18.04.2013 Views

BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos

BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos

BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

The Last<br />

of the<br />

Famous...<br />

Internacionalização: muito se tem escrito e falado sobre<br />

esse monumental chavão que emerge no horizonte como<br />

panaceia para a sobrevivência da profissão. Vejo muitos colegas<br />

atónitos à procura de uma “receita”, de um “sistema”, de<br />

uma “metodologia” para angariar trabalho fora de Portugal.<br />

Lamentavelmente, não penso que tal coisa exista. Gostaria no<br />

entanto de partilhar convosco algumas reflexões soltas, eventualmente<br />

até inconsequentes, sobre como sair deste impasse.<br />

Não são verdades absolutas, nem pretendem ser. São sínteses<br />

de experiências recolhidas e confirmadas em múltiplas situações<br />

ao longo <strong>dos</strong> anos, das quais haverá certamente contraditório<br />

com base noutras experiências. Lanço aqui algumas pistas<br />

e questiono algumas verdades insofismáveis.<br />

“ARQUITECTURA PORTUGUESA”<br />

Não vão atrás deste fado. O fado <strong>dos</strong> “grandes arquitectos portugueses”<br />

começa a ter ressonâncias de embuste do Estado<br />

Novo, no seu carácter trágico-épico, e interessa apenas e quase<br />

exclusivamente aos próprios. A ideia de que a “Portuguese<br />

Architecture” abre portas no contexto internacional é um <strong>dos</strong><br />

grandes mitos urbanos construído ao longo de décadas pelo<br />

PÚBLICO, mas que infelizmente tem pouca aderência à realidade.<br />

A ilusão de que as publicações, prémios e conferências internacionais,<br />

eram praticamente o mesmo que construir, criou<br />

uma ficção de “internacionalidade” que cai por terra, apesar de<br />

toda a laudatória. Por outro lado, se pensarmos objectivamente,<br />

há algo de extremamente paternalista nesta presunção da<br />

arquitectura ter uma proveniência nacional/regional específica,<br />

como o D.O.C. do Queijo da Serra. Confesso que não só não<br />

me consigo identificar, como não encontro qualquer vantagem<br />

competitiva óbvia. Na hora da verdade, na hora de assinar contractos,<br />

o “risco-país” de Portugal, o tal rating BB da S&P, assusta<br />

os clientes e as garantias bancárias first-demand, quando<br />

são exigidas, têm custos explosivos. Assim, e por sistema,<br />

proponho-me identificar o atelier numa lógica mais fluida e<br />

metropolitana, do tipo Lisbon-based ou Porto-based.<br />

AMBIENTE ANGLO-SAXÓNICO VS BILINGUE<br />

Pela mesma razão, esqueçam sites e modelos de comunicação<br />

bilingues (EN/PT). Novamente o fado da portugalidade; quem<br />

quiser que o compre. O mundo <strong>dos</strong> serviços é por natureza anglo-saxónico;<br />

o verdadeiro Esperanto é hoje o Inglês. Qualquer<br />

desvio dessa norma, gera desconforto no mundo <strong>dos</strong> serviços.<br />

Nesse mundo, o arquitecto é um Consultant. Lá em casa,<br />

na universidade ou nas revistas pode ser “autor”, “criador” ou<br />

aquilo que se quiser. Neste mundo, que inclui a Índia, a China,<br />

os países Árabes e partes substanciais de África, fala-se inglês<br />

e todas as outras línguas nacionais, incluindo o Mandarim,<br />

são “línguas locais.” Sei que há ateliers que em cada sítio onde<br />

abrem uma delegação querem parecer “locais” e ter a língua do<br />

país representada no site. Pessoalmente acho um erro, porque<br />

verifico que se torna literalmente impossível gerir e actualizar<br />

um site com 4 ou 5 línguas. Por outro lado, constato que no<br />

mundo imobiliário contemporâneo, é pouco provável que sejam<br />

desejáveis potenciais clientes cuja sofisticação não inclua<br />

uma compreensão mínima da língua inglesa.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!