BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos
BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos
BOLETIM ARQUITETOS 229.indd - Ordem dos Arquitectos
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
A reabilitação é a solução para a Europa, mas não é a solução<br />
para os milhares de jovens arquitectos que querem deixar a sua<br />
marca e querem conseguir recursos para viver honradamente.<br />
A reabilitação é aos “poucochinhos” lentamente e com muitos<br />
entraves. Muitas vezes por imposição da administração sai<br />
mais caro reabilitar... E os clientes desistem... Etc...<br />
Para quem quer novos desafios, para quem quer sem alguém,<br />
pode e deve emigrar, internacionalizar-se ou exportar....<br />
Ponto prévio: ainda que não pense em nada disto aprenda todas<br />
as línguas que puder, aprender não ocupa espaço e saber línguas<br />
é melhor plano de pensões que pode ter...<br />
Com Portugal em dificuldades e sem recursos económicos emigrar<br />
é uma solução. Conheço arquitectos portugueses em Londres,<br />
em Zurique, em Sidney, em Xangai, nos EUA, no Brasil, na<br />
Bolívia, em Moçambique, Angola, Timor... To<strong>dos</strong> com sucesso.<br />
Emigramos por um melhor salário, algumas vezes por um salário,<br />
qualquer salário, outras vezes por um salário cinco vezes superior.<br />
Com trabalho árduo somos sempre bem aceites, e curiosamente<br />
a nossa formação é bastante melhor do que pensam<br />
alguns “Velhos do Restelo” que deixamos nas praias a ver partir<br />
navios e à espera de um qualquer D. Sebastião, que nunca voltou<br />
e nunca vai voltar. Em Portugal formámos muitos, óptimos arquitecto,<br />
formámos arquitectos para o Mundo, muitos mais que<br />
os necessários para Portugal. Somos bem considera<strong>dos</strong> os <strong>Arquitectos</strong><br />
Portugueses, temos a sorte de ter dois fantásticos <strong>Arquitectos</strong><br />
com o prémio Pritzker. Um prémio Pritzker por cada<br />
5 M de habitantes. O planeta tem 7 000 000 000 de habitantes.<br />
Para estarmos na média teríamos 1400 prémios Pritzker vivos<br />
no mundo. Só foram atribuí<strong>dos</strong> 32 desde o início...<br />
A formação de muitos <strong>Arquitectos</strong> em Portugal, foi associada a ser<br />
“fixe” para os jovens, a ser um curso superior, o de Arquitectura, e<br />
a ser fácil fazer o curso, neste caso um erro tremendo uma vez que<br />
um curso de Arquitectura é muito, muito, muito trabalhoso.<br />
Somos muitos, não nos podemos queixar... Foi uma escolha <strong>dos</strong><br />
nosso dirigentes, nós votámos neles, nós deixamos que se perpetuassem,<br />
nós somos co-responsáveis.<br />
Fui imigrante em Espanha durante cinco anos, fui muito bem<br />
recebido e só voltei à Pátria mãe, por saudade, triste fado... Não<br />
me arrependo, mas seguramente teria maiores oportunidades<br />
num mercado maior...<br />
Para se internacionalizar:<br />
O primeiro passo seria olhar para o crescimento da economia<br />
<strong>dos</strong> países / regiões do mundo. Escolher sempre e só uma economia<br />
em crescimento.<br />
O segundo passo seriam umas férias, sim, umas férias passadas<br />
no país de destino. Se não gostar do país e das suas gentes,<br />
<strong>dos</strong> seus hábitos e <strong>dos</strong> seus costumes vai ser muito mais difícil<br />
adaptar-se. Se se apaixonar pelo país nessa viagem, esse sem<br />
dúvida vai ser o destino da sua internacionalização.<br />
No confronto<br />
com o estrangeiro<br />
os portugueses,<br />
cada um por si,<br />
são sempre casos<br />
de sucesso<br />
Internacionalização em Arquitectura pode ser:<br />
1. Exportar.<br />
2. Integrar-se.<br />
1 EXPORTAR. É vender um serviço, partindo da posse de um<br />
conhecimento que outros não têm e fornecendo uma solução.<br />
Um bom exemplo é o projecto de um porto para submarinos,<br />
poucos sabem projectar um porto com estas características, é<br />
mesmo necessário encontrar um especialista. Outro mais simples<br />
é baseado na confiança com um cliente existente. Projectamos<br />
um hotel para a companhia Alfa porque já projectámos<br />
muitos e temos a confiança do cliente. Trabalhamos globalmente.<br />
2 INTEGRAR-SE. Integrar-se é fazer parte, é ser local. “Em<br />
Roma ser Romano”. Aprender os hábitos do local e integrarse.<br />
Há muitos anos li algures Work globaly think localy como<br />
anúncio de uma multinacional de Arquitectura.<br />
Hoje estou seguro que têm razão. Aprender pelo planeta mas<br />
pensar localmente. O “ser Romano em Roma” faz todo o sentido.<br />
Conhecer as gentes e os hábitos. Ser humilde. Fazer parcerias<br />
localmente. Ouvir. Criar raízes, abrir um escritório/atelier<br />
no local. Contratar locais. Deslocá-los para a nossa sede, criar<br />
laços voltar a enviá-los para o local da internacionalização, fazer<br />
parte de clube local. Fazer amigos. Ir aos seus casamentos.<br />
Somos Portugueses, somos capazes de nos integrar como ninguém.<br />
Faz sentido a internacionalização e estamos mais prepara<strong>dos</strong><br />
que to<strong>dos</strong> os outros para isso, já o fizemos por necessidade<br />
em pequenas cascas de nós chamadas caravelas há 500 anos,<br />
mal prepara<strong>dos</strong> e correndo riscos imensos. Hoje, prepara<strong>dos</strong><br />
como ninguém, podemos ir, confiantes do nosso sucesso.<br />
Vamos em paz e com confiança, seguros do nosso sucesso. Vamos.<br />
ANDRÉ CAIADO, membro n.º 4154<br />
MSc. PhD.