PROBLEMA VIRA SOLUÇãO - Automotive Business

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18.04.2013 Views

ALTA RODA Fernando Calmon é jornalista especializado na indústria automobilística fernando@calmon.jor.br Leia a coluna Alta Roda também no portal Automotive Business. patrocinadora 8 • AutomotiveBUSINESS luis prado MOTORES DE 1 LITRO EM QUEDA o mercado automo ­ bilístico este ano continua, ainda, andando meio de lado e há algumas explicações para isso. Primeiramente porque a base comparativa com o mesmo período do ano passado é muito elevada. O primeiro semestre do ano passado mostrou crescimento de 10% nas vendas em relação a 2010, enquanto no segundo semestre já havia estagnação. O segundo ponto – e mais importante – deve­ ­se ao aumento da inadimplência (passou de 3% para 5,5% em atrasos nos pagamentos superiores a 90 dias). Tal fenômeno tornou bancos mais seletivos ao liberar novos créditos, em especial para os chamados modelos de entrada ou de menor preço. Esse indicador demora um pouco para recuar. O devedor só sai da lista de inadimplentes depois de renegociar e liquidar os atrasados, mesmo que volte a pagar em dia de imediato. Existe, no entanto, outro aspecto menos avaliado. Desde o início do ano o governo federal vem falando em queda de juros nos financiamentos em geral. Ora, quem compra carro a prestações adia sua decisão, na esperança de poder pagar menos. Embora os juros do CDC (crédito direto ao consumidor) no ramo de veículos estejam entre os mais baixos, qualquer mudança tem potencial de impacto positivo sobre o mercado. Se uma prestação cai de R$ 500,00 para R$ 450,00, mantido o prazo do empréstimo, agrega milhares de novos compradores. Fenômeno interessante, dentro do quadro atual, é a contínua queda de participação dos motores de 1 litro de cilindrada nas vendas totais, que se aprofunda em 2012. A coluna, em seus 13 anos de publicação, sempre chamou a atenção para o favorecimento tributário errado para essa motorização. Ela nasceu de modo tortuoso no governo Collor de Mello em 1990, três anos antes do advento do “carro popular”. Aliás, o precursor foi exatamente o Fusca, no governo Itamar, que só tinha motor de 1,6 litro... A legislação levou a sérias distorções de mercado, a ponto de em 2001 os carros equipados com motor de 1 litro responderem por 71% das vendas. Houve uma geração de brasileiros que se arrastavam em estradas e subidas por ser induzido a comprar um automóvel inadequado nas relações peso/potência e pe­ so/torque. O cenário só começou a mudar a partir de 2002, quando se estreitou a diferença de IPI e a “preferência” começou a cair lentamente. Em março último, a participação desses motores caiu para apenas 40%, recorde de baixa. Há razões para isso, inclusive as dificuldades relatadas com financiamentos e o aumento do poder aquisitivo. Mas o comprador também se convenceu de que perde pouco (ou nada, na maioria dos casos) em termos de economia de combustível e ganha muito em prazer ao dirigir, se fugisse dos motores pequenos e inadequados aos carros e suas condições de uso. Ao governo caberia corrigir esses erros do passado. Há espaço, sim, para motores de baixa cilindrada, desde que conjugados a pesos e propostas de veículos coerentes. O consumo normatizado seria o melhor critério das alíquotas do IPI, em substituição à cilindrada. Caberia à engenharia e à criatividade técnica estabelecer a melhor relação entre preço final, desempenho e economia. Bastaria lançar mão de recursos modernos: turbocompressor, injeção direta de combustível e novos materiais.

fROTA nacional de veículos atingiu quase 35 milhões de unidades, ao final de 2011, segundo estatísticas do Sindipeças, incluindo automóveis e comerciais leves e pesados. São 5,5 habitantes/ veículo, semelhante à Argentina, mas atrás do México. Somam­se, ainda, 11,6 milhões de motos. Números mais confiáveis que os do Denatran, que despreza o sucateamento. DEPOIS de três anos no mercado, o City 2013 recebeu retoques em para­choques, grades e lanternas traseiras. Em algumas versões, novas rodas. Freios ABS estão agora em toda a linha. Tanque de combustível passou de 42 para 47 litros. A Honda também enxugou o número de versões e, afirma, manteve preços médios inalterados. DUSTER tem avançado nas vendas, pelo menos enquanto novos concorrentes não chegam, pela relação preço/benefício muito boa. Estilo pode se discutir, mas proposta é honesta, no dia a dia, com posição alta ao volante típica de SUV. Sai bem equipado de série. Opção de câmbio automático de quatro marchas e seleção manual vai bem, apesar de limitações de projeto. divulgação PARA a BMW o novo regime da indústria automobilística exige outras avaliações de médio e longo prazos. A marca alemã não deseja abrir mão de ter fabricação local. Legislação faz algumas exigências que impactam os custos e o volume dos investimentos. Movimentos de concorrentes diretos, como Mercedes­Benz e Audi, também entram nessas conjeturas. MAHINDRA pretende fazer produto mais adaptado ao Brasil, quando decidir anunciar seu investimento em unidade industrial no Rio Grande do Sul. Além de reformulação estilística, em relação ao existente na Índia, já sabe que o brasileiro gosta de modelos robustos, mas não abre mão de conforto de marcha. Nisso, nossa engenharia de suspensões dá bailes. cRUZE Sport6 engrossa disputa entre hatches médios­compactos, de visual tão atual como o do Peugeot 308. Espaço interno igual ao do sedã Cruze, mesmo motor de 1,8 l/144 cv, câmbio manual ou automático de seis marchas e até teto solar na versão de topo LTZ. Suspensões e direção muito bons. Preços, puxados por equipamentos, de R$ 64.900 a R$ 79.400, limitarão vendas. VERSA apresenta estilo algo controverso. No entanto, destaca espaço interno, motor adequado e preço realmente diferenciado, pelo que oferece, a partir de R$ 35.590. Redução de oferta em função das cotas de automóveis me xicanos atrapalhará planos da Nissan. Incomodam bancos dianteiros de assentos curto demais, incompatíveis com a proposta de modelo espaçoso. FERnAnDO CALMOn RODA VIVA NãO fOI AcIDENTE – Para quem deseja acompanhar debates sobre embriaguez ao volante e assinar petição pública há um site bem estruturado:www.naofoiacidente.org.Participa de redes sociais (Facebook e Twitter). Iniciativas desse naipe são bem­ ­vindas para engajar pessoas por mais segurança no trânsito. RAcIONALIZAR o número de versões foi a estratégia da Mercedes­Benz para seu roadster SLK enfrentar o aumento do IPI. Antes havia três opções, agora só a de R$ 249.990 e, mais adiante, a AMG sob encomenda. Fábrica espera redução próxima a 50% na comercialização de 2012 em relação a 2011. Ano passado compras foram antecipadas para fugir do imposto. AutomotiveBUSINESS • 9

ALTA RODA<br />

Fernando Calmon é<br />

jornalista especializado na<br />

indústria automobilística<br />

fernando@calmon.jor.br<br />

Leia a coluna Alta Roda<br />

também no portal<br />

<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>.<br />

patrocinadora<br />

8 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

luis prado<br />

MOTORES DE 1 LITRO<br />

EM QUEDA<br />

o<br />

mercado automo ­<br />

bilístico este ano<br />

continua, ainda,<br />

andando meio de lado e há<br />

algumas explicações para<br />

isso. Primeiramente porque<br />

a base comparativa<br />

com o mesmo período do<br />

ano passado é muito elevada.<br />

O primeiro semestre do<br />

ano passado mostrou crescimento<br />

de 10% nas vendas<br />

em relação a 2010, enquanto<br />

no segundo semestre<br />

já havia estagnação.<br />

O segundo ponto – e<br />

mais importante – deve­<br />

­se ao aumento da inadimplência<br />

(passou de 3% para<br />

5,5% em atrasos nos pagamentos<br />

superiores a 90<br />

dias). Tal fenômeno tornou<br />

bancos mais seletivos ao<br />

liberar novos créditos, em<br />

especial para os chamados<br />

modelos de entrada<br />

ou de menor preço. Esse<br />

indicador demora um pouco<br />

para recuar. O devedor<br />

só sai da lista de inadimplentes<br />

depois de renegociar<br />

e liquidar os atrasados,<br />

mesmo que volte a<br />

pagar em dia de imediato.<br />

Existe, no entanto, outro<br />

aspecto menos avaliado.<br />

Desde o início do ano<br />

o governo federal vem falando<br />

em queda de juros<br />

nos financiamentos em<br />

geral. Ora, quem compra<br />

carro a prestações adia<br />

sua decisão, na esperança<br />

de poder pagar menos.<br />

Embora os juros do CDC<br />

(crédito direto ao consumidor)<br />

no ramo de veículos<br />

estejam entre os mais<br />

baixos, qualquer mudança<br />

tem potencial de impacto<br />

positivo sobre o mercado.<br />

Se uma prestação cai de<br />

R$ 500,00 para R$ 450,00,<br />

mantido o prazo do empréstimo,<br />

agrega milhares<br />

de novos compradores.<br />

Fenômeno interessante,<br />

dentro do quadro atual,<br />

é a contínua queda de<br />

participação dos motores<br />

de 1 litro de cilindrada nas<br />

vendas totais, que se aprofunda<br />

em 2012. A coluna,<br />

em seus 13 anos de publicação,<br />

sempre chamou<br />

a atenção para o favorecimento<br />

tributário errado<br />

para essa motorização. Ela<br />

nasceu de modo tortuoso<br />

no governo Collor de Mello<br />

em 1990, três anos antes<br />

do advento do “carro popular”.<br />

Aliás, o precursor<br />

foi exatamente o Fusca, no<br />

governo Itamar, que só tinha<br />

motor de 1,6 litro...<br />

A legislação levou a sérias<br />

distorções de mercado,<br />

a ponto de em 2001 os<br />

carros equipados com motor<br />

de 1 litro responderem<br />

por 71% das vendas. Houve<br />

uma geração de brasileiros<br />

que se arrastavam em estradas<br />

e subidas por ser induzido<br />

a comprar um automóvel<br />

inadequado nas relações<br />

peso/potência e pe­<br />

so/torque. O cenário só começou<br />

a mudar a partir de<br />

2002, quando se estreitou<br />

a diferença de IPI e a “preferência”<br />

começou a cair<br />

lentamente. Em março último,<br />

a participação desses<br />

motores caiu para apenas<br />

40%, recorde de baixa.<br />

Há razões para isso, inclusive<br />

as dificuldades relatadas<br />

com financiamentos<br />

e o aumento do poder<br />

aquisitivo. Mas o comprador<br />

também se convenceu<br />

de que perde pouco (ou<br />

nada, na maioria dos casos)<br />

em termos de economia<br />

de combustível e ganha<br />

muito em prazer ao dirigir,<br />

se fugisse dos motores<br />

pequenos e inadequados<br />

aos carros e suas condições<br />

de uso.<br />

Ao governo caberia corrigir<br />

esses erros do passado.<br />

Há espaço, sim, para<br />

motores de baixa cilindrada,<br />

desde que conjugados<br />

a pesos e propostas<br />

de veículos coerentes.<br />

O consumo normatizado<br />

seria o melhor critério das<br />

alíquotas do IPI, em substituição<br />

à cilindrada. Caberia<br />

à engenharia e à criatividade<br />

técnica estabelecer<br />

a melhor relação entre<br />

preço final, desempenho e<br />

economia. Bastaria lançar<br />

mão de recursos modernos:<br />

turbocompressor, injeção<br />

direta de combustível<br />

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