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<strong>Império</strong> e Civilização<br />

Texto<br />

O período imperial caracteriza-se por uma busca do Estado em tentar se<br />

civilizar aos moldes da sociedade europeia. A corte do Rio de Janeiro julgavase<br />

como única representante do “sistema europeu civilizado” nas Américas,<br />

uma vez que os demais países independentes americanos haviam adotado a<br />

forma republicana como sistema de organização político.<br />

O Rio de Janeiro tornou-se o local por excelência da recepção,<br />

apropriação e difusão dos costumes europeus, ao longo do período imperial. A<br />

sociedade brasileira tentou se europeizar em diversas áreas da sua vida.<br />

A língua portuguesa se impôs de forma gradativa, inicialmente na corte,<br />

devido ao aumento do número de habitantes brancos provenientes de Portugal,<br />

após 1850, e depois pelas províncias que eram influenciadas pelos habitantes,<br />

escritos, discursos e imprensa da capital. Os romances eram escritos em<br />

língua portuguesa padrão e eram compostos por escritores cortesãos.<br />

Ela era vista como uma língua “civilizada” oriunda da Europa. Os<br />

habitantes que não a utilizavam, principalmente quando compunham as elites,<br />

eram troçados pelos outros que se julgavam mais civilizados por não utilizar<br />

regionalismos e expressões africanas ou indígenas. Houve uma pressão, não<br />

somente institucional, sobre os costumes da população, neste caso particular,<br />

referente à adoção da língua portuguesa como forma de civilidade.<br />

Outra forma de se buscar a <strong>civilização</strong> foi a mudança de comportamento<br />

dos indivíduos em relação aos hábitos de vida e de consumo de produtos<br />

originários da Europa. O maior aporte desses produtos ocorreu a partir da<br />

década de 1850, o que permitiu o acesso a esses produtos por uma maior<br />

parcela da população brasileira, que passou a adquirir hábitos europeizantes<br />

considerados mais civilizados.<br />

A possibilidade de “controle do tempo” realizado pelo homem moderno<br />

também foi essencial na busca dos habitantes do período imperial por hábitos<br />

considerados civilizados. Com a aquisição e aprendizagem da utilização do<br />

relógio o homem moderno podia ditar a sua vida de outra maneira, além do<br />

tempo da natureza. Os relógios passaram a ser muito valorizados e tornaramse<br />

comuns no comércio da cidade, inclusive entre os ambulantes. Com o seu<br />

uso, o tempo passava a ser regular, o que por sua vez permitia uma certa<br />

previsibilidade sobre a vida e o trabalho, como nas sociedades europeias do<br />

século XIX.<br />

Segundo as elites do Segundo Reinado, a busca pela <strong>civilização</strong><br />

encontrava alguns obstáculos, como os indígenas. Houve dois tipos de<br />

discursos principais em relação ao caso dos índios brasileiros. Uma corrente


defendia que deveriam ser destruídos e a outra, mais humanista, preconizava a<br />

sua integração à sociedade, desde que passassem por um processo de<br />

socialização aos moldes europeus.<br />

Outro problema, segundo as mesmas elites daquele período, era o<br />

grande número de africanos e afrobrasileiros que habitavam o território<br />

nacional. Assim, a partir da década de 1850 aumentou o incentivo para a vinda<br />

de imigrantes europeus para o <strong>Império</strong> do Brasil. O objetivo consistia em<br />

alcançar o fim da africanização do país e da pirataria brasileira, com a chegada<br />

de europeus e a ocidentalização definitiva do Segundo Reinado.<br />

Acreditava-se que a <strong>civilização</strong> seria alcançada com a europeização dos<br />

costumes da população brasileira. Na música o piano se tornava um objeto<br />

cobiçado principalmente nas casas da capital, mas também em outras regiões<br />

do <strong>Império</strong>; nas festas populares o carnaval veneziano se contrapunha ao<br />

realizado nas ruas pelo populacho; nas casas o papel de parede dava seu tom,<br />

pois estava na moda na Europa. À medida que estes hábitos se difundiam, o<br />

Segundo Reinado aumentava sua confiança de que o país se civilizava a<br />

passos largos.<br />

Finalmente na esfera pública o <strong>Império</strong> procurava se instituir como um<br />

Estado moderno, capaz de elaborar e de impor um conteúdo normativo a todo<br />

o coletivo heterogêneo que habitava o território brasileiro. Buscou-se<br />

implementar a esfera pública como organizadora da vida dos indivíduos.<br />

Entretanto, ao se analisar o período, pode-se dizer que o <strong>Império</strong> fracassou e o<br />

poder regional e até mesmo municipal demonstrou sua força, e em muitas<br />

ocasiões se opôs ao poder central.

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