A Divina Comédia, de Dante Alighieri Análise da obra A Comédia ...
A Divina Comédia, de Dante Alighieri Análise da obra A Comédia ...
A Divina Comédia, de Dante Alighieri Análise da obra A Comédia ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
3. A moral, foca<strong>da</strong> na rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> costumes e na exaltação aos valores do Bem, <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong><br />
Justiça.<br />
4. A anagógica, ou sobrenatural, constituí<strong>da</strong> na passagem <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a humani<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> escravidão do<br />
pecado à salvação, pela Re<strong>de</strong>nção <strong>de</strong> Cristo.<br />
Haveria, ain<strong>da</strong>, um aspecto mais polêmico, o político, que enxerga na mulher ama<strong>da</strong>, Beatriz,<br />
uma analogia com uma Florença purifica<strong>da</strong> dos seus pecados ou com uma Itália unifica<strong>da</strong>.<br />
Personagens<br />
Para sua viagem, <strong>Dante</strong> convi<strong>da</strong> três personagens <strong>de</strong> seu imaginário: o poeta Virgílio<br />
(Inferno e purgatório), Beatriz, seu gran<strong>de</strong> amor platônico (Céu) e São Bernardo (Impirium-<br />
Deus).<br />
Enredo<br />
A viagem <strong>de</strong> <strong>Dante</strong> na <strong>Divina</strong> <strong>Comédia</strong> inicia-se na quinta-feira <strong>da</strong> semana santa <strong>de</strong> 1.300<br />
d.C. Sua narrativa é curiosa, assustadora, e acima <strong>de</strong> tudo singular. <strong>Dante</strong> mistura-se a um<br />
complexo conjunto <strong>de</strong> sentimentos, impressões, crenças e conhecimento cultural para <strong>de</strong>senvolver<br />
seu edifício literário. O primeiro conceito niti<strong>da</strong>mente observável é a concepção geocêntricoastronômico<br />
<strong>de</strong> Ptolomeo <strong>de</strong> Alexandria (Séc. II d.C.). As disposições Astronômicas são exatamente<br />
aquelas encontra<strong>da</strong>s no Tetrabiblos e Almagesto do mesmo Cláudio Ptolomeo.<br />
Outro aspecto fun<strong>da</strong>mental em sua narrativa é a "Teoria <strong>da</strong> Imortali<strong>da</strong><strong>de</strong>" <strong>de</strong> Platão, que<br />
supunha a viagem <strong>da</strong> alma humana após sua morte, aos céus específicos <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> planeta, <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />
teriam vindo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio.<br />
Encontraremos <strong>Dante</strong> narrando várias vezes <strong>de</strong> seu imaginário, ícones distorcidos pela<br />
percepção religiosa <strong>de</strong> seu tempo.<br />
Quanto à Beatriz, sua musa inspiradora, não se sabe muito. Na reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Dante</strong> a conhecera<br />
já <strong>de</strong>sposa<strong>da</strong> por outro homem e sua paixão platônica o perseguiu por to<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Muitas vezes<br />
gran<strong>de</strong>s paixões são marca<strong>da</strong>s pela dor. Beatriz morrera em tenra i<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixando o poeta<br />
profun<strong>da</strong>mente <strong>de</strong>primido. <strong>Dante</strong> chegou a casar-se, mas jamais escrevera sequer um verso para<br />
sua esposa, tornando-se conhecido como o maior adúltero literário <strong>da</strong> história <strong>da</strong> poesia.<br />
Para se ter uma idéia dos sentimentos <strong>de</strong> <strong>Dante</strong> por Beatriz, ele a cita 64 vezes na <strong>Divina</strong><br />
<strong>Comédia</strong>, sendo o Cristo citado apenas 40. Beatriz só per<strong>de</strong> para Deus, que muito freqüentemente<br />
era invocado quando em sua estadia no inferno.<br />
<strong>Dante</strong> não escon<strong>de</strong> em seus versos sua opinião sobre as coisas. De posse <strong>da</strong>s chaves do<br />
universo, brinca <strong>de</strong> Deus e coloca no inferno todos aqueles que odiara e que o perseguiram durante<br />
a vi<strong>da</strong>. Lá estavam também todos os que eram convenientes ao pensar teológico. Desta maneira, o<br />
poeta se vinga <strong>de</strong> todos aqueles com os quais lutara em vi<strong>da</strong> e glorifica todos os seus amigos e<br />
amores, os elevando às alturas celestiais.<br />
<strong>Dante</strong> fez uma viagem ao mundo do além. Orientando pelo poeta Virgilio, conhece o inferno e<br />
o purgatório e <strong>de</strong>pois, guiado por Beatriz, visita o Paraíso. Ao longo do percurso <strong>Dante</strong> encontra<br />
vários conhecidos seus e conversa com alguns <strong>de</strong>les. O inferno é um vale nas entranhas <strong>da</strong> terra<br />
formado por vários círculos que vão e afunilando: quando mais baixo estão, maiores os pecados<br />
<strong>da</strong>quelas almas que ali pa<strong>de</strong>cem gran<strong>de</strong>s suplícios. Satanás, com quem se encontram, tem três<br />
faces, uma só cabeça e enormes asas <strong>de</strong> morcego. Saem do inferno e sobem a montanha do<br />
purgatório. Passam pelos sete círculos que representam os sete pecados capitais. Banhando-se em<br />
águas sagra<strong>da</strong>s, na saí<strong>da</strong> do purgatório, são absolvidos <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a culpa. <strong>Dante</strong> entra no paraíso<br />
seguido por Beatriz, e aí encontra santos, sábios, teólogos, e outros espíritos. No último céu,<br />
encontra São Pedro e faz um exame <strong>de</strong> fé. Beatriz ocupa um lugar no terceiro ciclo dos eleitos. No<br />
final <strong>da</strong> jorna<strong>da</strong>, <strong>Dante</strong> vislumbra Deus em to<strong>da</strong> a sua glória.<br />
Arquitetura do mundo extraterreno<br />
Sob a crosta terrestre abre-se, no hemisfério boreal, precisamente <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> Jerusalém,<br />
uma profun<strong>da</strong> <strong>de</strong>pressão em forma <strong>de</strong> cone que chega até ao centro <strong>da</strong> Terra. Foi provoca<strong>da</strong> pela<br />
que<strong>da</strong> <strong>de</strong> Lúcifer, o anjo rebel<strong>de</strong>, o qual, efetivamente, se acha cravado no fundo do abismo. As<br />
terras que saltaram durante a que<strong>da</strong> do anjo confluíram no hemisfério austral formando uma ilha