Alfabetização, Letramento - Inep
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2.4 Articulações da leitura com a oralidade<br />
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Ao ser experienciada como uma prática em que professor e alunos trocam idéias sobre o texto,<br />
compartilhando significados e sentidos, a leitura possibilita ricas situações de oralidade. Foi o<br />
que aconteceu no trabalho com o texto “Nome de Gente”, o qual, segundo a professora Cleusa,<br />
provocou tantas perguntas e comentários dos alunos, que acabou desencadeando a leitura de<br />
outro texto com a mesma temática, como mostra o relato a seguir:<br />
Relato 11:<br />
Por que a gente não pode escolher o próprio nome?<br />
Quando uma criança nasce, os pais têm que registrar essa criança no cartório,<br />
para ela existir como cidadã, como moradora oficial da cidade, do país, do<br />
mundo. A certidão de nascimento é o primeiro documento que a gente tem. E<br />
os pais têm que pôr o nome e o sobrenome da criança na certidão de<br />
nascimento, e não adianta perguntar para um bebê que nome ele quer ter,<br />
adianta?<br />
Flávio de Souza. As estripulias de Biba, Pedro e Zeca. São Paulo: Companhia das<br />
Letras, 1997. p. 9.<br />
O texto “Por que a gente não pode escolher o próprio nome?” serviu como<br />
resposta às insistentes perguntas de alguns alunos, que desejavam saber por<br />
que os pais não podem esperar que a criança cresça, para que ela mesma<br />
escolha o próprio nome. Nele o autor utiliza uma linguagem coloquial e<br />
conclui com a indagação “... e não adianta perguntar para um bebê que<br />
nome ele quer ter, adianta?”, ressaltando a função interlocutiva do texto, que<br />
é informativo. Tal pergunta gerou muitos comentários das crianças quanto aos<br />
nomes que indicariam para si mesmas, se pudessem falar quando bebês.<br />
Aproveitei o momento para levá-las a argumentar sobre as escolhas que<br />
fariam, na situação mencionada, e sobre o significado da frase“existir como<br />
cidadã, como moradora oficial de cidade, do país, do mundo”, contida no<br />
texto. Ao perceber que alguns alunos estavam em dúvida quanto ao sentido<br />
da palavra “cidadã”, propus a eles que o procurássemos no dicionário.<br />
Encontrado, o texto-verbete foi anotado no quadro, lido e copiado por todos.<br />
Reflexão sobre o uso da leitura como prática social<br />
articulada com a oralidade<br />
Antes mesmo da leitura, o título do texto provocou grande<br />
discussão entre as crianças, que deram palpites sobre a<br />
pergunta feita pelo autor, utilizando assim estratégias de<br />
antecipação e de inferência. Não há dúvida de que a<br />
Veja no fascículo 4<br />
professora soube aproveitar a situação surgida para fazer da<br />
outras sugestões de<br />
leitura uma prática social articulada com a prática da<br />
uso do Dicionário na<br />
interação oral, ambas necessárias naquele contexto. Como,<br />
escola.<br />
segundo Soares (1999, p. 3), o letramento é o estado de<br />
quem “...exerce as práticas sociais de leitura e de escrita<br />
que circulam na sociedade em que vive, conjugando-as com as práticas sociais de interação<br />
oral”, é possível afirmar que os alunos praticaram o letramento no decorrer de todo o processo,