18.04.2013 Views

Trabalho - SOVERGS

Trabalho - SOVERGS

Trabalho - SOVERGS

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

EFEITO DO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO PRECOCE NA METRITE<br />

EFFECT OF DIAGNOSTIC AND EARLY TREATMENT IN METRITIS<br />

Patrícia Magalhães de Oliveira 1 , Isadora Macedo Barbon 2 , Mariana Ferreira Silva Pádua 2 ,<br />

Alvaro Moriya Shiota 2 , Cristóvão Costa Gondim 2 , Cícero Fleury Guedes Martins 2 , Vinícius<br />

de Morais Barbosa 2 , Suzana Akemi Tsuruta 3 , João Paulo Elsen Saut 4<br />

RESUMO<br />

Com objetivo de avaliar o efeito do diagnóstico e tratamento precoce na metrite em vacas<br />

mestiças leiteiras, foram utilizadas 37 vacas divididas em 2 grupos: GR1 (n=18) com parto e<br />

puerpério fisiológico e GR2 (n=19) com metrite e tratamento. Foram acompanhadas e<br />

examinadas no parto, 7, 14, 21, 28 e 43 dpp e avaliado parâmetros vitais, condição de escore<br />

corporal (ECC), exame ginecológico, exame ultrassonográfico e avaliação de secreção<br />

vaginal. Aos 43 dpp não houve diferença na involução uterina, parâmetros vitais, ECC, exame<br />

ginecológico e características de secreção vaginal entre os grupos. Concluiu-se que vacas com<br />

metrite, diagnosticadas e tratadas precocemente, apresentam a mesma evolução clínica de<br />

vacas com parto e puerpério fisiológico.<br />

Palavras-chave: bovino, mestiço, oxitetraciclina, pós-parto.<br />

SUMMARY<br />

The objective was to evaluate the early diagnostic and treatment of metritis in crossbred dairy<br />

cows. Were used 37 cows divided in two groups: GR1 (n=18) – cows with physiological<br />

parturition and puerperium and GR2 (n=19) cows with metritis and treatment. The cows were<br />

monitored and examined at the parturition day, 7, 14, 21, 28 and 43 DIM, when was<br />

performed: evaluation of vital parameters and body condition score (BCS); gynecological<br />

examination; ultrasonography evaluation of reproductive tracts; and inspection of vaginal<br />

discharge. At 43 DIM there was no difference in uterine involution, vital parameters, BCS,<br />

gynecological examination and character of vaginal discharge between groups. In conclusion,<br />

cows with metritis diagnosed and treated early had the same clinical evolution of cows with a<br />

physiological parturition and puerperium.<br />

Key-words: bovine, crossbred, oxytetracycline, postpartum.<br />

Metrite é uma reação inflamatória severa que envolve todas as camadas do útero. Ela<br />

pode ser classificada em três graus, de acordo com a severidade dos sinais clínicos, dentro dos<br />

primeiros 10 dpp. O grau 1 definido por útero aumentado e presença de conteúdo<br />

predominantemente purulento de odor fétido; grau 2, com envolvimento de sinais sistêmicos<br />

(apatia, febre, hipogalactia) e, finalmente, o grau 3 caracterizado por quadro de toxemia e mau<br />

prognóstico (SHELDON et al., 2009).<br />

O manejo do periparto é fundamental para o sucesso da produção leiteira<br />

(PLÖNTZKE et al., 2011). Nessa fase, a identificação precoce do animal doente e a adoção de<br />

cuidados para promover a recuperação o mais rápido possível são primordiais (SMITH e<br />

*<br />

Entidade financiadora da pesquisa: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG<br />

1<br />

Médica Veterinária, Residente, Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária - FAMEV da<br />

Universidade Federal de Uberlândia – UFU;<br />

2<br />

Graduandos do curso de Medicina Veterinária – FAMEV – UFU;<br />

3<br />

Médica Veterinária, Doutoranda, Hospital Veterinário da FAMEV – UFU;<br />

4<br />

Professor Adjunto 2, Doutor, FAMEV – UFU, email: jpsaut@famev.ufu.br, Av. Pará, 1720/ Campus<br />

Umuarama – Bloco 2T – 38.400-902 – Uberlândia – MG.


RISCO, 2005). Diante do exposto, este trabalho objetivou avaliar a eficiência do diagnóstico e<br />

tratamento precoce da metrite em vacas leiteiras mestiças<br />

O experimento foi realizado na Fazenda Experimental do Glória da Universidade<br />

Federal de Uberlândia – MG, com média de produção leiteira de 21,6 kg/vaca. Utilizou-se 37<br />

vacas leiteiras mestiças, divididas em dois grupos: GR1- 18 vacas com parto e puerpério<br />

fisiológico e GR2- 19 vacas com metrite grau 1 ou 2 (SHELDON et al., 2009) e tratadas com<br />

um dos três protocolos: a) duas aplicações (intervalo 72hs) de 20mg/kg/IM de oxitetraciclina<br />

com diclofenaco (Ourotetra plus ® ) e 2 mL de cloprostenol sódico IM (Sincrocio ® ); b) duas<br />

aplicações (intervalo 72hs) de 20mg/kg/IM de oxitetraciclina (Terracilina LA ® ) e 2 mL de<br />

cloprostenol sódico IM (Sincrocio ® ); c) duas aplicações (intervalo 72hs) de 20mg/kg/IM de<br />

oxitetraciclina com diclofenaco (Ourotetra plus ® ).<br />

Avaliou-se no dia do parto (d0), sete (d7), 14 (d14), 21 (d21), 28 (d28) e 43(d43) dpp:<br />

a) escore de condição corporal (ECC) (FERREIRA, 1990); b) parâmetros vitais: temperatura<br />

(T°C), mucosas e frequências cardíaca (FC), respiratória (FR) e ruminal (FRum) (FEITOSA,<br />

2008); c) exame ginecológico (SAUT et al., 2010); d) colheita e avaliação de secreção vaginal<br />

(WILLIAMS et al., 2005).<br />

Os animais do GR2 apresentaram valores superiores de TºC no d7 e, no d14 de TºC e<br />

FR em relação ao GR1. Os valores de TºC e FR, nos animais GR2, permaneceram no limite<br />

superior para vacas leiteiras mestiças nesta fase (SAUT et al., 2010). Devido às vacas serem<br />

diagnosticadas e tratadas na fase inicial da doença fez com que houvesse pouco envolvimento<br />

sistêmico. Além disso, verificou-se efeito benéfico dos tratamentos instituídos, visto que após<br />

o d14 não houve diferença em nenhum dos parâmetros vitais aferidos.<br />

Não houve diferença na involução uterina avaliada através de ultrassonografia<br />

(diâmetro do colo uterino, corno direito e esquerdo) e palpação retal. As vacas GR1<br />

apresentaram o útero na cavidade abdominal, transição e pélvica, respectivamente, no d7<br />

(89,5%, 5,3%, 5,3%), d14 (21,1%, 42,1%, 36,8%) e d21 (0%, 15,8%, 84,2%). As vacas GR2<br />

apresentaram no d7 (89,4%, 5,3%,5,3%), d14 (21,1%, 42,1%, 36,8%) e d21 (21,1%, 42,1%,<br />

36,8%). No d28 e d43, 100% dos úteros estavam na cavidade pélvica nos dois grupos.<br />

No exame ginecológico, observou-se maior ocorrência de lesões no óstio cervical<br />

externo de vacas GR2 até os 21dpp. Não houve diferença na freqüência de lesões e coloração<br />

de mucosa na região do vestíbulo vulvar e vagina, nos momentos avaliados.<br />

Não houve diferença na freqüência (χ 2 ) de secreção vaginal limpa e translúcida no d43<br />

entre GR1(68,4%) e GR2 (75%). O odor da secreção vaginal foi diferente até o d14, com os<br />

grupos apresentando no d7 odor muito fétido, fétido e inodoro, respectivamente,<br />

GR1(0%,0%,100%) e Gr2 (60%,40%,0%) e no d14 o GR1 (0%,5,5%,94%) e GR2<br />

(43,7%,43,7%,12,5%). Os métodos mais comuns de diagnóstico em condições de campo são<br />

através da palpação retal, vaginoscopia e ultrassonografia (LEWIS, 1997), além da avaliação<br />

da secreção vaginal que pode indicar a severidade destas infecções (WILLIAMS et al., 2005;<br />

LE BLANC et al., 2002; SHELDON et al., 2002). A vaginoscopia pode predizer infecções<br />

uterinas em 59-82% dos casos, e apresenta correlação com a presença de Arcanobacterium<br />

pyogenes (WILLIAMS et al., 2005).<br />

Santos et al. (2010) demonstraram que a oxitetraciclina apresentou alta resistência<br />

(54,2%) contra isolados de A. pyogenes, considerada a principal bactéria envolvida em<br />

metrites no pós-parto, porém menor quando comparada a outros princípios como amoxicilina<br />

(56,9%), ampicilina (86,1%), cloranfenicol (100%), florfenicol (59,7%) e penicilina (86,1%),<br />

apenas a tetraciclina apresentou valor inferior de 50%. Este fato, aliado com os resultados<br />

encontrados neste trabalho, justificam a indicação de oxitetraciclina, associada ou não ao<br />

cloprostenol sódico, como opção na terapia da metrite diagnosticada precocemente. Concluiuse<br />

que vacas com metrite, diagnosticadas e tratadas precocemente, apresentam a mesma<br />

evolução clínica de vacas com parto e puerpério fisiológico.<br />

2


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

FEITOSA, F.L.F. Exame físico geral ou de rotina. In: FEITOSA, F.L.F. Semiologia<br />

Veterinária: A Arte do Diagnóstico. São Paulo: Roca, 2008, p.81-82.<br />

FERREIRA, A.M. Efeito da amamentação e do nível nutricional na atividade ovariana de<br />

vacas mestiças leiteiras. 1990. 133p. Dissertação (Doutorado em Zootecnia) – Curso de Pósgraduação<br />

em Zootecnia. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.<br />

LEBLANC, S.J.; DUFFIELD, T.F.; LESLIE, K.E. et al. Defining and diagnosing postpartum<br />

clinical endometritis and its impact on reproductive performance in dairy cows. Journal of<br />

Dairy Science, v.85, p.2223-2236, 2002.<br />

LEWIS, G.S. Uterine health and disorders. Journal of Dairy Science, v.80, p.984-994, 1997.<br />

PLÖNTZKE, J.; MADOZ, L.V.; DE LA SOTA, R.L. et al. Prevalence of clinical endometritis<br />

and its impact on reproductive performance in grazing dairy cattle in Argentina. Reproduction<br />

Domestic Animals, v.46, p.520–526, 2011.<br />

SANTOS, T.M.; CAIXETA, L.S.; MACHADO, V.S. et al. Antimicrobial resistance and<br />

presence of virulence factor genes in Arcanobacterium pyogenes isolated from the uterus of<br />

postpartum dairy cows. Veterinary Microbiology, v.28, p.84-89, 2010.<br />

SAUT, J.P.E. et al. The clinical evaluation of physiological postpartum uterine involution in<br />

mixed-breed dairy cows. In: PROCEEDINGS OF THE XXVI WORLD BUIATRICS<br />

CONGRESS, 2010, Santiago. Resumos….Santiago: World Buiatrics Association, 2010.<br />

SHELDON, I.M.; NOAKES, D.E.; RYCROFT, A.N. et al. Influence of uterine bacterial<br />

contamination after parturition on ovarian dominant follicle selection and follicle growth and<br />

function in cattle. Reproduction, v.123, p.837-845, 2002.<br />

SHELDON, I.M.; PRICE, S.B.; CRONIN, J. et al. Mechanisms of infertility associated with<br />

clinical and subclinical endometritis in high producing dairy cattle. Reproduction Domestic<br />

Animals, v.44, p.1-9, 2009.<br />

SMITH, B.I.; RISCO, C.A. Management of periparturient disorders in dairy cattle. Veterinary<br />

Clinics and Food Animals, v.21, p.503-521, 2005.<br />

WILLIAMS, E.J.; FISHER, D.P.; PFEIFFER, D.U.; ENGLAND, G.C.W. et al. Clinical<br />

evaluation of postpartum vaginal mucus reflects uterine bacterial infection and the immune<br />

response in cattle. Theriogenology, v.63, p.102-117, 2005.<br />

3

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!