PROBLEMA VIRA SOLUÇãO - Automotive Business

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FORD CAMAÇARI | ECOSPORT NOVO ECOSPORT REINAUGURA Ford eM CAMAÇArI FÁbrica baiaNa eNTra em NOVa FaSe de SUa eVOLUçÃO, cOm PeSadOS iNVeSTimeNTOS em mOderNiZaçÃO e amPLiaçÃO Para 300 miL UNidadeS/aNO pedro kutney, de camaçari (ba) 42 • AutomotiveBUSINESS MArCoS de oLIVeIrA, presidente da Ford Brasil e Mercosul, anunciou a determinação de se aposentar, logo após a apresentação do novo EcoSport, em Camaçari (BA) O tempo passou rápido na ensolarada Camaçari, na Bahia, onde há dez anos a Ford colocou em prática um dos mais ousados projetos de manufatura automotiva já executados – uma espécie de reinvenção do “fordismo”, de Henry Ford, que no início do século 20 criou a linha de montagem e um carro, o Modelo T, que revolucionou a indústria e tornou possível a motorização em grande escala do mundo inteiro. Nas terras tropicais baianas, o fordismo foi recriado com a divisão do capital: em vez de fabricar e montar a maioria dos próprios componentes, como fizeram todos os fabricantes de veículos até a década de 1970, a Ford tornou Camaçari possível ao trazer 28 fornecedores para dentro da linha de montagem, dividindo a operação e seus custos. Com isso, cerca de 60% do valor dos veículos feitos na fábrica baiana são produzidos dentro da própria unidade, numa rara combinação de alta produtividade com generosos incentivos fiscais recebidos dos governos estadual e federal, que eleva sensivelmente as margens de lucro dos produtos feitos pela montadora na Bahia. O carro que inaugurou essa fórmula, em maio de 2002, foi o Fiesta hatch, um ano após a apresentação global. Em fevereiro de 2003 surgia o EcoSport, miniutilitário esportivo revelado no final de 2002, projetado para o Brasil e outros mercados sul-

-americanos, para consumidores que ainda não podiam pagar por um SUV legítimo. Em Camaçari, o EcoSport e o Fiesta cumpriram a missão de salvar os negócios da Ford no País, devolvendo à empresa rentabilidade e capacidade de produção e de desenvolvimento local de engenharia – algo que havia sido perdido nos anos de sociedade com a Volkswagen na Autolatina, de 1987 a 1996. De lá para cá, já se foram mais de 1,5 milhão de EcoSport e Fiesta produzidos, que mais do que pagaram o investimento inicial anunciado pela Ford em Camaçari, de US$ 1,2 bilhão. Hoje a planta tem 8,5 mil empregados (incluindo os fornecedores que atuam dentro da linha de montagem) e responde por 6,5% da fabricação nacional de veículos. Cerca de 20% da produção é exportada para países latino-americanos, com uma azeitada logística de carros e componentes via porto particular da Ford em Aratu. A capacidade de produção de 250 mil unidades/ano em três turnos está próxima do teto desde 2006/2007, deixando pouco espaço para a renovação de processos e produtos. Foi quando começaram as especulações sobre como a Ford iria expandir a unidade. O primeiro lance dessa estratégia aconteceu no fim de 2006, com a aquisição da pequena Troller, no Ceará, e a aprovação com o governo federal da transferência de sua carta de incentivos fiscais, que aumentou de 35% para praticamente 100% o desconto no IPI para os carros montados na região até 2010. No fim de 2009, em outra manobra política, com a promessa de investir R$ 4,5 bilhões em suas operações brasileiras de 2010 a 2015, sendo R$ 2,5 bilhões em Camaçari, a Ford conseguiu prorrogar por mais cinco anos os benefícios que recebe na Bahia.. NOVA ERA Com incentivos e financiamento via BNDES garantidos, a alta rentabilidade de Camaçari foi preservada e assim a planta baiana entra em uma nova era, com a produção de novos veículos globais, projetados ali mesmo pela equipe do Centro de Desenvolvimento de Produto e Design (CDPD), um dos oito da companhia no mundo, onde trabalham 1,5 mil engenheiros e designers. A capacidade está sendo ampliada para 300 mil unidades/ano, incluindo sensíveis melhorias produtivas. A envelhecida linha de Camaçari começa a ser remodelada com o início da produção, em abril, do novo EcoSport, primeiro produto global (só para mercados emergentes) desenvolvido pela Ford na América do Sul, sob a liderança do CDPD baiano. “Os novos investimentos trazem equipamentos modernos para a fábrica, em linha com as melhores práticas mundiais”, afirma Cícero Melo, gerente de manufatura da Ford em Camaçari, que acompanha a evolução da unida- OS NOVOS iNVeSTimeNTOS TraZem eqUiPameNTOS mOderNOS Para a FÁbrica, em LiNha cOm aS meLhOreS PrÁTicaS mUNdiaiS CíCero MeLo, gerente de manufatura da Ford Camaçari de em quase toda sua existência – ele chegou em março de 2002, no início da produção das primeiras unidades. Agora Melo acompanha a segunda grande onda de desenvolvimento em Camaçari. A planta toda passa por profundas modernizações. Para receber o EcoSport global e o projeto que virá logo depois – o novo Ka, que deve começar a ser produzido na Bahia antes do fim de 2013 –, toda a linha de produção foi reprojetada virtualmente. “Esse recurso possibilitou mais rapidez na modelagem da linha que vai montar os novos veículos”, diz o engenheiro. Aliás, capacidade virtual é o que não falta na Ford Camaçari: todos os produtos e processos projetados lá passam por milhares de horas de simulações em computador. Entre as melhorias que a fábrica recebe, Melo cita a duplicação do número de robôs (agora são 650) que fazem a soldagem das carrocerias, com 500 novas pinças de solda. “Ganhamos em eficiência, consumo de energia e qualidade”, explica. Após a AutomotiveBUSINESS • 43

FORD CAMAÇARI | ECOSPORT<br />

NOVO ECOSPORT REINAUGURA<br />

Ford eM CAMAÇArI<br />

FÁbrica baiaNa<br />

eNTra em NOVa FaSe<br />

de SUa eVOLUçÃO,<br />

cOm PeSadOS<br />

iNVeSTimeNTOS em<br />

mOderNiZaçÃO e<br />

amPLiaçÃO Para<br />

300 miL UNidadeS/aNO<br />

pedro kutney, de camaçari (ba)<br />

42 • <strong>Automotive</strong>BUSINESS<br />

MArCoS de oLIVeIrA, presidente da Ford Brasil e Mercosul, anunciou a<br />

determinação de se aposentar, logo após a apresentação do novo EcoSport, em Camaçari (BA)<br />

O<br />

tempo passou rápido na<br />

ensolarada Camaçari, na<br />

Bahia, onde há dez anos a<br />

Ford colocou em prática um dos mais<br />

ousados projetos de manufatura automotiva<br />

já executados – uma espécie<br />

de reinvenção do “fordismo”, de<br />

Henry Ford, que no início do século<br />

20 criou a linha de montagem e um<br />

carro, o Modelo T, que revolucionou<br />

a indústria e tornou possível a motorização<br />

em grande escala do mundo<br />

inteiro. Nas terras tropicais baianas, o<br />

fordismo foi recriado com a divisão do<br />

capital: em vez de fabricar e montar<br />

a maioria dos próprios componentes,<br />

como fizeram todos os fabricantes de<br />

veículos até a década de 1970, a Ford<br />

tornou Camaçari possível ao trazer 28<br />

fornecedores para dentro da linha de<br />

montagem, dividindo a operação e<br />

seus custos. Com isso, cerca de 60%<br />

do valor dos veículos feitos na fábrica<br />

baiana são produzidos dentro da própria<br />

unidade, numa rara combinação<br />

de alta produtividade com generosos<br />

incentivos fiscais recebidos dos governos<br />

estadual e federal, que eleva<br />

sensivelmente as margens de lucro<br />

dos produtos feitos pela montadora<br />

na Bahia.<br />

O carro que inaugurou essa fórmula,<br />

em maio de 2002, foi o Fiesta<br />

hatch, um ano após a apresentação<br />

global. Em fevereiro de 2003 surgia<br />

o EcoSport, miniutilitário esportivo<br />

revelado no final de 2002, projetado<br />

para o Brasil e outros mercados sul-

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