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TIPOS DE FOLIAÇÃO - Unicamp

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Geologia Estrutural<br />

<strong>TIPOS</strong> <strong>DE</strong> <strong>FOLIAÇÃO</strong><br />

Professores:<br />

Celso Celso Dal Dal Ré Ré Carneiro Carneiro<br />

DGAE/IG/UNICAMP<br />

Carlos Carlos Roberto Roberto de de Souza Souza Filho Filho<br />

DGRN/IG/UNICAMP<br />

Mário Mário Neto Neto Cavalcanti Cavalcanti de de Araújo Araújo<br />

DGRN/IG/UNICAMP<br />

Ticiano Ticiano José José Saraiva Saraiva dos dos Santos Santos<br />

DGRN/IG/UNICAMP<br />

Wanilson Wanilson Luiz Luiz Silva Silva<br />

DGRN/IG/UNICAMP<br />

Outubro de 2003


FOLIAÇÕES<br />

Foliações<br />

1. Introdução<br />

Grande parte das estruturas em rochas é definida pela orientação preferencial de<br />

minerais ou elementos da trama. Esta ultima inclui o arranjo espacial e geométrico de<br />

todos os constituintes da rocha, congregando feições texturais, estruturais e orientações<br />

cristalográficas preferenciais. Os elementos da trama são aquelas feições que se repetem<br />

sistematicamente na rocha. Uma falha isolada cortando um nível composicionalmente<br />

diferente da rocha não é considerada um elemento da trama, enquanto que planos de<br />

foliação paralelos regularmente distribuídos são.<br />

A palavra foliação pode ser usada como um termo genérico para descrever feições<br />

planares que se reproduzem de forma penetrativa no meio rochoso. Nesse sentido<br />

podemos então classificar como foliação um acamamento rítmico de uma rocha<br />

metamórfica, o bandamento composicional de rochas ígneas, ou outras estruturas<br />

planares de rochas metamórficas. Juntas são normalmente excluídas dessa classificação<br />

por não serem suficientemente penetrativas.<br />

Foliações podem ser definidas por<br />

variação espacial na granulometria dos<br />

minerais constituintes da rocha, pela<br />

orientação preferencial de minerais<br />

alongados, placosos ou agregados<br />

minerais, por descontinuidades planares<br />

como microfraturas, ou ainda pela<br />

combinação desses elementos (Fig.1).<br />

Fig.1 – Representação dos vários elementos da<br />

trama que definem uma foliação. a. bandamento<br />

composicional, b. orientação preferencial de<br />

minerais placosos (e.g. micas), c. orientação<br />

preferencial de limites de grãos deformados (e.g.<br />

quartzo e carbonato. d. variação no tamanhos dos<br />

grãos. e. orientação preferencial de minerais<br />

placosos imersos em uma matriz isenta de<br />

orientação preferencial. f. orientação preferencial<br />

de agregados minerais lenticulares. g. orientação<br />

preferencial de fraturas e microfalhas (e.g.<br />

quartzitos de baixo grau). h. combinação dos<br />

elementos das figuras a,b e c. Figura extraída de<br />

Passchier & Trouw (1996).


GEOLOGIA ESTRUTURAL/UNICAMP<br />

Foliações<br />

2. CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA <strong>DE</strong> FOLIAÇÕES<br />

Ao observar uma foliação em uma rocha existem algumas perguntas que devem ser<br />

feitas:<br />

Será uma estrutura pré-deformacional? (e.g. acamamento ou plano de fissilidade)<br />

É a única foliação da rocha? (e.g. não existem foliações prévias?)<br />

É uma estrutura mais nova? (e.g. existem foliações anteriores?)<br />

Fig.2 - Dois tipos de foliação secundária. (A-B) mostram clivagens de crenulação S2 afetando uma foliação<br />

mais antiga S1. (C) Relação entre uma foliação interna (S1), presente no interior de porfiroblastos, e uma<br />

mais jovem S2.<br />

Como distinguir uma foliação primária de uma tectônica?<br />

Foliações primárias são estruturas relacionadas aos processos formadores da rocha, o<br />

acamamento primário em uma rocha sedimentar e o magmático numa ígnea são bons<br />

exemplos. Uma outra foliação primária é a diagenética, formada por compactação.<br />

Foliações secundarias se formam posteriormente a gênese da rocha, depois da litificação<br />

das rochas sedimentares ou da solidificação de uma rocha ígnea, ou por segregação<br />

metamórfica. Estas resultam da deformação e metamorfismo, sendo as mais comuns a<br />

clivagem, xistosidade, bandamento diferenciado, foliação milítica, etc.<br />

Embora foliações também possam se desenvolver em algumas zonas catacláticas, o<br />

desenvolvimento de uma foliação secundária é usualmente interpretado como sendo o<br />

produto da deformação dúctil. Foliações secundárias que se desenvolvem de modo<br />

heterogêneo são difíceis de distinguir das primárias. O reconhecimento de uma foliação<br />

primária é importante, pois elas ajudam na investigação a evolução estrutural (S0, S1, S2,


GEOLOGIA ESTRUTURAL/UNICAMP<br />

Foliações<br />

S3, Sn...) e reconstituição de estruturas regionais (e.g. padrões de redobramento) de faixas<br />

orogênicas.<br />

CRITÉRIOS <strong>DE</strong> DISTINÇÃO ENTRE FOLIAÇÕES PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS<br />

Foliações primárias Foliações secundárias<br />

Estruturas sedimentares podem está<br />

presentes (e.g. gradação granulométrica<br />

reconhecida em escala meso ou<br />

microscópica, Fig.3a-b)<br />

Irregular em espessura e arranjo das bandas<br />

(Fig.4a)<br />

Alinhamento de grãos ou agregados<br />

minerais sem que haja<br />

estiramento/recristalização (Fig.4b)<br />

Composição e tamanho dos grãos pode<br />

variar em cada camada ou no interior de<br />

uma mesma camada.<br />

Foliações primárias nunca ocupam o plano<br />

axial de dobras.<br />

Estruturas sedimentares são ausentes.<br />

Pequena variação de espessura ao longo da<br />

direção da camada.<br />

As camadas mostram composição bimodal<br />

Foliação é normalmente (sub)paralela ao<br />

plano axial de dobras marcadas em uma<br />

foliação mais antiga.<br />

2.1 Foliações/estruturas primárias<br />

Em rochas de baixo grau metamórfico pouco deformadas, o reconhecimento do acamamento é<br />

uma tarefa relativamente fácil, uma vez que as características principais de uma seqüência<br />

sedimentar, incluindo estruturas primárias, podem estar bem preservadas. No caso de rochas mais<br />

intensamente deformadas e metamorfisadas, é usualmente mais difícil a distinção entre um<br />

bandamento primário e outro secundário. Em muitas rochas metamórficas, como gnaisses, por<br />

exemplo, um bandamento composicional pode ter sua origem ligada a processos sedimentares,<br />

ígneos ou metamórficos; ou ainda pode ter uma origem complexa.<br />

Fig.3 – (a) Acamamento S0 definido pela alternância de níveis peliticos (leitos argilosos em marrom claro)<br />

e níveis psamíticos em metasedimentos do domínio Estância (Faixa Sergipana, NE do Brasil). No interior<br />

de cada um dos níveis pelíticos a cor marrom torna-se progressivamente mais intensa para a direita. Isso<br />

indica granodecrescência para a direita, ou seja, topo estratigráfico na mesma direção. Afloramento de<br />

metapelitos do domínio Estância, Faixa Sergipana (NE do Brasil). (b) feição semelhante a observada em<br />

(a). Níveis pelíticos de coloração cinza azulada. Notar a gradação inversa definida pelo escurecimento dos<br />

tons de cinza para baixo. Afloramento de muscovita biotita xistos da região de Carrancas (Minas Gerais).


3.a<br />

3.b<br />

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Foliações


4.a<br />

4.b<br />

GEOLOGIA ESTRUTURAL/UNICAMP<br />

Foliações<br />

Fig.4 – (a) Fotomicrografia mostrando o acamamento S 0 dobrado (foliação primário é subhorizontal) de um filito,<br />

cortado por uma clivagem de dissolução por pressão S 1 subvertical marcada por finos filmes de material insolúvel<br />

(linhas escuras subverticais). Uma foliação mais antiga S 1 subparalela ao acamamento também é presente na foto.<br />

Sudoeste de Queensland (Austrália). (b) Foliação primária (magmática) definida pelo alinhamento de enclaves máficos<br />

em leucogranito róseo da Faixa Sergipana.


2.2 Foliações secundárias<br />

Começamos esse item mostrando uma<br />

classificação morfológica das foliações<br />

secundárias e discutindo os principais<br />

processos envolvidos nas suas<br />

respectivas formações. Foliações<br />

secundárias podem mostrar uma grande<br />

variedade de feições morfológicas<br />

(Fig.5). Com base nas suas<br />

características, um número significativo<br />

de terminologias descritivas tem sido<br />

usado como, por exemplo: clivagem<br />

ardosiana, xistosidade, bandamento<br />

diferenciado, clivagem de fratura e<br />

clivagem de crenulação. Infelizmente, o<br />

uso desses termos não é uniforme e<br />

alguns deles têm sido usados com<br />

implicações genéticas. Por exemplo, o<br />

nome clivagem de fratura tem sido<br />

usado para fazer referência a uma<br />

foliação descontínua com um<br />

bandamento composicional fino e<br />

espaçado, possivelmente originado por<br />

dissolução preferencial ao longo de<br />

fraturas não mais visíveis em escala<br />

microscópica. Outras interpretações<br />

genéticas dessas estruturas que não<br />

envolvem a presença de fraturas são<br />

possíveis de modo que o uso de termo s<br />

clivagem de fratura deve ser evitado.<br />

Assim a utilização de terminologias<br />

genéticas nesse capítulo será evitada.<br />

Aqui nos restringiremos à utilização de<br />

termos descritivos.<br />

Clivagem e xistosidade<br />

O termo clivagem é alusivo as foliações<br />

secundárias presentes em rochas finas,<br />

nas quais a observação a olho nu dos<br />

grãos minerais (principalmente micas) e<br />

impossibilitada.<br />

Foliações<br />

Existem dois tipos principais de<br />

clivagens. Aquelas que se repetem<br />

sistematicamente desde a escala de<br />

afloramento até a de lâmina delgada, e as<br />

mais discretas, muitas vezes<br />

identificadas apenas ao microscópio.<br />

As clivagens mais penetrativas ou<br />

contínuas são as Ardosianas. Elas são<br />

tipicamente associadas a rochas pelíticas<br />

finas (


Foliações<br />

Fig.5 – Classificação morfológica de foliações com uso do microscópio óptico. Extraído<br />

de Passchier & Trouw (1996). Fonte original: Powell (1979) e Borradaile et al. (1982).<br />

Fig.6 – (A) Clivagem Ardosiana em mecarbonato impuro da Faixa Sergipana. Mina de Calcário da<br />

Votorantin em Simão Dias (SE). As placas de carbonato caídas no solo são nada mais nada menos que<br />

planos de foliação soltos da sua posição original pelas detonações diárias. (B) Clivagem ardosiana em<br />

metaturbiditos Cambro-Ordovicianos da Nova Escócia.


6a<br />

6b<br />

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Foliações


6c<br />

6d<br />

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Foliações<br />

continuação<br />

Fig.6 – (c) Clivagem ardosiana desenvolvida segundo o plano axial de dobras abertas dos metatubirditos mostrados na<br />

Fig.6b. (d) Aspecto geral da clivagem ardosiana da Fig.6b. Notar a penetratividade da foliação, a qual pode ser<br />

classificada como uma clivagem contínua, com alguma contribuição de dissolução por pressão marcada pelos leitos<br />

escuros subhorizontais.


6e<br />

6f<br />

Continuação.<br />

Fig.6 – (e-f) Clivagem ardosiana em metapelitos da Faixa Sergipana.<br />

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Foliações


Clivagem disjuntiva<br />

Foliações<br />

Existem dois tipos principais de clivagem disjuntiva: clivagem de crenulação e a<br />

clivagem espaçada.<br />

Clivagem de crenulação<br />

Normalmente corta uma clivagem<br />

continua pré-existente, preservada no<br />

interior de microlintons. É mais notável<br />

quando afeta uma xistosidade ou uma<br />

estrutura filítosa (foliação de filitos.<br />

Itermediária entre a clivagem ardosiana<br />

e a xistosidade). Em rochas que contém<br />

clivagens de crenulação a foliação pré-<br />

existente é normalmente afetada por<br />

microdobras. São reconhecidos dois<br />

tipos de clivagem de crenulação. A<br />

clivagem de crenulação discreta que se<br />

desenvolve segundo domínios de<br />

clivagem estreitos trucando fortemente a<br />

foliação prévia dos microlintons,<br />

similarmente ao que acontece com<br />

microfalhas (Fig.7).<br />

Fig.7 – Clivagem de crenulação discreta afetando o acamamento S0 e uma foliação subparalela S1 de<br />

metapelitos da Faixa Sergipana. Note que o nível psamítico no centro da foto é trucado e levemente<br />

deslocado pela clivagem de crenulação dando o aspecto de uma microfalha.<br />

Clivagem de crenulação zonal – possui domínios de clivagem largos que coincidem com<br />

o flanco de microdobras apertadas afetando a foliação pré-existente (Fig.8 a-b).


8a<br />

8b<br />

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Foliações<br />

Fig.8 – (a) Aspecto microscópico de clivagem de crenulação zonal em metapelitos da Faixa Sergipana. (b)<br />

foto de afloramento mostrando clivagem de crenulação zonal em quartzitos da Faixa Seridó, Rio Grande do<br />

Norte.


Clivagem espaçada<br />

Normalmente arranjada segundo um<br />

sistema anastomosado, estilolítico a<br />

suave, freqüentemente ocupado por<br />

material carbonáceo ou argiloso. A<br />

clivagem espaçada é tipicamente<br />

encontrada em rochas sedimentares<br />

dobradas isentas de metamorfismo.<br />

Especialmente calcáreos e alguns<br />

arenitos impuros. O espaçamento entre<br />

os domínios de clivagem normalmente<br />

varia de 1 a 10cm, de forma que os<br />

microlitons são relativamente largos<br />

quando comparados com outros tipos de<br />

clivagem.<br />

Fig.9 – Clivagem espaçada produzida por<br />

impacto meteórico. Cratera Ries Alemanha.<br />

Fig.9<br />

Foliações<br />

Xistosidade<br />

Foliação secundária normalmente definida por lamelas de mica de granulometria grossa<br />

(1-10mm) em associação com quartzo e outros minerais. A granulometria maior que a<br />

das ardósias é resultante da alta recristralização mineral, típica dos graus metamórficos<br />

mais elevados nos quais a xistosidade é característica. O aspecto mesoscópico<br />

característico da xistosidade é a definição de planos de foliação pelo alinhamento de<br />

micas como muscovita, biotita, clorita e sericita. Xistos raramente se partem segundo<br />

planos perfeitos como as ardósias. Muito pelo contrário, eles quebram formando discos e<br />

soltam muita mica, que normalmente fica grudada na pele dos geólogos.<br />

Fig.10 – Xistosidade<br />

subvertical bem<br />

desenvolvida em<br />

micaxistos da Faixa<br />

Sergipana. Notar a<br />

preservação de uma<br />

foliação pré-existente no<br />

interior de pods de baixo<br />

strain (centro da foto).


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Foliações<br />

Ao microscópico a xistosidade mostra aspectos morfológicos semelhantes aos da<br />

clivagem ardosiana. Os domínios de clivagem em rochas xistosas são normalmente<br />

definidos por micas subparalelas, que eventualmente definem lentes ou formas discóides<br />

com quartzo e/ou feldspato no interior (Fig.11). Estes podem mostrar bordas de clorita.<br />

Fig.11 – Xistosidade definida pelo alinhamento de muscovita. Notar a presença de<br />

quartzo e feldspato na forma de lentes ou sigmóides, ligeiramente assimétricos.<br />

Quartzitos feldspáticos da Faixa Sergipana<br />

Fig.12 – xistosidade<br />

em muscovita xistos<br />

do Novo México.


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Foliações<br />

3. ALGUNS TERMOS GENÉTICOS<br />

Esta seção lista algumas terminologias genéticas usadas para descrever foliação.<br />

Ressaltasse que todas as foliações secundárias se desenvolvem em resposta a processos<br />

deformacionais, de forma que os termos usados no item anterior podem também ser<br />

classificados de forma genética. Como a relação entre os processos morfológicos e<br />

genéticos é usualmente complexa, decidimos por separar as duas classificações em itens<br />

diferentes. Contudo enfatizamos que embora as pesquisas tenham conseguido<br />

considerável êxito com o passar dos anos, o conhecimento atual sobre os processos de<br />

gênese de foliações ainda é incompleto. Aqui nos restringimos a listar os principais tipos<br />

genéticos de foliações.<br />

3.1 CLIVAGEM <strong>DE</strong> DISSOLUÇÃO<br />

Foliação normalmente marcada pelo truncamento de limbos de microdobras, veios<br />

(Fig.13-15) ou por um bandamento diferenciado que alterna faixas escuras ricas em<br />

minerais insolúveis (micas e opacos) com faixas ricas em quartzo e outros minerais<br />

constituintes da rocha.<br />

Fig.13 - Aspecto mesoscópico de uma clivagem<br />

de dissolução subvertical em metasiltitos. Note<br />

que os veios subhorizontais em branco são<br />

truncados pelos planos de clivagem ressaltando o<br />

processo de dissolução por pressão envolvido na<br />

formação da clivagem. Localização do<br />

afloramento desconhecida.<br />

Fig.14 – Clivagem de dissolução<br />

marcada pelo rompimento do flanco<br />

de minidobra apertada afetando veio<br />

de quartzo que corta uma clivagem<br />

contínua de micaxistos da Faixa<br />

Seridó (Rio Grande do Norte). Notar<br />

a concentração de opacos no<br />

rompimento do flanco da dobra.


Foliações<br />

Fig.15 – Clivagem de dissolução em metamargas. Notar as frentes de dissolução demarcadas pela<br />

concentração de minerais insolúveis (planos subverticais). Dissolução realçada pelo trucamento de veios<br />

oblíquos a clivagem contínua precoce (planos subhorizontais dobrados). Localização desconhecida.<br />

3.1 <strong>FOLIAÇÃO</strong> MILONÍTICA<br />

As rochas miloníticas formam uma família de rochas fortemente foliadas e<br />

deformadas, constituindo o que se conhece como série milonítica. Essas rochas são um<br />

tipo de “rocha de falha” no qual a granulometria do protólito é dramaticamente reduzida<br />

em resposta às altas magnitudes de deformação atingidas no interior de zonas de<br />

cisalhamento. A redução granulométrica característica dos milonitos é o resultado da<br />

deformação dúctil ou de uma mistura com mecanismos de deformação dúctil-frágeis. Os<br />

principais mecanismos responsáveis pela geração das foliações miloníticas são os de<br />

plasticidade cristalina, recristalização dinâmica e fraturamento de grãos mais<br />

competentes. A deformação que gera as rochas miloníticas é denominada milonitização.<br />

A foliação milonítica gerada por mecanismos de plasticidade cristalina evolui por<br />

meio da ativação de deslocamentos no interior do retículo dos minerais, gerando grãos<br />

alongados segundo uma determinada orientação preferencial. Em casos extremos, tem-se<br />

a formação de ribbons (fitas) de quartzo monocristalino alongados segundo a trama<br />

milonítica. A evidência da deformação intracristalina é definida principalmente pela forte<br />

extinção ondulante dos grãos minerais (Fig.16).<br />

Fig.16 – (a) Grãos detríticos de quartzo em quartzito milonitizado do oeste da Austrália. Notar a extensiva<br />

participação de mecanismos de plasticidade cristalina denotada pela forte extinção ondulante. Notar<br />

também que outros mecanismo como a rotação de subgrão atuou na formação da foliação milonítica. (b)<br />

Ribbons monocristalinos de quartzo definindo a foliação milonítica de xistos da Faixa Sergipana (NE do<br />

Brasil). Notar a forte extinção ondulante.


a<br />

b<br />

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Foliações


GEOLOGIA ESTRUTURAL/UNICAMP<br />

Foliações<br />

A recristalização dinâmica é produto de uma tendência dos corpos rochosos a<br />

diminuir a sua energia livre, por meio da redução granulométrica para que ela que mais se<br />

ajuste as condições da deformação (pressão dirigida, temperatura, presença de fluidos,<br />

composição da rocha,etc). A formação de kinks ou microdobras em micas, por exemplo,<br />

acumula energia suficiente no interior do grão deformado para que este ative mecanismos<br />

de recristalização por migração de borda de grão para dissipala através da rocha. Em<br />

grãos de feldspato e quartzo, mecanismos de recuperação podem atuar gerando subgãos<br />

alinhados segundo a foliação milonítica que, em muitos casos, envolvem grãos<br />

reliquiares no que se conhece como estrutura manto e núcleo.<br />

a<br />

b<br />

Fig.17 – foliação milonítica definida pela forte recristalização de quartzo em feldspato de granitos<br />

deformados da Faixa Sergipana (a) e do oeste Australiano (b). Notar a forte cominuição granulométrica de<br />

porfiroclastos de feldspato, inclusive com o desenvolvimento de estruturas do tipo manto-núcleo (a). (b)<br />

forte recristalização por mecanismos de migração de borda de grão, forçando o desenvolvimento de ribbons<br />

de feldspato formados pela coalescência dos grãos.


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Foliações<br />

De um modo geral, a maioria das rochas miloníticas possui uma aparência placosa<br />

devido a forte foliação impressa (Fig.18). A foliação que normalmente é associada ao<br />

forte achatamento no interior das zonas de cisalhamento é definida pela disposição<br />

subparalela de grãos, pequenas juntas e algumas superfícies de cisalhamento. Em rochas<br />

monominerálicas a foliação tem um aspecto planar bem desenvolvido, enquanto que em<br />

rochas poliminerálicas é comum o desenvolvimento de uma foliação milonítica de<br />

aspecto anastomosado.<br />

Fig.18 – contato ultramilonito (porção superior)- milonito em granitos deformados do<br />

oeste da Austrália.<br />

Fig. 19 – Foliação<br />

milonítica contínua em<br />

ultramilonitos de granitos do<br />

oeste australiano. No centro<br />

têm-se feldspatos reliquiares<br />

rotacionados mostrando<br />

uma movimentação dextral.


3.2 – Foliação gnáissica<br />

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Foliações<br />

Caraterizada pelo alinhamento de minerais de granulometria grossa, dispostos segundo<br />

leitos composicionalmente diferentes ou alongados segundo uma determinada direção<br />

preferencial. Os tipos mais comuns de foliação gnáissica são os brandamentos gnáissicos<br />

ou as foliações de augen gnaisses. Esta ultima também pode ser formada pela<br />

milonitização, por isso ao identificar uma foliação em um augen gnaisse veja se ele tem<br />

texturas miloníticas. Rochas que portam uma foliação gnáissica são produzidas pela<br />

exposição a altas pressões e temperaturas, atingidas mediante condições de alto grau<br />

metamórfico.<br />

18a<br />

18b<br />

Fig.18 – Exemplos de foliação gnáissica. (a) bandamento gnáissico. (b) foliação gnáissica em augen<br />

gnaisse. Localização desconhecida.


3.3 – Bandamento migmatítico<br />

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Foliações<br />

Trama planar de geometria complexa, muitas vezes sem nenhuma orientação definida,<br />

associada à fusão parcial da rocha (anatexia) em resposta a condições de alto grau<br />

metamórfico. Existem muitos tipos de migmatitos: migmatitos venulados contendo uma<br />

grande quantidade de segregações quartzo feldspáticas, produzidas em situ ou injetadas<br />

ao longo de fraturas ou zonas de cisalhamento. Agmatitos que lembram brechas, com<br />

fragmentos angulosos de gnaisses escuros ou anfibolitos envoltos por material granítico.<br />

E os Migmatitos nebulíticos que são consideravelmente mais homogêneos que as outras<br />

variedades de migmatitos. O bandamento migmatítico nessas rochas é representado por<br />

um bandamento diferenciado definido pela alternância de níveis máficos e félsicos<br />

(Fig.19a-b), produzidos por processos de segregação metamórfica, possivelmente<br />

associados a época de fusão do protólito. A sua diferença de uma foliação contínua ou de<br />

uma foliação primária é que o bandamento migmatítico é normalmente descontínuo e<br />

irregular.<br />

Fig.18 – Exemplos de bandamento gnáissico. (A) migmatito bandado. Nova York. Notar<br />

a alternância de bandas máficas e félsicas definindo o bandamento migmatítico da rocha.<br />

(B) Migmatítico nebulítico. Bandamento migmatítico definido por níveis felsicos. Notar<br />

que este é afetado por dobras abertas de charneira espessada. Faixa Sergipana (Província<br />

Borborema).


18a<br />

18b<br />

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Foliações

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