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[[<strong>EXERCÍCIOS</strong>]]<br />
1- ESPM- Leia o trecho da letra de música abaixo:<br />
A vida sem freio me leva, me arrasta, me cega<br />
No momento em que eu queria ver<br />
O segundo que antecede o beijo<br />
A palavra que destrói o amor<br />
Quando tudo ainda estava inteiro<br />
No instante em que desmoronou<br />
Palavras duras em voz de veludo<br />
E tudo muda, adeus velho mundo<br />
Há um segundo tudo estava em paz<br />
(“Cuide Bem do seu Amor”, CD Longo Caminho,<br />
Os Paralamas do Sucesso)<br />
Os segmentos “me leva, me arrasta, me cega”, “inteiro” e “desmoronou” e Palavras duras<br />
em voz de veludo” possuem respectivamente as seguintes figuras de linguagem:<br />
a) polissíndeto, antítese, metáfora.<br />
b) gradação, paradoxo, onomatopéia.<br />
c) gradação, antítese, sinestesia.<br />
d) anáfora, paradoxo, pleonasmo.<br />
e) anáfora, metáfora, metonímia.<br />
2- Ufscar/ 2009<br />
— Não refez então o capítulo? – indagou ela logo que entrei.<br />
— Oh, não, Miss Jane. Suas palavras abriram-me os olhos.<br />
Convenci-me de que não possuo qualidades literárias e não quero insistir – retruquei com ar<br />
ressentido.<br />
— Pois tem de insistir – foi sua resposta (...) Lembre-se do esforço incessante de Flaubert*<br />
para atingir a luminosa clareza que só a sábia simplicidade dá. A ênfase, o empolado, o<br />
enfeite, o contorcido, o rebuscamento de expressões, tudo isso nada tem<br />
com a arte de escrever, porque é artifício e o artifício é a cuscuta** da arte. Puros maneirismos<br />
que em nada contribuem para o fim supremo: a clara e fácil expressão da idéia.<br />
— Sim, Miss Jane, mas sem isso fico sem estilo ...<br />
Que finura de sorriso temperado de meiguice aflorou nos lábios da minha amiga!<br />
— Estilo o senhor Ayrton só o terá quando perder em absoluto a preocupação de ter estilo.<br />
Que é estilo, afinal?<br />
— Estilo é ... – ia eu responder de pronto, mas logo engasguei, e assim ficaria se ela muito<br />
naturalmente não mo definisse de gentil maneira.<br />
— ... é o modo de ser de cada um. Estilo é como o rosto: cada qual possui o que Deus lhe deu.<br />
Procurar ter um certo estilo vale tanto como procurar ter uma certa cara. Sai máscara<br />
fatalmente – essa horrível coisa que é a máscara ...<br />
— Mas o meu modo natural de ser não tem encantos, Miss Jane, é bruto, grosseiro, inábil,<br />
ingênuo. Quer então que escreva desta maneira?<br />
— Pois perfeitamente! Seja como é, e tudo quanto lhe parece defeito surgirá como qualidades,<br />
visto que será reflexo da coisa única que tem valor num artista – a personalidade.<br />
*Gustave Flaubert (1821–1880), escritor realista francês considerado um dos maiores do<br />
Ocidente.<br />
** planta parasita.<br />
(Monteiro Lobato, O presidente negro.)<br />
No último parágrafo do texto, Miss Jane tenta convencer Ayrton fazendo uso de uma figura<br />
chamada<br />
(A) paradoxo.<br />
(B) elipse.<br />
(C) ironia.<br />
(D) eufemismo.
(E) pleonasmo.<br />
Texto para questão 3 e 4.<br />
O pregar há-de ser como quem semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja.<br />
Ordenado, mas como as estrelas. (...) Todas as estrelas estão por sua ordem; mas é<br />
ordem que faz influência, não é ordem que faça lavor. Não fez Deus o céu em xadrez<br />
de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma<br />
parte há-de estar branco, da outra há-de estar negro; se de uma parte está dia, da<br />
outra há-de estar noite; se de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer sombra; se<br />
de uma parte dizem desceu, da outra hão-de<br />
dizer subiu. Basta que não havemos de ver num sermão duas palavras em paz? Todas hão-de<br />
estar sempre em fronteira com o seu contrário? Aprendamos do céu o estilo da disposição, e<br />
também o das palavras.<br />
(Vieira, Sermão da Sexagésima.)<br />
3- Ufscar - A metáfora do xadrez é explicada, no texto, com a seguinte figura de linguagem:<br />
(A) hipérbole.<br />
(B) antítese.<br />
(C) repetição.<br />
(D) rima.<br />
(E) metonímia.<br />
4- UFSCAR - No texto, a palavra lavor pode ser entendida como<br />
(A) ornamento.<br />
(B) aplauso.<br />
(C) glorificação.<br />
(D) obscuridade.<br />
(E) obséquio.<br />
5- Espm<br />
A graça da tira decorre da:<br />
a) ironia do interlocutor ao zombar da informação, relacionando a “limpeza do crime” à<br />
limpeza do colarinho.<br />
b) ingenuidade do interlocutor ao entender a expressão “colarinho branco” no seu sentido<br />
literal.<br />
c) confusão, por parte do interlocutor, entre crimes de alto escalão e sujeira dos colarinhos.<br />
d) ambiguidade da informação, fornecida pelo primeiro falante, sobre corrupção política.<br />
e) ligação absurda entre a diminuição do crime organizado e a greve das lavanderias.<br />
6- ESPM - Aforismo, segundo a versão eletrônica do Novo Dicionário Aurélio, é “uma<br />
sentença breve e conceituosa; uma máxima”. O próprio autor do texto lança mão desse<br />
recurso em várias passagens. Assinale a frase que não se enquadra nesse conceito:<br />
a) “O sábio conhece com a boca, o cientista, com a cabeça.”
) “O cientista soma. O sábio subtrai.”<br />
c) “O educador ajuda os outros a irem mudando no tempo.”<br />
d) “Roland Barthes, já velho, confessou que abandonara os saberes faláveis...”<br />
e) “Uma escola é um caldeirão de bruxas que o educador vai mexendo para<br />
desigualizar’...”<br />
7- ESPM - Dos nomes de peças de teatro que se apresentam (ou se apresentavam)<br />
na cidade de São Paulo, indique a que expresse um paradoxo:<br />
a) “A alma imoral” (adaptação de Clarice Niskier)<br />
b) “Mire veja” (Pedro Pires e Zernesto Pessoa)<br />
c) “Me inclua fora disso” (Gerson Esteves)<br />
d) “Lágrimas de Um Guarda-Chuva” (Eid Ribeiro)<br />
e) “Gota d’Água” (Chico Buarque)<br />
8- ESPM - O trecho: “...resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu,<br />
escorregam e caem...” configura uma:<br />
a) Anáfora<br />
b) Hipálage<br />
c) Gradação<br />
d) Antonomásia<br />
e) Silepse de número<br />
Utilize o texto abaixo para responder ao teste 9.<br />
A volta do caderno rabugento<br />
Não sei se vocês se lembram de quando lhes falei, acho que no ano passado, num caderninho<br />
rabugento que eu mantenho. Aliás, é um caderninho para anotações diversas, mas as únicas<br />
que consigo entender algum tempo depois são as rabugentas, pois as outras se convertem em<br />
hieróglifos indecifráveis (...), assim que fecho o caderno. Claro, é o reacionarismo próprio da<br />
idade, pois, afinal, as línguas são vivas e, se não mudassem, ainda estaríamos falando latim.<br />
Mas, por outro lado, se alguém não resistir, a confusão acaba por instalar-se e, tenho certeza,<br />
a língua se empobrece, perde recursos expressivos, torna- se cada vez menos precisa.<br />
Quer dizer, isso acho eu, que não sou filólogo nem nada e vivo estudando nas gramáticas,<br />
para não passar vexame. Não se trata de impor a norma culta a qualquer custo, até porque, na<br />
minha opinião, está correto o enunciado que, observadas as circunstâncias do discurso,<br />
comunica com eficácia. Não é necessário seguir receituários abstrusos sobre colocação de<br />
pronomes e fazer ginásticas verbais para empregar regras semicabalísticas, que só têm como<br />
efeito emperrar o discurso. Mas há regras que nem precisam ser formuladas ou lembradas,<br />
porque são parte das exigências de clareza e precisão - e essas deviam ser observadas. Não<br />
anoto,nem tenho qualificações para isto, com a finalidade de apontar o "erro de português",<br />
mas a má ou inadequada linguagem.<br />
E devo confessar que fico com medo de que certas práticas deixem de ser modismo e virem<br />
novas regras, bem ao gosto dos decorebas. É o que acontece com o, com perdão da má<br />
palavra, anacolutismo que grassa entre os falantes brasileiros do português. Vejam bem, nada<br />
contra o anacoluto, que tem nome de origem grega e tudo, e pode ser uma figura de sintaxe de<br />
uso legítimo. O anacoluto ocorre, se não me trai mais uma vez a vil memória, quando um<br />
elemento da oração fica meio pendurado, sem função sintática. Há um anacoluto, por exemplo,<br />
na frase "A democracia, ela é a nossa opção". Para que é esse "ela" aí?<br />
Está certo que, para dar ênfase ou ritmo à fala, isso seja feito uma vez ou outra, mas como<br />
prática universal é meio enervante. De alguns anos para cá, só se fala assim, basta assistir aos<br />
noticiários e programas de entrevistas. Quase nenhum entrevistado consegue enunciar uma<br />
frase direta, na terceira pessoa - sujeito, predicado, objeto - sem dobrar esse sujeito<br />
anacoluticamente (perdão outra vez). Só se diz "o policiamento, ele tem como objetivo", "a<br />
prevenção da dengue, ela deve começar", "a criança, ela não pode" e assim por diante. O<br />
escritor, ele teme seriamente que daqui a pouco isso, ele vire regra. (...) Finalmente, para não<br />
perder o costume, faço mais um réquiem para o finado "cujo". Tenho a certeza de que, entre os<br />
muito jovens, a palavra é desconhecida e não deverá ter mais uso, dentro de talvez uma<br />
década. A gente até se acostuma a ouvir falar em espécies em extinção, mas, não sei por que,
palavras em extinção me comovem mais, vai ver que é porque vivo delas. E não é consolo<br />
imaginar que o cujo e eu vamos nos defuntabilizar juntos.<br />
(João Ubaldo Ribeiro, O Estado de São Paulo, 18/07/2010)<br />
9- INSPER - Ao mencionar o anacoluto, João Ubaldo Ribeiro reconhece que essa figura de<br />
sintaxe pode ter “uso legítimo”. Identifique a alternativa em que o anacoluto foi empregado<br />
como recurso expressivo.<br />
(a) “E a menina, para não passar a noite só, era melhor que fosse dormir na casa de uns<br />
vizinhos.” (Rachel de Queiroz)<br />
(b) “Eu canto um canto matinal” (Guilherme de Almeida)<br />
(c) “Da lua os claros raios rutilavam.” (Camões)<br />
(d) “Deixa lá, que ainda havemos de ser felizes os dois, com a nossa casinha e as nossas<br />
coisas.” (Almada Negreiros)<br />
(e) “A tarde talvez fosse azul,/ não houvesse tantos desejos.” (Carlos Drummond de Andrade)<br />
Óbito do Autor<br />
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria<br />
em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar<br />
pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que<br />
eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi<br />
outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que<br />
também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo; diferença radical entre este<br />
livro e o Pentateuco.<br />
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na<br />
minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era<br />
solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos.<br />
Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia —<br />
peneirava — uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um<br />
daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu à beira<br />
de minha cova: — “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a<br />
natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que tem<br />
honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que<br />
cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à natureza as<br />
mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.”<br />
Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei. E foi assim que<br />
cheguei à cláusula dos meus dias; foi assim que me encaminhei para o undiscovered country<br />
de Hamlet, sem as ânsias nem as dúvidas do moço príncipe, mas pausado e trôpego, como<br />
quem se retira tarde do espetáculo.<br />
Tarde e aborrecido. Viram-me ir umas nove ou dez pessoas, entre elas três senhoras, minha<br />
irmã Sabina, casada com o Cotrim, — a filha, um lírio-do-vale, — e... Tenham paciência! daqui<br />
a pouco lhes direi quem era a terceira senhora. Contentem-se de saber que essa anônima,<br />
ainda que não parenta, padeceu mais do que as parentas. É verdade, padeceu mais. Não digo<br />
que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão, convulsa. Nem o meu óbito era<br />
coisa altamente dramática... Um solteirão que expira aos sessenta e quatro anos, não parece<br />
que reúna em si todos os elementos de uma tragédia. E dado que sim, o que menos convinha<br />
a essa anônima era aparentá-lo. De pé, à cabeceira da cama, com os olhos estúpidos, a boca<br />
entreaberta, a triste senhora mal podia crer na minha extinção.<br />
— Morto! morto! dizia consigo.<br />
(Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Em<br />
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto. Acesso em 22/04/2010.)<br />
10- INSPER - Das palavras abaixo, a única que destoa das demais quanto ao campo<br />
semântico é<br />
(a) introito<br />
(b) cabo<br />
(c) princípio<br />
(d) começo<br />
(e) incipiência
11- Insper - Em “E foi assim que cheguei à cláusula dos meus dias ...”, o termo grifado foi<br />
empregado com o mesmo sentido em<br />
(a) Aceitou a tarefa com a cláusula de lhe pagarem antecipadamente.<br />
(b) De gramática, só o confundiam as cláusulas adverbiais.<br />
(c) Na música medieval, as cláusulas recebiam atenção especial.<br />
(d) Antes de chegar à cláusula do seu discurso, todos o aplaudiram.<br />
(e) Uma das cláusulas do contrato era absurda.<br />
12- Insper –<br />
Lendo o texto, pode-se afirmar que a charge:<br />
I. Critica o desperdício dos gregos em época de crise.<br />
II. Satiriza um velho costume grego, tendo em vista o problema econômico enfrentado pelo<br />
país.<br />
III. Perde o sentido, se não se considerar o momento econômico de sua produção.<br />
Está(ão) correta(s) apenas<br />
(a) I e II.<br />
(b) I e III.<br />
(c) II e III.<br />
(d) II.<br />
(e) I.<br />
13- Insper -Em “A economia global tem as suas idiossincrasias e, por causa delas, precisa<br />
conviver com as contra indicações de um mercado compartilhado.”, o termo grifado pode ser<br />
substituído, sem alterar o sentido da expressão, por<br />
(a) os seus problemas.<br />
(b) as suas peculiaridades.<br />
(c) os seus obstáculos.<br />
(d) as suas falhas.<br />
(e) os seus entraves.<br />
14- Insper - Em “Seus chefes lhes ensinaram que é mais delicado, menos penoso, ‘aguardar’<br />
do que ‘esperar’”, o autor faz alusão a uma figura de pensamento chamada<br />
(a) ironia<br />
(b) eufemismo<br />
(c) paradoxo<br />
(d) antítese<br />
(e) hipérbole
15- Insper - A mesma figura de linguagem presente em “Os brasileiros temos pouca intimidade<br />
com as vigorações.” repete-se em:<br />
(a) “Nova ortografia, velhos dizeres.”<br />
(b) “Brasília é uma estrela espatifada.”<br />
(c) “O Ford quase o derrubou e ele não viu o Ford.”<br />
(d) “Coisa curiosa é aquela gente! Divertem-se com tão pouco...”<br />
(e) “Quer dizer: mais ou menos idêntica”.<br />
Utilize a tirinha abaixo para responder ao teste 16.<br />
(Folha de S. Paulo, 28/1/2009)<br />
16- Insper - No terceiro quadrinho, está pressuposta a ideia de que o cargo de diretor de<br />
ecologia<br />
(a) é alvo da cobiça de outros diretores.<br />
(b) é fruto do nepotismo.<br />
(c) não existe naquela empresa.<br />
(d) não goza de prestígio na empresa.<br />
(e) requer habilidades especiais.<br />
TEXTO II - Escrever é Triste<br />
Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. Os dedos sobre o teclado, as<br />
letras se reunindo com maior ou menor velocidade, mas com igual indiferença pelo que vão<br />
dizendo, enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas como também em dádivas de toda<br />
natureza, inclusive a simples claridade da hora, vedada a você, que está de olho na<br />
maquininha. O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginália, puré de<br />
palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário.<br />
O que você perde em viver, escrevinhando sobre a vida. Não apenas o sol, mas tudo que ele<br />
ilumina. Tudo que se faz sem você, porque com você não é possível contar. Você esperando<br />
que os outros vivam, para depois comentá-los com a maior cara-de-pau ("com isenção de largo<br />
espectro", como diria a bula, se seus escritos fossem produtos medicinais).<br />
Selecionando os retalhos de vida dos outros, para objeto de sua divagação<br />
descompromissada. Sereno. Superior. Divino. Sim, como se fosse deus, rei proprietário do<br />
universo, que escolhe para o seu jantar de notícias um terremoto, uma revolução, um adultério<br />
grego — às vezes nem isso, porque no painel imenso você escolhe só um besouro em<br />
campanha para verrumar a madeira. Sim, senhor, que importância a sua: sentado aí, camisa<br />
aberta, sandálias, ar condicionado, cafezinho, dando sua opinião sobre a angústia, a revolta, o<br />
ridículo, a maluquice dos homens. Esquecido de que é um deles.<br />
Ah, você participa com palavras? Sua escrita — por hipótese — transforma a cara das coisas,<br />
há capítulos da História devidos à sua maneira de ajuntar substantivos, adjetivos, verbos? Mas<br />
foram os outros, crédulos, sugestionáveis, que fizeram o acontecimento. Isso de escrever «O<br />
Capital» é uma coisa, derrubar as estruturas, na raça, é outra. E nem sequer você escreveu «O<br />
Capital». Não é todos os dias que se mete uma ideia na cabeça do próximo, por via gramatical.<br />
E a regra situa no mesmo saco escrever e abster-se. Vazio, antes e depois da operação.<br />
Claro, você aprovou as valentes ações dos outros, sem se dar ao incômodo de praticá-las.<br />
Desaprovou as ações nefandas, e dispensou-se de corrigir-lhes os efeitos. Assim é fácil manter<br />
a consciência limpa. Eu queria ver sua consciência faiscando de limpeza é na ação, que<br />
costuma sujar os dedos e mais alguma coisa. Ao passo que, em sua protegida pessoa, eles<br />
apenas se tisnam quando é hora de mudar a fita no carretel.(...)<br />
(Drummond de Andrade, Carlos. O Poder Ultrajovem, 1972.)
17- Insper - Os termos grifados no texto II (“verrumar”, “nefandas” e “tisnam”) podem ser<br />
substituídos, sem prejuízo semântico para o texto, por<br />
(a) acariciar, corajosas, incomodam<br />
(b) furar, perversas, movem<br />
(c) limpar, abomináveis, usam<br />
(d) sujar, louváveis, movimentam<br />
(e) esburacar, execráveis, sujam<br />
18- Insper - Em “...ganhou força nas universidades americanas nos anos 80 e desembarcou no<br />
Brasil pouco mais de dez anos depois”, o trecho em destaque é um exemplo da figura de<br />
linguagem chamada de<br />
(a) silepse<br />
(b) metonímia<br />
(c) catacrese<br />
(d) sinestesia<br />
(e) anáfora<br />
19- Unicamp/ 2010<br />
“Os turistas que visitam as favelas do Rio se dizem transformados, capazes de dar valor ao<br />
que realmente importa”, observa a socióloga Bianca Freire-Medeiros, autora da pesquisa “Para<br />
ver os pobres: a construção da favela carioca como destino turístico”. “Ao mesmo tempo, as<br />
vantagens, os confortos e os benefícios do lar são reforçados por meio da exposição à<br />
diferença e à escassez. Em um interessante paradoxo, o contato em primeira mão com<br />
aqueles a quem vários bens de consumo ainda são inacessíveis garante aos turistas seu<br />
aperfeiçoamento como consumidores.”<br />
No geral, o turista é visto como rude, grosseiro, invasivo, pouco interessado na vida da<br />
comunidade, preferindovisitar o espaço como se visita um zoológico e decidido a gastar o<br />
mínimo e levar o máximo. Conforme relata um guia, “O turismo na favela é um pouco invasivo,<br />
sabe? Porque você anda naquelas ruelas apertadas e as pessoas deixam as janelas abertas. E<br />
tem turista que não tem ‘desconfiômetro’: mete o carão dentro da casa das pessoas! Isso é<br />
realmente desagradável. Já aconteceu com outro guia. A moradora estava cozinhando e o<br />
fogão dela era do lado da janelinha; o turista passou, meteu a mão pela janela e abriu a tampa<br />
da panela. Ela ficou uma fera. Aí bateu na mão dele.” (Adaptado de Carlos Haag, Laje cheia de<br />
turista. Como funcionam os tours pelas favelas cariocas.<br />
Pesquisa FAPESP no. 165, 2009, p.90-93.)<br />
a) Explique o que o autor identifica como “um interessante paradoxo”.<br />
R: O interessante paradoxo consiste na afirmação dos turistas, em dizer que, com esse<br />
tipo de turismo, aprendem a gastar melhor o próprio dinheiro.<br />
“... o contato em primeira mão com aqueles a quem vários bens de consumo ainda são<br />
inacessíveis garante aos turistas seu aperfeiçoamento como consumidores.”<br />
20- Unicamp- Nessa propaganda, há uma interessante articulação entre palavras e imagens.<br />
a) Explique como as imagens ajudam a estabelecer as relações metafóricas no enunciado<br />
“Mesmo que o globo fosse quadrado, O GLOBO seria avançado”.<br />
R: Metáfora consiste no transporte das características de um elemento a outro. Assim,<br />
a imagem de um globo quadrado representa o modo “quadrado de algumas pessoas”.
A partir dessa relação afirma que, mesmo que as pessoas pensassem de modo<br />
quadrado, O Globo, jornal, seria redondo, ou seja, atual.<br />
b) Indique uma característica atribuída pela propaganda ao produto anunciado. Justifique.<br />
R: Atribui-se a ideia de ser atual, moderno, investigativo.<br />
21- Unicamp - Na primeira página da Folha de S. Paulo de 22 de outubro de 2004,<br />
encontramos uma seqüência de fotos acompanhada de uma legenda cujo título é: “A QUEDA<br />
DE FIDEL”. No texto da legenda, o jornal explica: O ditador cubano, Fidel Castro, 78, se<br />
desequilibra e cai após discursar em praça de Santa Clara (Cuba), em evento transmitido ao<br />
vivo pela TV; logo depois, ele disse achar que havia quebrado o joelho e talvez um braço, mas<br />
que estava “inteiro”; mais tarde, o governo divulgou que Fidel fraturou o joelho esquerdo e teve<br />
fissura do braço direito.<br />
a) O que a leitura desse título provoca? Por quê?<br />
R: Que o ditador perdeu o poder, pois o termo “queda” é utilizado para transmitir a ideia<br />
de destituição de poder.<br />
b) Proponha um outro título para a legenda. Justifique.<br />
R: aberto.<br />
22- Unicamp - Por ocasião da comemoração do dia dos professores, no mês de outubro de<br />
2003, foi veiculada a seguinte propaganda, assinada por uma grande corporação de ensino:<br />
Parabéns [Pl. de parabém] S. m. pl. 1. Felicitações, congratulações. 2. Oxítona<br />
terminada em ens, sempre acentuada. Acentuam-se também as terminadas em a, as, e, es, o,<br />
os, e em.<br />
Para a homenagem ao Dia do Professor ser completa, a gente precisava ensinar alguma coisa.<br />
a) Observe os itens 1 e 2 do verbete Parabéns no interior do quadro. Há diferenças entre<br />
eles. Aponte-as.<br />
R: Sim; em 1 há o conceito semântico; em 2 há conceito sintático.<br />
b) Levando em conta o enunciado que está abaixo do quadro, a quem se dirige essa<br />
propaganda?<br />
R: Aos professores, mas também aos alunos.<br />
c) Diferentes imagens da educação escolar sustentam essa propaganda. Indique pelo<br />
menos duas dessas imagens.<br />
R: I- Educação como instrumento conteudista, por meio do qual se ensina e é<br />
ensinado.<br />
II- Educação como uma instituição problemática, na qual os profissionais não dominam<br />
o conteúdo, por isso também devem aprender com a propaganda.<br />
III- Educação como um instrumento de troca, em que se ensina e aprende com o outro.<br />
23- Univan Épico Veríssimo<br />
“Relendo a obra<br />
Mais tarde, quase<br />
Sempre penso: “Não<br />
Era bem isto o que<br />
Queria dizer.”<br />
Dê a relação de sentido estabelecida entre a palavra “Épico”, no título, e o teor do<br />
poema:<br />
R: No título, o autor estabelece uma relação entre texto épico e a nome do autor<br />
“Érico”. A relação consiste na ideia de contar uma história, um grande feito.
24- GV - Observe as frases:<br />
I. Tecnologia da informação: do campus para o campo. (Jornal Unesp, agosto de 2009)<br />
II. Durante a (sessão/seção) plenária, o deputado deixou claro que, a partir daquele momento,<br />
não se discutiriam mais as (exceções/excessões). O mais importante seria o<br />
(cumprimento/comprimento) da pauta, atendendo, assim, aos interesses dos<br />
(cidadãos/cidadões).<br />
a) Nomeie e explique a figura de linguagem estabelecida pelo par campus-campo, em I.<br />
b) Transcreva, respectivamente, os termos que completam corretamente as lacunas em II.<br />
Resposta:<br />
a) Trata-se da paronomásia, figura de linguagem que extrai expressividade da combinação de<br />
palavras que apresentam semelhança fônica (e/ou mórfica), mas possuem sentidos diferentes<br />
(cf. Houaiss).<br />
b) Sessão (reunião), exceções, cumprimento (execução), cidadãos.<br />
25- GV - No trecho sublinhado em “mais vale quem Deus ajuda do que quem cedo madruga”,<br />
ocorre um tipo de desvio semântico que tem finalidade expressiva. Trata-se de<br />
A) paradoxo.<br />
B) hipérbole.<br />
C) redundância.<br />
D) personificação.<br />
E) eufemismo.<br />
26- Gv/ 2009<br />
21 Voltou dali a duas semanas, aceitou casa e comida sem outro estipêndio, salvo o que<br />
2 quisessem dar por festas. Quando meu pai foi eleito deputado e veio para o Rio de<br />
3 Janeiro com a família, ele veio também, e teve o seu quarto ao fundo da chácara.<br />
4 Um dia, reinando outra vez febres em Itaguaí, disse-lhe meu pai que fosse ver<br />
5 a nossa escravatura. José Dias deixou-se estar calado, suspirou e acabou confessando<br />
6 que não era médico. Tomara este título para ajudar a propaganda da nova escola, e<br />
7 não o fez sem estudar muito e muito; mas a consciência não lhe permitia aceitar mais<br />
8 doentes.<br />
9 ― Mas, você curou das outras vezes.<br />
10 ― Creio que sim; o mais acertado, porém, é dizer que foram os remédios indicados nos<br />
11 livros. Eles, sim, eles, abaixo de Deus. Eu era um charlatão... Não negue; os motivos do<br />
12 meu procedimento podiam ser e eram dignos; a homeopatia é a verdade, e, para servir à<br />
13 verdade, menti; mas é tempo de restabelecer tudo.<br />
14 Não foi despedido, como pedia então; meu pai já não podia dispensá-lo. Tinha o dom<br />
15 de se fazer aceito e necessário; dava-se por falta dele, como de pessoa da família.<br />
16 Quando meu pai morreu, a dor que o pungiu foi enorme, disseram-me; não me<br />
17 lembra. Minha mãe ficou-lhe muito grata, e não consentiu que ele deixasse o<br />
18 quarto da chácara; ao sétimo dia, depois da missa, ele foi despedir-se dela.<br />
19 ― Fique, José Dias.<br />
20 ― Obedeço, minha senhora.<br />
21 Teve um pequeno legado no testamento, uma apólice e quatro palavras de louvor.<br />
22 Copiou as palavras, encaixilhou-as e pendurou-as no quarto, por cima da cama.<br />
23 "Esta é a melhor apólice", dizia ele muita vez. Com o tempo, adquiriu certa autoridade<br />
24 na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo. Ao cabo,<br />
25 era amigo, não direi ótimo, mas nem tudo é ótimo neste mundo. E não lhe suponhas alma<br />
26 subalterna; as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que da índole. A roupa<br />
27 durava-lhe muito; ao contrário das pessoas que enxovalham depressa o vestido novo,<br />
28 ele trazia o velho escovado e liso, cerzido, abotoado, de uma elegância pobre e modesta.<br />
29 Era lido, posto que de atropelo, o bastante para divertir ao serão e à sobremesa, ou<br />
30 explicar algum fenômeno, falar dos efeitos do calor e do frio, dos pólos e de<br />
31 Robespierre. Contava muita vez uma viagem que fizera à Europa, e confessava<br />
32 que a não sermos nós, já teria voltado para lá; tinha amigos em Lisboa, mas a nossa<br />
33 família, dizia ele, abaixo de Deus, era tudo.<br />
34 ― Abaixo ou acima? perguntou-lhe tio Cosme um dia.<br />
35 ― Abaixo, repetiu José Dias cheio de veneração.<br />
36 E minha mãe, que era religiosa, gostou de ver que ele punha Deus no devido lugar,
37 e sorriu aprovando. José Dias agradeceu de cabeça. Minha mãe dava-lhe de quando<br />
38 em quando alguns cobres. Tio Cosme, que era advogado, confiava-lhe a cópia de<br />
39 papéis de autos.<br />
Machado de Assis. Dom Casmurro. Em<br />
http://www.bibvirt.futuro.usp.br/content/view/full/1429. Acesso em 08/09/08009<br />
Na linha 5 do excerto, escravatura é exemplo de recurso de estilo em que:<br />
A) se muda a construção sintática no meio do enunciado.<br />
B) se toma o substantivo abstrato pelo concreto.<br />
C) a palavra expressa oposição.<br />
D) a concordância é feita com a idéia que a palavra expressa e não com a sua forma<br />
gramatical.<br />
E) se utiliza do exagero para evidenciar uma idéia.<br />
27- GV- ENSINAMENTO<br />
Minha mãe achava estudo<br />
a coisa mais fina do mundo.<br />
Não é.<br />
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.<br />
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,<br />
ela falou comigo:<br />
“Coitado, até essa hora no serviço pesado.”<br />
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.<br />
Não me falou em amor.<br />
Essa palavra de luxo.<br />
PRADO, Adélia. Bagagem. 4ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1986, p. 124. Tio Cosme:<br />
irmão de Dona Glória, advogado e viúvo<br />
a) O texto tem, notadamente, um caráter sinestésico. Nomeie os dois aspectos sensoriais que<br />
se destacam e explique como a autora conseguiu esse efeito lingüístico.<br />
“Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.<br />
28- GV- Leia o poema de Alberto Caeiro.<br />
(...)<br />
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...<br />
Se falo na Natureza não é PORQUE saiba o que ela é,<br />
Mas porque a amo, e amo-a por isso,<br />
PORTQUE quem ama nunca sabe o que ama<br />
Nem sabe POR QUE ama, nem o que é amar...<br />
Amar é a eterna inocência<br />
E a eterna inocência não pensar...<br />
a) Empregue, correta e respectivamente, nas lacunas do poema, as palavras: porque, por<br />
que, porquê ou por quê.<br />
b) Transcreva o verso em que há uma figura de linguagem. Identifique-a.<br />
R: Há elipse no último verso: “E a eterna inocência [é] não pensar”. Como se<br />
trata de verbo que aparece no contexto próximo (na oração anterior, no verso<br />
anterior), trata-se de zeugma.<br />
29- GV- Veja abaixo alguns versos da canção Língua, de Caetano Veloso. A seguir, responda<br />
às perguntas sobre ela.<br />
Gosto de sentir a minha língua roçar<br />
A língua de Luís de Camões<br />
Gosto de ser e de estar<br />
E quero me dedicar<br />
5 A criar confusões de prosódias<br />
E uma profusão de paródias<br />
Que encurtem dores<br />
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa<br />
10 Da rosa no Rosa<br />
E sei que a poesia está para a prosa<br />
Assim como o amor está para a amizade<br />
E quem há de negar que esta lhe é superior<br />
Assinale a alternativa INCORRETA.<br />
A) O pronome lhe, no último verso transcrito, completa o sentido de superior.<br />
B) O poema contém figuras de estilo.<br />
C) O poema é uma declaração de amor ao idioma pátrio.<br />
D) Caetano ressalta diferenças entre a língua portuguesa atual do Brasil e a da época de<br />
Camões.<br />
E) O nome Rosa, no último verso transcrito, refere-se a Guimarães Rosa.<br />
30- GV-<br />
Na rua vazia as pedras vibravam de calor — a cabeça da menina flamejava. Sentada nos<br />
degraus de sua casa, ela suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no<br />
ponto do bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a<br />
interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão.<br />
Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra<br />
desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma<br />
revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma<br />
cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas<br />
horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um<br />
amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos.”<br />
LISPECTOR, Clarice. A Legião Estrangeira. São Paulo: Ática, 1990, p. 59.<br />
Que figura de linguagem, mais especificamente, que figura de pensamento ocorre na<br />
expressão em destaque: “Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária.”?<br />
R: A expressão revolta involuntária é um paradoxo. Revoltar-se significa insurgir-se contra<br />
algo com que não se concorda ou contra algo que, de maneira direta ou indireta, afeta-nos<br />
causando prejuízo ou perda. Não pode, assim, ser um ato involuntário. No contexto do<br />
fragmento apresentado, a personagem era naturalmente ruiva, o que a diferenciava dos<br />
demais membros da população, os morenos — o que não caracteriza, portanto, a personagem<br />
como alguém que tenha optado, voluntariamente, por ser diferente (ruiva, no caso) — o<br />
que constitui a imagem transmitida pela figura de linguagem do paradoxo.<br />
31- GV- Encontra-se aliteração no seguinte trecho do texto:<br />
A) Voltaram a cochichar projetos...<br />
B) ...as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-se.<br />
C) A lembrança das aves medonhas...<br />
D) Não tinham paciência...<br />
E) ...aquelas pestes vorazes que voavam lá em cima, fazendo curvas.<br />
32- GV- Emprega-se linguagem figurada, com predominância de metáforas, no trecho<br />
transcrito na alternativa:<br />
a) O cartunista Bob Thaves desenhou uma de suas instigantes tirinhas, que tem como<br />
personagens Frank & Ernest, os desleixados e eventualmente oportunistas representantes do<br />
"homem comum" do mundo contemporâneo urbano.<br />
b) Já ouviu dizer que o ócio é a mãe do pecado? Ou que o demônio sempre arruma ofício para<br />
quem está com as mãos desocupadas? Ou ainda que cabeça vazia é oficina do Diabo?<br />
c) Não é por acaso que Paul Lafargue, um franco-cubano casado com Laura, filha de Karl<br />
Marx, e fundador do Partido Operário Francês, foi pouco compreendido na ironia contida em<br />
alguns de seus escritos.<br />
d) O genro de Marx publicou "Direito à Preguiça", uma desnorteante e – só na aparência –<br />
paradoxal análise da alienação e da exploração humana no sistema<br />
capitalista.<br />
e) Ou, como registrou Anatole France, conterrâneo e herdeiro, no século seguinte, da<br />
mordacidade voltairiana: "O trabalho é bom para o homem".
Resolução<br />
As metáforas de ociosidade presentes no trecho são: “o ócio é a mãe do pecado”, “o demônio<br />
sempre arruma ofício para quem está com as mãos desocupadas” – aqui há também uma<br />
sinédoque ou metonímia: a parte (mãos) pelo todo (indivíduo) – e “cabeça vazia é oficina do<br />
diabo”.<br />
33- Unifesp<br />
Chama-se cacofonia ao som desagradável, proveniente da união das sílabas finais de uma<br />
palavra com as iniciais da seguinte. (Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa).<br />
Normalmente, a palavra produzida é de sentido ridículo e baixo. Podemos encontrar no texto<br />
passagem em que o autor poderia ter invertido a ordem dos termos, mas não o fez certamente<br />
porque geraria uma cacofonia de muito mau gosto, até mesmo veiculadora de preconceito, o<br />
que seria altamente indesejável.<br />
Assinale a alternativa que ilustra os comentários sobre essa possibilidade de expressão<br />
lingüística.<br />
a) Você já ouviu a história de Adão e Eva? = Você já ouviu a história de Eva e Adão?<br />
b) ... e deve se lembrar do que aconteceu com os dois. = ... e deve lembrar-se do que<br />
aconteceu com os dois.<br />
c) ... o pobre coitado não resistiu. = ... não resistiu o pobre coitado.<br />
d) ... pagar um preço tão alto por uma simples maçã. = ... pagar um preço tão alto por uma<br />
maçã simples.<br />
e) E, assim, nasceu a propaganda. = E a propaganda assim nasceu.<br />
Resolução<br />
A cacofonia ocorre na frase “Você já ouviu a história de Eva e Adão”, pois a junção dos termos<br />
“Eva e Adão” sugere um sentido “ridículo e baixo”.<br />
34- Unifesp - Tomando como referência os processos de formação de palavras, dada a<br />
relação com o som produzido pelos eqüinos quando em movimento, a palavra Pocotó é<br />
formada a partir de uma<br />
a) prefixação.<br />
b) sufixação.<br />
c) onomatopéia.<br />
d) justaposição.<br />
e) aglutinação.<br />
Resolução<br />
Onomatopéia corresponde à reprodução de sons reais por meio da sonoridade das palavras.<br />
35- Unifesp - Em “Quanto a Laura, ficou claro que sua maldade tem proporções<br />
oceânicas”, a figura de linguagem presente é<br />
(A) uma metáfora, já que compara a maldade com o oceano.<br />
(B) uma hipérbole, pois expressa a idéia de uma maldade exagerada.<br />
(C) um eufemismo, já que não afirma diretamente o quanto há de maldade.<br />
(D) uma ironia, pois se reconhece a maldade, mas ficam pressupostos outros sentidos.
(E) um pleonasmo, já que entre maldade e oceânicas há uma repetição de sentido.<br />
36- Unifesp - No trecho, afirma-se que Abraão e Sara já estavam adiantados em idade<br />
e que a Sara já havia cessado o costume das mulheres. Essas expressões são<br />
(A) eufemismos, que remetem, respectivamente, à velhice e ao ciclo menstrual.<br />
(B) metáforas, que remetem, respectivamente, à idade adulta e ao vigor sexual.<br />
(C) hipérboles, que remetem, respectivamente, à velhice e à paixão feminina.<br />
(D) sinestesias, que remetem, respectivamente, à decrepitude e à sensualidade.<br />
(E) sinédoques, que remetem, respectivamente, à idade adulta e ao amor.<br />
Esquecimento<br />
Esse de quem eu era e era meu,<br />
Que foi um sonho e foi realidade,<br />
Que me vestiu a alma de saudade,<br />
Para sempre de mim desapareceu.<br />
Tudo em redor então escureceu,<br />
E foi longínqua toda a claridade!<br />
Ceguei... tateio sombras... que ansiedade!<br />
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!<br />
Descem em mim poentes de Novembro...<br />
A sombra dos meus olhos, a escurecer...<br />
Veste de roxo e negro os crisântemos...<br />
E desse que era meu já me não lembro...<br />
Ah! a doce agonia de esquecer<br />
A lembrar doidamente o que esquecemos...! Florbela Espanca<br />
Resolução<br />
No poema de Florbela Espanca, nos versos 3 e 4 o eu lirico confessa a perda<br />
vivida e a saudade que lhe "vestiu" a alma. Além dessa saudade, ao eu lírico<br />
restaram apenas a escuridão, as cinzas e o esquecimento.<br />
37 - Na última estrofe, o eu lírico expressa, por meio de<br />
(A) hipérboles, a dificuldade de se tentar esquecer um grande amor.<br />
(B) metáforas, a forma de se esquecer plenamente a pessoa amada.<br />
(C) eufemismos, as contradições do amor e os sofrimentos dele decorrentes.<br />
(D) metonímias, o bem-estar ligado a amar e querer esquecer.<br />
(E) paradoxos, a impossibilidade de o esquecimento ser levado a cabo.<br />
38- Leia os textos.<br />
I. Mas esse astro que fulgente<br />
Das águias brilhara à frente,<br />
Do Capitólio baixou. (Soares de Passos)<br />
II. Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o. (Mário Quintana)<br />
III. No berço, pendente dos ramos floridos,<br />
Em que eu pequenino feliz dormitava:<br />
Quem é que esse berço com todo o cuidado<br />
Cantando cantigas alegre embalava? (Casimiro de Abreu)<br />
Segundo Celso Cunha & Lindley Cintra, o anacoluto é a mudança de construção sintática no<br />
meio do enunciado, geralmente depois de uma pausa sensível, o que faz uma expressão ficar<br />
desligada e solta no período. Com base nesses dados, o nome do menino faz uma alusão a<br />
uma figura de sintaxe que está exemplificada apenas em<br />
(A) I.<br />
(B) II.<br />
(C) III.
(D) I e II.<br />
(E) I e III.<br />
39- GV- Aproximando-se as duas passagens destacadas em negrito do trecho “Eu ia,<br />
atento e presente, em busca de um bonde e de Jandira. Foi só ouvir uma sanfona,<br />
perdi o bonde, perdi o rumo, e perdi Jandira.”, pode-se divisar uma figura de<br />
linguagem, mais especificamente, uma figura de pensamento. Nomeie-a e explique<br />
como ela se dá no texto.<br />
R: Gradação crescente (clímax).<br />
40- Em “Seus chefes lhes ensinaram que é mais delicado, menos penoso, ‘aguardar’ do que<br />
‘esperar’”, o autor faz alusão a uma figura de pensamento chamada:<br />
a) ironia<br />
b) eufemismo<br />
c) paradoxo<br />
d) antítese<br />
e) hipérbole<br />
Resolução:<br />
A figura de linguagem utilizada na escolha de por “aguardar” ao invés de “ esperar”, justificada<br />
pela delicadeza do primeiro, é o eufemismo, o qual se caracteriza pelo emprego de termos<br />
mais agradáveis com a finalidade de suavizar a informação.<br />
Alternativa B