PROBLEMA VIRA SOLUÇãO - Automotive Business
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FORD CAMAÇARI | ECOSPORT<br />
armação, 100% das carrocerias passam<br />
por checagem computadorizada<br />
de geometria. Na pintura, três robôs<br />
fazem o selamento. Cada célula de<br />
produção é monitorada por câmeras<br />
digitais que acompanham a montagem<br />
final. “No fim das contas, agora<br />
temos acabamento mais preciso, o<br />
que aumenta a qualidade final para o<br />
cliente”, destaca Melo.<br />
A estamparia de Camaçari, onde são<br />
prensadas todas as partes de aço da<br />
carroceria, é exemplo latente de como<br />
os novos produtos trazem consigo<br />
grande aumento de eficiência produtiva.<br />
A planta ganhou uma nova linha robotizada<br />
com quatro prensas Schuller,<br />
que ocupam 2,6 mil metros quadrados<br />
e custaram R$ 70 milhões – o maquinário<br />
foi produzido no Brasil e os robôs<br />
vieram da Alemanha. A linha produz<br />
900 peças por hora, ao ritmo de quinze<br />
golpes por minuto, mais que o dobro<br />
dos sete por minuto das prensas antigas,<br />
que fazem 420 peças/hora. A troca<br />
de ferramentas (os moldes de estamparia)<br />
é feita em apenas oito minutos,<br />
apenas um terço do tempo gasto antes.<br />
Uma ponte rolante totalmente automatizada<br />
com capacidade para 50 toneladas<br />
carrega conjuntos de até quatro<br />
moldes empilhados, o que reduziu em<br />
50% o espaço gasto com o armazenamento<br />
das ferramentas.<br />
Ironicamente, a linha de prensas<br />
também é exemplo da desindustriali-<br />
o noVo eCoSport abre a<br />
segunda 44 • era <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />
na evolução de Camaçari<br />
zação no País, causada pela perda de<br />
competitividade internacional. Aldo<br />
Morgan, gerente da estamparia de Camaçari,<br />
explica que todas as ferramentas<br />
do novo EcoSport foram importadas<br />
da China. Cada peça pode custar<br />
de R$ 3 milhões a R$ 8 milhões. “Mas<br />
custariam o dobro se fossem feitas no<br />
Brasil”, conta o engenheiro.<br />
EVOLUÇÃO<br />
O início da produção do novo<br />
EcoSport marca o começo da segunda<br />
era de evolução de Camaçari. No<br />
próximo ano esse processo continua<br />
com a chegada do novo Ka, mais um<br />
projeto global em desenvolvimento no<br />
centro baiano de engenharia e design.<br />
Também entra em operação no segundo<br />
semestre de 2013 uma nova<br />
fábrica de motores, com investimento<br />
anunciado de R$ 400 milhões e capacidade<br />
para 210 mil unidades/ano.<br />
Localizada em área de 24 mil metros<br />
quadrados dentro do complexo industrial<br />
de Camaçari, a unidade vai produzir<br />
motores que vão equipar o novo Ka.<br />
São os propulsores Fox, também completamente<br />
novos, de três cilindros,<br />
com bloco de ferro fornecido pela Tupy,<br />
de Joinville (SC).<br />
No modelo participativo de produção<br />
da Ford Camaçari, os fornecedores<br />
precisam crescer em conjunto. “É uma<br />
evolução constante, não pode parar.<br />
Os fornecedores estão mudando e se<br />
modernizando”, diz Cícero Melo. Mas<br />
até hoje Camaçari é um grande campo<br />
aberto para a cadeia de suprimentos.<br />
Isso porque a maioria dos 28 sistemistas<br />
integrados à produção apenas executa<br />
operações de montagem. A maior<br />
parte dos componentes ainda continua<br />
sendo “importada” de suas unidades<br />
no Sudeste do País.<br />
Apenas alguns poucos fornecedores<br />
que integram a linha de montagem têm<br />
projetos de expansão que extrapolam<br />
os muros da fábrica da Ford. Exemplo<br />
disso é a divisão Cosma da gigante<br />
Magna, principal integrador de componentes<br />
de chassi da Ford. Além de atuar<br />
diretamente na montagem dos carros,<br />
a sistemista já tem duas unidades em<br />
Camaçari (uma delas comprada da<br />
ThyssenKrupp em dezembro passado)<br />
e investe US$ 35 milhões para instalar<br />
mais uma terceira planta no município,<br />
com 21 mil metros quadrados e 300<br />
empregados diretos.<br />
Outro fornecedor que está chegando<br />
é o grupo Ítalo Lanfredi, que anunciou<br />
em 2011 investimentos de US$ 70 milhões<br />
para produzir peças fundidas e<br />
usinadas para a indústria automotiva<br />
em Camaçari. Será a primeira grande<br />
fundição voltada para o setor na Bahia,<br />
com capacidade para produzir 48 mil<br />
toneladas/ano a partir de 2013, quando<br />
entrar em operação.<br />
“Ao fazer aqui veículos globais, que<br />
serão produzidos também em outros<br />
países, ganhamos maior escala de<br />
negociação com os fornecedores.<br />
Isso faz com que nós e eles sejamos<br />
mais competitivos”, diz Marcos de<br />
Oliveira, presidente da Ford Brasil e<br />
Mercosul, que deixará o posto em 30<br />
de junho com a determinação de se<br />
aposentar. Ele avalia que novos fornecedores<br />
chegarão com o tempo e<br />
construirão a evolução de Camaçari<br />
para um polo automotivo mais completo.<br />
Existe pela frente, portanto,<br />
outra década de revolução a ser feita<br />
pelo fordismo baiano.