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BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos

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uma presença mais ou menos completa num determinado mercado<br />

(por exemplo, com a abertura física de um escritório, com<br />

existência legal nesse país, incorporando mais ou menos funções<br />

de produção) ou a forma indirecta, através de parcerias ou acor<strong>dos</strong><br />

com empresas locais, funcionando neste caso num regime de<br />

subcontratação total ou parcial <strong>dos</strong> negócios por recurso aos serviços<br />

de um intermediário. Naturalmente que a forma indirecta é<br />

a forma de entrada no mercado internacional mais popular e cautelosa<br />

para as PME que estão a iniciar a actividade de internacionalização,<br />

por envolver menor investimento e menos riscos.<br />

Três grandes factores determinam a opção por uma destas duas<br />

formas de entrada no mercado internacional: os objectivos visa<strong>dos</strong><br />

e relaciona<strong>dos</strong> com o tipo de controlo permitido por cada forma<br />

de abordagem ao mercado; o tipo de serviços que se quer prestar<br />

e a sua posição no seu ciclo de vida (marca, relacionamentos<br />

e valor acrescentado); o tipo de mercado alvo (grau de abertura<br />

às importações, grau de maturidade do mercado e das empresas<br />

existentes e tipo de sistema económico).<br />

A resposta à segunda pergunta – para onde internacionalizar –<br />

está frequentemente relacionada, no caso da arquitectura, mais<br />

com a rede de conhecimentos e vivências pessoais que os responsáveis<br />

das empresas desenvolvem, e menos com os estu<strong>dos</strong><br />

de mercado, esta sim a abordagem mais formal e recomendada.<br />

Pensamos no entanto, que ambas fazem sentido e se justificam,<br />

pois muitas vezes é através da primeira abordagem que surgem<br />

os sinais do potencial de um determinado mercado. No entanto,<br />

a total ausência de uma abordagem mais formal é perigosa quando<br />

equacionamos uma estratégia de internacionalização para um<br />

sector. Pelo que se recomenda que este sector promova uma reflexão<br />

alargada e se possível sistematizada, identificando potenciais<br />

merca<strong>dos</strong> externos, definindo que tipos de negócios apresentam<br />

potencial interessante para as empresas portuguesas e sugerindo<br />

formas específicas de internacionalização.<br />

Finalmente, a terceira questão <strong>dos</strong> apoios. Felizmente nunca como<br />

hoje existiram tantos incentivos para que as empresas portuguesas,<br />

de qualquer sector económico, implementassem estratégias<br />

de internacionalização. Estes incentivos, traduzem-se em apoios<br />

financeiros directos às empresas (por exemplo, através do programa<br />

Compete), em apoios às estruturas representativas do sector<br />

(por exemplo, apoiando projectos colectivos que promovam a<br />

arquitectura portuguesa) e nos serviços que são disponibiliza<strong>dos</strong><br />

pela AICEP (verdadeiro instrumento facilitador <strong>dos</strong> processos de<br />

internacionalização). Podemos mesmo afirmar que não é certamente<br />

pela falta de apoios que as empresas portuguesas não se internacionalizam.<br />

A internacionalização<br />

é uma opção<br />

de risco elevado<br />

Em resumo, pensamos que a arquitectura portuguesa tem todas<br />

as condições para se continuar a afirmar no mercado internacional.<br />

Para que tal aconteça e a título motivador e provocador deixaria<br />

um conjunto de observações e sugestões, todas elas igualmente<br />

relevantes:<br />

- A grande maioria das empresas de arquitectura apresenta uma<br />

dimensão micro, e uma enorme fragilidade financeira, a par de<br />

debilidades em termos de conhecimentos de gestão. Pensar neste<br />

cenário um projecto de internacionalização é um enorme desafio.<br />

Mas haverá outra solução?<br />

- Existe uma enorme falta de experiência e cultura de colaboração<br />

neste sector. A lógica prevalecente é de competição e mesmo muitas<br />

vezes de conflito, com ausência de racionalidade económica. A<br />

experiência mostra que, nestes casos, a longo prazo to<strong>dos</strong> perdem.<br />

Sabemos que os sectores mais pujantes e resistentes são aqueles<br />

que apresentam grande diversidade de empresas, em termos de<br />

dimensão e de conhecimentos (especialização) e que são transparentes,<br />

isto é, onde abunda informação e to<strong>dos</strong> decidem de forma<br />

o mais racional possível.<br />

- Precisamos de conhecer com rigor quem são os arquitectos e as<br />

empresas de arquitectura portuguesas, o que fazem, para quem,<br />

como, que valor criam nacional e internacionalmente. Isto irá ajudar<br />

a descobrir e a promover casos de sucesso, não só de boa gestão,<br />

mas de internacionalização. E irá igualmente permitir identificar<br />

barreiras e constrangimentos, para os quais o sector deve<br />

definir estratégias essencialmente colectivas.<br />

- É fundamental incentivar que as empresas de arquitectura beneficiem<br />

<strong>dos</strong> apoios existentes para a implementação de estratégias<br />

de internacionalização; para isso é preciso que a informação<br />

seja disponibilizada atempadamente, mas mais importante do<br />

que isso, que os responsáveis dessas empresas procurem de forma<br />

activa a informação e as instituições com responsabilidade nesta<br />

área. Não é legítimo que continuemos a queixar-nos da ausência<br />

de informação, quando a mesma está frequentemente disponível<br />

à distância de um simples click ou correio electrónico.<br />

- O desenvolvimento de projectos conjuntos de internacionalização,<br />

isto é, projectos envolvendo pelos menos dez empresas de<br />

um mesmo sector é um importante instrumento para financeiramente<br />

apoiar as empresas; este sector nunca teve um projecto<br />

com estas características, mas é fundamental que o consiga implementar.<br />

É difícil, obriga a estratégias colaborativas, a identificar<br />

segmentos de merca<strong>dos</strong> em que somos complementares e não<br />

concorrentes, em definir interesses e prioridades de forma transparente,<br />

em explicitamente assumir fragilidades. Mas quando somos<br />

capazes de o fazer, os resulta<strong>dos</strong> ultrapassam na maioria <strong>dos</strong><br />

casos as nossas melhores expectativas.<br />

Reconhecemos que tudo isto é muito e difícil. Mas felizmente são<br />

cada vez mais os sectores económicos portugueses que o fazem<br />

com sucesso e que garantem assim o seu futuro sustentável. Eu<br />

acredito que a arquitectura portuguesa também o fará, com mais<br />

ou menos dificuldades. Mas urge fazer…

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