BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos
BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos
BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
1<br />
INTERNACIONALIZAÇÃO:<br />
QUANDO A A VONTADE VO V NTA TA T DE SE SE<br />
TORNA NECESSIDADE<br />
NECESSIDADE<br />
(...) Quero refletir sobre o fenómeno fe f nómeno da internacionalização<br />
na atual conjuntura e os caminhos que se estão a formar fo f rmar para<br />
os jovens arquitetos, incluindo eu mesmo. Isto espelha-se em<br />
duas palavras da afirmação do texto de apresentação deste Call<br />
for fo f r Papers que passo a citar: “Por vontade ou por necessidade, a<br />
internacionalização <strong>dos</strong> arquitetos portugueses tem percorri percorri -<br />
do caminhos distintos.” Sublinho, “por vontade ou por neces -<br />
sidade”. Pois. Aqui está a parte crítica crít ít í ica da questão. Até à His -<br />
tória mais recente a internacionalização tem acontecido por<br />
vontade, porque houve oportunidades, porque se acreditou<br />
na qualidade das obras produzidas por arquitetos portugue -<br />
ses, qualidade qualidade aliás reconhecida internacionalmente de for fo f r -<br />
ma irredutível, irredutív ív í el, porque estávamos seguros que tínhamos tínhamos algo<br />
a “ensinar” aquém e além-fronteiras, porque provavelmente<br />
tínhamos algo a dizer na prática de arquitetura, e porque ha -<br />
via fe fferramentas rramentas para o fa ffazer, zer, r, r repito, por vontade. Vivemos num<br />
mundo globalizado, já um lugar-comum, vivemos interliga<strong>dos</strong>,<br />
é certo, e a internacionalização de produtos, ideias ideias e práticas práticas é<br />
um bem essencial para afirmar uma cultura, a nossa, um país,<br />
o nosso, os profissionais, nós. As trocas trocas políticas, polít ít í icas, económicas e<br />
culturais entre países são fundamentais fundamentais na criação de relações,<br />
quer de complemento, quer de concorrência. Somos nações in -<br />
dependentes, umas mais do que outras, mas interligadas. Já se<br />
sabe e já se estava a fazer fa f zer por isso!<br />
Porém, a reviravolta vislumbra-se nas circunstâncias atuais, a<br />
situação difícil em que estamos e que recentemente tem feito fe f ito<br />
massas saírem às ruas. ruas. É a crise! Repentinamente Repentinamente deixámos de<br />
o fazer fa f zer por vontade e temos que o fazer fa f zer por necessidade. Subitamente<br />
a internacionalização passou a fazer fa f zer parte <strong>dos</strong> dis -<br />
cursos diários, quando já se verificava. Tornou-se To T rnou-se na cura para<br />
PAPERS<br />
Internacionalização<br />
Inte te t rnacionaliza za z ção<br />
O mote fo ffoi i lançado e recebemos nove “impressões”, de que se publicam sete;<br />
por razões de espaço nem to<strong>dos</strong> tiveram o seu lugar na versão impressa<br />
mas to<strong>dos</strong> cabem no blogue (boletimarquitectos.wordpress.com).<br />
(boletimarquitectos.w .w . ordpress.com).<br />
Continuamos a contar com a participação <strong>dos</strong> membros; de seguida<br />
com o Emprego e depois, como anunciado nesta edição,<br />
com a Política Polít ít í ica Pública de Arquitectura. Participe e impressione-nos.<br />
uma doença recentemente diagnosticada. diagnosticada. Acho que isto muda<br />
drasticamente o sentido da internacionalização. Quando ou -<br />
vimos os arquitetos Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura (lá<br />
voltamos aos mesmos!) dizer que apenas apenas têm oportunidades no<br />
estrangeiro e que essa é a salvação da sua prática profissional<br />
em Portugal, tocamos na ferida. fe f rida. Quando antes antes exportar fo ffosse sse<br />
o que fo ffosse sse era uma ferramenta fe f rramenta para difundir sucessos nacio -<br />
nais, agora é apenas uma forma fo f rma de tentar atingir os objectivos<br />
obj bj b ectivos<br />
em Portugal. O revés. Citando Clara Ferreira Alves num artigo<br />
que escreveu para o Jornal Arquitetos, intitulado “Ser In Quê?”,<br />
“o Estado está em estado falido, fa f lido, o desemprego é a circunstância<br />
do homem (e sobretudo da mulher)<br />
r) r e o fr ffree-lancing, ee-lancing, g, g nome bonito<br />
para o recibo verde e a fa ffatura tura por pagar, pagar, r, r é a moda das pro -<br />
fissões não suficientemente liberais para serem ren<strong>dos</strong>as”, e<br />
acrescento, é a razão porque a vontade se tornou em necessidade.<br />
Acredito ser importante refletir sobre este ponto de vista.<br />
Aproveito este momento para partilhar a minha experiência<br />
pessoal, no âmbito âmbito da internacionalização, e a minha modesta<br />
mas relevante opinião no mesmo âmbito e segundo este raciocínio,<br />
um pouco crítico. crít ít í ico. Sou português, arquiteto, ainda esta -<br />
giário, e trabalho na Cidade do México, “internacionalizei-me”<br />
portanto. Antes já havia saído, estudei um ano em Berlim no<br />
âmbito do programa europeu Erasmus, tantos outros o fazem fa f zem e<br />
cada vez mais (ainda bem!) pois acredito ser a primeira sequela sequela<br />
na trilogia da internacionalização. Fi-lo por vontade. Acredito<br />
que estudar noutro país, em circunstâncias fora fo f ra da minha zona<br />
de conforto confo fo f rto é benéfico. Aprende-se muito e de outras formas, fo f rmas,<br />
vivem-se experiências diferentes, dife fe f rentes, contacta-se com outras for fo f r -<br />
mas de pensar e agir, r, r vêem-se e vivenciam-se lugares e vidas<br />
distintas, enriquece-se. Ao mesmo tempo exportam-se ide -<br />
ais, práticas e pensamentos. Por vontade, porque há quem não<br />
o ambicione e tem o direito de não o querer fazer. fa f zer. Como nota<br />
acrescento que durante esta experiência tive o primeiro con -<br />
tacto com o elogio à prática de arquitetura em Portugal, e sim,<br />
voltamos aos do costume! Naquela altura fi-lo por vontade.<br />
Agora estou do outro lado do oceano Atlântico, no México.<br />
Sim, no jantar de receção que tão simpaticamente me oferece ofe of rece -<br />
ram aqueles que são agora meus colegas colegas de trabalho e amigos<br />
na noite em que cheguei, elogiaram a arquitetura portuguesa e,<br />
por supuesto, os arquitetos Álvaro Siza e Souto de Moura fo fforam ram