <strong>de</strong><br />

ocupação do tempo livre;<br />

1.4 - Conhecer a utilização <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> assistência médica e <strong>de</strong>ntária.<br />

45


3. MATERIAL E MÉTODOS<br />

3.1 Tipo <strong>de</strong> Estudo<br />

Trata-se <strong>de</strong> um estudo epi<strong>de</strong>miológico <strong>de</strong>scritivo <strong>de</strong> corte transversal no qual<br />

realiza-se um censo, cujo conjunto dos dados é coletado no período compreendido <strong>de</strong><br />

março a setembro <strong>de</strong> 1998.<br />

O estudo transversal, segundo ALMEIDA FILHO & ROQUAYROL (1993), tem<br />

sido muito utilizado na epi<strong>de</strong>miologia mo<strong>de</strong>rna. O baixo custo e o alto potencial <strong>de</strong>scritivo<br />

proporcionados por esse tipo <strong>de</strong> estudo, são apontados como vantagens a serem<br />

consi<strong>de</strong>radas. Ainda, segundo os autores, po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificados cinco subtipos <strong>de</strong><br />

estudos transversais, este estudo está <strong>de</strong>finido como “estudos em populações especiais”, no<br />

caso população <strong>de</strong> idosos.<br />

3.2 População do Estudo<br />

Neste estudo a população alvo está composta pelos idosos que freqüentaram o<br />

Programa <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong> (<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>), no ano <strong>de</strong> 1998.<br />

Vimos como é difícil estabelecer um único critério para <strong>de</strong>finir velhice, por isso<br />

<strong>de</strong>ntre os vários pontos <strong>de</strong> corte utilizados para tal, para os propósitos <strong>de</strong>ste estudo<br />

<strong>de</strong>cidimos utilizar o critério cronológico, ou seja, são consi<strong>de</strong>radas idosas neste estudo<br />

todas as pessoas com 60 anos ou mais. Este critério além <strong>de</strong> facilitar a comparação dos<br />

dados é o mais utilizado para fins <strong>de</strong> investigação e legislação pertinentes. Elegemos o<br />

corte cronológico nos 60 anos por ser o mesmo preconizado pela Organização Mundial <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> - OMS em 1982 (LA SALUD..., 1989) e por estar estabelecido para efeito legal no<br />

Brasil, segundo a Lei Nº 8842 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1994 (BRASIL, 1994) que dispõe sobre a<br />

Política Nacional do Idoso, on<strong>de</strong> é consi<strong>de</strong>rada idosa no país, a pessoa a partir dos 60 anos<br />

<strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>. Este corte estava <strong>de</strong>finido a priori, uma vez que é requisito do Programa<br />

<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> só aceitar pessoas a partir dos 60 anos, porém alguns poucos , no caso duas<br />

47


pessoas, não tinham 60 anos e conseguiram inscrever-se no ano <strong>de</strong> 1998, estas foram<br />

excluídas <strong>de</strong>ste estudo.<br />

Em relação ao universo do estudo, po<strong>de</strong>ríamos ter optado por uma amostra, porém<br />

avaliando a contribuição que seria dada em contrapartida ao Programa se realizássemos um<br />

censo, <strong>de</strong>cidimos então por fazê-lo, <strong>de</strong>ixamos um banco <strong>de</strong> dados importante não apenas<br />

para subsidiar o planejamento <strong>de</strong> ações para a <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>, mas também para a<br />

realização <strong>de</strong> novos estudos.<br />

A população estudada está composta por 358 idosos que freqüentaram o Programa<br />

<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> no ano <strong>de</strong> 1998. Inicialmente foram contatados 369 idosos, porém onze<br />

foram consi<strong>de</strong>rados perdas. Perda por recusa foram quatro. Tivemos também sete perdas<br />

por não comparecimento do idoso no dia agendado para a entrevista, voltando a não<br />

comparecer após novo agendamento. No total, as perdas representaram 2,68%.<br />

3.3 Definição do Instrumento <strong>de</strong> Coleta <strong>de</strong> Dados<br />

Decidimos por utilizar um instrumento já validado no Brasil. Os dados <strong>de</strong>ste estudo<br />

foram coletados através <strong>de</strong> inquérito utilizando-se um instrumento multidimensional, o<br />

Brazil Old Age Schedule-BOAS (Anexo 3). Trata-se <strong>de</strong> um questionário estruturado on<strong>de</strong> é<br />

possível investigar situação social e familiar, utilização <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> assistência <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>sempenho nas ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> vida diária, ocupação do tempo livre, recursos econômicos e<br />

sociais, saú<strong>de</strong> física e mental. Setenta e oito perguntas distribuídas em nove seções<br />

constituem o questionário. Para efeito <strong>de</strong>ste estudo utilizamos as seções I, III, IV, V, VI e<br />

VIII, num total <strong>de</strong> 58 perguntas, as referidas seções serão apresentadas abaixo.<br />

Inicialmente, encontramos uma página <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação contendo nome e en<strong>de</strong>reço do<br />

entrevistado como também, nome do entrevistador e a data da entrevista. No questionário,<br />

encontramos muitas perguntas que são subdividas e se relacionam <strong>à</strong> pergunta principal.<br />

• A seção I trata <strong>de</strong> informações gerais, é composta por 13 perguntas referentes ao sexo,<br />

<strong>ida<strong>de</strong></strong>, alfabetização, educação formal e estado civil, a composição geral <strong>de</strong> on<strong>de</strong> a<br />

48


pessoa idosa vive e o seu nível <strong>de</strong> satisfação com a vida; permite conhecer a situação<br />

pessoal e familiar do idoso;<br />

• A seção III investiga a utilização <strong>de</strong> Serviços Médicos e Dentários, são 15 perguntas<br />

sobre o conhecimento e direitos <strong>de</strong> uso dos serviços, o uso real e qual o grau <strong>de</strong><br />

satisfação da parte do idoso com uma variação <strong>de</strong> serviços médicos e <strong>de</strong>ntários.<br />

Encontramos perguntas que visam estabelecer que ajuda ou assistência relacionada a<br />

questões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> o idoso po<strong>de</strong> obter <strong>de</strong> sua família ou <strong>de</strong> outros. Também há<br />

perguntas relativas aos tipos <strong>de</strong> auxílio para a vida ou dispositivos <strong>de</strong> apoio como<br />

óculos, próteses auditivas e as dificulda<strong>de</strong>s para conseguí-las e informações sobre uso<br />

<strong>de</strong> medicamentos.<br />

• A seção IV diz respeito <strong>à</strong>s Ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> Vida Diária – AVD, num total <strong>de</strong> seis<br />

perguntas, sendo que a primeira se subdivi<strong>de</strong> em 15 itens que em seu conjunto indicam<br />

graus relativos <strong>de</strong> autonomia funcional para a realização <strong>de</strong> ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s da vida diária.<br />

As <strong>de</strong>mais perguntas objetivam constatar a existência <strong>de</strong> assistência real ou potencial<br />

para estas ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s e i<strong>de</strong>ntificar a pessoa que mais ajuda o idoso. Uma outra pergunta<br />

também contendo 15 itens, busca avaliar a participação social e as ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s do idoso<br />

em casa e na comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>.<br />

• A seção V sobre recursos sociais com seis perguntas objetiva buscar informações que<br />

servirão para avaliar aspectos sociais da vida e dimensões da satisfação com a vida <strong>de</strong><br />

idoso, incluindo participação social, grau <strong>de</strong> isolamento social e padrões gerais <strong>de</strong><br />

interação familiar e ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s socioculturais;<br />

• A seção VI trata <strong>de</strong> recursos econômicos, contem 17 perguntas a fim <strong>de</strong> obter<br />

informações sobre a situação <strong>de</strong> emprego e/ou aposentadoria do idoso, relacionam-se <strong>à</strong><br />

situação <strong>de</strong> pensionistas e pessoas aposentadas, a <strong>ida<strong>de</strong></strong> na qual o idoso aposentou-se ou<br />

tornou-se pensionista, e o(s) tipo(s) <strong>de</strong> pensão(ões) recebido(s). Encontramos questões<br />

sobre proprieda<strong>de</strong>s e bens, condições habitacionais nas quais vive o idoso e o ambiente<br />

local. Há ainda informações sobre fontes e montantes <strong>de</strong> renda pessoal e familiar, a<br />

posição relativa do idoso em comparação com a dos tempos <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>, e sua<br />

opinião em relação <strong>à</strong> sua situação econômica geral em relação <strong>à</strong>s necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s básicas;<br />

49


• A seção VIII refere-se <strong>à</strong>s necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s e problemas que afetam os idosos e com duas<br />

perguntas que buscam uma indicação mais específica do tipo <strong>de</strong> necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s<br />

vivenciadas pelos idosos em suas vidas diárias, como são atendidas estas necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s,<br />

e os problemas que eles consi<strong>de</strong>ram mais importantes. Fornece informações sobre a<br />

relação entre as atitu<strong>de</strong>s dos idosos e uma avaliação objetiva das condições em que<br />

vive.<br />

Segundo refere VERAS (1994), até a década <strong>de</strong> 70 os estudos <strong>de</strong>senvolvidos com<br />

idosos abordavam apenas um aspecto <strong>de</strong> suas vidas, é a partir do <strong>de</strong>senvolvimento nesta<br />

década, do questionário elaborado por Gerda Fillenbaun, pesquisadora da Duke University,<br />

on<strong>de</strong> propunha abordar várias dimensões da situação dos idosos, através <strong>de</strong> um<br />

instrumento multidimensional, o Ol<strong>de</strong>r Americans Resources and Services (OARS). Trata-<br />

se do mais antigo questionário multidimensional em uso, tendo se constituído, segundo o<br />

autor “no primeiro sistema integrado para avaliação <strong>de</strong> pessoas idosas na comun<strong>ida<strong>de</strong></strong> e<br />

em ambientes resi<strong>de</strong>nciais. Quase certamente forneceu a base <strong>de</strong> muitos outros<br />

questionários posteriores” (p. 62). Ainda segundo o autor, estes instrumentos buscam<br />

investigar as principais dimensões da vida do idoso, como saú<strong>de</strong> física e mental, ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s<br />

do dia-a-dia, e aspectos sociais e econômicos, permite realizar um diagnóstico global, um<br />

perfil do idoso, mas não aprofunda um aspecto específico. Nesse sentido o autor aponta<br />

algumas características <strong>de</strong> um questionário multidimensional para a <strong>terceira</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>: é<br />

composto <strong>de</strong> muitas variáveis (o que o torna um instrumento longo); por serem longos, são<br />

em geral muito bem estruturados (com poucas perguntas <strong>aberta</strong>s); por mais cuidadoso e<br />

<strong>de</strong>talhado que seja, não po<strong>de</strong> entrar em minúcias e <strong>de</strong>talhes; oferece um formato no qual o<br />

tempo exigido para conduzir a entrevista é aproximadamente fixo. “Uma vantagem<br />

adicional <strong>de</strong> um instrumento altamente estruturado é que é apropriado para uso em uma<br />

área on<strong>de</strong> os agentes <strong>de</strong> campo que coletarão os dados não serão suficientemente<br />

experimentados ou altamente treinados para conduzir um questionário menos estruturado<br />

que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenções especializadas por parte do entrevistador” (p. 56).<br />

Um aspecto <strong>de</strong> muita relevância para o bem-estar do idoso é tratado na seção IV,<br />

que se refere ao <strong>de</strong>sempenho para a realização das ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> vida díária (AVD),<br />

possibilitando ao pesquisador obter um panorama do grau <strong>de</strong> autonomia e in<strong>de</strong>pendência<br />

do grupo investigado.<br />

50


3.4 O Procedimento para a Coleta <strong>de</strong> Dados<br />

Estando <strong>de</strong>finidos a população alvo e o instrumento a ser utilizado, <strong>de</strong>cidimos<br />

coletar os dados através <strong>de</strong> inquérito. Passamos então, ao planejamento do trabalho <strong>de</strong><br />

campo.<br />

Optamos por aplicar o questionário através <strong>de</strong> entrevista frente a frente. É a melhor<br />

forma <strong>de</strong> aplicar um questionário, apesar <strong>de</strong> ser um procedimento caro e <strong>de</strong> exigir mais<br />

tempo do pesquisador (VERAS, 1994). Porém, a realização das nossas entrevistas, não<br />

contou com o impedimento financeiro <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento dos entrevistadores, pois sendo<br />

realizadas na <strong>UFPE</strong>, os idosos é que se <strong>de</strong>slocaram até o local da entrevista, o que<br />

minimiza bastante o custo.<br />

Quanto <strong>à</strong> escolha dos entrevistadores, utilizamos como critérios: ser monitor do<br />

Programa; ter interesse por pesquisa e por fim ter disponibil<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> tempo para o trabalho<br />

<strong>de</strong> campo no período pretendido. Os acadêmicos, em número <strong>de</strong> quatro, três da graduação<br />

Terapia Ocupacional e um <strong>de</strong> Fisioterapia, com <strong>ida<strong>de</strong></strong> variando <strong>de</strong> 20 a 23 anos,<br />

permaneceram do princípio ao fim no estudo.<br />

O treinamento inicia-se com a apresentação dos objetivos do trabalho, em seguida<br />

os entrevistadores entraram em contato com o questionário para que se familiarizassem<br />

com o mesmo. Promovemos também um encontro dos bolsistas com o Professor<br />

Orientador da dissertação para esclarecimentos e reforço do papel dos entrevistadores em<br />

um estudo <strong>de</strong>sse tipo. Iniciaram experimentando o instrumento através <strong>de</strong> entrevistas<br />

simuladas a fim <strong>de</strong> esclarecer dúvidas no seu manuseio, realizamos entrevistas em<br />

conjunto para comparação <strong>de</strong> compreensão <strong>de</strong> respostas e então após as primeiras<br />

<strong>de</strong>zesseis entrevistas retomamos a avaliação <strong>de</strong>ssa etapa e esclarecemos novas dúvidas que<br />

surgiram, bem como, rediscutimos compreensão uniforme das respostas e reafirmamos<br />

padrões a serem seguidos por todos. O trabalho <strong>de</strong> campo prosseguiu e os encontros <strong>de</strong><br />

supervisão eram agendados <strong>de</strong> acordo com o quantitativo <strong>de</strong> entrevistas realizadas, não<br />

ultrapassando mais <strong>de</strong> duas semanas.<br />

Inicialmente as entrevistas foram agendadas, por telefone, <strong>de</strong> acordo com o horário<br />

disponível dos entrevistadores nos dias e locais on<strong>de</strong> os idosos tinham aula, <strong>de</strong> modo a<br />

51


facilitar para que o mesmo não necessitasse se <strong>de</strong>slocar mais <strong>de</strong> uma vez na semana <strong>à</strong><br />

<strong>UFPE</strong>. A entrevista seria realizada ou no início ou no final da aula. Começamos a observar<br />

alguns problemas com essa estratégia nos cursos que terminavam <strong>à</strong>s 17h, <strong>de</strong>vido ao horário<br />

dos transportes, pois tornava-se inconveniente este horário para que retornassem <strong>à</strong>s suas<br />

residências. As entrevistas passaram então a ser agendadas para a se<strong>de</strong> administrativa do<br />

Programa e a resposta foi positiva.<br />

Sendo assim, prosseguimos com o trabalho <strong>de</strong> modo muito intenso da segunda<br />

quinzena <strong>de</strong> abril até a primeira quinzena <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1998, após esse período houve uma<br />

redução do ritmo o qual atribuímos, inicialmente, <strong>à</strong>s festiv<strong>ida<strong>de</strong></strong>s do período junino * na<br />

segunda quinzena <strong>de</strong> junho; em julho alguns idosos viajam <strong>de</strong> férias. Após alguns ajustes<br />

retornamos <strong>à</strong>s entrevistas tendo sido concluído o trabalho <strong>de</strong> campo em setembro <strong>de</strong> 1998.<br />

3.5 Alguns conceitos importantes<br />

A seguir, conceituaremos alguns termos que julgamos importantes serem <strong>de</strong>finidos<br />

neste estudo.<br />

• Ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> Vida Diária (AVD): referem-se <strong>à</strong>s ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s relacionadas aos cuidados<br />

pessoais: alimentar-se, tomar banho, vestir-se, usar vaso sanitário e <strong>à</strong> capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> se<br />

movimentar <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte: <strong>de</strong>ambular, levantar-se e <strong>de</strong>itar-se da cama ou da<br />

ca<strong>de</strong>ira, locomoção em geral (WILLIANS, 1997). Indicam o nível mínimo <strong>de</strong><br />

capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> que tem o indivíduo <strong>de</strong> autocuidar-se.<br />

• Ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s Instrumentais <strong>de</strong> Vida Diária (AIVD): referem-se <strong>à</strong>s ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s relacionadas<br />

<strong>à</strong> administração do ambiente <strong>de</strong> vida, e estabelece relação entre o domicílio e o meio<br />

externo. As ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s referidas são por exemplo: comprar e preparar alimentação,<br />

administrar uso <strong>de</strong> medicação, administrar finanças, cuidar da limpeza da casa e da<br />

lavagem das roupas, sair <strong>de</strong> casa para ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s diversas (necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s pessoais e/ou<br />

domésticas e <strong>de</strong> lazer), usar transportes, telefone entre outras (WILLIANS, 1997). São<br />

<strong>de</strong> cunho menos pessoal que as AVDs e com maior nível <strong>de</strong> complex<strong>ida<strong>de</strong></strong>.<br />

* Em Pernambuco esta data faz parte do calendário religioso e cultural, havendo portanto, feriado local.<br />

52


• Autonomia: Capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> e direito do indivíduo po<strong>de</strong>r eleger, ele mesmo, as regras <strong>de</strong><br />

sua conduta, a orientação <strong>de</strong> seus atos e os riscos que está disposto a correr, além da<br />

possibil<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> realizar suas ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s sem ajuda <strong>de</strong> terceiros (VIEIRA, 1996).<br />

• In<strong>de</strong>pendência: estado ou condição <strong>de</strong> quem é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, bem-estar, restituição ou<br />

aquisição <strong>de</strong> autonomia (FERREIRA, 1986).<br />

• Capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> funcional: Conceito novo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que particularmente para idosos é<br />

relevante pois mostra que saú<strong>de</strong> é a manutenção plena das habil<strong>ida<strong>de</strong></strong>s físicas e<br />

mentais, <strong>de</strong>senvolvidas ao longo da vida, necessárias e suficientes para a manutenção<br />

<strong>de</strong> uma vida in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e autônoma (VIEIRA, 1996).<br />

53


4. – RESULTADOS<br />

Para dar consecução aos objetivos anteriormente propostos, passamos a expressar<br />

os resultados do Censo realizado com 358 idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> por seção específica,<br />

conforme <strong>de</strong>scrito na metodologia. Portanto os percentuais apresentados neste item serão<br />

referentes ao número <strong>de</strong> idosos entrevistados.<br />

4.1. Informações Gerais – Seção I<br />

O Gráfico 2 refere-se <strong>à</strong> distribuição por sexo, dos participantes da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em<br />

1998. É marcante a diferença. As mulheres (308) representam 86,00% do total; enquanto<br />

os homens (50), representam 14,00%.<br />

Gráfico 2 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

Masc. Fem.<br />

ao Sexo. Recife, 1998.<br />

14,00%<br />

86,00%<br />

Em relação <strong>à</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong> observamos que a maioria encontra-se na faixa etária entre 60 e<br />

69 anos <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>, inclusive po<strong>de</strong>mos ver na distribuição etária, por nós proposta que, tanto<br />

nas faixas dos 60-64 anos e 65-69 anos o percentual <strong>de</strong> idosos quase se equivale, com<br />

36,31% e 35,75%, respectivamente, totalizando portanto 72,06%. (Gráfico 3)<br />

55


Gráfico 3 – Distribuição do Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

40,00%<br />

35,00%<br />

30,00%<br />

25,00%<br />

20,00%<br />

15,00%<br />

10,00%<br />

5,00%<br />

0,00%<br />

<strong>à</strong> Faixa Etária. Recife, 1998.<br />

Quando estabelecemos uma relação entre sexo e <strong>ida<strong>de</strong></strong>, observamos que os<br />

resultados apontam no geral para um equilíbrio na representação percentual por faixa etária<br />

entre homens e mulheres. O Gráfico 4 <strong>de</strong>monstra que 72,00% dos homens (36) e das<br />

mulheres (222) <strong>de</strong>ste estudo, estão na faixa dos 60 aos 69 anos <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>; 24,00% dos<br />

homens (12) e 26,94% das mulheres (83) encontram-se na faixa dos 70 aos 79 anos; já na<br />

faixa dos 80 anos e mais é possível notar uma diferença mais marcante, 4,00% dos homens<br />

(2) e apenas 0,97% das mulheres (3) encontram-se nesta faixa etária.<br />

Gráfico 4 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

80,00%<br />

70,00%<br />

60,00%<br />

50,00%<br />

40,00%<br />

30,00%<br />

20,00%<br />

10,00%<br />

0,00%<br />

Homens Mulheres<br />

36,31%<br />

35,75%<br />

20,95%<br />

5,59%<br />

60-64 65-69 70-74 75-79 80 e +<br />

ao Sexo e <strong>à</strong> Faixa Etária. Recife, 1998.<br />

60-69 70-79 80 e +<br />

Entre os entrevistados, há uma predominância <strong>de</strong> nascidos na região Nor<strong>de</strong>ste, entre<br />

estes, 80,30% são pernambucanos. Existe estabil<strong>ida<strong>de</strong></strong> quanto <strong>à</strong> c<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> residência, on<strong>de</strong><br />

96,92% dos idosos resi<strong>de</strong>m há mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos na mesma c<strong>ida<strong>de</strong></strong>.<br />

1,40%<br />

De Recife proce<strong>de</strong>m 82,12%, dos 358 idosos do Programa; seguidos <strong>de</strong> 12,30%<br />

proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Olinda; 3,63%, <strong>de</strong> Jaboatão dos Guararapes e 1,95% restantes distribuem-<br />

56


se entre 3 c<strong>ida<strong>de</strong></strong>s a saber, Abreu e Lima, Paulista e Igarassu na Região Metropolitana do<br />

Recife. (Gráfico 5).<br />

Gráfico 5 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

PLT / IGS/ A e L<br />

Jaboatão<br />

O linda<br />

Recife<br />

<strong>à</strong> C<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Procedência. Recife, 1998.<br />

1,95%<br />

3,63%<br />

12,30%<br />

82,12%<br />

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%<br />

Com relação aos bairros <strong>de</strong> procedência dos entrevistados, os mais representados<br />

foram: Boa Viagem, com 11,73% dos idosos; Cor<strong>de</strong>iro, com 6,14%; Engenho do Meio e<br />

Iputinga, ambos com 5,87%; Jardim São Paulo, com 5,58%; C<strong>ida<strong>de</strong></strong> Universitária e Ipsep,<br />

com 3,91% cada; Rio Doce, com 3,07% e Jardim Atlântico e Madalena, com 2,80% cada.<br />

(Gráfico 6)<br />

Gráfico 6 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

ao Bairro <strong>de</strong> Procedência. Recife, 1998<br />

3,91%<br />

5,58%<br />

3,07%<br />

2,80%<br />

5,87%<br />

11,73%<br />

6,14%<br />

BV CRD EM / IPTG Jd SP CDU / IPSEP RD Jd AT / MD<br />

No que se refere <strong>à</strong> escolar<strong>ida<strong>de</strong></strong>, apenas um baixíssimo percentual <strong>de</strong> idosos, 0,56%,<br />

afirmam não saber ler nem escrever; enquanto 99,44%, referem ser alfabetizado, cuja<br />

distribuição por níveis observamos no Gráfico 7. É possível verificar um nível escolar alto<br />

entre os entrevistados, on<strong>de</strong> 33,52% possuem 2 º grau e 29,05% nível superior.<br />

57


Gráfico 7 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

35,00%<br />

30,00%<br />

25,00%<br />

20,00%<br />

15,00%<br />

10,00%<br />

5,00%<br />

0,00%<br />

ao Nível <strong>de</strong> Escolar<strong>ida<strong>de</strong></strong>. Recife, 1998.<br />

Estabelecendo uma relação entre o sexo e o nível <strong>de</strong> escolar<strong>ida<strong>de</strong></strong> dos idosos aqui<br />

estudados, notamos que entre as mulheres (2) 0,64% referem não saber ler nem escrever,<br />

enquanto que entre os homens não é referido analfabetismo. Entre os homens (5) 10,00%<br />

possuem o primário completo, (27) 54,00% o segundo grau e (15) 30,00% o nível superior,<br />

entre as mulheres esses valores são (64) 20,77%, (144) 46,75% e (88) 28,57%,<br />

respectivamente (Gráfico 8).<br />

Gráfico 8 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

ao Sexo e o Nível <strong>de</strong> Escolar<strong>ida<strong>de</strong></strong>. Recife, 1998.<br />

60,00%<br />

50,00%<br />

40,00%<br />

30,00%<br />

20,00%<br />

10,00%<br />

0,00%<br />

Analf.<br />

Mulheres Homens<br />

Pr.Incom.<br />

33,52%<br />

2o.Grau Superior Primário<br />

Comp.<br />

Pr.Com.<br />

29,05%<br />

19,55%<br />

2o. Grau<br />

13,13%<br />

Ginasial Primário<br />

Incomp.<br />

Quanto ao estado conjugal po<strong>de</strong>mos observar como <strong>de</strong>monstra o Gráfico 9, que a<br />

maioria dos idosos encontra-se entre viúvos, com 39,40% e casados, com 35,50%. Os<br />

resultados apontam também para casamentos duradouros, (on<strong>de</strong> 86,61% dos idosos que<br />

estão casados e/ou morando juntos, o faz há mais <strong>de</strong> trinta anos.)<br />

3,91%<br />

Sup.<br />

58


Gráfico 9 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

Divorciado<br />

Viúvo<br />

Casado<br />

Ñ Casou<br />

ao Estado Conjugal. Recife, 1998.<br />

10,30%<br />

14,80%<br />

35,50%<br />

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00%<br />

39,40%<br />

Relacionando os dados referentes ao estado conjugal e ao sexo dos idosos da<br />

<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>, encontramos resultados que apontam diferenças importantes. Entre as 308<br />

mulheres observamos que (137) 44,48% são viúvas, enquanto apenas (4) 8,00% dos<br />

homens são viúvos; (83) 26,94% das mulheres são casadas e (225) 73.06% não referem<br />

companhia conjugal. Entre os homens encontramos que (41) 82,00% são casados; os<br />

números se equivalem quanto aos divórcios, temos (5) 10,00% para os homens e (36)<br />

11,69% para as mulheres e entre os 14 idosos que referem nunca terem casado, todos são<br />

mulheres, representando 14,80% do total. (Gráfico 10)<br />

Gráfico 10 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

ao Sexo e ao Estado Conjugal.<br />

Perguntados sobre o fato <strong>de</strong> terem ou não tido filhos, 83,50% afirmam que sim.<br />

Notamos muita semelhança quanto ao número <strong>de</strong> filhos, bem como em relação <strong>à</strong><br />

distribuição por sexo. A média verificada é <strong>de</strong> dois filhos e/ou filhas por idoso. Temos,<br />

portanto, em relação ao número total <strong>de</strong> filhos, uma média <strong>de</strong> quatro filhos por idoso.<br />

(Gráfico 11).<br />

100,00%<br />

80,00%<br />

60,00%<br />

40,00%<br />

20,00%<br />

0,00%<br />

Homens Mulheres<br />

casado nunca<br />

casou<br />

vúivo divorciado<br />

59


Gráfico 11 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao<br />

Número <strong>de</strong> Filhos, Filhas e Número Total <strong>de</strong> Filhos. Recife, 1998<br />

No que se refere ao arranjo domiciliar verificamos que os entrevistados resi<strong>de</strong>m em<br />

média com duas pessoas. No Gráfico 12, observamos que 52,89% dos entrevistados<br />

moram com 2 a 5 pessoas; 24,02%, moram com uma pessoa e 15,92%, moram sós. Entre<br />

os idosos que moram sós é possível apontar uma diferença entre sexo e arranjo domiciliar,<br />

entre as mulheres (54) 17,53% moram sós, enquanto que entre os homens esse valor é <strong>de</strong><br />

(3) 6,00%.<br />

50,00%<br />

40,00%<br />

30,00%<br />

20,00%<br />

10,00%<br />

0,00%<br />

Filha Filho Total<br />

Gráfico 12 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

ao Arranjo Domiciliar. Recife, 1998.<br />

Abaixo, na Tabela 1, po<strong>de</strong>mos observar quem são as pessoas com as quais os<br />

idosos resi<strong>de</strong>m. É possível i<strong>de</strong>ntificar a seguinte distribuição: 36,00% moram com filhas;<br />

34,40% com cônjuge; 32,10% com filhos. Vemos ainda que 22,30% moram na companhia<br />

<strong>de</strong> netos, ou seja, com uma <strong>terceira</strong> geração.<br />

Um 2 a 3 4 a 5 6 e mais<br />

52,80%<br />

6,42%<br />

15,92%<br />

Mora Só Uma 2 a 5 6 a 10 Mais <strong>de</strong> 10<br />

24,02%<br />

60


Tabela 1. Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

ao Grau <strong>de</strong> Parentesco entre o Idoso e as Pessoas com as quais Resi<strong>de</strong>. Recife – 1998<br />

QUEM SIM % NÃO % NA* % TOTAL %<br />

Cônjuge 123 34,40 178 49,70 57 15,90 358 100,00<br />

Pais 7 2,00 294 82,10 57 15,90 358 100,00<br />

Filhos 115 32,10 186 52,00 57 15,90 358 100,00<br />

Filhas 129 36,00 172 48,00 57 15,90 358 100,00<br />

Irmãos 36 10,10 265 74,00 57 15,90 358 100,00<br />

Netos 80 22,30 221 61,70 57 15,90 358 100,00<br />

Outro familiar 65 18,20 236 65,90 57 15,90 358 100,00<br />

Outro ñ parente 65 18,20 236 65,90 57 15,90 358 100,00<br />

*NA (não se aplica)<br />

Esta seção termina questionando os entrevistados sobre como eles se sentem em<br />

relação <strong>à</strong>s suas vidas em geral. Os resultados apontam um elevado grau <strong>de</strong> satisfação, on<strong>de</strong><br />

(319) 89,10% dizem-se satisfeitos. (Gráfico 13)<br />

Gráfico 13 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

<strong>à</strong> Satisfação com a Vida em Geral. Recife, 1998.<br />

Entre os motivos citados pelos (39) 10,90% <strong>de</strong> idosos que se disseram insatisfeitos<br />

com suas vidas, os mais referidos foram: solidão, falta <strong>de</strong> autonomia, <strong>de</strong>svalorização do<br />

povo brasileiro por parte dos órgãos públicos e uma insatisfação geral sem apontar um<br />

motivo específico.<br />

Satisfeito Insatisfeito<br />

10,90%<br />

Quando relacionamos sexo e satisfação com a vida em geral observamos que as<br />

mulheres <strong>de</strong>ste estudo, mostram-se mais satisfeitas com suas vidas que os homens. Entre as<br />

308 idosas, 31 dizem-se insatisfeitas representando 10,60%; já entre os 50 homens, 8<br />

referem insatisfação representando 16,00%. (Gráfico 14)<br />

89,10%<br />

61


Gráfico 14 - Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

ao Sexo e <strong>à</strong> Satisfação com Vida em Geral.<br />

4.2. Utilização <strong>de</strong> Serviços Médicos e Dentários - Seção III<br />

No quesito utilização <strong>de</strong> serviços médicos, a maioria dos entrevistados, 69,00%,<br />

está composta por idosos usuários <strong>de</strong> plano e/ou seguro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> privado; 23,18% são<br />

usuários do serviço público; 4,19%; procuram médicos ou clínicas particulares e 3,35%<br />

referem outro tipo <strong>de</strong> procura como por exemplo, parentes médicos. É notório o alto<br />

quantitativo <strong>de</strong> idosos que utilizam serviço médico privado, sendo um total <strong>de</strong> 73,19%.<br />

(Gráfico 15)<br />

100,00%<br />

80,00%<br />

60,00%<br />

40,00%<br />

20,00%<br />

0,00%<br />

homem mulher<br />

Gráfico 15 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

70,00%<br />

60,00%<br />

50,00%<br />

40,00%<br />

30,00%<br />

20,00%<br />

10,00%<br />

0,00%<br />

<strong>à</strong> Utilização dos Serviços Médicos. Recife, 1998.<br />

69,00%<br />

Sobre a utilização <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, levantamos a freqüência <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> alguns<br />

tipos <strong>de</strong> serviços médicos, pelos idosos, nos últimos três meses, cujos resultados estão<br />

<strong>de</strong>monstrados na Tabela 2. As perguntas são complementadas <strong>de</strong> modo a saber se o idoso<br />

utilizou os serviços referidos mais <strong>de</strong> uma vez. Verificamos que foram utilizados mais <strong>de</strong><br />

uma vez as consultas médicas e os exames clínicos.<br />

satisafeito insatisfeito<br />

23,18%<br />

4,19%<br />

Plan/Saú<strong>de</strong> Público Particular Outros<br />

3,35%<br />

62


Tabela 2 –Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

<strong>à</strong> Freqüência <strong>de</strong> Uso <strong>de</strong> Alguns Serviços Médicos nos Últimos Três Meses. Recife – 1998<br />

SERVIÇO SIM % NÃO % TOTAL %<br />

Consultou Médico/consultório/casa 279 77,90 79 22,10 358 100,00<br />

Exames clínicos 236 65,90 122 34,10 358 100,00<br />

Tratamento fisioterápico 32 8,90 326 91,10 358 100,00<br />

Socorrido <strong>de</strong> emergência 34 9,50 324 90,50 358 100,00<br />

Hosp. Clínica p/ receber medicação 33 9,20 325 90,80 358 100,00<br />

Internado em hospital ou clínica 13 3,60 345 96,40 358 100,00<br />

Foi ao Dentista 85 23,70 273 76,30 358 100,00<br />

Perguntados sobre a satisfação em relação aos serviços médicos que costumam<br />

utilizar, observamos que 88,55%, <strong>de</strong>monstram satisfação; enquanto (37) 10,33%, referem<br />

insatisfação; <strong>de</strong>ntre estes, (20) 54,06% são usuários <strong>de</strong> serviço público <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; (12)<br />

32,43%, <strong>de</strong> plano e/ou seguro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> privado e (4) 10,81% procuram médico e /ou<br />

serviço particular. (Gráfico 16)<br />

Gráfico 16 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

<strong>à</strong> Satisfação na Utilização <strong>de</strong> Serviços Médicos. Recife, 1998.<br />

88,55%<br />

10,33%<br />

Satisfeito Insatisfeito<br />

Ainda em relação <strong>à</strong> utilização dos serviços médicos, perguntamos os problemas que<br />

mais <strong>de</strong>sagradam aos entrevistados quando da utilização <strong>de</strong>sses serviços. O tempo <strong>de</strong><br />

espera para ser atendido no consultório representa a queixa <strong>de</strong> 21,22%; a <strong>de</strong>mora para a<br />

marcação <strong>de</strong> consultas/exames 12,84% e 9,77% referem outros motivos que quando<br />

qualificados, permitiu-nos observar que estes outros motivos referidos manifestam-se<br />

através <strong>de</strong>: burocracia, falta <strong>de</strong> confiança no sistema e nos procedimentos médicos, medo<br />

da medicação falsificada, dificulda<strong>de</strong>s e receio em realizar alguns exames.<br />

63


No que se refere <strong>à</strong> utilização <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong>ntários, por parte dos entrevistados, os<br />

resultados no Gráfico 17 <strong>de</strong>monstram que 42,50% utilizam serviço particular; 17,30%<br />

plano e/ou seguro saú<strong>de</strong> privado; 5,90% utilizam serviço odontológico público. Entre os<br />

usuários <strong>de</strong>stes serviços, há um bom nível <strong>de</strong> satisfação, on<strong>de</strong> 66,80% dizem-se satisfeitos.<br />

Observamos ainda que 5,90%, fazem referência a outras opções entre as quais <strong>de</strong>stacamos:<br />

filho <strong>de</strong>ntista, <strong>de</strong>ntista amigo da família, entre outras. Por fim, verificamos que 26,80% dos<br />

idosos não têm procurado serviços odontológicos.<br />

Gráfico 17 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

17,30%<br />

<strong>à</strong> Utilização <strong>de</strong> Serviços Dentários. Recife, 1998.<br />

5,90%<br />

26,80%<br />

5,90%<br />

Particular Ñ tem procurado Plan.Saú<strong>de</strong> Público Outros<br />

Em relação <strong>à</strong> utilização <strong>de</strong> órteses e/ou próteses, ou seja, ajuda/apoio, observamos<br />

na Tabela 3, que 94,70%, utilizam óculos e/ou lente <strong>de</strong> contato e 88,80%, utilizam<br />

<strong>de</strong>ntadura, ponte e/ou <strong>de</strong>nte postiço. Questionados sobre a necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> trocar essas<br />

ajudas/apoios, 39,10% referem necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> trocar as <strong>de</strong>ntárias; 39,4% as visuais e<br />

apenas 0,60% as ajudas auditivas. Observamos ainda, que os idosos do Programa são<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes quanto <strong>à</strong> <strong>de</strong>ambulação, uma vez que não referem necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> utilizar<br />

ajuda técnica do tipo bengala, muleta e ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rodas.<br />

42,50%<br />

64


Tabela 3 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

<strong>à</strong> Utilização <strong>de</strong> Ajudas/Apoios. Recife – 1998<br />

AJUDA/APOIO SIM % NÃO % TOTAL %<br />

Dente postiço, <strong>de</strong>ntadura, ponte 318 88,80 40 11,20 358 100,00<br />

Óculos ou lente <strong>de</strong> contato 339 94,70 19 5,30 358 100,00<br />

Aparelho p/ sur<strong>de</strong>z 8 2,20 350 97,80 358 100,00<br />

Bengala 1 0,30 357 99,70 358 100,00<br />

Muleta --- --- 358 100,00 358 100,00<br />

Ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Rodas --- --- 358 100,00 358 100,00<br />

Outros 4 1,10 354 98,90 358 100,00<br />

Sobre o uso <strong>de</strong> remédios, 80,70% dos idosos referem tomar medicação. Destes,<br />

77,40% dizem que esta é prescrita por um médico e 47,50% não <strong>de</strong>claram dificulda<strong>de</strong> em<br />

obtê-la. Para os que têm alguma dificulda<strong>de</strong>, o fator econômico é a principal.(Gráfico 18)<br />

Gráfico 18 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

<strong>à</strong> Utilização <strong>de</strong> Medicamentos. Recife – 1998<br />

Uiliza Não Utiliza<br />

19,30%<br />

80,70%<br />

Não observamos diferença importante quanto ao uso <strong>de</strong> medicação e gênero. Entre<br />

os 50 homens (40) 80,00% fazem uso <strong>de</strong> medicação e entre as 308 mulheres (249) 88,85%.<br />

Quando perguntamos aos idosos se, caso viessem a ficar doentes ou incapacitados,<br />

que pessoa po<strong>de</strong>ria dispensar-lhes “cuidados”, a maioria, 38,30%, acredita ser a filha;<br />

16,50% o cônjuge; 14,00% acreditam que po<strong>de</strong>ria ser uma outra pessoa da família que não<br />

cônjuge e filhos; 13,40%, acreditam que po<strong>de</strong>m contar com os filhos e 10,60%, acreditam<br />

po<strong>de</strong>r contar com alguém fora da família, por exemplo: um profissional <strong>de</strong> enfermagem<br />

(enfermeiros ou auxiliares) ou ainda um leigo. Essas pessoas seriam contratadas.<br />

Observamos ainda que 4,20% dos idosos referem não po<strong>de</strong>r contar com ninguém e 3,10%<br />

65


não respon<strong>de</strong>m, ou seja, 7,30% dos idosos <strong>de</strong>ste estudo não sabem com quem contar em<br />

caso <strong>de</strong> uma necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong>sse tipo. (Gráfico 19)<br />

Gráfico 19 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

a Pessoas que Po<strong>de</strong>riam Cuidá-los em Caso <strong>de</strong> Doença e/ou Incapac<strong>ida<strong>de</strong></strong>. Recife, 1998<br />

Relacionando sexo e dificulda<strong>de</strong> em i<strong>de</strong>ntificar “cuidadores potenciais”,<br />

observamos, neste estudo, que esta apresenta-se apenas para as mulheres. Entre as 308<br />

idosas entrevistadas 8,44% não sabem com quem contar em caso <strong>de</strong> doença e/ou<br />

incapac<strong>ida<strong>de</strong></strong>.<br />

13,40%<br />

10,60%<br />

14,00%<br />

4,20% 3,00%<br />

4.3. Ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> Vida Diária (AVD) – Seção IV<br />

16,50%<br />

38,30%<br />

Filha Conjugue Outro Fam. Filho Outro ñ Fam. Nenhuma NS/NR<br />

Os resultados que se seguem <strong>de</strong>monstram um panorama do grau <strong>de</strong> autonomia e<br />

in<strong>de</strong>pendência dos entrevistados no <strong>de</strong>sempenho das Ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s da Vida Diária (AVD).<br />

Os idosos entrevistados são autônomos e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, uma vez que para a<br />

maioria das ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s listadas, mais <strong>de</strong> 90,00% <strong>de</strong>les referem-se com capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> para<br />

<strong>de</strong>sempenhá-las sem ajuda. Sendo a única exceção, cortar as unhas dos pés, on<strong>de</strong> 14,20%<br />

<strong>de</strong>claram-se incapazes para fazê-lo sozinhos. Em relação a essa dificulda<strong>de</strong>, o percentual<br />

<strong>de</strong> homens e <strong>de</strong> mulheres que a referem se equivale, estando em torno dos 12,00% para<br />

ambos os sexos, porém os homens que a apresentam têm mais <strong>de</strong> 70 anos, enquanto que as<br />

mulheres com dificulda<strong>de</strong> para cortar as unhas dos pés sem ajuda, estão entre os 60 e os 69<br />

anos <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>. Consi<strong>de</strong>rando condições mínimas <strong>de</strong> autonomia e in<strong>de</strong>pendência, com baixo<br />

nível <strong>de</strong> complex<strong>ida<strong>de</strong></strong>, como tarefas do tipo: comer sua comida, vestir-se sozinho, pentear<br />

66


e escovar seus cabelos, <strong>de</strong>itar e levantar da cama sozinho, 100,00% dos idosos, dizem-se<br />

capaz para realizá-las sem ajuda. (Tabela 4)<br />

Tabela 4 –Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao Grau <strong>de</strong><br />

Autonomia e In<strong>de</strong>pendência no Desempenho das Ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s da Vida Diária (AVD). Recife, 1998.<br />

ATIVIDADES SIM % NÃO % NA* % TOTAL %<br />

Sair p/ média distância - necessita transporte 349 97,50 9 2,50 --- --- 358 100,00<br />

Sair p/ pequena distância – compra/armazém 353 98,60 5 1,40 --- --- 358 100,00<br />

Preparar sua própria refeição 345 96,40 13 3,60 --- --- 358 100,00<br />

Realizar ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong> doméstica – manter/or<strong>de</strong>m 334 93,30 24 6,70 --- --- 358 100,00<br />

Tomar seus remédios 350 97,80 4 1,10 4 1,10 358 100,00<br />

Comer sua comida 358 100,00 --- --- --- --- 358 100,00<br />

Vestir-se sozinho 358 100,00 --- --- --- --- 358 100,00<br />

Pentear / escovar seus cabelos 358 100,00 --- --- --- --- 358 100,00<br />

Caminhar em superfície plana 357 99,70 1 0,30 --- --- 358 100,00<br />

Subir escadas 343 95,80 15 4,20 --- --- 358 100,00<br />

Deitar e levantar da cama sozinho 358 100,00 --- --- --- --- 358 100,00<br />

Tomar banho sozinho 357 99,70 1 0,30 --- --- 358 100,00<br />

Cortar as unhas dos pés 307 85,80 51 14,20 --- --- 358 100,00<br />

Pegar ônibus 347 96,90 11 3,10 --- --- 358 100,00<br />

Ir ao banheiro em tempo 354 98,90 4 1,10 --- --- 358 100,00<br />

*acrescentamos a categoria NA(não se aplica) para aten<strong>de</strong>r a resposta “não tomo remédios”,<br />

Questionados se há alguém que os aju<strong>de</strong> na realização das tarefas domésticas,<br />

77,70% referem que sim. Entre as pessoas que ajudam a mais citada é a faxineira, outra<br />

categoria referida é a <strong>de</strong> moças que são como filhas <strong>de</strong> criação que já moram com os<br />

entrevistados há muito tempo.<br />

Ao estabelecermos uma relação entre o <strong>de</strong>sempenho para AVDs, observamos que<br />

no item “preparar sua própria refeição”, entre as 13 pessoas que referem não fazê-lo sem<br />

ajuda, 8 são homens e 5 são mulheres, portanto 16,00% dos homens não se acham em<br />

condições <strong>de</strong> preparar sua própria refeição sozinhos; enquanto que entre as mulheres este<br />

número é <strong>de</strong> apenas 1,62%, refletindo mais uma vez a diferença <strong>de</strong> gênero entre este grupo.<br />

Em relação ao item “realizar ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s domésticas / manter a casa em or<strong>de</strong>m” também<br />

observamos diferenças entre os homens e as mulheres. Dos 24 idosos que referem não<br />

realizarem esta ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong> sem ajuda, 6 são homens e 18 são mulheres, logo temos que<br />

67


12,00% dos homens apresentam dificulda<strong>de</strong> para a realização <strong>de</strong>sta ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong> e apenas<br />

5,84% entre as mulheres.<br />

Quando verificamos o nível <strong>de</strong> sociabilização e ocupação do tempo livre,<br />

observamos que este é bom e que a ocupação do tempo é a<strong>de</strong>quada, uma vez que a maior<br />

parte dos idosos, refere realizar quase todas as tarefas listadas. No entanto, nas ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s<br />

relacionadas <strong>à</strong> prática esportiva, 93,90% <strong>de</strong>claram não praticarem esportes e 87,20% dizem<br />

não comparecerem a eventos esportivos. (Tabela 5).<br />

Tabela 5 –Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

<strong>à</strong>s Ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s Realizadas no Tempo livre. Recife, 1998.<br />

ATIVIDADES SIM % NÃO % NS/NR* % TOTAL %<br />

Ouvir rádio 262 73,20 96 26,80 --- --- 358 100,00<br />

Assistir a televisão 337 94,10 21 5,90 --- --- 358 100,00<br />

Ler jornal 291 81,30 67 18,70 --- --- 358 100,00<br />

Ler revistas e livros 294 82,10 64 17,90 --- --- 358 100,00<br />

Receber visitas 305 85,20 53 14,80 --- --- 358 100,00<br />

Ir ao cinema, teatro, etc. 161 45,00 197 55,00 --- --- 358 100,00<br />

Andar pelo seu bairro 311 86,90 47 13,10 --- --- 358 100,00<br />

Ir <strong>à</strong> igreja (serviços religiosos) 307 85,80 50 14,00 1 0,30 358 100,00<br />

Ir a jogos (esportes) 46 12,80 312 87,20 --- --- 358 100,00<br />

Participar <strong>de</strong> jogos (esportes) 22 6,10 336 93,90 --- --- 358 100,00<br />

Fazer as compras 344 96,10 14 3,90 --- --- 358 100,00<br />

Sair para visitar os amigos 306 85,50 52 14,50 --- --- 358 100,00<br />

Sair para visitar os parentes 321 89,70 37 10,30 --- --- 358 100,00<br />

Sair / passeio longo (excursão) 256 71,50 102 28,50 --- --- 358 100,00<br />

Sair/encontro social/comunitário 247 69,00 111 31,00 --- --- 358 100,00<br />

Coser, bordar, tricotar 208 58,10 150 41,90 --- --- 358 100,00<br />

Ativid/distr: cartas, xadrez, jardim 154 43,00 204 57,00 --- --- 358 100,00<br />

Outros (especificar) 223 62,50 134 37,50 --- --- 358 100,00<br />

* NS/NR (não sabe/não respon<strong>de</strong>u)<br />

Os idosos que se mostram satisfeitos com a ocupação do seu tempo livre<br />

representam 91,10%. Os 8,90% que referem insatisfação na utilização <strong>de</strong>sse tempo,<br />

justificam sua resposta dizendo-se pouco motivados e sentindo falta <strong>de</strong> mais ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s,<br />

inclusive <strong>de</strong> lazer.<br />

68


4. Recursos Sociais – Seção V<br />

Aqui os resultados <strong>de</strong>monstram como se dá a interação social dos entrevistados e<br />

nos permite verificar que esta é a<strong>de</strong>quada, on<strong>de</strong> 78,80% dos idosos mostram-se satisfeitos<br />

com o relacionamento mantido com as pessoas com as quais resi<strong>de</strong>m; 87,20% estão<br />

satisfeitos quanto ao relacionamento com vizinhos, e on<strong>de</strong> mais observamos satisfação é na<br />

relação com os amigos, on<strong>de</strong> 97,50%, dizem-se satisfeitos. (Gráfico 20)<br />

Gráfico 20 –Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

<strong>à</strong> Convivência com as Pessoas com quem resi<strong>de</strong>m, com amigos e vizinhos. Recife, 1998<br />

Quanto ao tipo <strong>de</strong> assistência que a família oferece ao idoso, observamos que, <strong>de</strong><br />

modo geral, não há <strong>de</strong>pendência dos entrevistados em relação aos seus familiares. Mais<br />

importante do que o aspecto financeiro e <strong>de</strong> moradia, on<strong>de</strong> 69,60% e 78,50%,<br />

respectivamente, não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da família, foi referido pela maioria dos idosos, 75,40%, a<br />

companhia e cuidado pessoal, como o aspecto on<strong>de</strong> os familiares fazem-se mais presentes.<br />

(Tabela 6).<br />

100,00%<br />

Tabela 6 –Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

<strong>à</strong> Assistência Oferecida pela Família ao Idoso. Recife, 1998.<br />

Tipo <strong>de</strong> Assistência Sim % Não % NS/NR* % Total %<br />

Dinheiro 108 30,20 249 69,60 1 0,30 358 100,00<br />

Moradia 76 21,20 281 78,50 1 0,30 358 100,00<br />

Companhia/Cuidado Pessoal 270 75,40 87 24,30 1 0,30 358 100,00<br />

Outro tipo <strong>de</strong> cuidado Assistência 105 29,30 252 70,40 1 0,30 358 100,00<br />

* NS/NR (não sabe/não respon<strong>de</strong>u)<br />

80,00%<br />

60,00%<br />

40,00%<br />

20,00%<br />

0,00%<br />

Com quem<br />

resi<strong>de</strong>m<br />

78,80%<br />

97,50%<br />

Amigos Vizinhos<br />

87,20%<br />

5,30% 1,10% 4,70%<br />

Satisfeito Insatisfeito<br />

69


Quando questionamos os entrevistados sobre que tipo <strong>de</strong> assistência oferecem <strong>à</strong><br />

família, os resultados <strong>de</strong>monstram que estes referem-se como provedores em potencial <strong>de</strong><br />

seus familiares. O item companhia e cuidado pessoal aparece com 86,90%; seguido <strong>de</strong><br />

assistência financeira, com 61,20% e moradia com, 57,80%. Outro item aparece<br />

<strong>de</strong>monstrando um tipo <strong>de</strong> ajuda que em geral os idosos oferecem - cuidar <strong>de</strong> criança - com<br />

37,40%, é um percentual elevado e <strong>de</strong>nota esse papel <strong>de</strong>sempenhado pelo idoso na família.<br />

(Tabela 7)<br />

Tabela 7 –Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

<strong>à</strong> Assistência que o Idoso Oferece <strong>à</strong> Família. Recife, 1998.<br />

Tipo <strong>de</strong> Assistência Sim % Não % NS/NR* % Total %<br />

Dinheiro 219 61,20 138 38,50 1 0,30 358 100,00<br />

Moradia 207 57,80 150 41,90 1 0,30 358 100,00<br />

Companhia/cuidado pessoal 311 86,90 46 12,80 1 0,30 358 100,00<br />

Cuidar <strong>de</strong> criança 134 37,40 223 62,30 1 0,30 358 100,00<br />

Outro tipo <strong>de</strong> cuidado/assistência 99 27,70 258 72,10 1 0,30 358 100,00<br />

* NS/NR (não sabe/não respon<strong>de</strong>u)<br />

Finalizando essa seção perguntamos aos idosos sobre as visitas que haviam<br />

recebido na última semana. A maioria dos idosos costuma receber visita <strong>de</strong> amigos e<br />

familiares, principalmente dos filhos. (Gráfico 21)<br />

Gráfico 21 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

<strong>à</strong>s Visitas Recebidas na Última Semana. Recife, 1998.<br />

100,00%<br />

80,00%<br />

60,00%<br />

40,00%<br />

20,00%<br />

0,00%<br />

Sim Não<br />

69,30%<br />

63,40%<br />

56,70%<br />

10,10%<br />

Viz/Amigos Filhos Outro Fam. Outros<br />

70


4.5. Recursos Econômicos – Seção VI.<br />

Nesta seção serão mostrados os resultados referentes aos aspectos econômicos tais<br />

como: tipo <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>senvolvido, tempo <strong>de</strong> trabalho, <strong>ida<strong>de</strong></strong> que começou a trabalhar e<br />

há quanto tempo parou, fonte <strong>de</strong> renda, valor da renda do idoso e da família e algumas<br />

informações sobre o domicílio.<br />

Quando perguntados sobre o tipo <strong>de</strong> trabalho que realizaram por mais tempo em<br />

suas vidas, é possível observar nos resultados expressos no Gráfico 22, que o trabalho <strong>de</strong><br />

dona <strong>de</strong> casa foi o mais referido, com 34,40%; professor veio em seguida com 14,20%;<br />

funcionário público aparece com 9,80%; costureira representa 5,30% e função<br />

administrativa no setor privado representa 5,02%.<br />

Gráfico 22 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação ao<br />

Tipo <strong>de</strong> Trabalho que Realizaram por Mais Tempo em Suas Vidas. Recife, 1998.<br />

Quando relacionamos sexo e profissão observamos um arranjo bem distinto daquele<br />

apresentado anteriormente para o grupo como um todo. Entre as 308 mulheres, 39,40%<br />

referem ser dona <strong>de</strong> casa; a profissão <strong>de</strong> professora aparece em seguida com 15,25%, para<br />

os 50 homens o percentual <strong>de</strong> professor é <strong>de</strong> 4%; costureira representa 5,30% entre<br />

mulheres.<br />

Adm. Privado<br />

Costureira<br />

Func. Publ.<br />

Professor<br />

Outros<br />

Do Lar<br />

5,02%<br />

5,30%<br />

9,80%<br />

14,20%<br />

31,28%<br />

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00%<br />

Com relação <strong>à</strong> quant<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> anos trabalhados a maior parte dos entrevistados,<br />

26,81%, trabalhou <strong>de</strong> 21 a 30 anos; 18,99% trabalharam <strong>de</strong> 31 a 40 anos; 8,65%, trabalham<br />

<strong>de</strong> 10 a 20 anos e 6,14%, trabalharam <strong>de</strong> 41 a 50 anos. (Gráfico 23)<br />

34,40%<br />

71


Gráfico 23 –Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

ao Tempo <strong>de</strong> Trabalho Durante a Vida. Recife, 1998<br />

18,99%<br />

Até 10a. 11 a 20a. 21 a 30a 31 a 40a. 41 a 50a. Mais <strong>de</strong> 50a.<br />

Sobre a <strong>ida<strong>de</strong></strong> em que começaram a trabalhar, observamos que 39,94% iniciaram<br />

ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> trabalho entre os 10 e 19 anos <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>; 16,48%, entre os 20 e 29 anos; nos<br />

extremos encontramos 5,02% que começaram a trabalhar a partir dos 30 anos e 3,07% que<br />

iniciaram antes dos 10 anos <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>.(Gráfico 24)<br />

Gráfico 24 –Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

<strong>à</strong> Ida<strong>de</strong> em que Começaram a Trabalhar. Recife, 1998<br />

Menos <strong>de</strong> 10a.<br />

30 e mais<br />

20 a 29a.<br />

10 a 19a.<br />

6,14%<br />

3,07%<br />

5,02%<br />

1,67%<br />

16,48%<br />

2,23%<br />

8,65%<br />

26,81%<br />

39,94%<br />

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00%<br />

Quanto <strong>à</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong> em que pararam <strong>de</strong> trabalhar, verificamos que a maioria dos idosos,<br />

15,36%, parou entre os 55 e 59 anos; 13,41% é o percentual referente tanto <strong>à</strong>queles que<br />

pararam entre os 50 e 54 anos quanto dos que ainda trabalham; 9,22% pararam entre os 60<br />

e 64 anos e apenas 2,51% pararam <strong>de</strong> trabalhar após os 70 anos <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>. (Gráfico 25)<br />

72


Gráfico 25 –Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

<strong>à</strong> Ida<strong>de</strong> em que Pararam <strong>de</strong> Trabalhar. Recife, 1998<br />

16,00%<br />

14,00%<br />

12,00%<br />

10,00%<br />

8,00%<br />

6,00%<br />

4,00%<br />

2,00%<br />

0,00%<br />

55 a 59a.<br />

50 a 54a.<br />

Ainda Trab.<br />

60 a 64a.<br />

65 a 69a.<br />

Os resultados em relação <strong>à</strong> renda <strong>de</strong>monstram que apenas (17) 4,74% dos<br />

entrevistados referem não ter renda própria e todas são mulheres. Entre aqueles que<br />

possuem renda, 66,80% recebem aposentadoria e 38,30%, pensão do cônjuge.<br />

Questionados se essa renda é suficiente para suprir suas <strong>de</strong>spesas, as respostas positivas e<br />

negativas se equivalem, 43,90% dizem que sim e 42,50% que não.<br />

Quando utilizamos o Salário Mínimo como parâmetro para expressar a distribuição<br />

da renda do idoso, verificamos que entre os 337 idosos que referiram ter rendimentos, a<br />

maior parte dos entrevistados, 27,89%, percebe <strong>de</strong> 7 a 10 salários mínimos; 24,33% <strong>de</strong> 4 a<br />

6; 18,40 % <strong>de</strong> 1 a 3 e nos extremos encontramos 6,53% percebendo menos <strong>de</strong> um salário<br />

mínimo e 6,23% mais <strong>de</strong> 20. (Tabela 8).<br />

Tabela 8 –Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>, que Possuem Renda,<br />

Tomando como Parâmetro o Salário Mínimo. Recife, 1998<br />

45 a 49a.<br />

Mais<strong>de</strong> 70a.<br />

Antes-45a.<br />

Salário(s) Mínimo Total %<br />

Menos <strong>de</strong> Um 22 6,53<br />

1 a 3 62 18,40<br />

4 a 6 82 24,33<br />

7 a 10 94 27,89<br />

11 a 15 31 9,20<br />

16 a 20 25 7,42<br />

Mais <strong>de</strong> 20 21 6,23<br />

Total 337 100,00<br />

O mesmo critério acima utilizamos para a distribuição da renda familiar e<br />

observamos que 25,78 % dos idosos referem renda familiar entre 7 e 10 salários mínimos;<br />

73


18,21%, renda familiar acima <strong>de</strong> 20 salários mínimos e apenas 6,19% <strong>de</strong>claram renda<br />

familiar inferior a um salário mínimo. (Tabela 9)<br />

Tabela 9–Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Renda das 291<br />

Famílias que a Possuem, Tomando como Parâmetro o salário mínimo. Recife, 1998<br />

Salário(s) Mínimo Total %<br />

Menos <strong>de</strong> Um 18 6,19<br />

1 a 3 15 5,15<br />

4 a 6 41 14,09<br />

7 a 10 75 25,78<br />

11 a 15 44 15,12<br />

16 a 20 45 15,46<br />

Mais <strong>de</strong> 20 53 18,21<br />

Total 337 100,00<br />

As condições do domicílio <strong>de</strong>monstram que os entrevistados contam com condições<br />

favoráveis <strong>de</strong> moradia, como: água encanada, eletric<strong>ida<strong>de</strong></strong>, ligação com re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgotos e<br />

gela<strong>de</strong>ira, além <strong>de</strong> a maioria possuir televisão, rádio e telefone. O percentual <strong>de</strong> 19,60% <strong>de</strong><br />

idosos que referem possuir computador, é baixo quando comparado aos <strong>de</strong>mais itens,<br />

indicando pouco uso <strong>de</strong>sse equipamento por parte dos idosos estudados. (Tabela 10)<br />

Tabela 10 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

a Algumas Condições do Domicílio. Recife, 1998<br />

Condições Sim % Não % Total %<br />

Água encanada 352 98,30 6 1,70 358 100,00<br />

Eletric<strong>ida<strong>de</strong></strong> 357 99,70 1 0,30 358 100,00<br />

Ligação com a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgotos 310 86,60 46 12,80 358 100,00<br />

Gela<strong>de</strong>ira/congelador 357 99,70 1 0,30 358 100,00<br />

Rádio 347 96,90 11 3,11 358 100,00<br />

Televisão 356 99,40 2 0,60 358 100,00<br />

Vi<strong>de</strong>ocassete 235 65,60 123 34,40 358 100,00<br />

Computador 70 19,60 288 80,40 358 100,00<br />

Telefone 319 89,10 39 10,90 358 100,00<br />

Automóvel 184 51,40 174 48,60 358 100,00<br />

No que se refere <strong>à</strong> condição <strong>de</strong> residência, a maioria dos entrevistados, 75,10%, é<br />

proprietário do imóvel on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>; 12,30% moram em residência cedida sem custo e<br />

8,10%, resi<strong>de</strong>m em moradia alugada. (Gráfico 26)<br />

74


Gráfico 26 –Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

<strong>à</strong> Situação <strong>de</strong> Residência. Recife, 1998<br />

8,10%<br />

2,00%<br />

12,30%<br />

2,50%<br />

Propriet. Conjug. Alug. Ced. Outro<br />

75,10%<br />

Perguntados sobre sua situação econômica atual, comparada a <strong>de</strong> quando tinham 50<br />

anos <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>, 40,80% dos idosos acreditam que está melhor; 32,40%, que está pior e<br />

26,80% referem ser a mesma.(Gráfico 27)<br />

Gráfico 27 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação <strong>à</strong> Percepção<br />

Sobre Sua Situação Econômica Atual em Comparação a Quando Tinham 50 Anos. Recife, 1998.<br />

50,00%<br />

40,00%<br />

30,00%<br />

20,00%<br />

10,00%<br />

0,00%<br />

40,80%<br />

32,40%<br />

Melhor Pior A mesma<br />

26,80%<br />

4.6. Necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s e Problemas que Afetam os Entrevistados – Seção VIII<br />

Perguntados sobre suas principais necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s, os entrevistados, relatam por<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za: a necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> econômica, com 57,00%; <strong>de</strong> segurança, com 55,90% e<br />

necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> companhia e contato pessoal com 34,60%. (Tabela 11)<br />

75


Tabela 11 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

<strong>à</strong>s Suas Principais Necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s/Carências. Recife, 1998<br />

Necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s/Carências Sim % Não % Total %<br />

Econômica 204 57,00 154 43,00 358 100,00<br />

Moradia 32 8,90 326 91,10 358 100,00<br />

Transporte 64 17,90 294 82,10 358 100,00<br />

Lazer 121 33,80 237 66,20 358 100,00<br />

Segurança 200 55,90 158 44,10 358 100,00<br />

Saú<strong>de</strong> 119 33,20 239 66,80 358 100,00<br />

Alimentação 22 6,10 336 93,90 358 100,00<br />

Companhia e contato pessoal 124 34,60 234 65,40 358 100,00<br />

Sobre o problema mais importante do dia-a-dia, observamos que 35,50%, não<br />

relatam problema importante; 14,80%, problema econômico; 12,00% referem preocupação<br />

com filhos e netos e ao qualificarmos outros problemas encontramos: solidão e carência<br />

afetiva; dificulda<strong>de</strong>s em ajudar mais as pessoas; dificulda<strong>de</strong>s com problemas domésticos,<br />

tanto em relação <strong>à</strong>s tarefas quanto a empregados e preocupação com a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> familiares<br />

como, cônjuge, irmãos, sobrinhos, entre outros. (Gráfico 28)<br />

Gráfico 28 – Distribuição dos Idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> em Relação<br />

ao Principal Problema do Seu Dia-a-Dia. Recife, 1998.<br />

Outros<br />

Filhos/netos<br />

Solidão<br />

Famil/conflito<br />

Moradia<br />

Violência<br />

Saú<strong>de</strong><br />

Econ.<br />

S/ prob.<br />

3,10%<br />

1,40%<br />

4,70%<br />

17,00%<br />

12,00%<br />

7,80%<br />

5,00%<br />

14,80%<br />

33,50%<br />

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00%<br />

76


5. DISCUSSÃO<br />

De acordo com os objetivos propostos, para proce<strong>de</strong>r a discussão dos resultados<br />

seguiremos o mesmo critério utilizado para sua apresentação, qual seja, o faremos por<br />

seções. A relação <strong>de</strong> variáveis entre uma seção e outra ou na mesma seção, será feita <strong>à</strong><br />

medida em que julguemos necessária ou importante para uma melhor compreensão.<br />

5.1 – Informações Gerais – Seção I<br />

Comparando os primeiros resultados <strong>de</strong>ste estudo com perfis <strong>de</strong> outras experiências<br />

<strong>de</strong> <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>s Abertas, notamos que há muita semelhança, ou seja, a proporção maior<br />

<strong>de</strong> mulheres é uma característica constante. Uma pesquisa realizada nas <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>s da<br />

Terceira Ida<strong>de</strong> na França (UTIs) * , referida por PEIXOTO (1997), revelou que entre os<br />

participantes, 70% são mulheres. Em pesquisa realizada no Projeto Senior * da<br />

<strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Estadual Paulista (UNESP), TELAROLLI et al. (1997) referem que 86,46%<br />

dos participantes são do sexo feminino, GOLDMAN (1997) afirma que em um estudo com<br />

idosos <strong>de</strong> <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>s Abertas, tanto pública quanto privada, também há uma<br />

predominância maciça <strong>de</strong> mulheres. VERAS & KENNETH (1995), referem em pesquisa<br />

realizada na <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong> da <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Estadual do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro (<strong>UnATI</strong>/UERJ) que mais <strong>de</strong> 80% dos participantes são mulheres e no perfil da<br />

<strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta para a Terceira Ida<strong>de</strong> no Nor<strong>de</strong>ste, situada do Maranhão (UNITI) *<br />

referido por CARNEIRO (1998), aponta também para uma clientela predominantemente<br />

feminina.<br />

VERAS (1994) enfatiza que o padrão <strong>de</strong> envelhecimento por sexo e <strong>ida<strong>de</strong></strong>,<br />

observado no Brasil, segue o mesmo padrão observado em países <strong>de</strong>senvolvidos. O autor<br />

refere que além dos fatores genéticos e biológicos comumente utilizados para tentar<br />

explicar uma maior expectativa <strong>de</strong> vida da mulher, outras explicações também são<br />

referidas: a diferença na exposição a riscos, diferença no consumo <strong>de</strong> tabaco e álcool,<br />

diferença na atitu<strong>de</strong> em relação <strong>à</strong>s doenças e a evolução no atendimento médico obstétrico.<br />

* Essas experiências admitem pessoas com menos <strong>de</strong> 60 anos.<br />

78


BERQUÓ (1992a) também verifica que a proporção maior <strong>de</strong> mulheres idosas em relação<br />

aos homens idosos é comum tanto no primeiro quanto no terceiro mundo. Para a autora, os<br />

dados apontam para uma associação direta entre o envelhecimento populacional e a<br />

mulher, não só pelos números, mas também pelos cuidados dispensados aos idosos ser uma<br />

função feminina: “tem cabido tradicionalmente e vai continuar cabendo <strong>à</strong> mulher o<br />

cuidado com a família” (p. 28). A autora chama atenção para as transformações ocorridas<br />

nos arranjos familiares nos últimos tempos e alerta que para que o idoso seja mantido junto<br />

<strong>à</strong> sua família é preciso, primeiro, que esta exista.<br />

Com relação <strong>à</strong> proporção <strong>de</strong> gênero para a população idosa, os dados <strong>de</strong>mográficos,<br />

no Brasil e em muitos países, <strong>de</strong>monstram que existem mais mulheres do que homens e<br />

que esta proporção feminina aumenta conforme aumenta a <strong>ida<strong>de</strong></strong> (PRATA & SAAD, 1992;<br />

VERAS, 1994; TELAROLLI et al. 1997; PEIXOTO, 1997 e EL ENVEJECIMIENTO...,<br />

1999). Segundo VERAS (1994) as brasileiras vivem em média cinco anos mais que os<br />

homens. Em Pernambuco, segundo IBGE (1992) os dados censitários <strong>de</strong> 1991 <strong>de</strong>monstram<br />

que da população com 60 anos e mais, as mulheres representam 4,58%, observamos<br />

também que no Estado o número proporcional <strong>de</strong> idosas aumenta em relação direta com o<br />

aumento da <strong>ida<strong>de</strong></strong>, ou seja, segue o mesmo comportamento referido acima.<br />

Em estudos populacionais realizados com população acima <strong>de</strong> 60 anos encontram-<br />

se mais mulheres do que homens como já referimos, porém, essa diferença é menor do que<br />

a encontrada neste estudo e do que as experiências análogas aqui referidas. Em se tratando<br />

<strong>de</strong> programas especiais <strong>de</strong>stinados a essa população, o número proporcional <strong>de</strong> mulheres<br />

cresce, uma vez que os homens procuram menos esse tipo <strong>de</strong> participação, e também para<br />

esse fato várias são as explicações: as mulheres ficam viúvas e mais solitárias na <strong>terceira</strong><br />

<strong>ida<strong>de</strong></strong>; já os homens, ten<strong>de</strong>m a outro casamento, culturalmente os homens resistem a<br />

engajar-se em ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> cunho mais cultural, educacional e lúdico, já que o lazer ainda<br />

é visto como oposto ao trabalho e <strong>à</strong> responsabil<strong>ida<strong>de</strong></strong>, porém, essas inferências carecem <strong>de</strong><br />

melhores investigações.<br />

Portanto, qualquer ação <strong>de</strong>stinada <strong>à</strong> população idosa, seja ela ampla ou não, <strong>de</strong>verá<br />

consi<strong>de</strong>rar o universo feminino na <strong>terceira</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong> e suas peculiar<strong>ida<strong>de</strong></strong>s, pois como afirma<br />

BERQUÓ (1996), “não cabe dúvida <strong>de</strong> que a feminização do envelhecimento precisa ser<br />

consi<strong>de</strong>rada na atenção que os idosos venham a merecer” (p. 33). Vale ressaltar que,<br />

79


Dressel (1988) apud VERAS (1994, p. 49), afirma que “as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais não<br />

po<strong>de</strong>m ser meramente atribuídas ao sexo, mas também <strong>à</strong> classe social e <strong>à</strong> raça, e que esses<br />

dois fatores são estratificadores primários das vidas das pessoas, tanto quanto o sexo. As<br />

mulheres idosas apenas refletem a estratificação e a discriminação da socieda<strong>de</strong> contra os<br />

idosos”.<br />

Devido <strong>à</strong> gran<strong>de</strong> proporção <strong>de</strong> mulheres presente neste estudo, as discussões aqui<br />

apresentadas estarão sempre perpassadas pela característica <strong>de</strong> gênero. Gênero aqui<br />

entendido como refere SILVA (1998), “como uma relação entre sujeitos historicamente<br />

<strong>de</strong>terminados, e não apenas como conceito <strong>de</strong>scritivo que <strong>de</strong>signa o masculino e o<br />

feminino” (p.148).<br />

No que se refere <strong>à</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>, a população estudada apresenta em sua maioria (72,06%),<br />

o que se <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> “jovens idosos”, compreendidos entre a faixa dos 60-69 anos <strong>de</strong><br />

<strong>ida<strong>de</strong></strong>. VERAS (1994), refere essa <strong>de</strong>nominação acrescentando os “meio idosos” para<br />

<strong>à</strong>queles entre 70-79 anos e “idosos velhos” para os que têm 80 anos e mais. O autor<br />

acrescenta que as duas primeiras categorias são mais significativas, porém, nos países<br />

<strong>de</strong>senvolvidos a cada dia estuda-se mais a população acima dos 80 anos. Tal interesse<br />

<strong>de</strong>ve-se ao aumento do número <strong>de</strong> idosos nessa faixa etária.<br />

Dados da Organização Panamericana <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>-OPS (EL ENVEJECIMIENTO...,<br />

1999) indicam que, haverá nas próximas décadas um importante crescimento do grupo <strong>de</strong><br />

pessoas acima <strong>de</strong> 75 anos na região das Américas, chegando a dobrar no período <strong>de</strong> 1990 -<br />

2020. Para o Brasil, a previsão é <strong>de</strong> que esse grupo etário aumente mais que o triplo no<br />

mesmo período, passando <strong>de</strong> 1,9 milhão para 7,1 milhões. Um cenário que aponta para o<br />

aumento do consumo <strong>de</strong> serviços sanitários, maior necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> suporte <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para<br />

doenças <strong>de</strong> longa duração, internamentos hospitalares e institucionalização, além <strong>de</strong> exigir<br />

revisão nos sistemas previ<strong>de</strong>nciários. Neste sentido, SAYEG (1996) também chama<br />

atenção para o crescimento do grupo etário <strong>de</strong> 80 anos e mais e apresenta dados que<br />

colocam Pernambuco entre os estados que superam a média nacional em relação <strong>à</strong><br />

população idosa <strong>de</strong> 80-89 anos, 90-99 e 100 anos e mais.<br />

Ao compararmos a <strong>ida<strong>de</strong></strong> do grupo aqui estudado com algumas outras experiências<br />

similares como em pesquisa realizada nas UTIs francesas, on<strong>de</strong> PEIXOTO (1997) refere<br />

80


que 48% dos participantes tinham entre 60-69 anos, 25% tinham 70 anos e mais,<br />

percebemos que a maioria é <strong>de</strong> “jovens idosos”; VERAS & KENNETH (1995),<br />

encontraram em pesquisa realizada na <strong>UnATI</strong>/UERJ que mais <strong>de</strong> 80% dos participantes<br />

têm menos <strong>de</strong> 65 anos e quase todos menos <strong>de</strong> 70 anos;. GOLDMAN (1997) refere em<br />

seus estudos que na experiência <strong>de</strong> univers<strong>ida<strong>de</strong></strong> privada, 74,35% têm menos <strong>de</strong> 70 anos e<br />

na pública esse número <strong>de</strong> “jovens idosos” cresce para 91,51%, tendência esta também<br />

observada na UNITI (CARNEIRO, 1998), ou seja, os dados aqui apresentados mostraram-<br />

se semelhantes aos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>.<br />

A julgar que, para freqüentarem programas como o da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> é necessário<br />

uma competência e manejo razoáveis em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho das ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s<br />

instrumentais <strong>de</strong> vida diária (AIVD), que possuem um nível <strong>de</strong> complex<strong>ida<strong>de</strong></strong> maior que as<br />

ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> vida diária (AVD) e que, com o aumento da <strong>ida<strong>de</strong></strong> aumenta<br />

proporcionalmente o aparecimento <strong>de</strong> algum grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência tanto nas AVDs quanto<br />

nas AIVDs, é compreensível a maior freqüência <strong>de</strong> idosos jovens que estão com sua<br />

capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> funcional preservada. Porém, a ausência <strong>de</strong> estudos populacionais e <strong>de</strong> perfil <strong>de</strong><br />

outros grupos <strong>de</strong> idosos no Estado, não nos permite afirmar qual(is) a(s) causa(s) mais<br />

provável(is) da pouca participação <strong>de</strong> idosos mais velhos no Programa. Em relação <strong>à</strong> esta<br />

questão VERAS & KENNETH (1995) referem que a composição etária observada em<br />

populações <strong>de</strong> <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>s Abertas refletem não apenas a composição etária da<br />

população geral, como também que os usuários serviços <strong>de</strong>sse tipo, ten<strong>de</strong>m a apresentar<br />

melhores condições econômicas, <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> mobil<strong>ida<strong>de</strong></strong>, do que a média dos idosos.<br />

RAMOS (1999) refere em Conferência na Oficina <strong>de</strong> Trabalho para discussão da<br />

Política Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Idoso, seu estudo <strong>de</strong> seguimento com população idosa<br />

realizado no município <strong>de</strong> São Paulo, on<strong>de</strong> os idosos com maior <strong>de</strong>pendência para o<br />

<strong>de</strong>sempenho das AVDs, apresentaram um risco três vezes maior <strong>de</strong> morrer do que aqueles<br />

mais autônomos e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Portanto, ações <strong>de</strong> promoção e manutenção da<br />

autonomia e in<strong>de</strong>pendência, bem como educação para o autocuidado, são estratégias<br />

importantes a serem <strong>de</strong>senvolvidas com a população <strong>de</strong> idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>.<br />

Quando estabelecemos uma relação entre a <strong>ida<strong>de</strong></strong> e o gênero dos participantes da<br />

<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>, encontramos que o grupo se mostra equilibrado em relação <strong>à</strong> representação<br />

nas faixas <strong>de</strong> 60-69 anos e 70-79 anos, porém na faixa dos que têm 80 anos e mais<br />

81


encontramos que entre os homens 4% estão nesta faixa, enquanto que entre as mulheres<br />

apenas 0,98% têm 80 anos e mais.<br />

Para PEIXOTO (1997) um dos motivos pelo qual os homens entram em programas<br />

<strong>de</strong>sse tipo mais tar<strong>de</strong> do que as mulheres, <strong>de</strong>ve-se, provavelmente, <strong>à</strong> diferença <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong><br />

para aposentadoria, os homens aposentam-se mais tar<strong>de</strong>.<br />

Quanto <strong>à</strong> c<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> procedência nos parece justificada, no grupo estudado, a maior<br />

participação (82,12%) <strong>de</strong> moradores <strong>de</strong> Recife, já que o Programa situa-se nesta c<strong>ida<strong>de</strong></strong>,<br />

porém é importante salientarmos a presença <strong>de</strong> 17,88% <strong>de</strong> idosos que se <strong>de</strong>slocam <strong>de</strong><br />

c<strong>ida<strong>de</strong></strong>s vizinhas para freqüentarem as ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s do Programa na <strong>UFPE</strong>, <strong>de</strong>notando uma<br />

<strong>de</strong>manda por programas específicos nas suas c<strong>ida<strong>de</strong></strong>s e também a extensão das nossas<br />

ações. Vale ressaltar que todos os idosos do Programa resi<strong>de</strong>m em área urbana.<br />

BERQUÓ (1996), refere que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 50 até os dias <strong>de</strong> hoje a população<br />

idosa * , em especial as mulheres, concentra-se em áreas urbanas. Atualmente, segundo a<br />

autora, observa-se que as diferenças entre os idosos em meio urbano e a população total<br />

diminuiu. Refere ainda que, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar como motivos para esse fato: a migração<br />

campo-c<strong>ida<strong>de</strong></strong>, a alta taxa <strong>de</strong> mortal<strong>ida<strong>de</strong></strong> no meio rural e a mortal<strong>ida<strong>de</strong></strong> diferencial por<br />

sexo, motivos que são consonantes com o crescimento da urbanização, a maior<br />

sobrevivência nas c<strong>ida<strong>de</strong></strong>s e consequentemente com o maior número <strong>de</strong> idosas nas c<strong>ida<strong>de</strong></strong>s.<br />

A autora alerta que “na virada do século 82% da população idosa estará vivendo nas<br />

c<strong>ida<strong>de</strong></strong>s, estas precisam aparelhar-se para po<strong>de</strong>r oferecer recursos <strong>de</strong> várias or<strong>de</strong>ns<br />

<strong>de</strong>mandados pelos idosos” (p. 33).<br />

No que se refere ao bairro <strong>de</strong> procedência, comparando os achados atuais a<br />

levantamentos dos cadastros <strong>de</strong> inscritos no Programa em 1997 ** , observamos uma maior<br />

participação <strong>de</strong> idosos resi<strong>de</strong>ntes no entorno da <strong>UFPE</strong>, ou seja, em bairros como C<strong>ida<strong>de</strong></strong><br />

Universitária, Engenho do Meio, Várzea e Iputinga, totalizando (15,65%). Não é objetivo<br />

<strong>de</strong>ste estudo investigar o porquê do aumento <strong>de</strong>ssa a<strong>de</strong>são, porém nos parece muito<br />

positiva, uma vez que a comun<strong>ida<strong>de</strong></strong> vizinha está se beneficiando das ações <strong>de</strong>senvolvidas<br />

pela <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>. Boa Viagem, um bairro que fica distante da <strong>UFPE</strong>, continua sendo o<br />

* Aqui consi<strong>de</strong>rada pela autora a partir <strong>de</strong> 65 anos e valerá p/ esta discussão, sempre que aparecer BERQUÓ (1996).<br />

82


airro <strong>de</strong> on<strong>de</strong> mais proce<strong>de</strong>m idosos (11,73%). O Programa hoje atinge 69 bairros do<br />

Recife e Região Metropolitana, reforçando o comentário já feito <strong>de</strong> que o Programa está<br />

com uma abrangência territorial consi<strong>de</strong>rável. O bairro <strong>de</strong> Santo Antônio apresenta a maior<br />

proporção <strong>de</strong> idosos, e não está representado no Programa.<br />

É importante ressaltar ainda em relação ao bairro <strong>de</strong> procedência, que os resultados<br />

<strong>de</strong>ste estudo diferem dos encontrados no grupo da <strong>UnATI</strong>/UERJ, referido por PEIXOTO<br />

(1997), on<strong>de</strong> quanto ao bairro <strong>de</strong> procedência, a maioria (57,2%) dos participantes mora<br />

nos bairros próximos <strong>à</strong> <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>, enquanto na <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>, a maioria vem <strong>de</strong> locais<br />

mais distantes. VERAS & KENNETH (1995), em pesquisa também referente <strong>à</strong><br />

<strong>UnATI</strong>/UERJ, confirmam que 50% dos idosos vêm <strong>de</strong> bairros próximos e que são bairros<br />

<strong>de</strong> pessoas com uma renda média mais alta quando comparada ao resto do município. No<br />

caso, os nossos resultados diferem dos acima referidos uma vez que a <strong>UFPE</strong> situa-se em<br />

uma área menos privilegiada sócio-economicamente em relação <strong>à</strong> área do bairro <strong>de</strong> Boa<br />

Viagem, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> proce<strong>de</strong>m a maioria dos idosos, ou seja, a maioria dos idosos da<br />

<strong>UnATI</strong>/UERJ proce<strong>de</strong>m <strong>de</strong> bairros próximos, cuja renda é diferenciada; a maioria dos<br />

idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> proce<strong>de</strong>m <strong>de</strong> um bairro mais distante, porém com renda média<br />

também diferenciada. Po<strong>de</strong>ríamos então supor que a participação <strong>de</strong> idosos em programas<br />

como este dá-se mais pela diferenciação sócio-econômica que pela<br />

proxim<strong>ida<strong>de</strong></strong>/oportun<strong>ida<strong>de</strong></strong> geográfica e/ou pela proporção <strong>de</strong> idosos por bairro.<br />

O nível <strong>de</strong> escolar<strong>ida<strong>de</strong></strong> encontrado entre os idosos estudados difere daquele<br />

observado para a população idosa em geral, <strong>de</strong>monstrando uma diferenciação <strong>de</strong>ste grupo<br />

no que se refere ao nível <strong>de</strong> instrução, que em sua maioria é composta por indivíduos que<br />

possuem segundo e terceiro graus. Experiências análogas mostram resultados semelhantes,<br />

segundo referem os estudos <strong>de</strong> VERAS & KENNETH (1995) e <strong>de</strong> PEIXOTO (1997). Os<br />

dados são consonantes e parecem ir confirmando que o idoso que freqüenta <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>s<br />

Abertas tem um padrão sócio-econômico e cultural acima da média da população idosa em<br />

geral.<br />

BERQUÓ (1992b), referindo-se a dados relativos <strong>à</strong> década <strong>de</strong> 80, afirma que 53%<br />

das pessoas entre 60-69 anos são analfabetas e entre aquelas com 70 anos e mais esse<br />

** Levantamento documental das fichas <strong>de</strong> inscrição no Programa <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> no ano <strong>de</strong> 1997.<br />

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índice é <strong>de</strong> 44%. A maior parte dos idosos possui pouca educação formal (PRATA &<br />

SAAD, 1992;VERAS, 1994 e BERQUÓ, 1996). No Brasil, segundo VERAS (1994) * ,<br />

“50,3% dos homens com 70 anos e mais referiam saber ler e escrever, porém entre estes,<br />

50,4% referiam terem terminado apenas o curso primário” (p. 49). O autor afirma ainda<br />

que, hoje, a faixa on<strong>de</strong> encontram-se pessoas com maior proporção <strong>de</strong> alfabetização está<br />

compreendida entre os 29 a 39 anos e on<strong>de</strong> encontra-se a mais baixa proporção é na faixa<br />

<strong>de</strong> pessoas acima dos 60 anos.<br />

BERQUÓ (1992b), chama atenção para o fato <strong>de</strong> que quando consi<strong>de</strong>ramos os<br />

idosos da população do país como um todo, essa coorte <strong>de</strong> idosos <strong>de</strong> hoje, vem <strong>de</strong> uma<br />

época on<strong>de</strong> o acesso <strong>à</strong> educação era precário, portanto, essa diferenciação no nível<br />

educacional dos idosos aqui estudados, os coloca com maior chance <strong>de</strong> enfrentar a velhice,<br />

do que os <strong>de</strong>mais idosos.<br />

Ao estabelecermos uma relação entre as variáveis escolar<strong>ida<strong>de</strong></strong> e gênero<br />

encontramos em nosso estudo que entre os homens o nível <strong>de</strong> escolar<strong>ida<strong>de</strong></strong>, embora a<br />

diferença seja pequena, é mais alto que o das mulheres. Essa diferença, segundo VERAS<br />

(1994) e BERQUÓ (1996), reflete a organização social do início do século, on<strong>de</strong> o acesso<br />

<strong>à</strong> educação era para uma elite social e particularmente para os homens. Acrescentam<br />

portanto, uma reflexão importante, hoje as mulheres idosas estão sós e com menos chance<br />

<strong>de</strong> lidarem com as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua velhice, principalmente quando as políticas públicas<br />

são insuficientes para atendê-las. Segundo BERQUÓ (1996), 40% dos homens e 48% das<br />

mulheres <strong>de</strong>claram-se analfabetos, 50% possuem o curso primário completo, esse baixo<br />

nível escolar se agrava <strong>à</strong> medida em que avança a <strong>ida<strong>de</strong></strong>, assim como a diferença por<br />

gênero, que também aumenta quanto mais avança a <strong>ida<strong>de</strong></strong>.<br />

Observamos que os dados <strong>de</strong>ste censo, relacionando nível <strong>de</strong> instrução e sexo, são<br />

semelhantes aos encontrados na <strong>UnATI</strong>/UERJ, referidos por PEIXOTO (1997), on<strong>de</strong> entre<br />

os homens a maioria possui segundo e terceiro graus e nenhum é analfabeto; para as<br />

mulheres os achados foram, que entre aquelas com 70 anos e mais, o nível <strong>de</strong> instrução era<br />

proporcionalmente mais baixo. Para as mais jovens, ou seja, até os 69 anos, um terço não<br />

* Dados relativos <strong>à</strong> década <strong>de</strong> 1980.<br />

84


completou o primeiro grau. Segundo a autora “essas mulheres foram socializadas para o<br />

casamento e para cuidarem <strong>de</strong> maridos e filhos” (p. 61).<br />

No nosso censo, os resultados quanto ao estado conjugal <strong>de</strong>monstram que <strong>de</strong> uma<br />

maneira geral, a maioria dos idosos encontra-se entre viúvos e casados, estes dados são<br />

bastante semelhantes aos encontrados para a <strong>UnATI</strong>/UERJ por VERAS & KENNETH<br />

(1995). GOLDMAN (1997) também refere resultados semelhantes para a experiência<br />

privada, a maioria é <strong>de</strong> viúva e para a pública observou uma maior proporção <strong>de</strong> casadas.<br />

Por fim, CARNEIRO (1998) refere que na UNITI a maioria dos participantes é <strong>de</strong> casados.<br />

Porém, quando <strong>de</strong>sagregamos nossos resultados por sexo, os dados são<br />

surpreen<strong>de</strong>ntes, a diferença entre homens e mulheres corroboram com achados<br />

<strong>de</strong>mográficos para o Brasil segundo dados referidos por BERQUÓ (1996) e para as<br />

Américas, on<strong>de</strong> a diferença entre sexo e <strong>ida<strong>de</strong></strong> se reflete claramente no estado civil (EL<br />

ENVEJECIMIENTO..., 1999). Essa diferença evi<strong>de</strong>ncia-se bastante na população<br />

estudada, ou seja, a maior parte das mulheres está viúva e essa proporção aumenta <strong>à</strong><br />

medida em que aumenta a <strong>ida<strong>de</strong></strong>; já os homens em sua maioria encontram-se casados,<br />

po<strong>de</strong>ndo ser a primeira união ou não. Entre as mulheres quase a meta<strong>de</strong> é viúva, contra<br />

apenas 8,00% <strong>de</strong> homens viúvos; pouco mais <strong>de</strong> um quarto das mulheres encontram-se<br />

casadas, enquanto entre os homens esse quantitativo cresce para mais <strong>de</strong> 80%. Os que<br />

referiram nunca terem casado, todas são mulheres. Em relação a esse último dado<br />

BERQUÓ (1996), refere que 7,6% das mulheres idosas chegam <strong>à</strong> <strong>terceira</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>, solteiras.<br />

Foi possível observarmos ainda que entre os idosos com cônjuges <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong> inferior<br />

a 60 anos, (83,30%) são homens e dos (16,67%) <strong>de</strong> mulheres essa diferença <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong> é <strong>de</strong><br />

um ou dois anos, já em relação <strong>à</strong>s companheiras femininas as diferenças são maiores,<br />

chegando até a 20 anos. Nesse sentido BERQUÓ (1996), refere que em apenas 9% dos<br />

casais as mulheres eram mais velhas do que seus maridos. Aqui, mais uma questão se<br />

coloca, sendo o cuidado uma função exercida basicamente pelas mulheres, esses homens<br />

mais velhos e casados com mulheres mais jovens, têm em potencial com quem contar caso<br />

necessitem <strong>de</strong> cuidados, já as mulheres não po<strong>de</strong>m contar com essa possibil<strong>ida<strong>de</strong></strong>, essa<br />

reflexão encontra respaldo em BERQUÓ (1996), a autora refere que são muito maiores “as<br />

chances das mulheres viverem as perdas da capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> física e mental sem apoio do<br />

marido no caso das <strong>de</strong>scasadas e viúvas e sem filhos no caso das solteiras e das sem filhos<br />

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sobreviventes” (p. 30). VERAS (1994) refere ainda que as chances da viuvez aumentam<br />

para as mulheres <strong>à</strong> medida que a <strong>ida<strong>de</strong></strong> avança e também diminuem as chances <strong>de</strong> um<br />

segundo casamento, principalmente com homens mais jovens e mesmo não sendo comum<br />

casar-se após os 60 anos, os homens tem mais chance <strong>de</strong> fazê-lo do que as mulheres, tanto<br />

os viúvos quanto os solteiros. Ainda segundo o autor, outros estudos revelam que homens e<br />

mulheres casados apresentam taxas <strong>de</strong> mortal<strong>ida<strong>de</strong></strong> mais baixas do que homens e mulheres<br />

divorciados, viúvos e solteiros, e portanto sugerem, que “a companhia é um fator positivo<br />

para o prolongamento da vida na <strong>ida<strong>de</strong></strong> avançada” (p. 45).<br />

Quanto <strong>à</strong> relação entre estado civil e gênero é possível percebermos que os dados<br />

por nós encontrados para os idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> são consonantes aos encontrados por<br />

PEIXOTO (1997) para a <strong>UnATI</strong>/UERJ.<br />

Várias são as justificativas para esse cenário, sendo possível observar um consenso<br />

entre vários autores e referências. Os autores referem que a maior longev<strong>ida<strong>de</strong></strong> das<br />

mulheres, associada a um conjunto <strong>de</strong> fatos históricos <strong>de</strong> caráter sócio-culturais que<br />

<strong>de</strong>terminam que as mulheres casem-se com homens mais velhos (em média 3 anos),<br />

acabam favorecendo um maior número <strong>de</strong> mulheres viúvas, (chegando a 3,6 para 1), além<br />

do que as mulheres <strong>de</strong>scasadas e viúvas recasam-se menos que os homens nas mesmas<br />

situações, o resultado são períodos <strong>de</strong> solidão mais longos para as mulheres viúvas do que<br />

para os homens viúvos. (VERAS, 1996; BERQUÓ, 1996 e EL ENVEJECIMIENTO...,<br />

1999)<br />

No grupo estudado observamos que no arranjo domiciliar o aspecto “morar só”<br />

chama atenção, pois no geral (15,92%) dos idosos apresentam-se nesta condição, mesmo<br />

que, segundo PEIXOTO (1997) isto possa refletir as transformações ocorridas na estrutura<br />

familiar nos últimos anos, não significando necessariamente abandono ou isolamento;<br />

sabemos também, que po<strong>de</strong> constituir-se em algum nível <strong>de</strong> risco para o idoso e, portanto,<br />

esse é um dado muito importante <strong>de</strong> ser analisado em conjunto com outras informações<br />

referentes a autonomia e in<strong>de</strong>pendência e também <strong>à</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte social. Observamos<br />

que (24,02%) dos idosos vivem em arranjo unigeracional, ou seja, com o cônjuge e embora<br />

seja numericamente pouco expressivo é possível observar também o arranjo<br />

multigeracional, on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>m o idoso mais filhos e netos.<br />

86


Ao compararmos os resultados <strong>de</strong>ste estudo com os dados referidos por BERQUÓ<br />

(1992b) para a população geral, on<strong>de</strong> 8,26% das pessoas <strong>de</strong> 60 anos moram sós,<br />

observamos que os achados para os idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> chegam a quase o dobro.<br />

Relembramos porém, que os nossos dados não po<strong>de</strong>m ser extrapolados e não são<br />

representativos da população total e, consi<strong>de</strong>rando o cenário feminino do envelhecimento<br />

populacional já referido anteriormente, permite-nos enten<strong>de</strong>r essa diferença ilustrativa aqui<br />

observada, que comparada ao achado <strong>de</strong> RAMOS (1992), para o município <strong>de</strong> São Paulo,<br />

on<strong>de</strong> 12% dos idosos vivem sozinhos, com os <strong>de</strong> PEIXOTO (1997), para a <strong>UnATI</strong>/UERJ,<br />

on<strong>de</strong> do geral (37%) vivem sós e com os <strong>de</strong> GOLDMAN (1997), on<strong>de</strong> na experiência <strong>de</strong><br />

univers<strong>ida<strong>de</strong></strong> privada quase a meta<strong>de</strong> dos participantes mora só, enquanto que na<br />

univers<strong>ida<strong>de</strong></strong> pública essa proporção gira em torno <strong>de</strong> um quarto dos participantes,<br />

percebemos que <strong>à</strong> medida que se particulariza o grupo as semelhanças po<strong>de</strong>m ou não se<br />

estabelecerem.<br />

PEIXOTO (1997) refere que a proporção <strong>de</strong> idosos que mora só aumenta <strong>à</strong> medida<br />

que avança a <strong>ida<strong>de</strong></strong> segundo seus achados para a <strong>UnATI</strong>/UERJ on<strong>de</strong>, entre as pessoas <strong>de</strong><br />

até 69 anos, 33% moram sós e esse número cresce para 45% para <strong>à</strong>queles com 70 anos e<br />

mais.<br />

Ao <strong>de</strong>sagregarmos o arranjo domiciliar por gênero, vamos cada vez mais<br />

reforçando a relação entre o feminino e o envelhecimento. Neste caso os nossos achados<br />

são bastante consonantes com outros achados para a população geral e para grupos<br />

análogos. Encontramos que apenas 6% dos homens vivem sós, enquanto que entre as<br />

mulheres esse número cresce para 17%. Comparando com experiências semelhantes,<br />

observamos a partir dos dados referidos por PEIXOTO (1997), para a <strong>UnATI</strong>/UERJ, que<br />

37% das mulheres vivem sós e para os homens a proporção cai para 14%, são resultados<br />

bastante semelhantes aos nossos.<br />

PEIXOTO (1997) traz uma reflexão importante a partir dos seus estudos na<br />

<strong>UnATI</strong>/UERJ. Refere que as mulheres que não estão casadas, tem opção <strong>de</strong> arranjos<br />

domiciliares que variam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> morar com filho ou filha solteiros, com filho casado ou com<br />

outras pessoas não familiares. Já os homens que não estão casados, moram sós ou com<br />

filho solteiro, portanto, têm menos possibil<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> outros arranjos e conclui que “após os<br />

70 anos se não vivem mais com o cônjuge, o <strong>de</strong>stino dos homens é <strong>de</strong> viver sós” (p. 59).<br />

87


Para a autora esse fato parece justificar-se <strong>de</strong>vido ao forte vínculo afetivo entre mães e<br />

filhos e por isso estes têm mais disponibil<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> cuidar das mães do que dos pais idosos.<br />

Acreditamos que temos também que consi<strong>de</strong>rar que, além da questão do vínculo<br />

afetivo ser mais forte com as mães do que com os pais, talvez, no caso dos homens idosos,<br />

sejam mais limitadas as possibil<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> arranjo com os filhos casados, pelo fato <strong>de</strong> ser<br />

mais difícil encontrar “um lugar” para o homem idoso nessa dinâmica familiar, enquanto<br />

que para a mulher, as funções domésticas são mais facilmente absorvidas e “o lugar” mais<br />

facilmente encontrado. O homem idoso era “chefe” <strong>de</strong> sua família e <strong>de</strong> sua casa e,<br />

portanto, dava o tom da dinâmica, é mais difícil para ele também adaptar-se a uma família<br />

<strong>à</strong> qual não chefia.<br />

Em relação aos dados <strong>de</strong>mográficos para a população geral BERQUÓ (1992 a) * ,<br />

refere que 50% das mulheres moram sós e para os homens a condição <strong>de</strong> morar só é<br />

transitória. A autora (1996) acrescenta ainda que a proporção <strong>de</strong> mulheres, a partir dos 65<br />

anos <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>, vivendo sozinha aumenta com a <strong>ida<strong>de</strong></strong> o que não ocorre com os homens.<br />

RAMOS (1992) refere que os arranjos multigeracionais são mais comuns entre as mulheres<br />

e os viúvos em geral, e entre os viúvos a maioria é mulher.<br />

5.2 – Utilização <strong>de</strong> Serviços Médicos e Dentários – Seção II<br />

Quanto <strong>à</strong> utilização <strong>de</strong> serviços médicos, nos resultados observados no nosso censo<br />

com os idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>, encontramos que a maioria dos entrevistados (69,00%) é<br />

usuária <strong>de</strong> plano e/ou seguro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> privado, portanto os usuários <strong>de</strong> serviço público<br />

constituem uma minoria. Dessa forma, é notório o alto quantitativo <strong>de</strong> idosos que utilizam<br />

serviço médico privado (plano/seguro saú<strong>de</strong>), quando somados aqueles que utilizam<br />

consultas e médicos particulares. Denotando um grupo com um po<strong>de</strong>r aquisitivo<br />

diferenciado o suficiente para ter assistência <strong>à</strong> saú<strong>de</strong> privada, pois sabemos que os valores<br />

pagos para pessoas a partir dos 60 anos são em geral altos. *<br />

* Dados censitários para 1980.<br />

* A pesquisa foi realizada antes da reforma que hoje regulamenta os planos e/ou seguros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> privados.<br />

88


Questionando sobre a freqüência <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> alguns tipos <strong>de</strong> serviços médicos<br />

durante os três meses que antece<strong>de</strong>ram a entrevista, observamos que os mais utilizados<br />

foram consultas médicas, exames clínicos e consulta ao <strong>de</strong>ntista, embora esta última em<br />

menor proporção (23,70%). Os serviços referidos quando utilizados mais <strong>de</strong> uma vez no<br />

mesmo período são as consultas médicas e os exames clínicos. A maior parte dos idosos<br />

estudados (88,55%) <strong>de</strong>monstra-se satisfeita com os serviços médicos utilizados, porém<br />

entre os insatisfeitos, a maioria estava entre usuários <strong>de</strong> serviço público <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, embora<br />

um número consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> usuários <strong>de</strong> planos e/ou seguros privados também tenham<br />

referido alguma insatisfação. MEDEIROS & KARSCH (1992) referem que para idosos <strong>de</strong><br />

um bairro <strong>de</strong> São Paulo o atendimento <strong>à</strong> saú<strong>de</strong> do idoso que não tem convênio, é<br />

consi<strong>de</strong>rado péssimo.<br />

A principal queixa dos idosos em relação aos serviços médicos, tanto público<br />

quanto privados, foi relacionada ao tempo, seja <strong>de</strong> espera no consultório ou para a<br />

marcação <strong>de</strong> consultas/exames. A burocracia, a falta <strong>de</strong> confiança no sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<br />

nos procedimentos médicos, o medo da medicação falsificada e a dificulda<strong>de</strong> e receio em<br />

realizar alguns exames também foram referidos, nesse último caso os exames que mais<br />

constrangem são os ginecológicos.<br />

No que se refere <strong>à</strong> utilização <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong>ntários observamos um comportamento<br />

semelhante <strong>à</strong>quele dos serviços médicos, ou seja, apenas uma minoria utiliza serviço<br />

odontológico público, havendo um predomínio <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> serviço odontológico particular<br />

para o qual a maioria dos usuários também refere bom nível <strong>de</strong> satisfação. Um dado<br />

preocupante é o fato <strong>de</strong> que (26,80%) dos idosos referem que “não procuram serviços<br />

odontológicos há muito tempo”, esta pergunta como está formulada no questionário não<br />

permite que se precise esse “há muito tempo”, porém, subjetivamente, o idoso nos informa<br />

que não vem dando <strong>à</strong> sua saú<strong>de</strong> oral o cuidado merecido, logo é um dado que merece<br />

<strong>de</strong>staque uma vez que, segundo dados do Ministério da Saú<strong>de</strong> referentes a 1986, 75% das<br />

pessoas acima <strong>de</strong> 60 anos no Brasil não têm mais nenhum <strong>de</strong>nte natural, entre estes alguns<br />

usam próteses, em sua maioria imperfeitas ou mal adaptadas, e muitos nem as usam. Isso<br />

compromete a boa alimentação e, consequentemente, o estado nutritivo. Observa-se,<br />

também, comprometimento da estética facial e da fala, o que po<strong>de</strong> influir em sua<br />

socialização.<br />

89


As únicas ajudas/apoios que os idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> referem fazer uso são<br />

óculos e próteses <strong>de</strong>ntárias. Os que referem necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> substituir essa ajuda<br />

representam 40%. Este fato <strong>de</strong>monstra indiretamente o alto grau <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>sse<br />

grupo. Vale ressaltar que, atualmente em gerontologia as atenções voltam-se cada dia mais<br />

para as ajudas técnicas ou dispositivos <strong>de</strong> ajuda, que convencionalmente estão sendo<br />

<strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> tecnologia assistiva para referir-se aos equipamentos que são<br />

<strong>de</strong>senvolvidos por profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em parceria com profissionais das áreas <strong>de</strong><br />

tecnologia, engenharia e artes, e são utilizados para a facilitação do cotidiano dos idosos<br />

e/ou dos cuidadores. Estes equipamentos seguem um nível <strong>de</strong> complex<strong>ida<strong>de</strong></strong> compatível<br />

com o grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> cada usuário, po<strong>de</strong>ndo as intervenções serem realizadas em<br />

nível ambiental que favorecerá também grupos <strong>de</strong> idosos com algum grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência.<br />

Segundo ABREU (1998), tecnologia assistiva é <strong>de</strong>finida pela Technology-Related<br />

Assistance for Individuals with Disabilities Act, <strong>de</strong> 1998, como: “qualquer item, parte <strong>de</strong><br />

equipamento ou sistema <strong>de</strong> um produto, adquirido comercialmente, modificado ou<br />

construído <strong>de</strong> acordo com necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s ou preferências pessoais, que é usado para<br />

aumentar, manter ou melhorar as capac<strong>ida<strong>de</strong></strong>s funcionais <strong>de</strong> indivíduos com<br />

incapac<strong>ida<strong>de</strong></strong>” (p. 82).<br />

Portanto, a indicação a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> dispositivos <strong>de</strong> ajuda para idosos com algum<br />

grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência, significa estar promovendo e preservando sua capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> funcional e<br />

consequentemente, sua saú<strong>de</strong>, relembrando que em gerontologia o conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> na<br />

<strong>ida<strong>de</strong></strong> avançada estabelece relação direta com a capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> funcional.<br />

O uso <strong>de</strong> medicação por idosos é uma gran<strong>de</strong> preocupação dos profissionais <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, pois sabe-se que a maioria dos idosos, por apresentarem polipatologias em geral <strong>de</strong><br />

natureza crônica, acabam consumindo fármacos em quant<strong>ida<strong>de</strong></strong> e qual<strong>ida<strong>de</strong></strong> diversas.<br />

COLLEY & LUCAS (1993) apud RAMOS (1995, p. 4), chama atenção para duas<br />

situações que po<strong>de</strong>m ser observadas na administração da terapêutica medicamentosa em<br />

idosos, a primeira é a polifarmácia, que segundo o autor, “está relacionada ao uso <strong>de</strong> pelo<br />

menos uma droga <strong>de</strong>snecessária num rol <strong>de</strong> prescrições supostamente necessárias”, a<br />

segunda situação é a iatrogenia, que “configura o efeito patogênico <strong>de</strong> uma droga ou da<br />

interação <strong>de</strong> várias drogas”; o autor enfatiza que estas são duas situações que acontecem<br />

muito em nosso meio. Segundo ROCHA (1996), há a necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> um conhecimento<br />

90


sólido sobre as alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas que ocorrem com o<br />

envelhecimento, pois a alta prevalência <strong>de</strong> problemas clínicos somada ao uso <strong>de</strong><br />

medicamentos concomitantes, torna a prescrição medicamentosa para a população idosa<br />

muito particular. Para RAMOS (1995) esse conhecimento é fundamental para que se<br />

obtenha “um efeito terapêutico máximo com reações adversas mínimas” (p.4).<br />

ROZENFELD (1997) refere que a iniqü<strong>ida<strong>de</strong></strong> social observada, principalmente em<br />

países em <strong>de</strong>senvolvimento, não permite o acesso ao uso <strong>de</strong> medicamentos a boa parte da<br />

população que necessitaria <strong>de</strong> seu uso. Porém, alerta a autora, isto não significa que quem<br />

tem acesso <strong>à</strong> medicação esta a<strong>de</strong>quadamente tratado, pois, existem distorções importantes<br />

nesse perfil <strong>de</strong> utilização dos medicamentos. Ela acredita que sejam prescritos mais<br />

medicamentos para idosos que para outros grupos, sem que esteja clara a a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong>ssa<br />

prescrição. Ainda segundo a autora, 23,5% dos idosos recebe, no mínimo, um fármaco<br />

consi<strong>de</strong>rado impróprio.<br />

O baixo número ou ausência <strong>de</strong> geriatras em serviços públicos ou privados <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, resulta na freqüência <strong>de</strong> consultas por parte dos idosos a vários especialistas que<br />

tratam cada um <strong>de</strong> sua “especial<strong>ida<strong>de</strong></strong>” não aten<strong>de</strong>ndo os idosos em sua integral<strong>ida<strong>de</strong></strong>. Em<br />

conseqüência, acaba ocorrendo uma terapêutica medicamentosa para cada queixa, o que<br />

aumenta em muito a chance da polifarmácia.<br />

ROZENFELD (1997) refere que “em países <strong>de</strong>senvolvidos, o percentual <strong>de</strong><br />

indivíduos acima dos 65 anos que não toma nenhum remédio oscila entre 4% a 7%,<br />

po<strong>de</strong>ndo chegar a 25% <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das características metodológicas do estudo e dos<br />

aspectos culturais do país focado” (p. 13)..<br />

Nesse sentido, MARUCI & GOMES (1996) referem dados para a população norte-<br />

americana, on<strong>de</strong> o grupo etário <strong>de</strong> 65 anos e mais (11% da população total) consomem<br />

25% dos medicamentos prescritos no país. Entre os idosos norte-americanos, 70%<br />

consomem medicamentos e, entre aqueles não institucionalizados, o consumo é <strong>de</strong> em<br />

média 4,5 medicamentos. DIAZ (1996) refere que dados semelhantes se observam na<br />

Inglaterra, on<strong>de</strong> 17% da população é composta por idosos e consomem pelo menos 30%<br />

dos medicamentos. MARUCI & GOMES (1996) chamam atenção para a automedicação,<br />

pois esse comportamento aumenta ainda mais o risco <strong>de</strong> interações ina<strong>de</strong>quadas além <strong>de</strong>,<br />

91


continuam as autoras, po<strong>de</strong>r provocar efeitos adversos sobre o estado nutricional dos<br />

idosos. MOSEGUI (1998) encontrou em um estudo com os participantes * da <strong>UnATI</strong>/UERJ<br />

que 83,8% das idosas referem consumir medicação prescrita por médico, os <strong>de</strong>mais por<br />

vizinhos, amigos, veículos <strong>de</strong> comunicação, balconistas <strong>de</strong> farmácias e drogarias. RAMOS<br />

(1995) refere que em um inquérito domiciliar com idosos resi<strong>de</strong>ntes no município <strong>de</strong> São<br />

Paulo, 76% dos idosos tomam pelo menos uma medicação regularmente, as mulheres<br />

muito idosas (80 anos ou mais) são quem mais consomem medicamentos, 92% referem<br />

usar drogas prescritas pelo médico e apenas 6% se automedicam.<br />

DIAZ (1996) alerta, ainda, para dois outros problemas em relação ao uso <strong>de</strong><br />

medicação em pessoas idosas, um refere-se ao uso ina<strong>de</strong>quado, o outro <strong>à</strong> não-a<strong>de</strong>são <strong>à</strong><br />

terapêutica medicamentosa. A autora refere os estudos <strong>de</strong> BODY e col. (1974), on<strong>de</strong> foi<br />

<strong>de</strong>monstrado que em pacientes ambulatoriais, a não compreensão do esquema<br />

medicamentoso correspon<strong>de</strong>u ao uso ina<strong>de</strong>quado das prescrições, sendo que os doentes<br />

com 65 anos ou mais <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong> apresentaram o mais baixo nível <strong>de</strong> compreensão. Este<br />

acaba sendo um problema maior do que mesmo a não-a<strong>de</strong>são, ocasionando falha na<br />

obediência ao esquema terapêutico. A autora refere ainda que existem outros fatores além<br />

da falta <strong>de</strong> compreensão que influem na não-a<strong>de</strong>são ao uso dos medicamentos, como:<br />

fatores técnicos, fatores biológicos, fatores predominantemente psicológicos e sociais e<br />

ainda fatores mistos, alertando que os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem estar atentos a essas<br />

questões.<br />

Neste estudo, um número bastante elevado <strong>de</strong> idosos do Programa (80,70%),<br />

referem fazer uso <strong>de</strong> remédios, a maioria diz que são prescritos por um médico e a maior<br />

parte não <strong>de</strong>clara dificulda<strong>de</strong> para obtenção da medicação, este achado é semelhante ao<br />

encontrado por MOSEGUI (1998) já referido acima. O questionário por nós utilizado não<br />

aprofunda em quantos e quais são essas medicações, porém, diante do exposto acima,<br />

po<strong>de</strong>mos inferir que os resultados corroboram <strong>de</strong> alguma forma essas reflexões e indicam<br />

possibil<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> que esses idosos venham a ser vítimas da polifarmácia, carecendo<br />

receber informações sobre o tema. Os 19,30% que não referem uso <strong>de</strong> medicamentos<br />

<strong>de</strong>monstram um número equivalente ao dobro do encontrado por MOSEGUI (1998) para<br />

os participantes da <strong>UnATI</strong>/UERJ, on<strong>de</strong> apenas 9% das participantes não tomavam nenhum<br />

* Nesse estudo foram investigadas apenas as mulheres.<br />

92


tipo <strong>de</strong> medicamento, vale relembrar que neste estudo só as mulheres foram estudadas.<br />

Embora em nosso estudo as informações sejam referentes ao uso <strong>de</strong> medicamentos por<br />

homens e mulheres, não encontramos diferenças importantes, entre os 50 homens (40)<br />

80,00% fazem uso <strong>de</strong> medicação e entre as 308 mulheres (249) 88,85%.<br />

Quanto ao tipo <strong>de</strong> medicamentos usados por idosos, MEYER & REIDENBERG<br />

(1992) apud RAMOS (1995, p. 4) refere que as drogas mais usadas mundialmente por<br />

idosos são: primeiro as cardiovasculares, seguidas <strong>de</strong> analgésicos e antiflamatórios,<br />

laxativos e antiácidos, ansiolíticos, hipnóticos e por fim, drogas que não requerem<br />

prescrição como vitaminas e sais minerais.<br />

A figura da filha aparece, para os idosos do nosso censo, como sendo a pessoa<br />

eleita para dispensar-lhes cuidados caso venham a ficar doentes ou incapacitados; o<br />

cônjuge, o filho e outra pessoa da família são citados, porém em menor escala. Quando se<br />

referem a alguém fora da família, trata-se sempre <strong>de</strong> um profissional, que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong><br />

enfermagem (enfermeiros ou auxiliares) ou ainda um leigo. Esses profissionais são,<br />

obviamente, contratados, sendo portanto externos ao arranjo familiar. MEDEIROS &<br />

KARSCH (1992), encontraram em estudo realizado em um bairro no município <strong>de</strong> São<br />

Paulo resultados semelhantes aos <strong>de</strong>sse estudo com relação <strong>à</strong> importância da filha para os<br />

idosos e afirmam: “A filha é a pessoa mais importante para qualquer velho, nesta c<strong>ida<strong>de</strong></strong><br />

ou neste país. É quem ajuda a resolver os problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> doença, <strong>de</strong> ajuda física”<br />

(p. 36).<br />

Esta questão é preocupante e permite-nos diversas reflexões, primeiro a crença <strong>de</strong><br />

que a filha irá dispensar-lhes cuidados e nesta crença está embutida uma cobrança, mais<br />

uma vez retomamos a função feminina do cuidado para com os idosos, lembrando que há<br />

uma gran<strong>de</strong> chance <strong>de</strong> que esta filha esteja inserida no mercado <strong>de</strong> trabalho e ainda que<br />

esta possa ter sua própria família com filhos inclusive, que naturalmente <strong>de</strong>mandam<br />

cuidados. Para VERAS (1996) essa é uma função, tradicionalmente ligada <strong>à</strong> mulher, e o<br />

fato <strong>de</strong> não serem recompensadas financeiramente, passa a exigir novas formas <strong>de</strong><br />

administração <strong>de</strong>ssa questão, principalmente nos gran<strong>de</strong>s centros urbanos. SILVA (1998)<br />

refere que em seus estudos tem encontrado dados consonantes com a literatura em geral,<br />

que constatam que a maior parte dos cuidadores domiciliares é mulher. A autora, alerta<br />

para o fato <strong>de</strong> que o cuidar do outro, e no caso, a mulher cuidadora, não é, como se<br />

93


concebe, tarefa “natural” da mulher, mas sim uma construção histórico-social, que se dá,<br />

essencialmente, na família. Esta reflexão, continua a autora, “<strong>de</strong>rruba as concepções que<br />

associam o cuidar a uma condição biológica e, portanto, natural” (p. 149).<br />

FELGAR (1998) refere dados relativos a um estudo realizado em São Paulo, com<br />

cuidadores <strong>de</strong> adultos * com seqüelas <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte vascular cerebral – AVC, on<strong>de</strong> encontrou<br />

que mais <strong>de</strong> 90% dos cuidadores são do sexo feminino.<br />

Outra crença observada é a <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>rão contratar um profissional da<br />

enfermagem para o cuidado, seja ele <strong>de</strong> nível superior ou não; colocam-se aqui duas<br />

questões importantes, uma que há carência <strong>de</strong> formação, tanto em nível superior quanto em<br />

nível médio, sobre geriatria e gerontologia para os profissionais da enfermagem e <strong>de</strong> outras<br />

categorias profissionais, a outra é que o custo <strong>de</strong>sses serviços é muito alto, além <strong>de</strong> ser em<br />

geral uma necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> longa duração. Portanto, como é pequeno o número<br />

<strong>de</strong> profissionais habilitados para tal final<strong>ida<strong>de</strong></strong>, implica necessariamente no crescimento do<br />

valor da remuneração. Alguns ainda referem que po<strong>de</strong>m contratar um leigo para essa<br />

tarefa, o que nos faz perceber um <strong>de</strong>sconhecimento da necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> pessoas<br />

para o cuidado com idosos. Para estes é como se essa fosse uma tarefa simples que<br />

qualquer um po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhá-la. As pessoas que cuidam <strong>de</strong> idosos são <strong>de</strong>nominadas na<br />

área da geriatria e gerontologia <strong>de</strong> “cuidadores”, sendo que <strong>de</strong> acordo com o grau <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pendência do idoso haverá necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> um cuidador melhor preparado.<br />

A maioria dos idosos estudados referiu terem tido filhos. Há uma equivalência <strong>de</strong><br />

proporção quanto ao gênero, estes são em média quatro filhos por idoso, indicando um<br />

nível razoável <strong>de</strong> possível re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajuda em caso <strong>de</strong> doença e/ou <strong>de</strong>pendência. Segundo<br />

LEME & SILVA (1996), a população idosa atual vem <strong>de</strong> um tempo on<strong>de</strong> a família, no<br />

caso a família ampliada, com convivência multigeracional (avós, filhos, tios, primos ...)<br />

tinha um papel importante na vida das pessoas e assegurava o cuidado dos seus membros.<br />

Essa referência, creio, se concretiza quando os idosos esperam ser cuidados por membros<br />

da família. Com o <strong>de</strong>clínio da família ampliada e estruturação da família nuclear várias<br />

vezes referidas neste estudo, fica claro que o cuidado em família torna-se cada vez mais<br />

difícil.<br />

* Adultos a partir dos 50 anos.<br />

94


O cenário da família nuclear em relação ao cuidado dos seus membros, em<br />

particular do idoso, é <strong>de</strong>nominado como sendo a “síndrome <strong>de</strong> insuficiência familiar”, ou<br />

seja, o não dispor <strong>de</strong>ssa possibil<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> cuidado po<strong>de</strong> trazer para o idoso situações <strong>de</strong><br />

morb<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> caráter físico, psíquico ou social. Essa síndrome po<strong>de</strong> ser dividida em dois<br />

tipos: a do filho único e a dos maus-tratos. A primeira é referida inclusive como sendo<br />

endêmica, pois há uma tendência mundial <strong>de</strong> famílias muito pequenas, <strong>de</strong> um único filho,<br />

aqui observa-se uma impossibil<strong>ida<strong>de</strong></strong> física <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> cuidados a seus idosos<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, não se tratando pois <strong>de</strong> rejeição, mas <strong>de</strong> impossibil<strong>ida<strong>de</strong></strong> real que acaba<br />

culminando na institucionalização. Na síndrome dos maus-tratos, observa-se realmente<br />

uma animos<strong>ida<strong>de</strong></strong> para com a pessoa cuidada, no caso o idoso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Essa é uma<br />

questão recente e ainda pouco estudada entre nós, mesmo em países mais <strong>de</strong>senvolvidos e<br />

em termos proporcionais há pouca literatura a respeito. O mau-trato po<strong>de</strong> ser voluntário ou<br />

involuntário, este último por falta <strong>de</strong> conhecimento ou possibil<strong>ida<strong>de</strong></strong> física real para prestar<br />

o cuidado, já o mau-trato voluntário, é cometido em geral pelo cônjuge feminino e em<br />

seguida pelos filhos adultos e, em menor grau, pelo cuidador profissional. É importante<br />

que se perceba aqui o estresse do cuidador <strong>de</strong> idoso com alta <strong>de</strong>pendência, chamado<br />

“doente oculto” e que também precisa ser cuidado (LEME & SILVA, 1996). Para<br />

VELASQUEZ et al. (1998,), “há que se criar mecanismos <strong>de</strong> proteção social que garanta<br />

a família a possibil<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> exercer seu papel <strong>de</strong> cuidador” (p.141). Segundo FELGAR<br />

(1998), mais <strong>de</strong> 90% dos participantes <strong>de</strong> seu estudo resi<strong>de</strong>m com a pessoa da qual cuidam.<br />

Fica claro, a partir <strong>de</strong>ssa afirmação, que o real suporte a idosos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes está no<br />

domicilio, a cargo da família.<br />

Retomando a problemática do cuidador, vemos que atualmente há uma gran<strong>de</strong><br />

discussão em nível nacional sobre esta questão, mas ainda não se chegou a um consenso.<br />

Informalmente, pessoas estão “cuidando” <strong>de</strong> idosos, seja em instituições <strong>de</strong> longa<br />

permanência ou em domicílios, em geral sem nenhuma formação para tal (BARETO,<br />

1995). Há a necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> e a família i<strong>de</strong>ntifica alguém que vai apren<strong>de</strong>ndo (ou não) com a<br />

prática; e nas instituições acontece mais ou menos o mesmo processo, alguns auxiliares <strong>de</strong><br />

enfermagem tratam das tarefas mais específicas, como curativos e administração <strong>de</strong><br />

medicação, porém os <strong>de</strong>mais cuidados são <strong>de</strong>sempenhados por pessoas contratadas que<br />

também apren<strong>de</strong>m (ou não) com a prática.<br />

95


Existem, atualmente, diversos cursos <strong>de</strong> formação, capacitação, treinamento ou<br />

outra <strong>de</strong>nominação similar, por todo Brasil, que se <strong>de</strong>stinam <strong>à</strong>s pessoas que cuidam e/ou<br />

<strong>de</strong>sejam cuidar <strong>de</strong> idosos, po<strong>de</strong>ndo também ser um familiar. Os cursos têm como objetivo<br />

instrumentalizar para o cuidado com o idoso com algum grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência, e assim<br />

facilitar o cotidiano do idoso e do cuidador, oferecendo mais qual<strong>ida<strong>de</strong></strong> nessa atenção e<br />

maior chance <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência e bem estar para o idoso.<br />

MENDES (1998) refere que nos países <strong>de</strong>senvolvidos os cuidados domiciliares<br />

para idosos são consi<strong>de</strong>rados como necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> social e conta-se com uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços<br />

públicos <strong>de</strong>stinados a esse suporte domiciliar. Existem, continua a autora, instituições<br />

oficiais que recrutam e treinam os voluntários da comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>; este trabalho é normatizado<br />

e regulado por políticas públicas. Ainda segundo a autora, esta não é a prática observada<br />

no Brasil, on<strong>de</strong> os cuidados prestados por um “voluntário da comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>” aos idosos<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, “ocorrem <strong>de</strong> forma espontânea”, isto é, são os familiares, amigos, vizinhos<br />

que aparecem para ajudar nos momentos críticos, não havendo nenhuma política pública<br />

<strong>de</strong>stinada a esse fim.<br />

Segundo MENDES (1998) BARER e JOHNSON (1990) referem que a <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> STONE, CAFFERATA e SANGL (1987) é a mais explícita, pois distingue o cuidador<br />

principal e o secundário <strong>de</strong> acordo com o grau <strong>de</strong> envolvimento <strong>de</strong> cada um nos cuidados<br />

prestados ao idoso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. O cuidador principal é aquele que tem a total ou a maior<br />

responsabil<strong>ida<strong>de</strong></strong> pelo cuidado prestado ao idoso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, no domicílio. Os cuidadores<br />

secundários seriam os familiares, voluntários e profissionais que prestam ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s<br />

complementares.<br />

O tema dos “cuidadores <strong>de</strong> idosos” tem gerado, por parte dos especialistas e dos<br />

po<strong>de</strong>res públicos no Brasil, gran<strong>de</strong>s polêmicas. Vários fóruns * nacionais e regionais têm<br />

acontecido no sentido <strong>de</strong> se chegar a um <strong>de</strong>nominador comum quanto <strong>à</strong> questão, <strong>de</strong> modo a<br />

permitir a proposição <strong>de</strong> políticas públicas que venham a normatizar as ações <strong>de</strong> cuidados a<br />

idosos no país.<br />

* I Curso <strong>de</strong> Aperfeiçoamento. para Instrutores no Cuidado com o Idoso - GO/1998 (Ministério da Previdência e<br />

Assistência Social); I Congresso Brasileiro da Associação Nacional <strong>de</strong> Gerontologia - RS/1998 (ANG); Oficicina <strong>de</strong><br />

Trabalho para Discussão da Política Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Idoso - DF/1999 (Ministério da Saú<strong>de</strong>).<br />

96


Segundo MENDES (1998) não há clareza nos critérios que se utilizam para <strong>de</strong>finir<br />

os cuidadores, levando a diversas <strong>de</strong>finições, algumas baseadas no vínculo parental, outras<br />

no tipo <strong>de</strong> cuidado prestado. As dúvidas são <strong>de</strong> diversas or<strong>de</strong>ns, discutiremos algumas a<br />

seguir.<br />

Quanto <strong>à</strong> <strong>de</strong>nominação: (cuidador formal/informal, leigo/ou não leigo,<br />

familiares/não familiares). A partir <strong>de</strong> vários autores, MENDES (1998) <strong>de</strong>staca uma<br />

<strong>de</strong>finição que permite distinguir o cuidador principal do secundário. Sendo o cuidador<br />

principal aquele que tem maior ou total responsabil<strong>ida<strong>de</strong></strong> pelo cuidado prestado no<br />

domicílio e o secundário seria o familiar, amigo, voluntário ou profissional que realiza<br />

ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s complementares. Segundo a autora (1998) “usa-se o termo cuidador formal<br />

(principal ou secundário) para o profissional contratado (aten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> enfermagem,<br />

acompanhante, empregada doméstica, etc.) e cuidador informal, usualmente os familiares,<br />

amigos e voluntários da comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>. Essas dificulda<strong>de</strong>s em se <strong>de</strong>finir o cuidador implica<br />

em dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r o real processo <strong>de</strong> cuidado a um idoso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte no<br />

domicílio, assim como a dinâmica que vai <strong>de</strong>finir o cuidador principal” (p. 173).<br />

Quanto <strong>à</strong> categorização: trata-se <strong>de</strong> função/trabalho/profissão. Essa questão foi<br />

discutida exaustivamente no I Curso <strong>de</strong> Aperfeiçoamento para Instrutores no Cuidado com<br />

o Idoso, promovido pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, em 1998, on<strong>de</strong><br />

estavam reunidos cerca <strong>de</strong> 40 especialistas, mas não se conseguiu chegar a um consenso,<br />

tendo sido retomada a discussão em Porto Alegre, no mesmo ano, on<strong>de</strong> foi apresentada<br />

para discussão uma proposta <strong>de</strong> um Projeto <strong>de</strong> Lei criando a categoria profissional <strong>de</strong><br />

“cuidador”, na referida proposta o cuidador não seria apenas para pessoas idosas, mas<br />

também para crianças e para pessoas portadoras <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, o que causou mais<br />

polêmicas ainda e, ao final, não se aprovou o prosseguimento da proposta, a avaliação dos<br />

especialistas presentes foi <strong>de</strong> que era preciso mais amadurecimento da questão.<br />

Quanto <strong>à</strong> formação: quem/como forma, qual o conteúdo/carga horária. Parte <strong>de</strong>ssa<br />

questão ficou <strong>de</strong>finida pelos Ministérios da Saú<strong>de</strong> e Previdência e Assistência Social, ou<br />

seja, foi informado durante a Oficina <strong>de</strong> Trabalho para discussão da Política Nacional <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> do Idoso, em 1999, que a responsabil<strong>ida<strong>de</strong></strong> da formação <strong>de</strong> cuidadores <strong>de</strong> idosos no<br />

Brasil será realizada pelos referidos Ministérios, porém a operacionalização <strong>de</strong>ssa parceria<br />

e da formação propriamente dita, não foi tratada na ocasião.<br />

97


É muito importante que essas discussões estejam acontecendo, esperamos que em<br />

breve alguns <strong>de</strong>sses impasses tenham soluções, pois os cuidados continuam sendo<br />

prestados seja por pessoas da família ou não (<strong>de</strong>vido não apenas <strong>à</strong> necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> da mulher<br />

que está no mercado <strong>de</strong> trabalho, mas também <strong>à</strong> complex<strong>ida<strong>de</strong></strong> da tarefa quando a<br />

<strong>de</strong>pendência é alta), com ou sem formação (quando essa existe não se sabe ao certo a<br />

serieda<strong>de</strong> da mesma e nem sempre há um acompanhamento, pois hoje essa é uma que<br />

<strong>de</strong>sponta no mercado e há que se ter cautela) e que recebem remunerações as mais<br />

variadas. A solução para esses impasses tornam-se ainda mais urgentes quando pensamos<br />

no risco <strong>de</strong> abusos e maus tratos (já referidos anteriormente) que po<strong>de</strong>m ser cometidos<br />

durante o cuidado, muitas das vezes por pura falta <strong>de</strong> conhecimento.<br />

Encontramos para o total dos idosos estudados (358), que 7,30% ou não sabem com<br />

quem contar em caso <strong>de</strong> uma necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong>sse tipo ou acreditam não po<strong>de</strong>r contar com<br />

ninguém e vale ressaltar que todos que <strong>de</strong>ram esta resposta são mulheres, isso significa que<br />

entre as 308 idosas entrevistadas 8,44% não sabem com quem contar em caso <strong>de</strong> doença<br />

e/ou incapac<strong>ida<strong>de</strong></strong>, corroborando assim, a discussão já trazida anteriormente, quanto <strong>à</strong><br />

chance das mulheres envelhecerem sós e não terem com quem contar para cuidá-las;<br />

diferentemente dos homens que estão em sua maior parte casados e são cuidados, na<br />

maioria das vezes, pela companheira. Aqui temos mais uma questão polêmica, a do papel<br />

do estado, que <strong>de</strong>ve oferecer meios para manter uma re<strong>de</strong> tal que permita a essa pessoa<br />

permanecer em socieda<strong>de</strong> ou a alternativa será institucionalização. No caso do Brasil o<br />

caminho mais comum é a institucionalização. Na verda<strong>de</strong>, não seria o maior problema se<br />

contássemos com um sistema <strong>de</strong> institucionalização geriátrica, hierarquicamente<br />

organizado, equipado e humanizado, que aten<strong>de</strong>sse ao idoso em suas diversas <strong>de</strong>mandas,<br />

pois em algumas situações, a institucionalização é a intervenção mais a<strong>de</strong>quada, porém ela<br />

se dá muitas das vezes por falta <strong>de</strong> opção, ou seja, por ainda não termos a implementação<br />

da Política Nacional do Idoso e no caso das instituições, por falta <strong>de</strong> uma política pública<br />

<strong>de</strong> orientação, regulação e fiscalização das instituições geriátricas no país.<br />

98


5.3. Ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> Vida Diária (AVD) – Seção IV<br />

Segundo dados sobre os indicadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da Espanha<br />

(INDICADORES...,1995), “o nível <strong>de</strong> capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> funcional do idoso é possivelmente o<br />

maior <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> sua situação vital e do tipo <strong>de</strong> assistência que precisará no futuro”<br />

(p. 115). Para RAMOS (1992), em uma avaliação do tipo multidimensional do idoso, como<br />

a realizada nesse estudo, é indispensável mensurar o grau <strong>de</strong> autonomia e in<strong>de</strong>pendência<br />

para realizar as tarefas mais simples <strong>de</strong> autocuidado, ou seja, sua capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> funcional. O<br />

autor refere que um estudo realizado com população idosa em São Paulo revela que uma<br />

elevada porcentagem dos idosos estudados, tem dificulda<strong>de</strong> para realizar as ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s da<br />

vida diária.<br />

Os resultados <strong>de</strong>ixam bastante claro que os idosos <strong>de</strong>sse estudo são autônomos e<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Mais <strong>de</strong> (90,00%) <strong>de</strong>les referem-se com capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> para <strong>de</strong>sempenhar as<br />

ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s que lhes foram perguntadas, sendo a única exceção, cortar as unhas dos pés<br />

on<strong>de</strong> (14,20%) <strong>de</strong>claram-se incapazes para fazê-lo sozinho, <strong>de</strong>ntre estes encontramos que a<br />

maioria é mulher e tem entre 60 e 69 anos <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>; já os poucos homens que referem esta<br />

dificulda<strong>de</strong>, só a referem em <strong>ida<strong>de</strong></strong> mais avançada, têm mais <strong>de</strong> 70 anos. São resultados<br />

mais satisfatórios do que os encontrados na população geral como já referimos algumas<br />

vezes neste estudo, ou seja, a maioria da população idosa apresenta-se com boa capac<strong>ida<strong>de</strong></strong><br />

funcional e vivendo na comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>, porém, neste grupo, o nível <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência máximo<br />

está presente, praticamente, na total<strong>ida<strong>de</strong></strong> do grupo.<br />

É importante relembrarmos que a capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> funcional no idoso é mensurada a<br />

partir do grau <strong>de</strong> autonomia e in<strong>de</strong>pendência e que o conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> na <strong>terceira</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>,<br />

hoje postulado, diz respeito <strong>à</strong> capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> funcional, ou seja, mesmo na presença <strong>de</strong><br />

patologia, se o indivíduo consegue manter um bom nível <strong>de</strong> funcional<strong>ida<strong>de</strong></strong> para o<br />

<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> suas AVDs e AIVDs ele é um idoso saudável, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e autônomo.<br />

CHIOVATTO (1996), referindo dados internacionais, permite-nos perceber a<br />

associação entre presença <strong>de</strong> patologias em idosos e presença <strong>de</strong> incapac<strong>ida<strong>de</strong></strong>s associadas<br />

a essas patologias, quando afirma que na presença <strong>de</strong> apenas uma condição patológica, 5%<br />

da população idosa refere necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> ajuda para uma ou mais AVDs, ou seja 95% dos<br />

idosos, mesmo diante <strong>de</strong> “uma” patologia mantém sua capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> funcional. Esse<br />

99


percentual cresce <strong>à</strong> medida em que aumenta o número <strong>de</strong> doenças associadas, chegando a<br />

55% entre os homens e 65% entre as mulheres, ou seja, quando há mais <strong>de</strong> uma patologia<br />

presente o percentual <strong>de</strong> idosos com algum nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência para a realização <strong>de</strong><br />

alguma AVD cresce <strong>de</strong> 5% para 55% ou 65% <strong>de</strong> acordo com o gênero. Esse dado reforça<br />

para nós que o grupo estudado apresenta um bom nível <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, tendo-se como parâmetro<br />

sua capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> funcional.<br />

Com relação <strong>à</strong> dificulda<strong>de</strong> para cortar as unhas dos pés é importante esclarecermos<br />

que trata-se <strong>de</strong> uma ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong> com alto nível <strong>de</strong> complex<strong>ida<strong>de</strong></strong> para sua realização. Ao<br />

analisá-la é possível perceber que para sua execução há exigência <strong>de</strong> habil<strong>ida<strong>de</strong></strong> e <strong>de</strong>streza,<br />

mobil<strong>ida<strong>de</strong></strong> corporal, força muscular, coor<strong>de</strong>nação motora, coor<strong>de</strong>nação viso-manual,<br />

manejo <strong>de</strong> objeto cortante e boa acu<strong>ida<strong>de</strong></strong> visual entre outras. Ao mesmo tempo em que o<br />

cuidado com os pés e as unhas do idoso vai além <strong>de</strong> um princípio básico <strong>de</strong> higiene, posto<br />

que se constitui em uma condição importante para a sua saú<strong>de</strong>, pois pés e unhas bem<br />

cuidados auxiliam a boa marcha, evitam cortes em pés diabéticos e/ou com problemas<br />

vasculares, evitam ressecamento e endurecimento maior das unhas que po<strong>de</strong>m encravar e<br />

machucar a pele e em paralelo, cuidar bem dos pés e unhas exige, segundo KNACKFUSS<br />

(1996) a escolha <strong>de</strong> calçados a<strong>de</strong>quados que não machuquem e que previnam e/ou<br />

possibilitem a correção ou minimizem as <strong>de</strong>form<strong>ida<strong>de</strong></strong>s existentes.<br />

CHIOVATTO (1996) em seu estudo, acima referido, encontrou uma diferença em<br />

relação ao nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência funcional entre homens e mulheres na presença <strong>de</strong> mais <strong>de</strong><br />

uma patologia, sendo essa <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> 55% e 65% respectivamente. Em nosso estudo a<br />

diferença entre os gêneros para o <strong>de</strong>sempenho das AVDs, foi observada que nos itens<br />

“preparar sua própria refeição” e “realizar ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s domésticas / manter a casa em<br />

or<strong>de</strong>m”, on<strong>de</strong> 16,00% dos homens não se acham em condições <strong>de</strong> preparar sua própria<br />

refeição sozinhos e 12,00% referem dificulda<strong>de</strong> para manter a casa em or<strong>de</strong>m, ou seja,<br />

realizar tarefas domésticas; enquanto que entre as mulheres apenas 1,62% e 5,84<br />

respectivamente. Mais um reflexo da diferença entre gêneros, neste grupo esta diferença<br />

não se apresenta, provavelmente, <strong>de</strong>vido apenas <strong>à</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong> avançada ou <strong>à</strong> presença <strong>de</strong> alguma<br />

patologia, relacionando-se mais a um comportamento cultural.<br />

Observamos a partir dos resultados um bom nível <strong>de</strong> sociabilização e a<strong>de</strong>quada<br />

ocupação do tempo livre, há uma variação <strong>de</strong> tarefas <strong>de</strong>sempenhadas que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> assistir<br />

100


a televisão até viagens longas, passando por ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s artísticas, culturais e religiosas.<br />

Verificamos uma menor participação nas ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s relacionadas <strong>à</strong> prática esportiva, on<strong>de</strong><br />

os idosos <strong>de</strong>clararam maciçamente não praticarem esportes. Praticamente todos os idosos<br />

mostraram-se satisfeitos com a ocupação do seu tempo livre. Os que referem alguma<br />

insatisfação dizem-se pouco motivados e sentindo falta <strong>de</strong> mais ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s, inclusive <strong>de</strong><br />

lazer.<br />

A maioria dos idosos <strong>de</strong>sse estudo, encontra-se <strong>de</strong> algum modo <strong>de</strong>sobrigado das<br />

tarefas do trabalho remunerado ou doméstico, o que segundo FERRARI (1996) lhes<br />

conce<strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> período <strong>de</strong> tempo livre. A autora chama atenção que a ocupação <strong>de</strong>sse<br />

tempo livre, salvo nos casos on<strong>de</strong> o idoso ingressa numa nova carreira ou busca ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s<br />

remuneradas como forma <strong>de</strong> complementar o déficit <strong>de</strong> renda conseqüente <strong>à</strong> aposentadoria,<br />

ten<strong>de</strong> cada vez mais a ser ocupado com ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> lazer, ou seja, ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s que<br />

permitem o <strong>de</strong>scanso, divertimento, recreação e entretenimento e ainda, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

pessoal. Entre as opções <strong>de</strong> locais que possibilitam essa vivência <strong>à</strong>s pessoas idosas, esta<br />

autora refere as <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>s Abertas <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> a possibil<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento pessoal coloca-se imperativa. Esta refere ainda que, infelizmente, o lazer<br />

ainda é visto <strong>de</strong> maneira preconceituosa nas socieda<strong>de</strong>s regidas pela produtiv<strong>ida<strong>de</strong></strong>, daí a<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns idosos, que viveram todo tempo anterior para o trabalho ou para o<br />

cuidado da casa, em encontrar maneiras <strong>de</strong> ocupação a<strong>de</strong>quada do tempo livre, além do<br />

<strong>de</strong>sconhecimento do benefício <strong>de</strong>ssa prática para o seu bem estar.<br />

Nesse sentido, MORAGAS E MORAGAS (1991) refere a importância dos<br />

Programas <strong>de</strong> Preparação para a Aposentadoria que entre outros objetivos contribuem para<br />

a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> novas alternativas e interesses, pois, refere o autor, o aposentado precisa<br />

estabelecer um novo ritmo <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>vido ao aumento do seu tempo livre.<br />

Por tudo que já foi referido, “compreen<strong>de</strong>-se que medir a qual<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> vida na<br />

população idosa supõe uma abordagem <strong>de</strong> tipo multidimensional, que vá além dos<br />

aspectos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, sejam estes relativos ao bem estar do tipo físico, funcional, emocional<br />

ou mental, para esten<strong>de</strong>r-se <strong>à</strong>s circunstâncias sociais, familiares, econômicas e do meio<br />

que ro<strong>de</strong>iam estas pessoas” (INDICADORES..., 1995, p.115).<br />

101


5.4. Recursos Sociais – Seção V<br />

Os resultados permite-nos verificar que os idosos <strong>de</strong>ste estudo mantêm uma boa<br />

interação social, a maioria mostra-se satisfeito com o relacionamento mantido com as<br />

pessoas com as quais resi<strong>de</strong>, no relacionamento com vizinhos, e on<strong>de</strong> mais observamos<br />

satisfação é na relação com os amigos.<br />

Observamos que, <strong>de</strong> modo geral, não há <strong>de</strong>pendência dos entrevistados em relação<br />

aos seus familiares, porém foi referido, pela maioria dos idosos, que a companhia e o<br />

cuidado pessoal, são aspectos on<strong>de</strong> os familiares fazem-se mais presentes, presença essa<br />

muito valorizada por eles.<br />

Os idosos <strong>de</strong>sse censo referem-se como provedores em potencial <strong>de</strong> seus familiares,<br />

mais da meta<strong>de</strong> ajuda seus familiares em termos financeiros e <strong>de</strong> moradia. Um percentual<br />

elevado (37,40%) <strong>de</strong> idosos referem cuidar <strong>de</strong> crianças, <strong>de</strong>notando esse papel<br />

<strong>de</strong>sempenhado pelo idoso na família, que por um lado é muito importante <strong>à</strong> medida em que<br />

permite o contato intergeracional, por outro po<strong>de</strong> constituir-se em uma “obrigação” para<br />

liberar filhas e noras para o mercado <strong>de</strong> trabalho, po<strong>de</strong>ndo comprometer sua autonomia<br />

para administrar o seu tempo.<br />

Ao contrário do que pensa o senso comum, os idosos não são apenas os que<br />

<strong>de</strong>mandam, mas são também provedores e consumidores em potencial, os dados acima<br />

referidos mostram-se consonantes com os apresentados para a população em geral. Os<br />

idosos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do gênero, participam ativamente da receita doméstica e que<br />

sua renda po<strong>de</strong> representar até 45% do orçamento familiar, <strong>à</strong> medida em que a <strong>ida<strong>de</strong></strong><br />

avança, essa participação diminui e per<strong>de</strong> mais valor a partir dos 75 anos <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong><br />

(TERCEIRA...,1999).<br />

As idosas dos países on<strong>de</strong> não há um bom sistema <strong>de</strong> previdência social, estão<br />

fadadas a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rem economicamente <strong>de</strong> terceiros, ou seja, dos mais jovens,<br />

principalmente as mais velhas, que como já vimos estarão viúvas com pouca ou nenhuma<br />

escolar<strong>ida<strong>de</strong></strong> e que em geral não possuem outros recursos e assim acabam constituindo-se<br />

em um grupo especialmente vulnerável (EL ENVEJECIMIENTO..., 1999). Trata-se <strong>de</strong><br />

102


uma situação bastante diferente da experenciada pelos idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>. Mais uma<br />

vez evi<strong>de</strong>ncia-se a particular<strong>ida<strong>de</strong></strong> do grupo estudado.<br />

A maioria dos idosos costuma receber visitas <strong>de</strong> amigos e familiares,<br />

principalmente dos filhos. MEDEIROS & KARSCH (1992) referem a “importância das<br />

relações <strong>de</strong> vizinhança e a valorização dos grupos que dão <strong>à</strong> mulher oportun<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong><br />

fazerem novas amiza<strong>de</strong>s” (p. 36). Nesse sentido, novamente a re<strong>de</strong> social assume<br />

importância, pois como refere DEBERT (1996), é a partir da “solidarieda<strong>de</strong> pública entre<br />

gerações” (p. 45), que respon<strong>de</strong>remos a muitas <strong>de</strong>mandas da população idosa. A<br />

experiência da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> tem colocado a possibil<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> ampliação do território<br />

existencial dos idosos <strong>à</strong> medida em que a cada curso conhecem novas pessoas e os<br />

encontros têm extrapolado o Campus da <strong>UFPE</strong>, originando novos amigos e grupos sociais.<br />

5.5. Recursos Econômicos – Seção VI.<br />

O fato da maioria dos idosos <strong>de</strong>ste estudo ser do gênero feminino e pertencer a uma<br />

coorte on<strong>de</strong> o papel fundamental da mulher era principalmente o cuidado da casa e da<br />

família, justifica que a função <strong>de</strong> dona <strong>de</strong> casa tenha predominado quando perguntamos o<br />

tipo <strong>de</strong> trabalho exercido a maior parte do tempo em sua vida, com (34,40%) das respostas<br />

para o grupo e (39,40%) para as mulheres. A segunda função mais referida foi a <strong>de</strong><br />

professor(a), on<strong>de</strong> dos 49 idosos que referem esta profissão 47 são mulheres; é um<br />

resultado também previsível, já que entre as mulheres que exerciam algum tipo <strong>de</strong> trabalho<br />

fora <strong>de</strong> casa, o magistério era consonante com o papel feminino; outra função também<br />

referida foi a <strong>de</strong> costureira que era “permitida” <strong>à</strong> mulher e podia ser exercida em casa.<br />

A maior parte dos entrevistados neste censo trabalhou durante um período<br />

compreendido entre 21 a 40 anos, tendo iniciado essa ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> trabalho ainda bem<br />

jovens, ou seja, antes dos vinte anos <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong> e pararam <strong>de</strong> trabalhar antes dos 60 anos. Um<br />

percentual <strong>de</strong> apenas (9,22%) ainda permanecem trabalhando. No Brasil, “62% dos<br />

homens que trabalham e têm entre 65 e 90 anos cumprem jornada mínima <strong>de</strong> 40 horas,<br />

cerca <strong>de</strong> 30% a 40% dos homens entre 70 a 80 anos trabalham, enquanto as mulheres<br />

cerca <strong>de</strong> 20 anos mais novas apresentam percentuais semelhantes” (TERCEIRA..., 1999,<br />

p. 2).<br />

103


BOUTIQUE & SANTOS (1996) referem que o período em que o idoso hoje<br />

aposentado esteve inserido no mercado <strong>de</strong> trabalho, que girou entre a década <strong>de</strong> 50 e 80,<br />

po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito como um período on<strong>de</strong> se consolidou o sistema capitalista no Brasil, sob<br />

o governo Vargas. Só após 1955, é que, segundo as autoras, a mão <strong>de</strong> obra feminina é<br />

incorporada com algum relevo no mercado <strong>de</strong> trabalho, porém em ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s que exigiam<br />

pouca escolar<strong>ida<strong>de</strong></strong> e experiência. As autoras acrescentam que o número cada dia mais<br />

crescente <strong>de</strong> trabalhadores oriundos <strong>de</strong> área rural, sem qualificação profissional, contribuiu<br />

para uma nova composição da classe operária no período compreendido entre 1930 e 1945.<br />

Des<strong>de</strong> os anos 80 convivemos com uma política econômica preocupada em pagar a<br />

dívida externa e as questões <strong>de</strong> interesse nacional não são <strong>de</strong>vidamente <strong>de</strong>batidas. O po<strong>de</strong>r<br />

central parece crer que a integração do Brasil <strong>à</strong> economia mundial <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> esforços que<br />

comprometem a soberania nacional. É nessa conjuntura adversa do país, on<strong>de</strong> se vê um<br />

arrefecer do movimento social e do movimento sindical, em particular, que os<br />

trabalhadores, hoje idosos, saíram do mercado <strong>de</strong> trabalho na condição <strong>de</strong> aposentados<br />

(BOUTIQUE & SANTOS, 1996).<br />

Os resultados em relação <strong>à</strong> renda <strong>de</strong>monstram que apenas (4,74%) dos<br />

entrevistados referem não ter renda própria e são todos do sexo feminino, mais uma vez<br />

observamos a diferença entre os gêneros. Entre aqueles que possuem renda, a maior parte<br />

recebe aposentadoria, ou seja, foram pessoas que tiveram 0acesso ao mercado formal <strong>de</strong><br />

trabalho e os <strong>de</strong>mais recebem pensão do cônjuge. Meta<strong>de</strong> refere que sua renda é suficiente<br />

para suprir suas <strong>de</strong>spesas, a outra meta<strong>de</strong> refere que não. Os achados <strong>de</strong>ste estudo são, em<br />

parte, consonantes aos referidos por PRATA & SAAD (1992), para a população geral on<strong>de</strong><br />

45% dos idosos são aposentados, ou seja, quase a meta<strong>de</strong> teve acesso ao mercado formal<br />

<strong>de</strong> trabalho. Para as mulheres, a situação é pior, há um percentual muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

mulheres sem rendimentos, este não é o caso da população feminina da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>,<br />

apesar <strong>de</strong> todos que não têm renda serem do sexo feminino o percentual é pequeno.<br />

Tanto a renda pessoal * dos idosos <strong>de</strong>sse censo quanto a renda familiar * é elevada<br />

quando comparada <strong>à</strong> população idosa aposentada e geral, variando para a maioria entre 7 e<br />

10 salários mínimos, seguida <strong>de</strong> um outro grupo que percebe entre 11 e 20 salários<br />

* Tomando como parâmetro o salário mínimo que <strong>à</strong> época da pesquisa era R$ 130,00.<br />

104


mínimos. A renda familiar segue um padrão semelhante como já referimos, sendo a<br />

maioria entre 11 e 20 salários mínimos e quase um quinto das famílias percebem acima <strong>de</strong><br />

20 salários mínimos.<br />

Quando comparamos nossos resultados com os encontrados por PEIXOTO (1994),<br />

para a <strong>UnATI</strong>/UERJ, percebemos que o nível econômico dos idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong> é<br />

mais alto, principalmente por tratar-se da região Nor<strong>de</strong>ste, on<strong>de</strong> o nível econômico é mais<br />

baixo em relação ao Su<strong>de</strong>ste, on<strong>de</strong> se localiza a comparação referida e lembrando que os<br />

achados nos <strong>de</strong>mais aspectos vêm-se equivalendo. Os resultados <strong>de</strong> GOLDMAN (1997)<br />

<strong>de</strong>monstram que, para a experiência em univers<strong>ida<strong>de</strong></strong> privada, observa-se um nível<br />

econômico mais alto do que os encontrados neste estudo, enquanto que para a univers<strong>ida<strong>de</strong></strong><br />

pública os índices foram equivalentes.<br />

No geral, a percepção dos idosos estudados, ao comparar sua atual situação<br />

econômica com quando tinham 50 anos, revela que a maioria acredita que está melhor ou<br />

que permanece a mesma.<br />

As condições <strong>de</strong> moradia referidas são favoráveis, quase a total<strong>ida<strong>de</strong></strong> dos idosos<br />

conta com água encanada, eletric<strong>ida<strong>de</strong></strong>, ligação com re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgotos e gela<strong>de</strong>ira, a maioria<br />

possui televisão, rádio e telefone. O computador po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado pouco utilizado<br />

quando comparado aos <strong>de</strong>mais itens; porém, olhando <strong>de</strong> um outro prisma, este aparece <strong>de</strong><br />

modo relevante, (19,60%) referem possuí-lo. Consi<strong>de</strong>rando a informatização mais ampla<br />

como um processo recente, mais precisamente da década <strong>de</strong> 80 para cá, e o uso doméstico<br />

do microcomputador mais recente ainda, basicamente <strong>de</strong>sta década, é um equipamento que<br />

não fez parte da ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> quase todos os idosos estudados. Entretanto,<br />

<strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>stacar que o número <strong>de</strong> idosos que possui computador neste grupo é<br />

importante, <strong>de</strong>notando um interesse pela atualização <strong>de</strong> conhecimentos e pelo novo, <strong>de</strong><br />

modo a estarem sintonizados com o que há <strong>de</strong> mais atual, sendo este também um indicativo<br />

<strong>de</strong> interação social, pois hoje a “linguagem” da informática faz-se necessária em diversas<br />

dimensões das nossas vidas, facilitando, inclusive, a comunicação intergeracional.<br />

A diferenciação sócio-econômica do grupo <strong>de</strong> idosos estudados, evi<strong>de</strong>ncia-se<br />

quando observamos que a maioria resi<strong>de</strong> em moradia própria e que apenas (8,10%),<br />

resi<strong>de</strong>m em moradia alugada. PEIXOTO (1994) refere resultados semelhantes em seus<br />

105


estudos e afirma que, para os idosos por ela estudados, o sonho da casa própria foi<br />

alcançado em bairros mais distantes, no subúrbio e também o grupo beneficiou-se do<br />

sistema financeiro <strong>de</strong> habitação que há tempos atrás era mais justo. A autora reforça que o<br />

fato <strong>de</strong> terem seu próprio imóvel os torna menos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos filhos, e assim, procuram<br />

outras formas <strong>de</strong> status social, como freqüentar uma univers<strong>ida<strong>de</strong></strong>.<br />

Participar da <strong>UFPE</strong> através da <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong> Aberta é, sem dúvida, uma condição <strong>de</strong><br />

status social. Essa afirmação po<strong>de</strong> ser observada nas suas condutas frente ao Programa,<br />

tanto em relação a outros idosos como em relação <strong>à</strong> família, agora esses idosos “são” da<br />

<strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>, sentem-se universitários na essência da palavra e se orgulham muito disso.<br />

5.6. Necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s e Problemas que Afetam os Entrevistados – Seção VIII<br />

Para os idosos <strong>de</strong>ste censo, suas principais necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s referem-se, por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>za a questões econômicas, <strong>de</strong> segurança, <strong>de</strong> companhia e contato pessoal, <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> lazer e <strong>de</strong> transporte, consi<strong>de</strong>rando que a meta<strong>de</strong> possui automóvel, a questão <strong>de</strong><br />

transporte coloca-se para os <strong>de</strong>mais associada a um sistema <strong>de</strong> transporte mal planejado, <strong>à</strong><br />

distância entre as paradas dos ônibus e <strong>à</strong> insegurança nos coletivos, além da opção do táxi<br />

também ser insegura e onerosa. A julgarmos pela diferenciação econômica observada<br />

nesse grupo, a questão econômica se coloca, no plano geral, no contexto da crise<br />

econômica do país. A falta <strong>de</strong> segurança além <strong>de</strong> estar presente como algo generalizado<br />

nas gran<strong>de</strong>s c<strong>ida<strong>de</strong></strong>s, para o idoso exacerba-se, pois sentem-se mais vulneráveis, limitando<br />

inclusive, sua participação em ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s noturnas.<br />

A necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> companhia e contato pessoal vem corroborar discussões já<br />

trazidas anteriormente, a maioria são mulheres, viúvas e um número importante <strong>de</strong>las mora<br />

só, talvez freqüentar programas <strong>de</strong> <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>s Abertas seja uma maneira <strong>de</strong> minimizar<br />

a solidão e aumentar o universo <strong>de</strong> relações, que estabelece contato com a necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong><br />

lazer, pois sem companhia as pessoas sentem-se <strong>de</strong>smotivadas para buscarem e realizarem<br />

ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s prazerosas. Quando referem necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, cremos tratar-se <strong>de</strong> uma<br />

condição básica, “em primeiro lugar a saú<strong>de</strong>”, diz o ditado, pois trata-se <strong>de</strong> um grupo<br />

saudável, <strong>de</strong> acordo com o conceito <strong>de</strong> capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> funcional, que possui plano e/ou seguro<br />

106


<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> privado e que, portanto, fala <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como uma necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> inerente ao seu bem<br />

estar.<br />

Essas “impressões” são confirmadas quando ao final pedimos que refiram o<br />

problema mais importante do seu cotidiano, (35,50%) não relatam problema importante; a<br />

questão econômica reaparece, porém em menor escala. A preocupação com a família, em<br />

particular com filhos e netos é referida em relação <strong>à</strong> saú<strong>de</strong>, segurança e futuro <strong>de</strong>stes. A<br />

solidão e a carência afetiva também reaparecem, inclusive expressando o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

encontrar um(a) companheiro(a). Os dados <strong>de</strong>ssa seção, são semelhantes aos encontrados<br />

por VERAS (1994) para o Município do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

107


6. CONCLUSÕES<br />

Observamos que a metodologia utilizada neste estudo mostrou-se a<strong>de</strong>quada para<br />

respon<strong>de</strong>r aos objetivos pretendidos, que nos permitiu concluir com relação ao perfil sócio-<br />

epi<strong>de</strong>miológico dos idosos da <strong>UnATI</strong>/<strong>UFPE</strong>, quanto:<br />

• À situação pessoal e familiar – trata-se <strong>de</strong> um grupo predominantemente feminino, <strong>de</strong><br />

“idosos-jovens”, ou seja, na faixa etária entre 60 e 69 anos; nascidas em Pernambuco;<br />

em sua maioria casadas e/ou viúvas; com bom nível <strong>de</strong> escolar<strong>ida<strong>de</strong></strong>, a maior parte com<br />

segundo e terceiro graus. Resi<strong>de</strong>m em média com duas pessoas por domicílio; a<br />

maioria teve filhos e refere satisfação com a vida em geral;<br />

• À utilização <strong>de</strong> serviços médicos e <strong>de</strong>ntários – são em sua maioria usuários <strong>de</strong><br />

plano/seguro saú<strong>de</strong> privado e referem satisfação quanto <strong>à</strong> utilização dos mesmos. No<br />

que se refere ao uso <strong>de</strong> próteses e órteses, estas limitam-se <strong>à</strong>s <strong>de</strong>ntárias (<strong>de</strong>ntadura,<br />

ponte, <strong>de</strong>nte postiço) e <strong>à</strong>s visuais (óculos <strong>de</strong> grau); a maioria faz uso <strong>de</strong> medicamentos<br />

que afirmam serem prescritos por um médico; crêem que em caso <strong>de</strong> doença ou<br />

incapac<strong>ida<strong>de</strong></strong> po<strong>de</strong>rão contar com os cuidados prestados pela filha e também pelo<br />

cônjuge;<br />

• Às ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> vida diária (AVD) – os idosos <strong>de</strong>ste censo compõem um grupo <strong>de</strong><br />

pessoas que gozam <strong>de</strong> bom nível <strong>de</strong> autonomia e in<strong>de</strong>pendência funcional, são capazes<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar as ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s da vida diária sem necess<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> ajuda; ocupam o<br />

tempo livre com ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s variadas, tanto no domicílio (leitura, televisão, receber<br />

visitas, entre outras), quanto fora <strong>de</strong>le (viagens, ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s religiosas, visita a amigos<br />

entre outras), além <strong>de</strong> ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s ligadas <strong>à</strong> arte, cultura e lazer, com as quais sentem-se<br />

satisfeitas;<br />

• Aos recursos sociais – são idosos que mantêm boas relações interpessoais com aqueles<br />

com os quais resi<strong>de</strong>m, com os amigos e os vizinhos; são em algumas situações<br />

109<br />

(moradia e finanças), provedoras <strong>de</strong> suas famílias, <strong>de</strong>stas, recebem companhia e


cuidado pessoal com os quais sentem-se muito bem; costumam receber visitas <strong>de</strong><br />

familiares, vizinhos e amigos;<br />

• Aos recursos econômicos – a maioria dos idosos estudados possui renda própria<br />

proveniente <strong>de</strong> aposentadoria e/ou pensão do cônjuge; tanto a renda pessoal quanto a<br />

renda familiar <strong>de</strong>ste grupo é diferenciada em relação <strong>à</strong> media <strong>de</strong> rendimentos da<br />

população idosa em geral; resi<strong>de</strong>m em imóvel próprio e com boas condições <strong>de</strong><br />

moradia, contando com re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgotos e energia elétrica;<br />

• Às necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s e problemas que afetam o entrevistado – são idosos que não relatam<br />

problemas importantes no seu cotidiano, quando referem alguma preocupação diz<br />

respeito aos filhos e netos, pois preocupam-se com sua saú<strong>de</strong> e seu futuro.<br />

O perfil aqui apresentado, em muitos aspectos não reflete a real<strong>ida<strong>de</strong></strong> da população<br />

idosa <strong>de</strong> Pernambuco, aproxima-nos da real<strong>ida<strong>de</strong></strong> dos idosos que procuram programas do<br />

tipo <strong>Univers<strong>ida<strong>de</strong></strong></strong>s Abertas <strong>à</strong> Terceira Ida<strong>de</strong>, que se constituem <strong>de</strong> fato em uma coorte<br />

importante para investigação na área do envelhecimento.<br />

Por apresentarem boa capac<strong>ida<strong>de</strong></strong> funcional, apontam-nos para a importância do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, por parte do Programa, <strong>de</strong> ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s que visem a educação para o<br />

autocuidado. É também <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância que se encontrem maneiras para ampliação<br />

das ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s do Programa, <strong>de</strong> modo a contemplar idosos menos privilegiados sócio-<br />

economicamente, esta possibil<strong>ida<strong>de</strong></strong> está em consonância com as proposições das ações<br />

para o envelhecimento em todo o mundo, preconizadas para 1999, Ano Internacional do<br />

Idoso.<br />

Este estudo permite também o <strong>de</strong>lineamento para futuras investigações.<br />

110


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Almeida Rego Migon, p. 117-126.<br />

120


ANEXO 1<br />

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA<br />

Lei nº 8.842, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1994<br />

122<br />

Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, cria o<br />

Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências.<br />

Faço saber que o Congresso Nacional <strong>de</strong>creta e eu sanciono a seguinte Lei:<br />

CAPÍTULO I<br />

Da Final<strong>ida<strong>de</strong></strong><br />

Art. 1º A Política Nacional do Idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais<br />

do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação<br />

efetiva na socieda<strong>de</strong>.<br />

Art. 2º Consi<strong>de</strong>ra-se idoso, para todos os efeitos <strong>de</strong>sta Lei, a pessoa maior <strong>de</strong><br />

sessenta anos <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>.<br />

CAPÍTULO II<br />

Dos Princípios e das Diretrizes<br />

Seção I<br />

Dos Princípios<br />

Art. 3º A Política Nacional do Idoso reger-se-á pelos seguintes princípios:<br />

I – a família, a socieda<strong>de</strong> e o Estado têm o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> assegurar ao idoso todos os<br />

direitos da cidadania, garantindo sua participação na comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo sua<br />

dign<strong>ida<strong>de</strong></strong>, bem-estar e o direito <strong>à</strong> vida;<br />

II – o processo <strong>de</strong> envelhecimento diz respeito <strong>à</strong> socieda<strong>de</strong> em geral, <strong>de</strong>vendo ser<br />

objeto <strong>de</strong> conhecimento e informação para todos;<br />

III – o idoso não <strong>de</strong>ve sofrer discriminação <strong>de</strong> qualquer natureza;


IV – o idoso <strong>de</strong>ve ser o principal agente e o <strong>de</strong>stinatário das transformações a serem<br />

efetivadas através <strong>de</strong>sta política;<br />

V – as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições<br />

entre o meio rural e o urbano do Brasil <strong>de</strong>verão ser observadas pelos po<strong>de</strong>res públicos e<br />

pela socieda<strong>de</strong> em geral, na aplicação <strong>de</strong>ssa Lei.<br />

Seção II<br />

Das Diretrizes<br />

Art. 4º Constituem diretrizes da Política Nacional do Idoso:<br />

I – viabilização <strong>de</strong> formas alternativas <strong>de</strong> participação, ocupação e convívio do<br />

idoso, que proporcionem sua integração <strong>à</strong>s <strong>de</strong>mais gerações;<br />

II – participação do idoso, através <strong>de</strong> suas organizações representativas, na<br />

formulação, implementação e avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem<br />

<strong>de</strong>senvolvidos;<br />

III – priorização do atendimento ao idoso através <strong>de</strong> suas próprias famílias, em<br />

<strong>de</strong>trimento do atendimento asilar, <strong>à</strong> exceção dos idosos que não possuam condições que<br />

garantam sua própria sobrevivência;<br />

IV – <strong>de</strong>scentralização político-administrativa;<br />

V – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas <strong>de</strong> geriatria e<br />

gerontologia e na prestação <strong>de</strong> serviços;<br />

VI – implementação <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> informações que permita a divulgação da<br />

política, dos serviços oferecidos, dos planos, programas e projetos em cada nível do<br />

governo;<br />

VII – estabelecimento <strong>de</strong> mecanismos que favoreçam a divulgação <strong>de</strong> informações<br />

<strong>de</strong> caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento;<br />

VIII – priorização do atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados<br />

prestadores <strong>de</strong> serviços, quando <strong>de</strong>sabrigados e sem família;<br />

IX – apoio a estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento;<br />

Parágrafo único. É vedada a permanência <strong>de</strong> portadores <strong>de</strong> doenças que necessitem<br />

<strong>de</strong> assistência médica ou enfermagem em instituições asilares <strong>de</strong> caráter social.<br />

123


Capítulo III<br />

Da Organização e Gestão<br />

Art. 5º Competirá ao órgão ministerial responsável pela assistência e promoção<br />

social a coor<strong>de</strong>nação geral da Política Nacional do Idoso, com a participação dos conselhos<br />

nacional, estaduais, do Distrito Fe<strong>de</strong>ral e municipais do idoso.<br />

Art. 6º Os conselhos nacional, estaduais, do Distrito Fe<strong>de</strong>ral e municipais do idoso<br />

serão órgãos permanentes, paritários e <strong>de</strong>liberativos, compostos por igual número <strong>de</strong><br />

representantes dos órgãos e ent<strong>ida<strong>de</strong></strong>s públicos e <strong>de</strong> organizações representativas da<br />

socieda<strong>de</strong> civil ligadas <strong>à</strong> área.<br />

Art. 7º Compete, aos conselhos <strong>de</strong> que trata o artigo anterior, a formulação,<br />

coor<strong>de</strong>nação, supervisão e avaliação da Política Nacional do Idoso, no âmbito das<br />

respectivas instâncias político-administrativas.<br />

Art. 8º À União, por intermédio do ministério responsável pela assistência e<br />

promoção social, compete:<br />

I – coor<strong>de</strong>nar as ações relativas <strong>à</strong> Política Nacional do Idoso;<br />

II – participar na formulação, no acompanhamento e na avaliação da Política<br />

Nacional do Idoso;<br />

III – promover as articulações intraministeriais e interministeriais necessárias <strong>à</strong><br />

implementação da Política Nacional do Idoso;<br />

IV – (vetado)<br />

V – elaborar a proposta orçamentária no âmbito da promoção e assistência social e<br />

submetê-la ao Conselho Nacional do Idoso;<br />

Parágrafo único. Os ministérios das áreas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, educação, trabalho, previdência<br />

social, cultura, esporte e lazer <strong>de</strong>vem elaborar proposta orçamentária, no âmbito <strong>de</strong> suas<br />

competências, visando ao financiamento <strong>de</strong> programas nacionais compatíveis com a<br />

Política Nacional do Idoso;<br />

Art. 9º (vetado)<br />

Parágrafo único. (vetado)<br />

124


CAPÍTULO IV<br />

Das Ações Governamentais<br />

Art. 10º Na implementação da Política Nacional do Idoso, são competências dos<br />

órgãos e ent<strong>ida<strong>de</strong></strong>s públicos:<br />

I – na área <strong>de</strong> promoção e assistência social:<br />

a) prestar serviços e <strong>de</strong>senvolver ações voltadas para o atendimento das<br />

necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s básicas do idoso, mediante a participação das famílias, da socieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

ent<strong>ida<strong>de</strong></strong>s governamentais e não-governamentais.<br />

b) estimular a criação <strong>de</strong> incentivos e <strong>de</strong> alternativas <strong>de</strong> atendimento ao idoso, como<br />

centros <strong>de</strong> convivência, centros <strong>de</strong> cuidados diurnos, casas-lares, oficinas abrigadas <strong>de</strong><br />

trabalho, atendimentos domiciliares e outros;<br />

c) promover simpósios, seminários e encontros específicos;<br />

d) planejar, coor<strong>de</strong>nar, supervisionar e financiar estudos, levantamentos, pesquisas<br />

e publicações sobre a situação social do idoso;<br />

e) promover a capacitação <strong>de</strong> recursos para atendimento ao idoso;<br />

II – na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>:<br />

a) garantir ao idoso a assistência <strong>à</strong> saú<strong>de</strong>, nos diversos níveis <strong>de</strong> atendimento do<br />

Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>;<br />

b) prevenir, promover, proteger e recuperar a saú<strong>de</strong> do idoso, mediante programas e<br />

medidas profiláticas;<br />

c) adotar e aplicar normas <strong>de</strong> funcionamento <strong>à</strong>s instituições geriátricas e similares,<br />

com fiscalização pelos gestores do Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>;<br />

d) elaborar normas <strong>de</strong> serviços geriátricos hospitalares;<br />

e) <strong>de</strong>senvolver formas <strong>de</strong> cooperação entre as Secretarias <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> dos Estados, do<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral, e dos Municípios e entre os <strong>Centro</strong>s <strong>de</strong> Referência em Geriatria e<br />

Gerontologia para treinamento <strong>de</strong> equipes interprofissionais;<br />

f) incluir a Geriatria como especial<strong>ida<strong>de</strong></strong> clínica, para efeito <strong>de</strong> concursos públicos<br />

fe<strong>de</strong>rais, estaduais, do Distrito Fe<strong>de</strong>ral e municipais;<br />

g) realizar estudos para <strong>de</strong>tectar o caráter epi<strong>de</strong>miológico <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas doenças<br />

do idoso, com vistas a prevenção, tratamento e reabilitação; e<br />

h) criar serviços alternativos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para o idoso.<br />

125


III – na área da educação:<br />

a) a<strong>de</strong>quar currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais<br />

<strong>de</strong>stinados ao idoso;<br />

b) inserir nos currículos mínimos, nos diversos níveis <strong>de</strong> ensino formal, conteúdos<br />

voltados para o processo <strong>de</strong> envelhecimento, <strong>de</strong> forma a eliminar preconceitos e a produzir<br />

conhecimentos sobre o assunto;<br />

superiores;<br />

c) incluir a Gerontologia e a Geriatria como disciplinas curriculares nos cursos<br />

d) <strong>de</strong>senvolver programas educativos, especialmente nos meios <strong>de</strong> comunicação, a<br />

fim <strong>de</strong> informar a população sobre o processo <strong>de</strong> envelhecimento;<br />

e) <strong>de</strong>senvolver programas que adotem modal<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> ensino <strong>à</strong> distância,<br />

a<strong>de</strong>quados <strong>à</strong>s condições do idoso;<br />

f) apoiar a criação <strong>de</strong> univers<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>aberta</strong> para a <strong>terceira</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong>, como meio <strong>de</strong><br />

universalizar o acesso <strong>à</strong>s diferentes formas do saber.<br />

IV – na área <strong>de</strong> trabalho e previdência social:<br />

a) garantir mecanismos que impeçam a discriminação do idoso quanto a sua<br />

participação no mercado <strong>de</strong> trabalho, no setor público e privado;<br />

b) priorizar o atendimento ao idoso nos benefícios previ<strong>de</strong>nciários;<br />

c) criar e estimular a manutenção <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> preparação para aposentadoria<br />

nos setores público e privado com antecedência mínima <strong>de</strong> dois anos antes do<br />

afastamento.<br />

V – na área <strong>de</strong> habitação e urbanismo:<br />

a) <strong>de</strong>stinar, nos programas habitacionais, un<strong>ida<strong>de</strong></strong>s em regime <strong>de</strong> comodato ao<br />

idoso, na modal<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> casas-lares;<br />

b) incluir nos programas <strong>de</strong> assistência ao idoso formas <strong>de</strong> melhoria <strong>de</strong> condições<br />

<strong>de</strong> habitabil<strong>ida<strong>de</strong></strong> e adaptação <strong>de</strong> moradia, consi<strong>de</strong>rando seu estado físico e sua<br />

in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> locomoção;<br />

c) elaborar critérios que garantam o acesso da pessoa idosa <strong>à</strong> habitação popular;<br />

d) diminuir barreiras arquitetônicas e urbanas.<br />

126


VI – na área da justiça:<br />

a) promover e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os direitos da pessoa idosa;<br />

b) zelar pela aplicação das normas sobre o idoso, <strong>de</strong>terminando ações para evitar<br />

abusos e lesões a seus direitos.<br />

VII – na área <strong>de</strong> cultura, esporte e lazer:<br />

a) garantir ao idoso a participação no processo <strong>de</strong> produção, reelaboração e fruição<br />

dos bens culturais;<br />

b) propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços<br />

reduzidos, em âmbito nacional;<br />

c) incentivar os movimentos <strong>de</strong> idosos a <strong>de</strong>senvolver ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s culturais;<br />

d) valorizar o registro da memória e a transmissão <strong>de</strong> informações e habil<strong>ida<strong>de</strong></strong>s do<br />

idoso aos mais jovens, como meio <strong>de</strong> garantir a continu<strong>ida<strong>de</strong></strong> e a i<strong>de</strong>nt<strong>ida<strong>de</strong></strong> cultural;<br />

e) incentivar e criar programas <strong>de</strong> lazer, esporte e ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s físicas que<br />

proporcionem a melhoria da qual<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> vida do idoso e estimulem sua participação na<br />

comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>;<br />

§ 1.º É assegurado ao idoso o direito <strong>de</strong> dispor <strong>de</strong> seus bens, proventos, pensões e<br />

benefícios, salvo nos casos <strong>de</strong> incapac<strong>ida<strong>de</strong></strong> judicialmente comprovada.<br />

§ 2.º Nos casos <strong>de</strong> comprovada incapac<strong>ida<strong>de</strong></strong> do idoso para gerir seus bens, ser-lhe-á<br />

nomeado Curador especial em juízo.<br />

§ 3.º Todo cidadão tem o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> <strong>de</strong>nunciar <strong>à</strong> autor<strong>ida<strong>de</strong></strong> competente qualquer forma <strong>de</strong><br />

negligência ou <strong>de</strong>srespeito ao idoso.<br />

Art. 11. ao Art. 18. (vetados)<br />

CAPÍTULO V<br />

Do Conselho Nacional<br />

127


CAPÍTULO VI<br />

Das Disposições Gerais<br />

Art. 19. Os recursos financeiros necessários <strong>à</strong> implantação das ações afeta <strong>à</strong>s áreas<br />

<strong>de</strong> competência dos governos fe<strong>de</strong>ral, estaduais, do Distrito Fe<strong>de</strong>ral e municípios serão<br />

consignados em seus respectivos orçamentos.<br />

Art. 20. O Po<strong>de</strong>r Executivo regulamentará esta Lei no prazo <strong>de</strong> sessenta dias, a<br />

partir da data <strong>de</strong> sua publicação.<br />

Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data <strong>de</strong> sua publicação.<br />

Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário.<br />

Brasília, 4 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1994, 173º da In<strong>de</strong>pendência e 106º da República.<br />

Itamar Franco<br />

Presi<strong>de</strong>nte<br />

128


ANEXO 2<br />

DECRETO nº 1.948, <strong>de</strong> 03 julho <strong>de</strong> 1996<br />

129<br />

Regularmente a Lei nº 8.842, <strong>de</strong> 4 janeiro <strong>de</strong> 1994,<br />

que Dispõe sobre Política Nacional do Idoso, e dá<br />

outras providências.<br />

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art.<br />

84, inciso IV e VI, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 8.842, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong><br />

janeiro <strong>de</strong> 1994,<br />

DECRETA:<br />

Art. 1º Na implementação da Política Nacional do Idoso, as competências dos<br />

órgãos e ent<strong>ida<strong>de</strong></strong>s públicas são as estabelecidas neste <strong>de</strong>creto.<br />

compete:<br />

Art. 2º Ao Ministério da Previdência e Assistência Social, pelos seus órgãos,<br />

I – coor<strong>de</strong>nar as ações relativas <strong>à</strong> Política Nacional do Idoso;<br />

II – promover a capacitação <strong>de</strong> recursos humanos para atendimento ao idoso;<br />

III – participar, em conjunto com os <strong>de</strong>mais ministérios envolvidos, da formulação,<br />

acompanhamento e avaliação da Política Nacional do Idoso;<br />

IV – estimular a criação <strong>de</strong> formas alternativas <strong>de</strong> atendimento não-asilar;<br />

V – promover eventos específicos para discussão das questões relativas <strong>à</strong> velhice e<br />

ao envelhecimento;<br />

VI – promover articulações inter e intraministeriais necessárias <strong>à</strong> implementação da<br />

Política Nacional do Idoso;<br />

VII – coor<strong>de</strong>nar, financiar e apoiar estudos, levantamentos, pesquisas e publicações<br />

sobre a situação social do idoso diretamente ou em parceria com outros órgãos;<br />

VIII – fomentar juntos aos Estados, Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Municípios e organizações<br />

não-governamentais a prestação da assistência social aos idosos nas modal<strong>ida<strong>de</strong></strong>s asilar e<br />

não-asilar.


Art. 3º Enten<strong>de</strong>-se por modal<strong>ida<strong>de</strong></strong> asilar o atendimento, em regime <strong>de</strong> internato, ao<br />

idoso sem vínculo familiar ou sem condições <strong>de</strong> prover <strong>à</strong> própria subsistência <strong>de</strong> modo a<br />

satisfazer as suas necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> moradia, alimentação, saú<strong>de</strong> e convivência social.<br />

Parágrafo único. A assistência na modal<strong>ida<strong>de</strong></strong> asilar ocorre no caso da inexistência<br />

do grupo familiar, abandono, carência <strong>de</strong> recursos financeiros próprios ou da própria<br />

família.<br />

Art. 4º Enten<strong>de</strong>-se por modal<strong>ida<strong>de</strong></strong> não-asilar <strong>de</strong> atendimento:<br />

I – <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Convivência: local <strong>de</strong>stinado <strong>à</strong> permanência diurna do idoso, on<strong>de</strong> são<br />

<strong>de</strong>senvolvidas ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s físicas, laborativas, recreativas, culturais, associativas e <strong>de</strong><br />

educação para a cidadania;<br />

II – <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Cuidados Diurno: Hospital-Dia e <strong>Centro</strong>-Dia: local <strong>de</strong>stinado <strong>à</strong><br />

permanência diurna do idoso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte ou que possua <strong>de</strong>ficiência temporária e necessite<br />

<strong>de</strong> assistência médica ou <strong>de</strong> assistência multiprofissional;<br />

III – Casa-Lar: residência, em sistema participativo, cedida por instituições públicas<br />

ou privadas, <strong>de</strong>stinadaS a idosos <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> renda insuficiente para sua manutenção e<br />

sem família;<br />

IV – Oficina Abrigada <strong>de</strong> Trabalho: local <strong>de</strong>stinado ao <strong>de</strong>senvolvimento, pelo<br />

idoso, <strong>de</strong> ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s produtivas, proporcionando-lhe oportun<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> elevar sua renda,<br />

sendo regida por normas específicas;<br />

V – atendimento domiciliar: é o serviço prestado ao idoso que vive só e seja<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, a fim <strong>de</strong> suprir as suas necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s da vida diária. Esse serviço é prestado em<br />

seu próprio lar, por profissionais da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou por pessoas da própria comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>;<br />

VI – outras formas <strong>de</strong> atendimento: iniciativas surgidas na própria comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>, que<br />

visem <strong>à</strong> promoção e <strong>à</strong> integração da pessoa idosa na família e na socieda<strong>de</strong>.<br />

Art. 5º Ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) compete:<br />

I – dar atendimento preferencial ao idoso, especificamente nas áreas do Seguro<br />

Social, visando <strong>à</strong> habilitação e <strong>à</strong> manutenção dos benefícios, exame médico pericial,<br />

inscrição <strong>de</strong> beneficiários, serviço social e setores <strong>de</strong> informações;<br />

II – prestar atendimento, preferencialmente, nas áreas da arrecadação e fiscalização<br />

visando <strong>à</strong> prestação <strong>de</strong> informações e ao cálculo <strong>de</strong> contribuições individuais;<br />

III – estabelecer critérios para viabilizar o atendimento preferencial ao idoso.<br />

130


Art. 6º Compete ao INSS esclarecer o idoso sobre os seus direitos previ<strong>de</strong>nciários e<br />

os meios <strong>de</strong> exercê-los.<br />

§ 1º O serviço social aten<strong>de</strong>rá, prioritariamente, nos Postos do Seguro Social, os<br />

beneficiários idosos em via <strong>de</strong> aposentadoria.<br />

§ 2º O serviço social, em parceria com órgãos governamentais e não-<br />

governamentais, estimulará a criação e a manutenção <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> preparação para<br />

aposentadorias, por meio <strong>de</strong> assessoramento <strong>à</strong>s ent<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> classe, instituições <strong>de</strong> natureza<br />

social, empresas e órgãos públicos, por intermédio das suas respectivas un<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong><br />

recursos humanos.<br />

Art. 7º Ao idoso aposentado, exceto por invali<strong>de</strong>z , que retornar ao trabalho nas<br />

ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s abrangidas pelo Regime Geral <strong>de</strong> Previdência Social, quando aci<strong>de</strong>ntado no<br />

trabalho, será encaminhado ao Programa <strong>de</strong> Reabilitação do INSS, não fazendo jus a outras<br />

prestações <strong>de</strong> serviço, salvo <strong>à</strong>s <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> sua condição <strong>de</strong> aposentado.<br />

Art. 8º Ao Ministério do Planejamento e Orçamento, por intermédio da Secretaria<br />

<strong>de</strong> Política Urbana, compete:<br />

I – buscar, nos programas habitacionais com recursos da União ou por ela geridos, a<br />

observância dos seguintes critérios:<br />

a) i<strong>de</strong>ntificação, <strong>de</strong>ntro da população alvo <strong>de</strong>stes programas, da população idosa e<br />

suas necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s habitacionais;<br />

b) alternativas habitacionais a<strong>de</strong>quadas para a população idosa i<strong>de</strong>ntificada;<br />

c) previsão <strong>de</strong> equipamentos urbanos <strong>de</strong> uso público que também atendam as<br />

necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s da população idosa;<br />

d) estabelecimento <strong>de</strong> diretrizes para que os projetos eliminem barreiras<br />

arquitetônicas e urbanas, que utilizam tipologias habitacionais a<strong>de</strong>quadas para a população<br />

idosa i<strong>de</strong>ntificada;<br />

II – promover gestões para viabilizar linhas <strong>de</strong> crédito visando ao acesso a moradias<br />

para o idoso, junto:<br />

a) <strong>à</strong>s ent<strong>ida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> crédito habitacional;<br />

b) aos Governos Estaduais e do Distrito Fe<strong>de</strong>ral;<br />

131


habitacionais;<br />

c) e outras ent<strong>ida<strong>de</strong></strong>s públicas ou privadas, relacionadas com os investimentos<br />

III- incentivar e promover, em articulação com os Ministérios da Educação e do<br />

Desporto, da Ciência e Tecnologia, da Saú<strong>de</strong> e junto <strong>à</strong>s instituições <strong>de</strong> ensino e pesquisa,<br />

estudos para aprimorar as condições <strong>de</strong> habitabil<strong>ida<strong>de</strong></strong> para os idosos, bem como sua<br />

divulgação e aplicação aos padrões habitacionais vigentes;<br />

IV – estimular a inclusão na legislação <strong>de</strong>:<br />

a) mecanismos que induzam a eliminação <strong>de</strong> barreiras arquitetônicas para o idoso,<br />

em equipamentos urbanos <strong>de</strong> uso público;<br />

b) adaptação em programas habitacionais no seu âmbito <strong>de</strong> atuação, dos critérios<br />

estabelecidos no inciso I <strong>de</strong>ste artigo.<br />

Art. 9º Ao Ministério da Saú<strong>de</strong>, por intermédio da Secretaria <strong>de</strong> Assistência <strong>à</strong><br />

Saú<strong>de</strong>, em articulação com as Secretarias <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> dos Estados, do Distrito Fe<strong>de</strong>ral e dos<br />

Municípios, compete:<br />

I – garantir ao idoso a assistência integral <strong>à</strong> saú<strong>de</strong>, entendida como o conjunto<br />

articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos nos diversos níveis <strong>de</strong><br />

atendimento do Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS);<br />

II – hierarquizar o atendimento ao idoso a partir das Un<strong>ida<strong>de</strong></strong>s Básicas e da<br />

implantação da Un<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Referência com equipe multiprofissional e interdisciplinar <strong>de</strong><br />

acordo com as normas específicas do Ministério da Saú<strong>de</strong>;<br />

III – estruturar <strong>Centro</strong>s <strong>de</strong> Referência <strong>de</strong> acordo com as normas específicas do<br />

Ministério da Saú<strong>de</strong> com características <strong>de</strong> assistência <strong>à</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> pesquisa, <strong>de</strong> avaliação e<br />

<strong>de</strong> treinamento;<br />

IV – garantir o acesso <strong>à</strong> assistência hospitalar;<br />

V – fornecer medicamentos, órteses e próteses, necessários <strong>à</strong> recuperação e<br />

reabilitação da saú<strong>de</strong> do idoso;<br />

VI – estimular a participação do idoso nas diversas instâncias <strong>de</strong> controle social do<br />

Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>;<br />

VII – <strong>de</strong>senvolver política <strong>de</strong> prevenção para que a população envelheça mantendo<br />

um bom estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>;<br />

132


VIII – <strong>de</strong>senvolver e apoiar programas <strong>de</strong> prevenção, educação e promoção da<br />

saú<strong>de</strong> do idoso <strong>de</strong> forma a:<br />

a) estimular a permanência do idoso na comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>, junto <strong>à</strong> família,<br />

<strong>de</strong>sempenhando papel social ativo, com a autonomia e in<strong>de</strong>pendência que lhe for própria;<br />

b) estimular o auto-cuidado e o cuidado informal;<br />

c) envolver a população nas ações <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> do idoso;<br />

d) estimular a formação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> auto-ajuda, <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> convivência, em<br />

integração com outras instituições que atuam no campo social;<br />

e) produzir e difundir material educativo sobre a saú<strong>de</strong> do idoso;<br />

IX – adotar e aplicar normas <strong>de</strong> funcionamento <strong>à</strong>s instituições geriátricas e<br />

similares, com fiscalização pelos gestores do Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>;<br />

X – elaborar normas <strong>de</strong> serviços geriátricos hospitalares e acompanhar a sua<br />

implementação;<br />

XI – <strong>de</strong>senvolver formas <strong>de</strong> cooperação entre as Secretarias <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> dos Estados,<br />

do Distrito Fe<strong>de</strong>ral, dos Municípios, as organizações não-governamentais e entre os<br />

<strong>Centro</strong>s <strong>de</strong> Referência em Geriatria e Gerontologia, para treinamento dos<br />

profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>;<br />

XII – incluir a Geriatria como especial<strong>ida<strong>de</strong></strong> clínica, para efeito <strong>de</strong> concursos<br />

públicos fe<strong>de</strong>rais;<br />

XIII – realizar e apoiar estudos e pesquisas <strong>de</strong> caráter epi<strong>de</strong>miológico visando a<br />

ampliação do conhecimento sobre o idoso e subsidiar as ações <strong>de</strong> prevenção,<br />

tratamento e reabilitação;<br />

XIV – estimular a criação, na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços do Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />

Un<strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Cuidados Diurnos (Hospital-Dia, <strong>Centro</strong>-Dia), <strong>de</strong> atendimento<br />

domiciliar e outros serviços alternativos para o idoso.<br />

Art. 10. Ao Ministério da Educação e do Desporto, em articulação com órgãos<br />

fe<strong>de</strong>rais, estaduais e municipais <strong>de</strong> educação, compete:<br />

I – viabilizar a implantação <strong>de</strong> programa educacional voltado para o idoso, <strong>de</strong> modo<br />

a aten<strong>de</strong>r o inciso III do art. 10 da Lei nº 8.842, <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1994;<br />

II – incentivar a inclusão nos programas educacionais <strong>de</strong> conteúdo sobre o processo<br />

<strong>de</strong> envelhecimento;<br />

III – estimular e apoiar a admissão do idoso na univers<strong>ida<strong>de</strong></strong>, propiciando a<br />

integração intergeracional;<br />

133


IV – incentivar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> programas educativos voltados para a<br />

comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>, ao idoso e sua família, mediante os meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa;<br />

V – incentivar a inclusão <strong>de</strong> disciplinas <strong>de</strong> Gerontologia e Geriatria nos currículos<br />

dos cursos superiores.<br />

Art. 11. Ao Ministério do Trabalho, por meio <strong>de</strong> seus órgãos, compete garantir<br />

mecanismos que impeçam a discriminação do idoso quanto <strong>à</strong> sua participação no<br />

mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />

Art. 12. Ao Ministério da Cultura compete, em conjunto com os seus órgãos e<br />

ent<strong>ida<strong>de</strong></strong>s vinculadas, criar programa <strong>de</strong> âmbito nacional, visando a:<br />

I – garantir ao idoso a participação no processo <strong>de</strong> produção, reelaboração e fruição<br />

dos bens culturais;<br />

II – propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços<br />

reduzidos;<br />

III – valorizar o registro da memória e a transmissão <strong>de</strong> informações e habil<strong>ida<strong>de</strong></strong>s<br />

do idoso aos mais jovens, como meio <strong>de</strong> garantir a continu<strong>ida<strong>de</strong></strong> e a i<strong>de</strong>nt<strong>ida<strong>de</strong></strong><br />

cultural;<br />

IV – incentivar os movimentos <strong>de</strong> idosos a <strong>de</strong>senvolver ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s culturais.<br />

Parágrafo único: Às ent<strong>ida<strong>de</strong></strong>s vinculadas do Ministério da Cultura, no âmbito <strong>de</strong><br />

suas respectivas áreas afins, compete a implementação <strong>de</strong> ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s específicas,<br />

conjugadas <strong>à</strong> Política Nacional do Idoso.<br />

Art. 13. Ao Ministério da Justiça, por intermédio da Secretaria dos Direitos da<br />

Cidadania, compete:<br />

I – encaminhar as <strong>de</strong>núncias ao órgão competente do Po<strong>de</strong>r Executivo ou do<br />

Ministério Público para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os direitos da pessoa idosa junto ao Po<strong>de</strong>r<br />

Judiciário;<br />

II – zelar pela aplicação das normas sobre o idoso <strong>de</strong>terminando ações para evitar<br />

abusos e lesões a seus direitos.<br />

Parágrafo único. Todo cidadão tem o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> <strong>de</strong>nunciar <strong>à</strong> autor<strong>ida<strong>de</strong></strong> competente,<br />

qualquer forma <strong>de</strong> negligência ou <strong>de</strong>srespeito ao idoso.<br />

134


Art. 14. Os Ministérios que atuam nas áreas <strong>de</strong> habitação e urbanismo, <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />

educação e <strong>de</strong>sporto, <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong> previdência e assistência social, <strong>de</strong> cultura e da<br />

justiça <strong>de</strong>verão elaborar proposta orçamentária, no âmbito <strong>de</strong> suas competências,<br />

visando ao financiamento <strong>de</strong> programas compatíveis com a Política Nacional do<br />

Idoso.<br />

Art. 15. Compete aos Ministérios envolvidos na Política Nacional do Idoso, <strong>de</strong>ntro<br />

das suas competências, promover a capacitação <strong>de</strong> recursos humanos volatdos ao<br />

atendimento do idoso.<br />

Parágrafo único. Para viabilizar a capacitação <strong>de</strong> recursos humanos, os Ministérios<br />

po<strong>de</strong>rão firmar convênios com instituições governamentais e não-governamentais,<br />

nacionais, estrangeiras ou internacionais.<br />

Art. 16. Compete ao conselho Nacional da Segur<strong>ida<strong>de</strong></strong> Social e aos conselhos<br />

setoriais, no âmbito da segur<strong>ida<strong>de</strong></strong>, a formulação, coor<strong>de</strong>nação, supervisão e<br />

avaliação da Política Nacional do Idoso, respeitadas as respectivas esferas <strong>de</strong><br />

atribuições administrativas.<br />

Art. 17. O idoso terá atendimento preferencial nos órgãos públicos e privados<br />

prestadores <strong>de</strong> serviços <strong>à</strong> população.<br />

Parágrafo único. O idoso que não tenha meios <strong>de</strong> prover a sua própria subsistência,<br />

que não tenha família ou cuja família não tenha condições <strong>de</strong> prover a sua<br />

manutenção., terá assegurada a assistência asilar pela União, pelos Estados, pelo<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral e pelos Municípios, na forma da lei.<br />

Art. 18. Fica proibida a permanência em instituições asilares, <strong>de</strong> caráter social, <strong>de</strong><br />

idosos portadores <strong>de</strong> doenças que exijam assistência médica permanente ou <strong>de</strong><br />

assistência <strong>de</strong> enfermagem intensiva, cuja falta possa agravar ou por em risco sua<br />

vida ou a vida <strong>de</strong> terceiros.<br />

Parágrafo único. A permanência ou não do idoso doente em instituições asilares, <strong>de</strong><br />

caráter social, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> avaliação médica prestada pelo serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> local.<br />

135


Art. 19. Para implementar as condições estabelecidas no artigo anterior, as<br />

instituições asilares po<strong>de</strong>rão firmar contratos ou convênios com o Sistema <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

local.<br />

Art. 20. Este <strong>de</strong>creto entra em vigor na data da sua publicação.<br />

Brasília, 3 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1996; 175º da In<strong>de</strong>pendência e 108º da República.<br />

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO<br />

Nelson A. Jobim<br />

Paulo Renato Souza<br />

Francisco Weffort<br />

Paulo Paiva<br />

Adib Jatene<br />

Antônio Kandir<br />

136


ANEXO 3<br />

Seções I, III, IV, V, VI e VIII do Questionário Brazil Old Age Schedule - BOAS<br />

Número do Questionário: _________________________<br />

Nome do Entrevistado: _________________________________________<br />

En<strong>de</strong>reço (Rua, Av.): ___________________________________________<br />

Bairro: _____________________________ C<strong>ida<strong>de</strong></strong>: __________________<br />

CEP: ____________ - _________ Telefone: ________________<br />

Nome do Entrevistador: ________________________________________<br />

Data da Entrevista: _______/_______/_________<br />

I. INFORMAÇÕES GERAIS<br />

1. Sexo do Entrevistado:<br />

Entrevistador: indique o sexo da pessoa entrevistada<br />

1. Masculino<br />

2. Feminino<br />

2. Quantos anos o(a) Sr.(a) tem?<br />

.......... anos<br />

98. N.S./N.R.<br />

3. Em que país o(a) Sr.(a) nasceu?<br />

Entrevistador: se 1(Brasil) vá para a Q. 3a., 2 (outros países) vá para Q. 4 e marque N.A. na Q. 3a.<br />

1. Brasil<br />

2. Outros países (especificar) ..............................................................<br />

8. N.S./N.R.<br />

137


3a. Em que Estado do Brasil o(a) Sr.(a) nasceu?<br />

Nome do Estado ..........................................................................<br />

1. Região Norte<br />

2. Região Nor<strong>de</strong>ste<br />

3. Região Su<strong>de</strong>ste<br />

4. Região Sul<br />

5. Região <strong>Centro</strong>-Oeste<br />

7. N.A.<br />

8. N.S./N.R.<br />

4. Há quanto tempo (anos) o(a) Sr.(a) mora nesta c<strong>ida<strong>de</strong></strong>?<br />

............. (número <strong>de</strong> anos)<br />

98. N.S./N.R.<br />

5. O Sr.(a) sabe ler e escrever?<br />

1. Sim<br />

2. Não (Vá para Q. 7 e marque N.A. na Q. 6)<br />

8. N.S./N.R.<br />

6. Qual é a sua escolar<strong>ida<strong>de</strong></strong>?<br />

1. Nenhuma<br />

2. Primário incompleto<br />

3. Primário completo<br />

4. Ginásio ou 1 grau completo<br />

5. 2 grau completo (científico, técnico ou equivalente)<br />

6. Curso superior completo<br />

7. N.A.<br />

8. N.S./N.R.<br />

6. Atualmente qual é o seu estado conjugal?<br />

Entrevistador: marque apenas uma alternativa<br />

1. Nunca casou (Vá para a Q. 8 e marque N.A. nas Qs. 7a. e 7b.)<br />

2. Casado/morando junto<br />

3. Viúvo (a) (Vá para Q.8 e marque N.A. nas Qs. 7a. e 7b.)<br />

4. Divorciado(a)/separado(a) (Vá para Q.8 marque N.A. nas Qs 7a e 7b .)<br />

8. N.S./N.R.<br />

138


7a. Há quanto tempo o(a) Sr.(a) está casado(a)/morando junto(a)?<br />

Entrevistador: a pergunta se refere ao casamento atual<br />

............. (número <strong>de</strong> anos)<br />

97. N.A.<br />

98. N.S./N.R.<br />

7b. Qual é a <strong>ida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> sua (seu) esposa (o)?<br />

97. N.A.<br />

.............. anos <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong><br />

98. N.S./N.R.<br />

8. O Sr.(a) teve filhos? (em caso positivo, quantos?)<br />

Entrevistador: especifique o número <strong>de</strong> filhos/filhas<br />

............ ( número total <strong>de</strong> filhos/as)<br />

00. nenhum<br />

98. N.S./N.R.<br />

9. Quantas pessoas vivem com o(a) Sr.(a) nesta casa?<br />

........... pessoas<br />

00. Entrevistado(a) mora só (Vá para Q. 10 e marque N.A. na Q. 9a)<br />

98. N.S./N.R.<br />

9a.Quem são essas pessoas?<br />

Entrevistador: para cada categoria <strong>de</strong> pessoas indicada pelo entrevistado marque a resposta SIM<br />

SIM NÃO NA NS/NR<br />

a. Esposo(a)/companheiro(a) 1 2 7 8<br />

b. Pais 1 2 7 8<br />

c. Filhos 1 2 7 8<br />

d. Filhas 1 2 7 8<br />

e. Irmãos/irmãs 1 2 7 8<br />

f. Netos(as) 1 2 7 8<br />

g. Outros parentes 1 2 7 8<br />

h. Outras pessoas (não parentes) 1 2 7 8<br />

139


10.Como o(a) Sr.(a) se sente em relação <strong>à</strong> sua vida em geral?<br />

Entrevistador: leia p/ o entrevistado as alternativas listadas. Marque apenas 1 opção.<br />

1. Satisfeito(a) (Vá para a Q. 11 e marque N.A. na Q. 10a.)<br />

2. Insatisfeito(a)<br />

8. N.S./N.R.<br />

10a. Qual é o principal motivo <strong>de</strong> sua insatisfação com sua vida?<br />

Entrevistador: não leia para o entrevistado as alternativas listadas.<br />

01. Problema econômico<br />

02. Problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

03. Problema <strong>de</strong> moradia<br />

04. Problema <strong>de</strong> transporte<br />

05. Conflito nos relacionamentos pessoais<br />

06. Falta <strong>de</strong> ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s<br />

07. Outro problema (especificar) ...........................................................<br />

97. N.A.<br />

98. N.S./N.R.<br />

III. UTILIZAÇÃO DE SERVICOS MÉDICOS E DENTÁRIOS<br />

Agora , eu gostaria <strong>de</strong> lhe perguntar sobre os serviços médicos que o (a) Sr. (a) tem o<br />

direito <strong>de</strong> usar.<br />

26. Quando o Sr.(a) está doente ou precisa <strong>de</strong> atendimento médico, on<strong>de</strong> ou a quem o Sr. (a)<br />

normalmente procura ?<br />

Entrevistador: marque apenas uma alternativa.<br />

Nome <strong>de</strong> on<strong>de</strong> ou a quem procura ........................................<br />

01. A instituição pública que o entrevistado tem direito <strong>de</strong> utilizar<br />

02. Médico/Clínicas particulares<br />

03. Médicos/hospitais cre<strong>de</strong>nciados pelo seu Plano <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

04. Outros (especificar) ..............................<br />

9. N.S./N.R.<br />

140


27. Nos últimos três meses, o(a) Sr. (a) :<br />

SIM NÃO NS/NR<br />

a. Consultou o médico no consultório ou em casa 1 2 8<br />

b. Fez exames clínicos<br />

1 2 8<br />

c. Fez tratamento fisioterápico 1 2 8<br />

d. Teve <strong>de</strong> ser socorrido(a) na Emergência 1 2 8<br />

e. Foi ao hospital/clínica para receber medicação 1 2 8<br />

f. Esteve internado em hospital 1 2 8<br />

g. Foi ao <strong>de</strong>ntista 1 2 8<br />

27a. Dos serviços acima, qual (is) o (a) Sr. (a) utilizou mais <strong>de</strong> uma vez ?<br />

Entrevistador: repita para o (a) entrevistado (a) apenas os itens citados na pergunta acima como<br />

utilizados. Para os não utilizados marque NÃO.<br />

SIM NÃO NS./N.R<br />

a . Consultou o médico no consultório ou em casa 1 2 8<br />

b . Fez exames clínicos 1 2 8<br />

c . Fez tratamento fisioterápico 1 2 8<br />

d . Teve <strong>de</strong> ser socorrido (a) na Emergência 1 2 8<br />

e . Foi ao hospital/clínica para receber medicação 1 2 8<br />

f . Esteve internado em hospital ou clínica 1 2 8<br />

g . Foi ao <strong>de</strong>ntista 1 2 8<br />

28. O (a) Sr. (a) está satisfeito com os serviços médicos que utiliza normalmente ?<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

141


29. Em geral, quais os problemas que mais lhe <strong>de</strong>sagradam quando o (a) Sr. (a) utiliza os<br />

serviços médicos ?<br />

Entrevistador: não leia para o(a) entrevistado(a) as alternativas listadas. Classifique as respostas nas<br />

categorias listadas, <strong>de</strong> acordo com as instruções do Manual para esta pergunta. Na dúvida, registre<br />

a resposta do entrevistado no item 08. Outros problemas.<br />

00 . O (a) entrevistado (a) não relata problemas.<br />

01 . O custo dos serviços médicos<br />

02 . O custo dos medicamentos que são prescritos<br />

03 . Os exames clínicos que são prescritos<br />

04 . A <strong>de</strong>mora para a marcação da consulta/exame<br />

05 . O tempo <strong>de</strong> espera para ser atendido (a) no consultório<br />

06 . O tratamento oferecido pelos médicos<br />

07 . O tratamento oferecido pelo pessoal não médico<br />

08 . Outros problemas ( especificar ) ..............................................<br />

30 . Quando o (a) Sr. (a) necessita <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong>ntário, on<strong>de</strong> ou a quem o (a) Sr. (a)<br />

normalmente procura ?<br />

Entrevistador: classifique a resposta do (a) entrevistado e marque apenas uma alternativa.<br />

Nome <strong>de</strong> on<strong>de</strong> ou a quem procura ..........................................................<br />

0. Ninguém ou o entrevistado não procura o <strong>de</strong>ntista há muito<br />

tempo. (Vá para Q.31 e marque N.A. na Q.30 a.)<br />

1 . Serviços <strong>de</strong>ntário <strong>de</strong> uma instituição pública gratuita.<br />

2 . Serviço <strong>de</strong>ntário cre<strong>de</strong>nciado pelo seu plano <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

3 . Dentista particular<br />

4 . Outros ( especificar ) ..................................................................<br />

8 . N.S./N. R<br />

30a. O (a) Sr. (a) está satisfeito (a) com o serviço <strong>de</strong>ntário que utiliza ?<br />

1 . Sim<br />

2 . Não<br />

7 . N.A.<br />

8 . N.S./N.R.<br />

142


31. Por favor , diga-me se o (a) Sr. (a) normalmente usa :<br />

SIM NÃO NS./N.R<br />

a. Dente postiço, <strong>de</strong>ntadura , ponte 1 2 8<br />

b. Óculos ou lentes <strong>de</strong> contato 1 2 8<br />

c. Aparelho para sur<strong>de</strong>z 1 2 8<br />

d. Bengala 1 2 8<br />

e. Muleta 1 2 8<br />

f. Ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rodas 1 2 8<br />

g. Outros 1 2 8<br />

31a. Atualmente, o (a) Sr. (a) está precisando trocar alguma <strong>de</strong>stas ajudas ?<br />

Entrevistador : Leia para o (a) entrevistado (a) apenas as ajudas mencionadas na questão anterior.<br />

Marque as respostas correspon<strong>de</strong>ntes.<br />

SIM NÃO NS/NR<br />

a. Dente postiço, <strong>de</strong>ntadura, ponte 1 2 8<br />

b . Óculos ou lentes <strong>de</strong> contato 1 2 8<br />

c . Aparelho para sur<strong>de</strong>z 1 2 8<br />

d . Bengala 1 2 8<br />

e . Muleta 1 2 8<br />

f . Ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rodas 1 2 8<br />

g . Outros 1 2 8<br />

32. O (a) Sr. (a) toma remédios ?<br />

1 . Sim<br />

2 . Não ( Vá para Q.33 e marque N. A . nas Qs. 32a. e 32b. )<br />

8 N.S./N.R.<br />

32a. Quem receita ?<br />

1 . Médico<br />

2 . Farmacêutico<br />

3 . Amigos/familiares/propaganda<br />

4 . Outros<br />

7. N.A.<br />

8. N.S./N.R<br />

143


32b. Em geral qual é o problema ou a dificulda<strong>de</strong> mais importante que o (a) Sr. (a) tem para<br />

obter os remédios que toma regularmente ?<br />

0 . O (a) entrevistado (a) não tem problema para obter o remédio<br />

1 . Problema financeiro<br />

2 . Dificulda<strong>de</strong> em encontrar o remédio na farmácia<br />

3 . Dificulda<strong>de</strong> em obter a receita <strong>de</strong> remédios controlados<br />

4 . Outro problema ou dificulda<strong>de</strong> ( especifique ) ................................<br />

7. N.A.<br />

8 . N.S./N.R.<br />

33. No caso do(a) Sr.(a) ficar doente ou incapacitado (a), q. pessoa po<strong>de</strong>ria cuidar do (a)<br />

Sr. (a) ?<br />

0 . Nenhuma<br />

1 . Esposo (a) / Companheiro (a)<br />

2 . Filho<br />

3 . Filha<br />

4 . Outra pessoa da família<br />

5 . Outra pessoa <strong>de</strong> fora da família ( indique qual )............................<br />

8 . N.S./N.R.<br />

144


IV . ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA ( AVD )<br />

Eu vou ler para o (a) Sr. (a) uma lista <strong>de</strong> ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s que as pessoas normalmente tem<br />

<strong>de</strong> fazer durante o dia. Para cada pergunta eu gostaria <strong>de</strong> saber se o (a) Sr. (a) é capaz<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar estas ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s sozinho (a) sem precisar <strong>de</strong> ajuda <strong>de</strong> alguém. Vamos<br />

<strong>à</strong>s perguntas ?<br />

34. O(a) Sr.(a) é capaz <strong>de</strong>:<br />

Entrevistador: leia para o entrevistado todas as perguntas e marque as alternativas correspon<strong>de</strong>ntes.<br />

No caso do entrevistado ter colostomia ou usar cateter, marque NÃO em “o”)<br />

SIM NÃO NS/NR<br />

a . Sair <strong>de</strong> casa para médias distâncias<br />

1<br />

(necessário o uso <strong>de</strong> transporte)<br />

2 8<br />

b . Sair para curtas distâncias<br />

(pequenas compras no armazém)<br />

1 2 8<br />

c . Preparar sua própria refeição 1 2 8<br />

d . Realizar as ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s domésticas<br />

(arrumar e manter a casa em or<strong>de</strong>m)<br />

1 2 8<br />

e . Tomar seus remédios 1 2 8<br />

f . Comer sua comida 1 2 8<br />

g . Vestir-se sozinho 1 2 8<br />

h . Pentear / escovar seus cabelos 1 2 8<br />

i . Caminhar em superfície plana 1 2 8<br />

j . Subir escada 1 2 8<br />

k . Deitar e levantar da cama sozinho 1 2 8<br />

l . Tomar banho sozinho 1 2 8<br />

m . Cortar as unhas dos pés 1 2 8<br />

n . Pegar ônibus 1 2 8<br />

o . Ir ao banheiro em tempo 1 2 8<br />

35. Há alguém que ajuda o (a) Sr. (a) a fazer algumas tarefas como limpeza arrumação a<br />

casa, vestir-se, ou dar recados quando precisa ?<br />

1 . Sim<br />

2 . Não ( Vá para Q.36 e marque N.A. na Q.35a. )<br />

8. N.S./ N.R.<br />

145


35a. Qual a pessoa que mais lhe ajuda nessas tarefas ?<br />

Entrevistador : marque apenas uma alternativa.<br />

1 . Esposo (a) / companheiro (a)<br />

2 . Filho<br />

3 . Filha<br />

4 . Uma outra pessoa da família<br />

5 . Um (a) empregado (a)<br />

6 . Outro ( quem ? ) .............................................................<br />

7 . N.A.<br />

8 . N.S./N. R.<br />

36. No seu tempo livre o (a) Sr. (a) faz ( participa <strong>de</strong> ) alguma <strong>de</strong>ssas ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s ?<br />

Entrevistador: leia para o entrevistado todas as perguntas e marque as alternativas<br />

correspon<strong>de</strong>ntes.<br />

SIM NÃO NS/NR<br />

a . Ouvir rádio 1 2 8<br />

b . Assistir a televisão 1 2 8<br />

c . Ler jornal 1 2 8<br />

d . Ler revistas e livros 1 2 8<br />

e . Receber visitas 1 2 8<br />

f . Ir ao cinema, teatro, etc. 1 2 8<br />

g . Andar pelo seu bairro 1 2 8<br />

h . Ir <strong>à</strong> Igreja (serviço religioso) 1 2 8<br />

i . Ir a jogos (esportes) 1 2 8<br />

j . Participar <strong>de</strong> jogos(esportes) 1 2 8<br />

k . Fazer as compras 1 2 8<br />

l . Sair para visitar os amigos 1 2 8<br />

m . Sair para visitar os parentes 1 2 8<br />

n . Sair para passeios longos ( excursão ) 1 2 8<br />

o . Sair para encontro social ou comunitário 1 2 8<br />

p . Coser , bordar, tricotar 1 2 8<br />

q . Alguma ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong> para se distrair<br />

( jogos carta, xadrez, jardinagem, etc. )<br />

1 2 8<br />

r. Outros ( especificar ) .................................... 1 2 8<br />

146


37 . O (a) Sr. (a) está satisfeito (a) com as ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s que <strong>de</strong>sempenha no seu tempo livre ?<br />

1 . Sim ( Vá para Q. 38 e marque N.A. na Q. 37a. )<br />

2 . Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

37a. Qual é o principal motivo <strong>de</strong> sua insatisfação com as ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong>s que o (a ) Sr. (a)<br />

<strong>de</strong>sempenha no seu tempo livre ?<br />

(Entrevistador : marque apenas uma alternativa)<br />

1 . Problema com o custo<br />

2 . Problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que o (a) impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> se engajar em uma ativ<strong>ida<strong>de</strong></strong><br />

3 . Problema com falta <strong>de</strong> motivação em fazer coisas ( tédio, aborrecimento )<br />

4 . Problema <strong>de</strong> transporte que limita seu acesso aos lugares que <strong>de</strong>seja ir<br />

5 . Outras razões ( especificar ) .............................................................................<br />

7. N.A.<br />

8. N.S./N.R.<br />

V. RECURSOS SOCIAIS<br />

Nesta seção, eu gostaria <strong>de</strong> lhe fazer algumas perguntas a respeito <strong>de</strong> suas relações <strong>de</strong><br />

amiza<strong>de</strong> com as outras pessoas e a respeito <strong>de</strong> recursos que as pessoas idosas po<strong>de</strong>m usar na<br />

sua comun<strong>ida<strong>de</strong></strong>.<br />

38. O(a) Sr.(a) está satisfeito com o relacionamento que tem coma as pessoas que moram<br />

com o(a) Sr.(a)?<br />

0. Entrevistado mora só<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

147


39. Que tipo <strong>de</strong> ajuda ou assistência sua família lhe oferece? ( familiares que vivem/ ou<br />

que não vivem com o(a) entrevistado(a)).<br />

Entrevistador: leia para o entrevistado as alternativas listadas.<br />

SIM NÃO NS/NR<br />

a. Dinheiro 1 2 8<br />

b. Moradia 1 2 8<br />

c. Companhia/ cuidado pessoal 1 2 8<br />

d. Outro tipo <strong>de</strong> cuidado/ assistência<br />

1 2 8<br />

(especificar).........................................................<br />

40. Que tipo <strong>de</strong> ajuda ou assistência o Sr.(a) oferece para sua família?<br />

Entrevistador: Leia para o entrevistado as alternativas listadas.<br />

SIM NÃO NS/NR<br />

a. Dinheiro 1 2 8<br />

b. Moradia 1 2 8<br />

c. Companhia/ cuidado pessoal 1 2 8<br />

d. Cuidar <strong>de</strong> crianças 1 2 8<br />

e. Outro tipo <strong>de</strong> cuidado/ assistência<br />

1 2 8<br />

(especificar) ..........................................................<br />

41. O(a) Sr.(a) está satisfeito com o relacionamento que tem com seus amigos?<br />

0. Entrevistado(a) não tem amigos<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

42. O(a) Sr.(a) está satisfeito(a) com o relacionamento que tem com seus vizinhos?<br />

0. Entrevistado(a) não tem relação com os vizinhos<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

8. N.S,/N.R.<br />

148


43. Na semana passada o(a) Sr.(a) recebeu visita <strong>de</strong> alguma <strong>de</strong>stas pessoas?<br />

SIM NÃO NS/NR<br />

a. Vizinhos/ amigos 1 2 8<br />

b. Filhos (as) 1 2 8<br />

c. Outros familiares 1 2 8<br />

d. Outros (especificar)............................................. 1 2 8<br />

V. RECURSOS ECONÔMICOS<br />

44.Que tipo <strong>de</strong> trabalho(ocupação) o(a) Sr.(a) teve durante a maior parte <strong>de</strong> sua vida?<br />

Entrevistador: Anote o tipo <strong>de</strong> trabalho ........................................................................................<br />

01. Nunca trabalhou ( Vá para Q. 45 e marque N.A. nas Qs. 44a. , 44b. e 44c.)<br />

02. Dona <strong>de</strong> casa (Vá para Q.45 e marque N.A. nas Qs. 44a., 44b. e 44 c.)<br />

98. N.S./N.R.<br />

44 a. Por quanto tempo?<br />

Número <strong>de</strong> anos: ...........................<br />

97. N.A.<br />

98. N.S./N.R.<br />

44b. Com que <strong>ida<strong>de</strong></strong> o(a) Sr.(a) começou a trabalhar?<br />

................anos<br />

97. N.A.<br />

98. N.S.?N.R.<br />

44c. Com que <strong>ida<strong>de</strong></strong> o (a) Sr.(a) parou <strong>de</strong> trabalhar?<br />

00. Entrevistado(a) ainda trabalha.<br />

97. N.A.<br />

98. N.S./N.R<br />

149


45. Atualmente o(a) Sr.(a) está:<br />

(Entrevistador: leia para o(a) entrevistado(a) as alternativas listadas. Se ambas as<br />

respostas forem Não, vá para Q. 46 e marque N.A. na Q. 45 a )<br />

SIM NÃO NS/NR<br />

a. Recebendo aposentadoria 1 2 8<br />

b. Recebendo pensão do cônjuge 1 2 8<br />

45 a . A sua aposentadoria/pensão é suficiente para suprir suas <strong>de</strong>spesas ?<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

97. N.A.<br />

98. N.S./N.R<br />

46.Eu vou ler algumas fontes <strong>de</strong> recebimento <strong>de</strong> dinheiro. O(a) Sr.(a) po<strong>de</strong>ria me<br />

dizer <strong>de</strong> on<strong>de</strong> o(a) Sr.(a) recebe regularmente o seu dinheiro?<br />

SIM NÃO NS/NR<br />

a. Trabalho(salário, negócios) 1 2 8<br />

b. Pensão (aposentadoria/ benefício <strong>de</strong> seguro social) 1 2 8<br />

c. Investimento, aluguéis, juros, divi<strong>de</strong>ndos, etc. 1 2 8<br />

d. Dinheiro do cônjuge 1 2 8<br />

e. Dinheiro dos filhos 1 2 8<br />

f. Dinheiro <strong>de</strong> amigos/familiares 1 2 8<br />

g. Outras fontes ......................... 1 2 8<br />

47. Por favor, eu gostaria <strong>de</strong> saber qual a sua renda mensal. Não preciso saber o valor<br />

exato, basta me dizer o valor aproximado do rendimento mensal que o(a) Sr.(a) recebe<br />

regularmente.<br />

Entrevistador: Caso haja mais <strong>de</strong> uma fonte, anote a soma <strong>de</strong>stes valores. Atenção: valor<br />

líquido.<br />

Rendimento mensal _ _ _ _ _<br />

00. Sem rendimento<br />

98. N.S./N.R.<br />

150


48. Por favor, agora eu gostaria <strong>de</strong> saber o total mensal dos rendimentos das pessoas que<br />

vivem nesta residência. Não preciso saber o valor exato, basta dizer-me o valor<br />

aproximado do rendimento mensal regularmente recebido pelas pessoas.<br />

Entrevistador: se o entrevistado vive sozinho e tem rendimento, repita o valor informado na<br />

Q.47. Se o entrevistado vive sozinho e não tem rendimento, marque N.A. nesta questão e na<br />

Q.48a<br />

Rendimento mensal _ _ _ _ _<br />

97. N.A.<br />

98. N.S./N.R.<br />

48a Quantas pessoas, incluindo o(a) Sr.(a), vivem com esse rendimento familiar (do seu<br />

rendimento)?<br />

..................pessoas<br />

97. N.A.<br />

98. N.R./N.S.<br />

49. Por favor, informe-me se em sua casa/apartamento existem ou estão funcionado em<br />

or<strong>de</strong>m os seguintes itens:<br />

Entrevistador: leia para o entrevistado as alternativas listadas.<br />

SIM NÃO NS/NR<br />

a. Água encanada 1 2 8<br />

b. Eletric<strong>ida<strong>de</strong></strong> 1 2 8<br />

c. Ligação com a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto 1 2 8<br />

d. Gela<strong>de</strong>ira/congelador 1 2 8<br />

e. Rádio 1 2 8<br />

f. Televisão 1 2 8<br />

g. Ví<strong>de</strong>o cassete 1 2 8<br />

h. Computador 1 2 8<br />

i. Telefone 1 2 8<br />

j. Automóvel 1 2 8<br />

151


50. O (a) Sr.(a) é proprietário(a), aluga ou usa <strong>de</strong> graça o imóvel on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>?<br />

Entrevistador: para cada uma das três categorias(proprieda<strong>de</strong>, aluguel ou usa <strong>de</strong> graça/ verifique<br />

em qual o entrevistado se enquadra, Especifique apenas uma alternativa.<br />

1. Proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoa entrevistada ou do casal<br />

2. Proprieda<strong>de</strong> do cônjuge do(a) entrevistado(a)<br />

3. Alugado pelo entrevistado<br />

4. Morando em residência cedida sem custo para o entrevistado<br />

5. Outra categoria (especificar) .............................................................<br />

8. N.S./N.R.<br />

51. Em comparação a quando o (a) Sr.(a) tinha 50 anos <strong>de</strong> <strong>ida<strong>de</strong></strong> , a sua atual situação<br />

econômica é:<br />

Entrevistador: leia p/ o entrevistado as alternativas listadas. Marque apenas 1 opção.<br />

1. Melhor<br />

2. A mesma<br />

3. Pior<br />

8. N.S./N.R<br />

52.Para suas necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s básicas, o que o(a) Sr.(a) ganha:<br />

Entrevistador: leia para o entrevistado as alternativas listadas <strong>de</strong> 1 a 4. Marque apenas uma<br />

opção.<br />

1. Dá e sobra<br />

2. Dá na conta certa<br />

3. Sempre falta um pouco<br />

4. Sempre falta muito<br />

8. N.S./N.R.<br />

152


VIII. NECESSIDADES E PROBLEMAS QUE AFETAM O ENTREVISTADO<br />

77. Atualmente (da lista abaixo), quais são as suas principais necess<strong>ida<strong>de</strong></strong>s<br />

(carências)?<br />

Entrevistador: leia para o entrevistado todas as perguntas e marque as alternativas<br />

correspon<strong>de</strong>ntes.<br />

SIM NÃO NS/NR<br />

a. Carência econômica 1 2 8<br />

b. Carência <strong>de</strong> moradia 1 2 8<br />

c. Carência <strong>de</strong> transporte 1 2 8<br />

d. Carência <strong>de</strong> lazer 1 2 8<br />

e. Carência <strong>de</strong> segurança 1 2 8<br />

f. Carência <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> 1 2 8<br />

g. Carência <strong>de</strong> alimentação 1 2 8<br />

h. Carência <strong>de</strong> companhia e contato pessoal 1 2 8<br />

78. Para finalizar esta entrevista, eu gostaria que o(a) Sr.(a) me informasse qual o<br />

problema mais importante do seu dia a dia?<br />

Entrevistador: anote apenas uma alternativa.<br />

00. Entrevistado(a) não relata problemas importantes<br />

01. Problema econômico<br />

02. Problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (<strong>de</strong>terioração da saú<strong>de</strong> física ou mental)<br />

03. O medo da violência<br />

04. Problema <strong>de</strong> moradia<br />

05. Problemas <strong>de</strong> transporte<br />

06. Problemas familiares (conflitos)<br />

07. Problemas <strong>de</strong> isolamento (solidão)<br />

08. Preocupação com os filhos/netos<br />

09. Outros problemas (especificar) .........................................................<br />

98. N.S./N.R.<br />

153

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