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eletricidade durante mais de 24 horas. “Como o sistema elétrico aqui é subterrâneo e o grande problema foram as inundações, tiveram de fechar o metro para não haver curto-circuitos e explosões.” A seu lado, o fi lho, Pedro, de 9 anos, fi cou indiferente ao perigo. “O Pedro adormeceu e não se apercebeu de nada.” De manhã, quando o pior já tinha passado, Rita Caneças foi confrontada com um hotel pouco ou nada preparado para a catástrofe. “Francamente, acho que os hotéis deviam ter-se prevenido e estar mais bem preparados para esta situação. Hoje de manhã ainda conseguimos comer um cheesecake, fruta, café não tinham… Era o mais básico Num discurso ao país, Barack Obama pediu aos cidadãos que colaborassem com as autoridades “Nunca tinha passado uma noite inteira sem eletricidade e completamente incontactável„ Marta Dhanis que há.” Tal como Rita, que aguardava que os aeroportos voltassem à normalidade para poder regressar a Portugal, José Duarte Lobo de Vasconcelos viu-se obrigado a prolongar a estada em Nova Iorque. “Em casa sentimo-nos seguros, mas as coisas correram bem mal. Às 20h30 deixámos de ter luz e continuamos sem ter. Estamos com água fria, mas há muitas zonas sem água. Não há telefones nem Internet. A parte baixa da cidade está completamente inundada. Nós viemos agora [de manhã] à zona central, para tentar carregar os telemóveis num hotel. E não há dinheiro nos ATM.” Em Nova Iorque por motivos profi ssionais, o manequim Luís Borges partilhou momentos de afl ição com a amiga e colega Sara Sampaio, em cujo apartamento está instalado. Os inquilinos do prédio situado no Financial District, a zona de maior perigo, foram aconselhados a abandonar as suas casas, mas Luís e Sara optaram por fi car. “Como nos foi dito para não estarmos acima do 10º andar por causa do vento e a casa da Sara fi ca no 19º, fomos para a casa de uns amigos que moram no 2º. As manequins Alice e Andreia Contreiras vieram ter connosco porque o prédio delas foi evacuado. A noite foi um bocado assustadora. Por volta das 20h fi cámos sem luz e em Em cima, à esquerda, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o manequim Gonçalo Teixeira, e a jornalista da TVI Marta Dhanis. Em cima, Luís Borges

menos de 30 minutos a água subiu dois metros e o vento estava muito forte. A água começou a entrar na cave do prédio”, contou Luís Borges, descrevendo o que viu quando desceu ao piso 0: “Havia muitas pessoas a chorar e aos gritos e carros na rua cobertos pela água.” Apesar do susto, Luís Borges e Sara Sampaio não recearam pela vida. “Senti-me sempre seguro, apesar de no início pensar que podia acontecer alguma coisa, pois o nível da água começou a subir muito depressa. Nesta altura, pensamos sempre no pior e o que mais me preocupa são sempre o Bernardo e o Eduardo”, disse, À esquerda, Rita Caneças com o fi lho, Pedro, de 9 anos, os quais estavam em Nova Iorque quando a cidade foi atingida pela tempestade. À direita, José Duarte Lobo de Vasconcelos, que se viu obrigado a adiar o regresso a Portugal devido ao cancelamento dos voos. Sandy deixou um rasto de destruição na costa leste dos EUA referindo-se ao fi lho e ao marido. Já Sara confessou: “O meu único receio era de que a janela do meu apartamento pudesse partir-se, mas perigo de vida nunca senti. Estar acompanhada por várias pessoas ajuda.” Sem televisão nem Internet, como a maioria dos nova-iorquinos, Marta Dhanis, a correspondente da TVI, descreveu à Lux a noite de 30 de outubro. “De onde eu estava, via a cidade completamente às escuras, o que se tornou um bocadinho assustador. Mais do que fi car sem luz, preocupou-me o facto de ter fi cado incontactável quando perdi a rede do telemóvel”, contou, acrescentando que chegou a ter algum receio: “Há sempre um bocadinho de receio. Além disso, nunca tinha passado uma noite inteira sem eletricidade e completamente incontactável.” Gonçalo Teixeira, manequim da Central Models, também receou que as janelas do seu apartamento, em Brooklyn, pudessem partir-se. “O dono do prédio onde vivo avisou-me para que me mantivesse longe das janelas. Por momentos, pensei que isso pudesse acontecer.” De resto, o manequim esteve sempre tranquilo.“Senti-me seguro em casa e adormeci bem sem preocupações.” Com os principais acessos fechados, todos os que queriam deixar Nova Iorque e, sobretudo a ilha de Manhattan, foram obrigados a esperar. Por causa da tempestade Sandy, dezenas de milhares de voos em todo o mundo foram cancelados, deixando muitos milhares de pessoas em terra e provocando um enorme prejuízo fi nanceiro. A empresa Eqecat, especialista em análise de danos, avaliou a destruição da “grande catástrofe”, como Barack Obama lhe chamou, em mais de 15 mil milhões de euros. ■ texto Nair Coelho (ncoelho@lux.iol.pt) e Vanessa Barros Cruz (redaccaolux@lux.iol.pt) fotos Reuters, Arquivo Lux e D.R. “Senti o prédio a abanar como se estivesse num barco à vela. Confesso que ainda rezei umas Avé Marias„ Rita Caneças

eletricidade durante mais de 24<br />

horas. “Como o sistema elétrico<br />

aqui é subterrâneo e o grande<br />

problema foram as inundações,<br />

tiveram de fechar o metro para não<br />

haver curto-circuitos e explosões.”<br />

A seu lado, o fi lho, Pedro, de 9<br />

anos, fi cou indiferente ao perigo.<br />

“O Pedro adormeceu e não se<br />

apercebeu de nada.” De manhã,<br />

quando o pior já tinha passado,<br />

Rita Caneças foi confrontada com<br />

um hotel pouco ou nada preparado<br />

para a catástrofe. “Francamente,<br />

acho que os hotéis deviam<br />

ter-se prevenido e estar mais bem<br />

preparados para esta situação.<br />

Hoje de manhã ainda conseguimos<br />

comer um cheesecake, fruta, café<br />

não tinham… Era o mais básico<br />

Num discurso ao país, Barack<br />

Obama pediu aos cidadãos que<br />

colaborassem com as autoridades<br />

“Nunca tinha passado uma<br />

noite inteira sem eletricidade<br />

e completamente incontactável„<br />

Marta Dhanis<br />

que há.” Tal como Rita, que aguardava<br />

que os aeroportos voltassem<br />

à normalidade para poder<br />

regressar a Portugal, José Duarte<br />

Lobo de Vasconcelos viu-se obrigado<br />

a prolongar a estada em Nova<br />

Iorque. “Em casa sentimo-nos<br />

seguros, mas as coisas correram<br />

bem mal. Às 20h30 deixámos de<br />

ter luz e continuamos sem ter.<br />

Estamos com água fria, mas há<br />

muitas zonas sem água. Não há<br />

telefones nem Internet. A parte<br />

baixa da cidade está completamente<br />

inundada. Nós viemos<br />

agora [de manhã] à zona central,<br />

para tentar carregar os telemóveis<br />

num hotel. E não há dinheiro<br />

nos ATM.”<br />

Em Nova Iorque por motivos<br />

profi ssionais, o manequim Luís<br />

Borges partilhou momentos de<br />

afl ição com a amiga e colega Sara<br />

Sampaio, em cujo apartamento<br />

está instalado. Os inquilinos do<br />

prédio situado no Financial<br />

District, a zona de maior perigo,<br />

foram aconselhados a abandonar<br />

as suas casas, mas Luís e Sara<br />

optaram por fi car. “Como nos foi<br />

dito para não estarmos acima do<br />

10º andar por causa do vento e<br />

a casa da Sara fi ca no 19º, fomos<br />

para a casa de uns amigos que<br />

moram no 2º. As manequins Alice<br />

e Andreia Contreiras vieram ter<br />

connosco porque o prédio delas<br />

foi evacuado. A noite foi um<br />

bocado assustadora. Por volta<br />

das 20h fi cámos sem luz e em<br />

Em cima, à esquerda,<br />

o Presidente dos Estados<br />

Unidos, Barack Obama,<br />

o manequim Gonçalo<br />

Teixeira, e a jornalista<br />

da TVI Marta Dhanis.<br />

Em cima, Luís Borges

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