SUSPEITA DE CANCRO AFASTA DANNY DA SELEÇÃO ... - Lux - Iol

“Mostrei-me disponível [...]
mas fui traída [...] pressionada,
manipulada„ Amanda Knox, durante o
apelo ao júri, referindo-se ao seu interrogatório
De leggings pretas e um cardigan, a estudante norte-americana embarcou com um ar alegre, no dia a seguir à sua
absolvição, rumo à sua cidade natal, Seattle, onde a esperava em casa (foto da direita) uma festa de boas-vindas
Mellas. Na prisão, a estudante entregou-se
às mais variadas atividades para ocupar o
tempo. Passava horas a ensinar inglês a
outros reclusos e muitas outras a aprender
outras línguas, além do italiano. Jogava
também xadrez por correspondência,
uma jogada por carta, e integrou o
coro da prisão, onde cantava e tocava
guitarra. Chegou a fazer uma lista de coisas
que queria fazer antes de morrer, entre
as quais uma longa expedição de escalada.
E até escreveu um diário, onde
partilhava os seus desejos para o futuro:
“Casar, ter fi lhos, escrever, falar, ajudar,
dançar livremente, amar.” “Aqui não há
lugar para o amor. Preciso de estar com
as pessoas que amo”, desabafava nos
seus manuscritos. Uma dessas pessoas é
David Johnsrud, o seu namorado na Universidade
de Washington, e com quem
terminou o relacionamento quando rumou
a Itália. Ambos mantiveram contacto quase
diário e David sempre a apoiou na sua
luta. Anseia agora voltar para os seus braços,
no regresso ao seu país, confessou
no diário, onde constam também relatos
da sua infância. Escreveu sobre a separação
dos seus pais, quando tinha 1 ano de
idade, altura em que a mãe, Edda Mellas,
estava grávida da sua irmã Deanna. Edda
voltou a casar com um homem mais novo,
Chris, e ambos educaram Amanda em
condições modestas. Sempre manteve,
contudo, contacto próximo com o seu pai,
Curt, e a família que ele reconstruiu com
Cassandra, com quem teve mais duas fi -
lhas – Ashley, de 16 anos, e Delaney, de
13. Todos eles estiveram em Perugia, na
leitura da decisão do júri. Todos faziam
parte de uma lista de convidados de 42
pessoas que Amanda, enquanto estava
presa, idealizou ter na sua festa de receção.
Agora nos braços dos seus pode recuperar
o tempo perdido. A felicidade da
família de Amanda contrasta com a tristeza
dos Kercher, que continuam desesperados
por saber a verdade sobre a morte
de Meredith. “Queremos encontrar a
verdade, queremos justiça por ela”, disse
à imprensa Stephanie Kercher, que lamentou
recentemente que as atenções da vítima
tenham sido transferidas para Amanda
e Raffaele, agora em liberdade. ■
texto Vanessa Barros Cruz fotos Gtres on line, Getty Images e Reuters