PROBLEMA VIRA SOLUÇãO - Automotive Business
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fundição<br />
TUPY desafia a lÓGica<br />
Brasileira e competitiva, catariNeNse torNa-se a maior faBricaNte muNdial de Blocos<br />
Enquanto a indústria brasileira<br />
questiona a capacidade de competir<br />
globalmente, a Tupy corre<br />
na contramão. A catarinense investiu<br />
US$ 439 milhões na compra das<br />
fundições mexicanas Cifunsa Diesel<br />
e Technocast e tornou-se a maior<br />
fabricante mundial de blocos e cabeçotes<br />
de ferro para motores, capaz<br />
de processar 852 mil toneladas/ano<br />
em componentes automotivos.<br />
Metade da produção da Tupy no<br />
Brasil, de 540 mil toneladas/ano,<br />
oriundas de Joinville (SC) e Mauá<br />
(SP), segue para outros países, desafiando<br />
a lógica. Há casos curiosos<br />
de fornecimentos, como os blocos<br />
do motor do caminhão extrapesado<br />
TGX, da MAN, que são exportados de<br />
Joinville para a Alemanha e agora voltam<br />
para Resende (RJ), onde são incorporados<br />
aos veículos montados no<br />
País. Há também outro case parecido<br />
envolvendo a DAF, que deve comprar<br />
da Tupy os blocos e cabeçotes a serem<br />
usinados na Holanda, para depois<br />
voltarem como motores que vão<br />
equipar os caminhões da marca montados<br />
em Ponta Grossa (PR) a partir<br />
de 2013. Há ainda clientes especiais<br />
como a Ford, que encomenda nada<br />
menos de 200 mil blocos/ano produzidos<br />
em ferro vermicular para os motores<br />
V8 de 6,7 litros da F250 e F350.<br />
A estratégia de avançar para o México<br />
tem explicação na conquista de<br />
um mercado em expansão, representado<br />
pelo segmento de máquinas<br />
agrícolas e de construção. Até agora<br />
uma empresa com 89% do faturamento<br />
originado no fornecimento ao<br />
setor automotivo, a Tupy passa a comercializar<br />
produtos em partes iguais<br />
para veículos leves, caminhões, ônibus,<br />
máquinas agrícolas e de cons-<br />
FERNANDO CESTARI DE RIZZO:<br />
aposta em crescimento dos negócios<br />
trução. “Este último segmento traz<br />
boas oportunidades no mercado<br />
internacional”, garante Fernando<br />
Cestari de Rizzo, vice-presidente da<br />
empresa – engenheiro cuja carreira<br />
começou na Sofunge, três anos antes<br />
de a fundição da Mercedes-Benz<br />
ser adquirida pela Tupy, em 1995.<br />
Com o negócio no México a Tupy<br />
tornou-se a principal parceira da Caterpillar<br />
e John Deere no segmento,<br />
além de ampliar a lista generosa de<br />
clientes no exterior, que inclui nomes<br />
como Cummins, Ford, Perkins, Audi,<br />
MAN, DAF, Iveco, Chrysler, Navistar,<br />
Komatsu e Kubota. No Brasil, a marca<br />
atende todas as marcas de veículos<br />
comerciais e está presente também<br />
no segmento de leves. A DAF<br />
está ultimando a forma de fazer suas<br />
encomendas à empresa, para produção<br />
local, que deve incluir, além de<br />
blocos, cabeçotes e virabrequins, outros<br />
componentes de ferro fundido.<br />
NO LIMITE<br />
As fundições da Tupy em Mauá e<br />
Joinville trabalham no limite e só haverá<br />
fôlego novo com a operação da<br />
unidade C, em Joinville, que terá capacidade<br />
para 70 mil toneladas/ano,<br />
depois de receber investimento de R$<br />
40 milhões para apressar a inauguração,<br />
marcada para o fim deste mês.<br />
A empresa aplica R$ 29 milhões em<br />
Mauá. A operação no México tem<br />
também a carteira de pedidos cheia,<br />
atendendo clientes locais, dos EUA,<br />
Europa e Ásia.<br />
Com avanço no mercado brasileiro<br />
e exportando metade da produção, a<br />
fundição catarinense driblou as dificuldades<br />
logísticas e cambiais para<br />
tornar-se lucrativa. Em 2011, faturou<br />
R$ 2,18 bilhões, dos quais R$ 203,4<br />
milhões entraram na conta do lucro<br />
líquido. A empresa emprega 9,5 mil<br />
profissionais no País e vende os produtos<br />
de ferro a 40 países.<br />
A Tupy prepara-se para fornecer os<br />
blocos do motor que a Ford vai montar<br />
em Camaçari (BA) para equipar o<br />
novo Ka. Será um propulsor 1.0 de<br />
três cilindros, produzido também na<br />
Índia, África do Sul e Europa. A MAN<br />
será outro cliente importante, com<br />
a substituição de motores da Cummins<br />
e MWM International pela linha<br />
própria de propulsores. “Vamos fornecer<br />
blocos na faixa de 140 a 280<br />
cavalos”, revelou Rizzo. “Haverá esforço<br />
grande também de outras marcas<br />
para enquadramento em novas<br />
regras de eficiência energética.”<br />
Em outra frente, a empresa, por<br />
meio da VM Motores, vai abastecer o<br />
Grupo Fiat, com blocos de motores<br />
hoje utilizados pela Chrysler no SUV<br />
Cherokee, entre outros modelos, que<br />
serão utilizados em veículos montados<br />
na Itália, como Maserati. n<br />
(Paulo Ricardo Braga e Sueli Reis)<br />
<strong>Automotive</strong>BUSINESS • 79