estudando o evangelho - a casa do espiritismo
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50<br />
Inferno<br />
Ali haverá choro e ranger de dentes.<br />
113<br />
A Humanidade de hoje não aceita a clássica definição de inferno, a<strong>do</strong>tada<br />
e ensinada por algumas religiões.<br />
Com alguma boa vontade, pode-se admitir que, no alvorecer <strong>do</strong>s tempos,<br />
quan<strong>do</strong> ainda rastejava o pensamento humano, a tese de um inferno, <strong>do</strong> qual<br />
jamais se sai, tivesse alguma utilidade.<br />
Conceden<strong>do</strong>, portanto, a semelhante tese um crédito de compreensão e<br />
tolerância, em homenagem à sua ancianidade, poder-se-á admitir a sua<br />
serventia numa época em que a Humanidade se encontrava mergulhada, “de<br />
corpo e alma”, nos profun<strong>do</strong>s oceanos <strong>do</strong> obscurantismo.<br />
O homem embruteci<strong>do</strong>, o homem selvagem, o homem que lutava por<br />
atingir o estágio da Razão — um homem assim, primitivo, atrasa<strong>do</strong>,<br />
possivelmente necessitaria de algo que o atemorizasse, de algo que lhe<br />
contivesse os violentos e animaliza<strong>do</strong>s impulsos, gera<strong>do</strong>s pela feroz<br />
ignorância.<br />
Hoje, contu<strong>do</strong>, o homem já se esclareceu... embora não se tenha<br />
ilumina<strong>do</strong>.<br />
A Ciência realiza, na atualidade, os mais arroja<strong>do</strong>s voos na direção <strong>do</strong><br />
conhecimento, desnudan<strong>do</strong> audaciosamente da Natureza as mais notáveis<br />
manifestações.<br />
A Filosofia, por seu la<strong>do</strong>, não lhe tem fica<strong>do</strong> atrás no afã de explicar os<br />
enigmas da Vida e da Imortalidade.<br />
A Religião, por sua vez, alian<strong>do</strong>-se a ambas, des<strong>do</strong>bra ao Espírito <strong>do</strong><br />
Homem horizontes mais amplos, perspectivas mais belas e consola<strong>do</strong>ras, no<br />
esperançoso cenário da Evolução.<br />
O inferno aceito e difundi<strong>do</strong> pela teologia não mais impressiona a ninguém.<br />
As próprias crianças não o levam a sério.<br />
O homem <strong>do</strong> século 20 aceita uma fórmula única, simples e lógica, para<br />
definir o inferno: esta<strong>do</strong> consciencial.<br />
Fórmula que a Doutrina Espírita também aceita e a<strong>do</strong>ta, difunde e prega.<br />
Fórmula que assegura a integridade da Justiça Divina, a excelsitude <strong>do</strong><br />
Amor <strong>do</strong> Pai.<br />
Na concepção teológica, é um lugar onde as almas sofrem eternamente; na<br />
concepção espírita, é um esta<strong>do</strong> dalma, transitório, efêmero.<br />
De acor<strong>do</strong> com a teologia, é Causa; de acor<strong>do</strong> com o Espiritismo, é Efeito.<br />
Com a primeira, foi cria<strong>do</strong> e nele são lança<strong>do</strong>s, eternamente, os infelizes;<br />
com o segun<strong>do</strong>, o homem é quem o cria e nele imerge, temporàriamente,<br />
viven<strong>do</strong>-lhe as emoções e deprimências.<br />
Duas teses, por conseguinte, inconciliáveis.<br />
Os Instrutores Espirituais, com a sabe<strong>do</strong>ria e a clareza de sempre,<br />
ensinam: não há tormentos eternos para os peca<strong>do</strong>res, mas, sim, “homens<br />
infernais crian<strong>do</strong> infernos para si mesmos”.<br />
Quem, portanto, fabrica o inferno para o homem éo próprio homem.<br />
Não seria Deus — ILIMITADO AMOR e INFINITA COMPAIXÃO — quem<br />
haveria de engendrar, com requintes de apurada crueldade, como não o faria o<br />
mais desumano carcereiro <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, tão desalmada prisão para as suas