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D.R.
saúde
Madalena Barata
Diretora do Centro
de Medicina de Reprodução
do British Hospital
Tel. 217 213 400/82
mbarata@british-hospital.pt
“Conhecemos o Dr. Carlos Lima em outubro
de 2011 (...) e ele mencionou que se Portugal
investisse na ciência como investe no futebol,
seríamos os melhores do mundo„
CÉLULAS ESTAMINAIS
E AS SUAS MÚLTIPLAS APLICAÇÕES
As células estaminais, que têm a capacidade de
produzir uma célula igual a si mesma e outra
que pode originar qualquer tipo de célula,
dependendo dos estímulos que recebem,
estão hoje em dia associadas a terapias
tão diversas como lesões da espinal-medula
e/ou, de modo ainda experimental, nas doenças
de Parkinson e Alzheimer. Existe hoje para
os futuros pais a possibilidade de criopreservar
o cordão umbilical do seu bebé para, se um dia
for necessário, tentar extrair células estaminais
com hipótese de tratamento de cerca de 81
doenças, desde oncológicas a imunodefi ciências.
Mereceram, inclusive, o Prémio Nobel de
Medicina e Fisiologia 2012 – Sir John B. Gurdon
e Shinya Yamanaka.
Não podia, por isso, deixar de aproveitar esta
rubrica para expressar publicamente a minha
tristeza pela morte do Dr. Carlos Lima, médico,
cientista, investigador, no dia 22 de junho
de 2012. O Dr. Carlos Lima, neurologista,
era coordenador de uma equipa de médicos
e investigadores que, através de uma técnica
inovadora de transplantação de células estaminais
da mucosa olfativa para zonas lesionadas da
espinal-medula, conseguiu resultados muito
positivos, devolvendo nalguns casos de doentes
paraplégicos e tetraplégicos a possibilidade
de voltarem a andar. Teve enorme reconhe-
cimento internacional, mas aqui a sua morte
passou um pouco despercebida. Tanto é que só
soube dela quase quatro meses depois.
No blog Tetraplégicos, é possível ler alguns
testemunhos em primeira-mão dos seus feitos:
http://tetraplegicos.blogspot.pt/2012/06/faleceu-o-dr-carlos-lima.html
Conhecemos o Dr. Carlos Lima em outubro de
2011, quando nos contactou para uma possível
colaboração, pois o espaço de laboratório
de que dispunha no Hospital Egas Moniz começava
a ser pequeno. Nessa altura comentámos a falta
de apoios à investigação, e ele mencionou que
se Portugal investisse na ciência como investe no
futebol, seríamos os melhores do mundo (afi rmou-o
também numa entrevista ao Jornal Mirante
em outubro de 2011), tal era a sua confi ança
nas nossas capacidades.
Espero sinceramente que a sua investigação continue
com a sua equipa, e que continuem com muitos
sucessos. E quem sabe, sem exageros e com
toda a humildade, um dia ser ele Prémio
Nobel de Medicina e Fisiologia!
Enquanto aguardo por mais grandes feitos
desta equipa, contento-me com outro avanço no
campo da reprodução, o desenvolvimento de
ratinhos adultos a partir de ovócitos produzidos
de células estaminais (Hayashi et al 2012,
Science Express Reports). Ainda em fase muito
“embrionária”, é sem dúvida uma esperança
para a medicina da reprodução mundial.