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095 - Centro de Engenharia Elétrica - USP

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6 Condutor - Outubro <strong>de</strong> 2002<br />

Heróis Politécnicos na Revoluçã o<br />

Carlos “Caê / Óla” Paiola – 4 o . Controle<br />

carlos.paiola@poli.usp.br<br />

Granadas <strong>de</strong> mão, capacetes, munição <strong>de</strong><br />

infantaria, mapas e binóculos, máscaras antigases,<br />

bombas aéreas, morteiros leves e<br />

pesados, lança-chamas: uma nova super<br />

produção hollywoodiana?<br />

Não. Escola Politécnica,<br />

1932.<br />

Assim <strong>de</strong>screvia a<br />

Revista Politécnica os<br />

acontecimentos da época: “A<br />

9 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1932<br />

irrompeu neste estado um<br />

gran<strong>de</strong> movimento armado,<br />

animado do mais puro<br />

i<strong>de</strong>alismo, sob as<br />

aclamações calorosas <strong>de</strong><br />

crianças, <strong>de</strong> moços e <strong>de</strong><br />

velhos, sublevação heróica,<br />

com o incondicional apoio<br />

<strong>de</strong> ricos e pobres, homens e<br />

mulheres. E a nossa Escola,<br />

através <strong>de</strong> todo o seu corpo<br />

docente e discente, unânime<br />

e coesa, apressou-se em<br />

hipotecar completa e<br />

irrestrita solidarieda<strong>de</strong> ao<br />

movimento assim<br />

<strong>de</strong>flagrado.” E assim foi<br />

feito. A Politécnica entregavase<br />

<strong>de</strong> corpo e alma ao<br />

movimento constitucionalista, engajando-se na<br />

política e na construção <strong>de</strong> armas e outros<br />

artefatos úteis à guerra, contra a ditadura <strong>de</strong><br />

Getúlio Vargas.<br />

Durante os cansativos três meses do<br />

conflito a rotina da Escola transformou-se.<br />

Laboratórios eram utilizados para o estudo e<br />

fabricação <strong>de</strong> perigosos explosivos, mesmo<br />

sem o conhecimento perfeito <strong>de</strong> seu<br />

comportamento e dos aci<strong>de</strong>ntes que po<strong>de</strong>riam<br />

ser provocados. Muitas vezes os politécnicos<br />

tiveram que resolver problemas com os quais<br />

nunca sonharam confrontar-se, sempre à<br />

O Pelotão Caçadores <strong>de</strong> Piratininga<br />

iminência <strong>de</strong> uma explosão fatal,<br />

<strong>de</strong>monstrando puro i<strong>de</strong>alismo e coragem.<br />

Vários projetos ousados foram realizados sob<br />

a supervisão da Politécnica, como a blindagem<br />

<strong>de</strong> trens, veículos terrestres leves e até <strong>de</strong> uma<br />

lancha, utilizada para<br />

patrulhar a fronteira<br />

com Minas Gerais.<br />

Foram fabricadas<br />

ainda bombas <strong>de</strong><br />

fumaça, munições<br />

para fuzis e<br />

metralhadoras (a<br />

Escola chegou a<br />

adaptar máquinas<br />

<strong>de</strong> parafusos para<br />

tal ativida<strong>de</strong>) e<br />

lança-chamas,<br />

“ interessante<br />

arma vomitadora<br />

<strong>de</strong> longa língua<br />

<strong>de</strong> fogo à<br />

temperatura <strong>de</strong><br />

1700o C”, segundo<br />

relato da Revista<br />

Politécnica. Outro<br />

engenhoso recurso fabricado foi a matraca,<br />

aparelho que era composto por uma lâmina<br />

metálica em contato com uma roda<br />

<strong>de</strong>ntada; girando a roda em gran<strong>de</strong><br />

velocida<strong>de</strong>, produzia-se tremendo ruído,<br />

semelhante ao <strong>de</strong> uma metralhadora.<br />

Mas nem todos conseguiram conter-se<br />

diante da situação. Alguns alunos chegaram a<br />

se alistar como soldados rasos<br />

em vez <strong>de</strong> se engajar nas<br />

ativida<strong>de</strong>s da Escola. Por<br />

iniciativa do grêmio foi<br />

organizado o batalhão<br />

“Caçadores <strong>de</strong> Piratininga”,<br />

do qual o primeiro pelotão era<br />

formado por politécnicos. Há<br />

registro <strong>de</strong> que eles se<br />

rebelaram e <strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>ceram<br />

as or<strong>de</strong>ns da comissão <strong>de</strong><br />

professores da escola, que <strong>de</strong><br />

posse <strong>de</strong> uma requisição do<br />

Q.G., tencionava impedir a<br />

sua partida para o front,<br />

alegando que seus serviços<br />

seriam mais úteis no Serviço<br />

<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> da Força<br />

Pública do estado.<br />

Ao lado <strong>de</strong> outros 135<br />

mil paulistas, os politécnicos<br />

lutaram incansavelmente.<br />

Mas, no dia dois <strong>de</strong> outubro,<br />

sem armas, sem munição e<br />

sem o apoio <strong>de</strong> outros<br />

estados, São Paulo foi<br />

obrigado a ren<strong>de</strong>r-se às forças <strong>de</strong> Vargas.<br />

Entretanto, embora <strong>de</strong>rrotada em armas, a<br />

revolução paulista conquistou todos seus<br />

objetivos, já que no mesmo dia em que<br />

rebentou o conflito, ce<strong>de</strong>ndo à pressão, Getúlio<br />

nomeou uma<br />

comissão <strong>de</strong><br />

constitucionalização,<br />

iniciando assim o<br />

franco <strong>de</strong>clínio do<br />

m o v i m e n t o<br />

tenentista.<br />

Não posso <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> citar ao menos um<br />

<strong>de</strong>stes “Heróis<br />

Politécnicos”,<br />

engran<strong>de</strong>cendo meus<br />

escritos com seu<br />

nome: Clineu Braga<br />

<strong>de</strong> Magalhães,<br />

componente do<br />

memorável batalhão<br />

“14 <strong>de</strong> Julho”, morto<br />

em combate. Eis o<br />

discurso <strong>de</strong> Alfredo<br />

Giglio, quando da<br />

inauguração do monumento em memória aos<br />

politécnicos mortos na Revolução<br />

Constitucionalista: “A mocida<strong>de</strong> acadêmica<br />

tomou parte em todas as fases da Revolução<br />

Um dos blindados construídos na Poli

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