SUSPEITA DE CANCRO AFASTA DANNY DA SELEÇÃO ... - Lux - Iol
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citações “Ele [Duarte Lima] vinha de um meio muito pobre e para ele o dinheiro era tudo. Traía os amigos. O nosso opositor interno criticava-o bastante. A solução dele foi aliar-se a ele” Amândio Gomes, ex-presidente do PSD Bragança, in Sábado “Esta é a crise das nossas vidas” Luís Amado in Diário Económico “Vejo um maluco e vou logo atrás dele e fi co à conversa. Nós, atores, somos doidos” Joaquim Monchique in Correio da Manhã “Este país está doente. Este país sem moral nem honra caminha, solidário e suicidário, para a extinção. É óbvio” Pedro Tadeu, sobre o caso Isaltino Morais, in Diário de Notícias “A Madeira, com ou sem os melhores advogados do mundo, deve provar em juízo os factos, as justifi cações, as particularidades, se for caso disso. E deve exigir um processo igual, do Minho ao Algarve. O resto é conversa” Nuno Rogeiro in Sábado “O seu [Isaltino Morais] trabalho como autarca é positivo, o que levou Otelo Saraiva de Carvalho a construir o seguinte paradoxo: ‘Se ele rouba e faz isto, que fazem ao dinheiro os que não roubam?’„ Henrique Monteiro in Expresso “Temos um Estado fraco porque não consegue agir com efi cácia e prontidão. Assim não vamos lá” Luís Marques Mendes in Correio da Manhã “Não tenho Facebook. Sou uma espécie de dinossauro no que respeita a computadores” Justin Timberlake, que entrou no fi lme “A Rede Social”, in Correio da Manhã “Quem vai comprar [RTP, TAP e Águas de Portugal] ao preço da uva mijona são os mesmos que nos exploram” Mário Soares in Lusa “O Cristiano [Ronaldo] tem estilo, bonito sou eu” Neymar, jogador do Santos e coqueluche da seleção brasileira, in Diário de Notícias “Eu vou ganhar os 50 mil euros, meus amigos, e estou a pensar em não trabalhar tão cedo. Vou fi car meia milionária. Os milionários ganham um milhão, não?” Teresa, concorrente de “Casa dos Segredos”, in TVI “Digam ‘amo-te’ [à Europa]” Durão Barroso, em discurso no Parlamento Europeu “Apareceu há dias aí uma fascista do CDS, que é vice-presidente da Assembleia da República, que disse que íamos pagar a nossa e a dívida deles. Para essa senhora eu faço aquele gesto do Bordalo Pinheiro„ “O discurso de [Durão] Barroso foi uma confi ssão de falhanço, disfarçada de proclamação de princípios para o resgate da Europa” José Manuel Pureza, professor universitário, in Diário de Notícias “Infelizmente, calhou-nos um governo talhante que corta agora sem critério para emagrecer um Estado que andou a gastar sem sentido” Manuel Maria Carrilho in Diário de Notícias “Já tinha falado numa situação explosiva. Pelos vistos os meus apelos não foram ouvidos, ou então alguém ouviu e olhou para o lado” Cavaco Silva in TVI “Gostaria que Duarte Lima nada tivesse que ver com este assassínio. Depois da doença [cancro] ele desenvolveu um trabalho notável em prol da vida – e custa a crer que um homem com estas preocupações esteja ligado a uma morte” José António Saraiva in Tabu Alberto João Jardim, sobre Teresa Caeiro, in TVI Online “Se a Igreja tem de evoluir, por que é que as freiras não podem chegar a cardinais?” Sónia, concorrente de “Casa dos Segredos”, in TVI “Secretamente, sonhava com o dia em que poderia conciliar a medicina e a música. Casei com um médico cirurgião, foi o mais próximo que cheguei” Joana Carneiro in Domingo/Correio da Manhã
Rui Moreno paulo coelho “Suas cinzas deviam ser colocadas em 241 pequenas sacolas, que seriam enviadas aos chefes dos serviços de correios nos 50 estados americanos e a cada um dos 191 países do mundo„ A VOLTA AO MUNDO DEPOIS DE MORTA Sempre pensei no que acontece enquanto espalhamos um pouco de nós mesmos pela Terra. Já cortei cabelos em Tóquio, unhas na Noruega, vi meu sangue correr de uma ferida ao subir uma montanha na França. Em meu primeiro livro, “Os Arquivos do Inferno” (que jamais foi reeditado), especulava um pouco sobre o tema, como se fosse necessário semear um pouco do próprio corpo em diversas partes do mundo, de modo a que, numa futura vida, algo nos parecesse familiar. Um dia li no jornal francês Le Figaro um artigo assinado por Guy Barret, sobre um caso real acontecido em junho de 2001, quando alguém levou às últimas consequências esta ideia. Trata-se da americana Vera Anderson, que passou toda a sua vida na cidade de Medford, Oregon. Já avançada em idade, foi vítima de um acidente cardiovascular, agravado por um enfi - sema do pulmão, o que a obrigou a passar anos inteiros dentro do quarto, sempre conectada a um balão de oxigénio. O fato em si já é um suplício, mas no caso de Vera a situação era ainda mais grave, porque tinha sonhado percorrer o mundo, e guardara suas economias para o fazer quando já estivesse aposentada. Vera conseguiu ser transferida para o Colorado, de modo a que pudesse passar o resto dos seus dias na companhia do seu fi lho, Ross. Ali, antes que fi zesse sua última viagem – aquela da qual jamais voltamos – tomou uma decisão. Já que nunca conseguira sequer conhecer seu país, iria então viajar depois de morta. Ross foi até ao tabelião local e registou o testamento da mãe: quando morresse, gostaria de ser cremada. Até aí, nada demais. Mas o testamento continua: suas cinzas deviam ser colocadas em 241 pequenas sacolas, que seriam enviadas aos chefes dos serviços de correios nos 50 estados americanos e a cada um dos 191 países do mundo – de modo a que pelo menos uma parte do seu corpo terminasse visitando os lugares que sempre sonhou. Assim que Vera partiu, Ross cumpriu seu último desejo com a dignidade que se espera de um fi lho. A cada remessa, incluía uma pequena carta, onde pedia que dessem uma sepultura digna para sua mãe. Todas as pessoas que receberam as cinzas de Vera Anderson trataram o pedido de Ross com respeito. Nos quatro cantos da Terra, criou-se uma silenciosa cadeia de solidariedade, onde simpatizantes desconhecidos organizaram cerimónias, os mais diversos ritos, sempre levando em conta o lugar que a falecida senhora gostaria de conhecer. Desta maneira, as cinzas de Vera foram aspergidas no lago Titicaca, na Bolívia, seguindo antigas tradições dos índios Aymara; no rio diante do palácio real de Estocolmo, na margem do Choo Praya, na Tailândia, num templo xintoísta no Japão, nas geleiras da Antártida, no deserto do Saara. As irmãs de caridade de um orfanato na América do Sul (a matéria não cita em que país) rezaram por uma semana, antes de espalhar as cinzas no jardim – e depois decidiram que Vera Anderson deveria ser considerada uma espécie de anjo da guarda do lugar. Ross Anderson recebeu fotos dos cinco continentes, de todas as raças, de todas as culturas, mostrando homens e mulheres honrando o último desejo de sua mãe. Quando vemos um mundo tão dividido como hoje, onde acreditamos que ninguém se preocupa com o outro, esta última viagem de Vera Anderson nos enche de esperança, ao saber que ainda existe respeito, amor e generosidade na alma de nosso próximo, por mais distante que ele esteja. www.paulocoelhoblog.com
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Rui Moreno<br />
paulo coelho<br />
“Suas cinzas deviam ser colocadas<br />
em 241 pequenas sacolas, que seriam enviadas<br />
aos chefes dos serviços de correios<br />
nos 50 estados americanos e a cada<br />
um dos 191 países do mundo„<br />
A VOLTA AO MUNDO <strong>DE</strong>POIS <strong>DE</strong> MORTA<br />
Sempre pensei no que acontece enquanto<br />
espalhamos um pouco de nós mesmos pela<br />
Terra. Já cortei cabelos em Tóquio, unhas na<br />
Noruega, vi meu sangue correr de uma ferida<br />
ao subir uma montanha na França. Em meu<br />
primeiro livro, “Os Arquivos do Inferno” (que<br />
jamais foi reeditado), especulava um pouco<br />
sobre o tema, como se fosse necessário semear<br />
um pouco do próprio corpo em diversas partes<br />
do mundo, de modo a que, numa futura vida,<br />
algo nos parecesse familiar. Um dia li no jornal<br />
francês Le Figaro um artigo assinado por Guy<br />
Barret, sobre um caso real acontecido em<br />
junho de 2001, quando alguém levou às últimas<br />
consequências esta ideia.<br />
Trata-se da americana Vera Anderson, que passou<br />
toda a sua vida na cidade de Medford, Oregon.<br />
Já avançada em idade, foi vítima de um<br />
acidente cardiovascular, agravado por um enfi -<br />
sema do pulmão, o que a obrigou a passar anos<br />
inteiros dentro do quarto, sempre conectada<br />
a um balão de oxigénio. O fato em si já é um<br />
suplício, mas no caso de Vera a situação era<br />
ainda mais grave, porque tinha sonhado percorrer<br />
o mundo, e guardara suas economias para o<br />
fazer quando já estivesse aposentada.<br />
Vera conseguiu ser transferida para o Colorado,<br />
de modo a que pudesse passar o resto dos<br />
seus dias na companhia do seu fi lho, Ross. Ali,<br />
antes que fi zesse sua última viagem – aquela<br />
da qual jamais voltamos – tomou uma decisão.<br />
Já que nunca conseguira sequer conhecer seu<br />
país, iria então viajar depois de morta.<br />
Ross foi até ao tabelião local e registou o testamento<br />
da mãe: quando morresse, gostaria de<br />
ser cremada. Até aí, nada demais. Mas o testamento<br />
continua: suas cinzas deviam ser colocadas<br />
em 241 pequenas sacolas, que seriam<br />
enviadas aos chefes dos serviços de correios<br />
nos 50 estados americanos e a cada um dos<br />
191 países do mundo – de modo a que pelo<br />
menos uma parte do seu corpo terminasse<br />
visitando os lugares que sempre sonhou.<br />
Assim que Vera partiu, Ross cumpriu seu último<br />
desejo com a dignidade que se espera de<br />
um fi lho. A cada remessa, incluía uma pequena<br />
carta, onde pedia que dessem uma sepultura<br />
digna para sua mãe.<br />
Todas as pessoas que receberam as cinzas de<br />
Vera Anderson trataram o pedido de Ross com<br />
respeito. Nos quatro cantos da Terra, criou-se<br />
uma silenciosa cadeia de solidariedade, onde<br />
simpatizantes desconhecidos organizaram cerimónias,<br />
os mais diversos ritos, sempre levando<br />
em conta o lugar que a falecida senhora<br />
gostaria de conhecer.<br />
Desta maneira, as cinzas de Vera foram aspergidas<br />
no lago Titicaca, na Bolívia, seguindo antigas<br />
tradições dos índios Aymara; no rio diante<br />
do palácio real de Estocolmo, na margem do<br />
Choo Praya, na Tailândia, num templo xintoísta<br />
no Japão, nas geleiras da Antártida, no deserto<br />
do Saara. As irmãs de caridade de um orfanato<br />
na América do Sul (a matéria não cita em que<br />
país) rezaram por uma semana, antes de espalhar<br />
as cinzas no jardim – e depois decidiram<br />
que Vera Anderson deveria ser considerada uma<br />
espécie de anjo da guarda do lugar.<br />
Ross Anderson recebeu fotos dos cinco continentes,<br />
de todas as raças, de todas as culturas,<br />
mostrando homens e mulheres honrando o último<br />
desejo de sua mãe. Quando vemos um mundo<br />
tão dividido como hoje, onde acreditamos<br />
que ninguém se preocupa com o outro, esta<br />
última viagem de Vera Anderson nos enche de<br />
esperança, ao saber que ainda existe respeito,<br />
amor e generosidade na alma de nosso próximo,<br />
por mais distante que ele esteja.<br />
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