18.04.2013 Views

BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos

BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos

BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

pel essencial, contagiando contagiando o pensamento pensamento e a própria produção<br />

urbana e arquitectónica. arquitectónica. Os processos recentes de regeneração<br />

urbana integram-se nas nas lógicas contemporâneas da interna interna -<br />

cionalização, influencia<strong>dos</strong> pelas transformações transfo fo f rmações urbanas e<br />

sócio-económicas. Mas como regenerar (partes d)a cidade de<br />

fo fforma rma low cost? Face a um processo de internacionalização internacionalização e<br />

de globalização instaura<strong>dos</strong> instaura<strong>dos</strong> no nosso modus operandi urbano, urbano,<br />

urge pensar em soluções económicas e sustentáveis do ponto<br />

de vista ecológico e económico, económico, com um foco fo f co social eminente.<br />

Neste sentido, a participação e o envolvimento das comunida comunida -<br />

des locais de cada lugar potencial de intervenção é crucial para<br />

o desenvolvimento e consequente sucesso das operações. A ess<br />

cala já ultrapassou a cidade, constituindo hoj hoje oj o e uma cidade-ter -<br />

ritório, onde múltiplos layers se cruzam e coexistem coexistem no espaço<br />

e no tempo.<br />

Enquanto cidadãos do mundo, a participação cívica cív ív í ica na reabi -<br />

litação e regeneração urbanas consiste numa extensão social e<br />

pessoal, conotando a produção urbana e arquitectónica como<br />

uma missão social, (re)aproximando (re)aproximando comunidades, requeren requeren -<br />

do soluções versáteis versáteis e e universais, e partindo de característi -<br />

cas locais, ou seja, constituindo intervenções à escala “glocal”.<br />

Urge procurar soluções partindo do passado, conjugando-o<br />

com o presente, suportadas por actividades criativas, artísticas<br />

e culturais. A oportunidade de (re)criar centralidades no no espa -<br />

ço urbano através das operações de regeneração urbana promove,<br />

assim, uma internacionalização do espaço da cidade, no<br />

espaço e no no tempo. tempo.<br />

ANA NEVADO NEVA VA V DO<br />

7<br />

A HISTÓRIA COMO NÃO<br />

COSTUMA SER CONTADA<br />

CONTA TA T DA<br />

Agora que se tornou inevitável a internacionalização, internacionalização, perante o<br />

marasmo da economia economia nacional, somos por vezes vezes confronta<strong>dos</strong><br />

com histórias, frequentemente carregadas de romantismo, de<br />

jovens arquitectos que se lançam em aventuras além-frontei -<br />

ras, alcançando encomendas encomendas no estrangeiro.<br />

As histórias são apenas um relato parcial parcial <strong>dos</strong> factos, fa f ctos, e deixam<br />

muitas vezes sem resposta perguntas que interessam ao leitor do<br />

BA: “Como fizeram? Com quem fa ffalaram? laram? Como chegaram lá?”<br />

Queríamos, portanto, enquanto enquanto jovens arquitectos de 30 anos,<br />

partilhar a nossa pequena experiência de internacionalização, em<br />

particular as vicissitudes da construção de uma escola em em Itália.<br />

Para quem está em início de carreira e tem poucos contactos,<br />

internacionalização é frequentemente sinónimo de imigração.<br />

Foi assim connosco. O Carlos fe ffez z Erasmus em Florença e, ten -<br />

do estabelecido fo ffortes rtes relações de amizade, transfe transfere-se, fe f re-se, em<br />

2006, para Itália, Itália, trabalhando numa agência pública de trans -<br />

formações fo f rmações urbanas e em vários projectos proj oj o ectos em parceria com um<br />

urbanista italiano.<br />

Com o passar do tempo, tempo, acaba por receber algumas encomendas<br />

directas e convida o Luís, que permaneceu em Portugal,<br />

a trabalhar em conjunto. Nenhum <strong>dos</strong> projectos proj oj o ectos acaba por se<br />

concretizar – sempre aborta<strong>dos</strong> por problemas económicos –,<br />

contudo, com o regresso ao país em 2010, montam um gabinete gabinete<br />

no Porto com o nome “mavaa arquitectos associa<strong>dos</strong>”.<br />

Os contactos com Itália continuam e surge uma primeira hipóte -<br />

se de obra “de raiz”. Trata-se do proj projecto oj o ecto de uma escola em Mon -<br />

tepulciano (Siena), na sequência da participação num num pequeno<br />

concurso por convite em parceria com o referido refe fe f rido urbanista.<br />

O desafio era era evidentemente difícil: com poucos meses para a<br />

elaboração do projecto, proj oj o ecto, a Câmara pretendia usar o mesmo valor<br />

que tinha destinado à realização de uma escola primária para<br />

realizar um edifício com duas escolas integradas: uma primá -<br />

ria e um jardim de infância. Tudo Tud T o isto, idealmente, numa es -<br />

trutura com uma elevada classe energética e com o recurso a<br />

materiais ecológicos.<br />

O projecto proj oj o ecto ficou integralmente a nosso cargo. No entanto, a coor -<br />

denação e os contactos com o cliente fo fforam ram fe ffeitos itos pelo nosso parceiroceiro<br />

italiano. E inicia-se inicia-se um processo conturbado. Com o pro -<br />

jecto a ser revisto radicalmente em fase fa f se de execução vezes sem<br />

conta, conta, para se ajustar aj a ustar ao enorme espartilho espartilho orçamental. Com as<br />

dificuldades dificuldades inerentes à distância e ao fa ffacto cto de o contacto com o<br />

cliente não ser directo: muito acaba por se perder pelo meio.<br />

E o trabalho faz-se fa f z-se com muito esforço: esfo fo f rço: meses de trabalho de es -<br />

critório, muitas horas ao telefone, telefo fo f ne, muita discussão e incertezas incertezas<br />

sobre o rumo a seguir,<br />

r, r aprendizagem e utilização de softwa -<br />

re italiano específico para medições/cadernos de encargos em<br />

obras públicas, uma semana por mês em Itália para acompanha -<br />

mento e fiscalização da obra, com to<strong>dos</strong> os encargos inerentes.<br />

Para além disso, a nossa maneira de fa ffazer zer “à portuguesa” portuguesa” co -<br />

lide com as vontades de rápida rápida solução <strong>dos</strong> vários vários interlocuto -<br />

res e com um ciclo produtivo orientado para soluções standard<br />

sem grande primor pela qualidade de execução e pormenoriza -<br />

ção construtiva.<br />

Passa<strong>dos</strong> dois anos e meio, estão executa<strong>dos</strong> os toscos e as infraestruturas,<br />

o revestimento exterior e as paredes interio -<br />

res em gesso cartonado. As obras serão retomadas em Janeiro,<br />

após uma pausa de alguns meses, por dificuldades económicas<br />

da construtora e aparente fa ffalência lência do banco que assegura assegura o financiamento<br />

da obra.<br />

A internacionalização internacionalização é, por vezes, um caminho árduo, pou -<br />

co rentável – até à data esta aposta não terá pago as despesas<br />

–, onde a persistência e a incerteza estão de mãos dadas, numa<br />

aposta travada pelo amor à arquitectura.<br />

MAVAA MAV AV AVA VAA ARQUITECTOS ASSOCIADOS

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!